FANFIC - O CONTRATO - CAPÍTULO 32

Olá Amores!!! Hoje vamos curtir o 32° capítulo de "O Contrato". Quer acompanhar a história desde o início?Clique aqui.


Um plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Bella é envolvida em um esquema criado por Edward Cullen acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Edward precisava casar para poder herdar a sua parte que lhe cabe na empresa do pai e, após seduzir Bella fazendo a mesma se casar com ele, mostra sua verdadeira face. Agora, casados, terão de enfrentar um casamento que é uma verdadeira farsa, mas será que Bella poderá transformar seu casamento em algo real e digno de conto de fadas?


Autora : Jacqueline Sampaio
Classificação: +18
Gêneros: Romance
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo




Capítulo 32


Edward pov’s


–O QUE? –As palavras foram gritadas por mim e Alice, do outro lado do telefone, resmungou.

–Não grite! Eu não estou surda!

–Repete o que você disse. –Murmurei, abismado. Ela só poderia estar brincando comigo! –Repete! –Exigi numa voz firme. Alice acatou o meu pedido, falando pausadamente.

–Você vai jantar com a Bella hoje depois do expediente dela. Procure se desocupar e estar na porta da Submit publicidade as sete horas da noite.
–Alice, não que eu tenha falado para você, mas a Bella quer a todo custo à separação. Inclusive ela pedirá via litigiosa. Não tem como ela ter cedido assim. –Eu não conseguia acreditar na facilidade com que ela resolveu tudo. Ela continuou a falar, como se eu não tivesse dito nada.

–A princípio eu pensei em escolher um restaurante para vocês e fazer eu mesma as reservas, mas mudei de idéia. Vou mobilizar suas empregadas e faremos um jantar na sua casa. Será melhor, mais privacidade para vocês dois. Conte comigo para organizar tudo. –Desligou, deixando-me no vácuo.

Liguei para ela, enfurecido por brincar comigo daquela maneira, e após muita insistência de minha parte ela me atendeu.

–Alice, que palhaçada é essa? –Eu estava furioso, apesar de comedido em minhas palavras. –Faça brincadeiras, mas não coloque o nome da Bella!

–Não estou brincando seu idiota! Fui até o apartamento dela, cortei os pneus de sua moto e...

–VOCE O QUE? –Gritei, ignorando minha secretária que sinalizava para mim, avisando de meu próximo compromisso.

–Eu não queria que ela fugisse de mim então cortei os pneus da moto. Ela quis me matar quando soube, mas com jeitinho eu a convencia a jantar com você. Esteja arrumado. Tenho que cuidar do jantar! –E voltou a desligar.

Eu não acreditava. Tive de pedir a senhora Slater um copo de água e um intervalo. Alice teria conseguido de fato? Eu duvidava, Bella era arisca demais. Como Alice a convenceu tão de repente?

“Deve ser uma brincadeira.” –Eu pensei enquanto voltava para o meu trabalho. Meus pensamentos, como sempre, em Bella.

...

Eu estava fatigado. Afrouxei a gravata e sorvi um pouco de café trazido por minha secretária. Olhei distraidamente meu rolex, constatando que já eram quase sete horas. Olhando minha caixa de e-mails, lembrei de um evento que participaria na noite seguinte. Geralmente eu ignorava convites como este, principalmente após Bella me deixar. Não me pareceu uma má idéia ir e assim evitar ir mais cedo para casa e pensar nela. Eu tinha mais algumas incumbências diárias e provavelmente teria chegado tarde em casa, como de costume, se eu não tivesse recebido uma certa ligação.

–O que quer Alice? –Perguntei enquanto digitava freneticamente no teclado do meu notebook.

–Onde você está cabeção? –Perguntou naquela típica postura de irmã birrenta que só ela conservava.

–Não tenho tempo para suas brincadeiras. Eu estou ocupado na empresa. –Fiz menção de desligar, mas um grito do outro lado da linha me paralisou.

