FANFIC - O CONTRATO - CAPÍTULO 29

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Um plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Bella é envolvida em um esquema criado por Edward Cullen acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Edward precisava casar para poder herdar a sua parte que lhe cabe na empresa do pai e, após seduzir Bella fazendo a mesma se casar com ele, mostra sua verdadeira face. Agora, casados, terão de enfrentar um casamento que é uma verdadeira farsa, mas será que Bella poderá transformar seu casamento em algo real e digno de conto de fadas?


Autora : Jacqueline Sampaio
Classificação: +18
Gêneros: Romance
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo




Capítulo 29


Bella pov’s


Trabalho

–Aqui estão os dados que o senhor me pediu. –Disse ao chefe do meu departamento, entregando a ele um disquete onde a tarefa pedida estava gravada. Ele sorriu agradecido pelo meu empenho em entregar tudo no prazo, não é qualquer funcionário que o faz.

Trabalho

–Você não vai almoçar? –Angela perguntou. Meus olhos em momento algum se desviaram da tela do computador.

–Pode me trazer um sanduiche natural? Eu estou muito ocupada com a análise de gastos e não posso me desconcentrar. –Meus dedos frenéticos no teclado.
–Tudo bem. –Angela disse. Duas horas depois ela gentilmente me trouxe sanduiche natural, duas frutas e um suco.

Trabalho

Chego ao meu apartamento e tudo está limpo, arrumado e silencioso. Do jeitinho que Edward e eu deixamos assim que vamos ao trabalho. Magdalena e Eli já foram embora para suas casas, como sempre. E Edward não está em casa, infelizmente, como sempre.

Desde que assumiu a presidência, Edward tem trabalhado mais do que antigamente. Acorda antes de mim, passa o dia entrando e saindo da empresa em reuniões com clientes, acionistas, funcionários do alto escalão, etc. Nossa comunicação se resumiu a muitas mensagens de texto através do celular, algumas ligações e poucos encontros na empresa ou em casa, quando ele chega, tarde da noite, e me acorda para conversamos um pouco. Ele havia me alertado sobre as novas responsabilidades que assumiria e em como nos veríamos pouco. Mesmo tendo sido preparada, eu não imaginava que nosso tempo juntos seria encurtado tanto.

O pior de tudo era que eu não só me sentia um pouco sozinha e carente pela sua ausência, mas, devido às indiretas de Tânia no evento de posse da presidência, dias atrás, eu também estava com a pulga atrás da orelha. Não que Edward me desse motivo para isso por que ele não dava: informava-me de cada passo que dava, com quem estava e quanto tempo ficaria no local. Ainda sim, as palavras de Tânia sobre o suposto encontro com Edward no hotel em Miami ficavam martelando minha cabeça. Eu os imaginava juntos, algo que não era impossível. Afinal de contas Edward me traiu uma vez, o que lhe custava uma nova traição?

Após um demorado banho, decidi não jantar e ir direto para a cama. Meus dias no trabalho têm sido atribulados pelo excesso de incumbências destinadas a mim e sei que esse aumento nas atividades do trabalho se deu pela saída de Jess da empresa. Fui para o quarto de Edward. Sentir o seu cheiro nos travesseiros e nos lençóis estranhamente aplacava um pouco a saudade que eu sentia pela sua ausência. Como de costume, deixei o meu celular no criado mudo para o caso de ele ligar, só para me desejar boa noite. Quando já estava próxima do sono profundo, o meu celular toca. Tateio o criado mudo até encontrá-lo.

–Alô? –Ninguém responde. Olhei o visor, era número confidencial. As ligações estranhas atacam novamente! Após alguns segundos ouvindo uma respiração do outro lado da linha, desliguei. Inferno! Eu pensei que a pessoa responsável pelos trotes havia me esquecido. Ledo engano.

“Vou ignorar esse filho da mãe!” –Decidi, voltando a me esconder nas cobertas, querendo mais do que tudo uma boa noite de sono. Alguns minutos se passaram e novamente meu celular toca. Enfezada como estava, a pessoa o outro lado iria ouvir uns bons palavrões. Levantei da cama, peguei o celular e me preparei.