–SEU IDIOTA EU NÃO ACREDITO QUE VOCE ESTÁ NA EMPRESA! SAIA LOGO DAÍ E VÁ ATÉ A EMPRESA ONDE A BELLA TRABALHA! –Sua urgência me deixou desnorteado. Pela manhã, quando falou que eu iria jantar com Bella, acreditei ser uma brincadeira. Mas se ela insistia nessa história, sabendo o quanto eu sou ocupado, então...

–Você não estava brincando, não é? -Sussurrei enquanto sentia um aperto no peito. Bella realmente havia aceitado jantar comigo depois de tudo o que tem acontecido entre nós? Como Alice conseguiu?

–Não sei imbecil. Agora corre. Bella só quer um motivo para desistir e se você não estiver lá...

E eu estava correndo, sem me preocupar em agradecer Alice e me despedir dela. Minha secretária olhou para mim alarmada enquanto eu passava como um furacão por ela. Eu tinha muitos compromissos ainda, claro, mas não ligava. Alice havia conseguido um milagre para mim e eu não iria desperdiçá-lo.

Tropecei, escorreguei, cai, enquanto corria para a garagem. Tomei cuidado ao dirigir, do jeito que eu estava eufórico poderia sofrer um acidente enquanto seguia para a Submit. Temi, com a minha lerdeza em ter dado credibilidade a Alice, perder a chance de jantar com Bella. Se ela não me visse na porta eu poderia apostar que iria embora. Por isso quando cheguei à porta da empresa, fiquei apreensivo ao ver que já havia funcionários saindo.

Eu resolvi esperar um pouco mais, sentindo a apreensão de ter perdido Bella. Bati minha testa ao volante, como uma forma de me punir pela minha burrice. Por que eu não vim o quanto antes?

–Seu grande idiota! –Eu queria me punir, me ferir. Olhei rapidamente para a porta da Submit e então eu vi um grupo descendo as escadas. Eu a vi, tranqüila, conversando com seus amigos. Parou ab-ruptamente quando me viu e tentou rapidamente disfarçar. Falou algo com a tal Jessica, esta logo partiu em seu carro. Com seus amigos seguindo caminhos diferentes, Bella pôs-se a caminhar pela calçada. Buzinei, em vão. Ela tinha me visto, mas por que estava indo embora? Teria ela desistido do jantar comigo? Ou talvez tudo fosse uma brincadeira de Alice... Eu iria matar aquela baixinha se isso fosse uma brincadeira!

Liguei o carro e atravessei a rua, emparelhando-me com Bella. Abaixei o vidro do carro.

–Bella? Bella, você está me ouvindo? –Ela não olhou para mim, voltou-se para trás como se procurasse por alguém nos observando. Parei o carro e tentei abrir a porta, mas ela me impediu colocando uma mão na porta. Parecia irada com o que eu pretendia fazer.

–Não saia! Não quero que você seja visto! –Caminhou rapidamente até entrar no carro. Processei lentamente sua conduta e logo entendi: ela estava fazendo tudo às escondidas não querendo que alguém visse. Quem poderia ser? Jacob? Outro paquera? A raiva cresceu em mim tanto que me senti sufocar.

Eu sabia que nossa relação ainda estava instável demais e era melhor não levar Bella ao limite com o meu ciúme, mas não pude me conter por muito mais tempo.

–Por que não quer que sejamos vistos? Tem alguém que não quer que nos veja juntos? –Mais do que a raiva eu sentia o medo por Bella estar tocando sua vida. Eu havia conseguido conquistá-la a duras penas na época em que ela estava com Jacob, mas não me sentia confiante em repetir a proeza. Eu queria, precisava, que Bella negasse.

–Não começa. Deixo claro, antes de mais nada, que sua irmã me forçou a estar aqui. –Sua atitude defensiva era de alguma forma cômica. Como se ela estivesse se esforçando para ser desagradável, apenas pelo costume de me tratar assim. Sorri.

–Eu sei. Ela me deixou a par do que houve. Soube até que deteriorou os pneus da sua moto. Deixo claro que, embora tenha aceitado sua ajuda, não compactuo com isso. –E novamente eu me lembrei que Bella havia aceitado jantar comigo. Isso devia significar alguma coisa, mesmo que ela negasse. Meu humor melhorou exponencialmente.

Peguei a avenida que me levaria para o meu apartamento, local escolhido por Alice para o jantar. Eu me perguntei se ela havia avisado a Bella o local onde jantaríamos.

–Eu sei. Espero que ela pague o prejuízo. –Sua voz era calma, levemente aborrecida agora com a atitude de Alice e não comigo. O clima era bom, mas eu me perguntei se poderia melhorar.

–Ela já providenciou o concerto. Quando chegar em casa sua moto estará nova. Eu prometo.

Bella foi relaxando e a música que soava colaborou para tanto. Ainda sim ela parecia cansada e não era um cansaço apenas do dia do trabalho. Eu poderia apostar que ela estava tão cansada quanto eu de discutir. Lembrei então de ontem, dos dias de cão e gato que tivemos. A culpa era toda minha e eu sabia o quão estressada eu a deixei com meus atos. Eu não pretendia desistir, absolutamente, mas poderia me desculpar por algumas coisas.

–Desculpe por ontem. Ficar bêbado na sua porta... Eu devo ter sido um incomodo e tanto. –Eu não me lembrava de nada, mas imaginava o que Bella passou comigo a sua porta.

–Eu quase liguei para a policia. Você provavelmente teria acordado em uma cela. –Resmungou parecendo pouco a vontade com o assunto.

–E você teria feito isso comigo? –Perguntei sorrindo. Ela provavelmente não pensou nessa possibilidade, mas queria dizer algo do tipo para me irritar. O seu rosto, porém, não demonstrou estar brincando com algo.

–Eu teria. E será isso o que farei da próxima vez.

O silencio voltou a reinar, tão desconfortável quanto em qualquer outro dia desde a nossa separação. Não ousei quebrar aquele momento, tenso pelas palavras proferidas por ela. Eu pensava que muitas das suas atitudes poderiam ser movidas por algum sentimento de amor, mas a julgar pela sua postura defensiva e rude... Ela me deixava tão confuso!

Fiz a manobra para entrar na garagem do meu condomínio.

–O QUE ESTÁ FAZENDO? DEVERIAMOS IR A UM RESTAURANTE! –Eu me assustei com suas palavras, parando o caro num solavanco.

–Achei melhor jantarmos em meu apartamento, teremos mais privacidade. Se fossemos em um restaurante nós não teríamos paz. Além disso, você na queria que eu fosse visto com você. Se formos a um local publico não só seremos vistos por conhecidos, como pela imprensa. –Era mentira, Alice organizara tudo, mas não achei que esse fosse um detalhe importante para ser partilhado. O seu desespero me deixou aborrecido. Por que o escândalo afinal de contas? Seria por que ficaríamos sozinhos e ela não suportava a idéia? O que ela pensava que eu poderia fazer? atacá-la?

–Não estaremos sozinhos. Magdalena e Eli estão organizando o jantar e ainda devem estar lá. É isso o que a preocupa? –Saber que mais pessoas estariam em casa pareceu acalmá-la e me deixou de mal humor. Bom, pelo menos ela estava colaborando com uma aproximação que considerei improvável antes.

–Tudo bem. –Mesmo dizendo que estava tudo bem ela parecia relutante em aceitar. Eu teria que me segurar para não fazer nenhuma besteira. Eu estava sem dúvida em estado probatório e um único deslize me afastaria demais dela.

Eu não sabia o que fazer. Implorar para que ela não pedisse o divorcio? Não, não ainda. Eu não sabia o que faria com essa chance, quais palavras eu utilizaria. Parecia cômico, para não dizer trágico, que eu tinha um poder de convencimento terrível quando queria convencer algum cliente a assinar um contrato com minha empresa. Mas agora, diante da mulher que eu amava e daquela situação, eu estava perdido.

“Vou deixar a maré seguir. Vamos ver o que vai acontecer esta noite.” –Pensei.

Sua carranca se desfez quando reencontrou Magdalena e Eli com quem não falava desde sua saída do meu apartamento. As empregadas ficaram realmente felizes em vê-la e algumas palavras foram trocadas. Retirei meu casaco e retirei o dela, observando como ela parecia à vontade conversando com elas, enquanto que quando conversava comigo...

–Vamos sentar. –Fomos até a sala de jantar, ricamente decorada graças aos esforços de Alice. Ela havia feito um belo trabalho, deixando o apartamento aconchegante naquelas cores vermelhas que decoravam o espaço. Havia arranjos florais com rosas vermelhas aqui e ali, dentro de pequenos vasos de cristais, deixando o clima romântico. É, provavelmente eu era o único a pensar assim.

O vinho logo chegou e eu servi para mim e para Bella. O vinho era um ótimo desinibidor e eu esperava que ele amolecesse um pouco a postura rígida dela. Bella bebeu com mais avidez do que o permitido, eu percebi que o fazia para assim ocupar a boca e não precisar falar. Só conversamos de fato quando já estávamos degustando a comida preparada pelas empregadas.

–Aceitou o jantar só por que Alice ameaçou infernizá-la? –Não ousei olha-la. Esta era uma dúvida que me tomou; Bella não parecia ser o tipo de pessoa que cederia a ficar com alguém que odeia para supostamente ter paz.

–Por que outro motivo eu viria encontrá-lo? Ou você quer falar da separação? –Continuava na defensiva, constatei. Como eu queria que o passado não estivesse presente agora!

–Quer saber o que eu quero essa noite? Quero fingir, junto a você, um jantar com uma desconhecida. Exteriorizei meu desejo, pegando-a de surpresa. Constrangida, Bella olhou envolta até seus olhos pousarem em minha aliança.

–Está de aliança. Pensei que havia tirado a sua.

–Eu nunca a tirei do dedo. Fico surpreso por só ter notado agora. –Nunca a tirei e nunca deixei de levar a aliança dela comigo na esperança dela voltar para sua dona. Uma das serviçais trouxe o prato principal e voltamos ao silencio.

Eu me perguntei até que horas elas ficariam. Eu precisava falar de assuntos importantes com Bella e a presença de outras pessoas não era muito bem vinda.

–Já estamos de partida. Precisa de mais alguma coisa, senhor Cullen? Podemos ficar... –Elas iriam! Deus ouviu minhas preces! Eu precisava ficar sozinho com Bella. Não que eu fosse agarrá-la, mas também não ficaria parado contemplando aquela que desejo tanto tocar.

–Não precisa. Eu levo os pratos sujos a pia e os lavo. Pode ir e obrigado pela sua ajuda. A comida está maravilhosa. –SAIAM PELO AMOR DE DEUS! Era isso o que eu estava querendo dizer. Acho que entenderam a mensagem, pois saíram apresadas. Pronto, agora eu poderia colocar meu plano em prática de reaver minha esposa, isso se eu tivesse um plano.

Conversamos bem pouco após a saída das meninas. Bella estava bebendo muito, provavelmente para aplacar o nervosismo que sentia. Eu não a impedi, eu a entendia. Eu também estava apreensivo com a situação, mas não achava que beber melhoraria alguma coisa. Ou talvez melhorasse, mulheres são mais suscetíveis quando estão bêbadas.

Após a refeição, cujo gosto eu quase não senti, fomos até a cozinha lavar a louça suja. Bella lavava e eu enxugava. Eu sabia que precisava dizer algo, qualquer coisa, mas como tocar em assuntos mais fortes poderia quebrar aquela paz que reinava, eu optei pela conversa padrão.

–Como você está? O que tem feito? –Não a olhava concentrado no que estava fazendo.

–Trabalhando demais. Sai quando estou com vontade. E você? –Ela perguntou com casualidade. Para mim aquilo era uma abertura.

–Quando não estou trabalhando eu penso em você, em nós dois. Tem sido um inferno pra mim. Não consigo comer ou dormir direito. – Desabafei. Larguei o que estava fazendo e me concentrei apenas nela. –Bella... – Eu te amo, pensei. Eu verbalizaria, quantas vezes fosse preciso. E o meu celular toca. Eu não iria atender, mas Bella decidiu por mim.

–Atenda. Eu vou esperar na sala. –Saiu em direção à sala. Bufei. Peguei o celular do bolso do meu paletó e o atendi enraivecido.

–Fala logo o que você quer Alice. To ocupado. –Eu estava ansioso para falar algo mais do que o clima da região.

–E então, você já estragou tudo? –Sua voz era debochada.

–Estou tentando me aproximar de Bella, mas até agora não estou tendo espaço. Mas confesso que não sei ao certo o que dizer a ela e...

–Você é um idiota! Olha, eu não posso fazer tudo por você. Proporcionei o jantar e isso já foi algo que não imaginávamos que aconteceria! –Esbravejou, na certa contrariada por não ter acontecido nada ainda. Suspirei, ela tinha motivos para estar aborrecida com a minha lerdeza.

–Eu não sou tão habilidoso, nem tão louco, quanto você. Tudo ao seu tempo. Eu prometo que não vou desperdiçar a chance que você me deu. –Falei.

–É bom mesmo. Não banque o idiota, ok? Procure ser suave com ela e não o cavalo que você costuma ser. Nada de tocá-la sem que ela lhe dê permissão e...

–OK ALICE! –Quase gritei. Ser chamado o tempo todo por ela de idiota e palavras afins não era algo agradável, mesmo que fosse verdade.

–Agora vou desligar. Jasper e eu vamos para a fazenda. Quando vocês dois se entenderem convença Bella a vir aqui. Vamos ter novamente aquele programa a quatro. Até mais e não estraga tudo! Lembre-se que essa pode ser sua única chance de reavê-la. –Desligou. Se ela não tivesse me ajudado tanto, convencido Bella e proporcionado esse jantar, eu a teria mandado para o inferno com suas cobranças.

Respirei fundo, sabendo que à hora era agora. Falaria tudo sobre mim, ou pelo menos tentaria. Ela precisava tentar enxergar os fatos pelos meus olhos e quem sabe assim parar com essa idéia de separação. Não sabia exatamente como proceder ainda, mas de uma coisa eu estava certo: eu não a perderia.

–Desculpe a demora. Era Alice. – Me justifiquei. Bella me olhava, parecendo ter dificuldades em me enxergar.

–O que? –Sua voz era arrastada e mal conseguia se manter ereta. Olhei para a garrafa e entendi o porquê do seu comportamento. Bella estava bêbada, a garrafa de vinho estava quase vazia. Claro, ela havia bebido tanto durante o jantar, em algum momento ela sentiria os efeitos do álcool.

–Chega de bebida para você. –Retirei a taça e a garrafa das suas mãos. Bella parecia cansada, olhava o chão enquanto segurava a cabeça com as mãos. Ela não parecia bem e isso me preocupou.

–Está passando mal? – Toquei seu rosto erguendo-o e fazendo com que ela me olhasse. Bella não me afastou e isso era a prova de que estava alcoolizada demais. Sentir nas mãos a pele macia de seu rosto foi o frenesi, mas procurei me conter.

–Bebi demais. Preciso voltar para casa. –Encostou-se em mim e prontamente eu a abracei. Ah, como eu sentia sua falta! Lembrei-me das muitas noites desde nossa separação em que eu abraçava o vazio na cama. Eu não queria mais sentir aquele vazio desde sua partida, eu queria...

–Fique aqui hoje. Levo você bem cedo para casa amanhã. –Toquei seus cabelos, enrolando uma mecha em um dedo como eu fazia. Ela não me afastava misericordiosa como só ela poderia ser. Eu, um dia, agradeceria a ela por não me afastar apesar de tudo o que eu fiz.

–Não. Preciso ir. Vou de taxi. –Recusou como se a racionalidade tentasse, mesmo naquela situação, alcançá-la. O aborrecimento me tomou, mas procurei deixá-lo de lado. Acatei seu pedido, arrastando-a para fora após vestir nela o seu casaco.

Cansada como estava, Bella ficou calada durante todo o trajeto. Puxei assunto, coisas banais, mas ela só resmungava coisas sem sentido. Como ela não estava em condições de ficar em pé sozinha, eu a acompanhei até o seu apartamento. O porteiro não me impediu, mas certamente ele ficaria de olho em mim para que eu não fizesse nenhuma bobagem. Tanto melhor, eu precisava mesmo de alguém para garantir que eu não fizesse alguma idiotice.

O apartamento de Bella estava como sempre foi, organizado e limpo, decorado com simplicidade. Aquele espaço era tão dela! Fotografias, um vaso com flores próximo a janela, uma manta que certa vez ela disse ter sido feita pela avó em cima do sofá. Impressionante como aquele cubículo com moveis e decoração baratos eram mais aconchegantes e familiares para mim do que a grandeza e requinte do meu apartamento. Pensei que se voltássemos seria uma boa idéia morar naquele apartamento. É, eu havia mudado muito.

Entrei em seu quarto, sentando-a na cama. Na semi-escuridão daquele pequeno espaço, com Bella desorientada pela bebida e as bochechas rosadas, eu a vi mais bela do que em muitos dias. Bella bela, combinava. Será que era um pecado muito grande me aproveitar de sua fragilidade e aplacar o desejo insano de lembrar como era o sabor dos seus lábios?

–Vou ficar bem. –Murmurou, alheia ao estado em que eu me encontrava. Eu dei vazão aos meus desejos, desejando que fossem os mesmos dela. Eu a beijei e bendisse o ato.

Eu a amava como nunca amei nenhuma mulher. Bella se tornou, em pouco tempo, o meu mundo. Sentia tanta falta dela! Beijá-la agora, mesmo sem ser correspondido, era como matar a minha sede após muito tempo sem beber água; um cobertor para a noite mais fria. Patético, poético, mas verdadeiro. Bella ficou parada, alheia, e desejei que isso fosse uma prova de que me queria. Mas ela reagiu após processar o meu ato e me empurrou, não com muita força.

–Não... Vai embora. – Implorou. Eu me sentei ao seu lado, beijando sua testa, querendo ficar ali com ela. Só de imaginar o meu apartamento vazio...

–Me deixe ficar aqui com você. –Pedi. Ignorando a mim, quase como se eu não estivesse lá, Bella foi tirando algumas peças de roupa, deixando-se na cama. Embrenhada em alguns travesseiros, ela disse:

–Só tenho uma cama. Vai ter que dividi-la comig... –Enterrou o rosto em um travesseiro e adormeceu mais rápido do que eu poderia imaginar. Sim, aquilo era um sim. Sorrindo como um garotinho que ganha o brinquedo desejado, eu retirei meus sapatos, o casaco e paletó, afrouxei a gravata e me deitei ao seu lado.

A cama de Bella tinha o seu cheiro fortemente impregnado. Aspirei aquele perfume enquanto me deitava de lado, de frente para ela. Puxei um cobertor e nos cobri. Eu poderia me aproveitar daquela situação, mas ela parecia tão em paz que fiquei daquele jeito, parado, observando-a.

–Dormiu? –Perguntei, tendo como resposta um murmúrio débil. Lembrei da aliança de Bella no bolso do meu casaco e a peguei, colocando suavemente em seu dedo anelar. Num gesto já conhecido, feito quando Bella me desprezava mais do que agora, coloquei uma de suas mãos em meu rosto. Tentei dormir, mas ficar olhando para ela me parecia o melhor a se fazer. Fiquei acordado por horas a fio, mantendo-a tão próximo que podia sentir sua respiração em meu rosto.

Eu aguentei ficar contemplando ela até uma hora da manhã, mas até o mais forte dos homens cede ao cansaço. Eu a puxei para mim, abraçando-a apertado e colando meus lábios em sua testa.

–Boa noite meu bem. Obrigado pelo que você me deu hoje. Foi muito mais do que eu merecia, mas serei ambicioso e pedirei mais a você amanhã. –Sorri, fechando os olhos e me entregando ao cansaço, fortemente abraçado a mulher que eu amava.



Continua..




2 comentários:

Val RIBEIRO disse...

diminuiu muito esses capitulos

tete disse...

nossa amei esta linda espero que tudo agora fique bem beijos e uma otima noite para vce

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