–SEU FILHO DA UMA PUTA, NÃO TEM O QUE FAZER? –Gritei ao ouvinte.

–Hei, tudo bem que eu estou ligando tarde e provavelmente acordei você, mas não é para tanto! –Aquela voz...

–Jessica, é você? –Perguntei surpresa.

–Claro que sou eu! Que bicho te mordeu para me chamar de filha da puta? –Ela estava brava do outro lado da linha com toda a razão. Respirei fundo, tentando me acalmar.

–Desculpe. Eu pensei que fosse outra pessoa. –Sentei na cama e por reflexo olhei o relógio em cima do criado mudo, eram onze horas da noite.

–Ok. Deixe para lá. Preciso conversar com alguém e como Angela desligou na minha cara, vou desabafar com você. –E eu soube que a conversa seria longa. Eu estava cansada demais para ouvir uma amiga. Nesse momento eu precisaria ser muito diplomática.

–Jess, nós não podemos deixar isso para outro dia? Eu estou tão cansada! –Voltei a deitar, segurando meu celular próximo ao ouvido.

–O assunto é do seu interesse também então escute, ou, pelo menos, finja que me escuta. Eu terminei com o Mike. Agora é definitivo! –Sua voz mostrava raiva e frustração. Eu sabia o quanto acabar com um relacionamento destruía uma pessoa, e como Jessica me deu amparo na minha época mais escura, resolvi ouvir.

–O que aconteceu? Vocês pareciam tão bem!

–Eu também pensava assim até pega-lo se agarrando com a garota que faz o café para o presidente da empresa. A garota do café! Como ele pôde me trocar por aquela retardada? Ela tem gengivite, um permanente mal feito, parece uma apresentação do Circ Du Soleil de tanta maquiagem que coloca na cara!

–Poxa Jess, que pena! Você deve estar muito triste. –E realmente eu sentia pena. Eu sabia exatamente pelo que ela estava passando.

–Triste? Eu? MAS NEM FERRANDO! To solteira novamente meu bem e ninguém vai me segurar! Preciso comemorar, é sério! Amanhã, após o seu expediente de trabalho, nós vamos sair para ter uma típica noite de garotas. A Angela, antes de desligar na minha cara, confirmou. Vou pegar você de carro.

–Jess, eu não sei se poderei ir afinal de contas... Jess? Jess? –Ela desligou. Eu soube que não poderia recusar o seu convite ou ela tornaria a minha vida um inferno. Daria um jeito para comparecer a noite de garotas, acho até que faria algum bem para mim. Coloquei o meu celular novamente no criado mudo e voltei a me enrolar nas cobertas.

O celular tocou novamente. Eu imaginava ser Jess querendo mais alguma coisa, mas dessa vez eu não a ouviria. Eu a dispensaria e voltaria a dormir. Atendi o celular.

–Jess, amanhã você me conta tudo o que tem para contar. Eu realmente preciso...

–Amor? –E aquela voz me desarmou. Todo o cansaço que eu sentia e a vontade de dormir ficou em segundo plano. Era Edward, meu marido.

–Oi! Pensei que fosse a Jessica. Acabei de falar com ela. Onde você está? –Olhei novamente o relógio, era quase meia noite.

–Eu estou aqui! –Mas a voz que eu ouvi não veio do meu celular e sim da porta do nosso quarto. Edward estava em casa. Fiquei tão surpresa que quase cai da cama.

–EDWARD! QUE SUSTO! –Desliguei meu celular e tentei me recompor enquanto Edward segurava uma gargalhada sem muito sucesso.

–Desculpe. –Ele guardou o celular no bolso do casaco, tirando-o em seguida. Afrouxou a gravata, sentando-se na cama. –Finalmente encontro minha linda mulher acordada! Não mereço nada em comemoração a esse momento?

Jogou-se sobre mim; riamos sem parar, envoltos no seu bom humor. Envolvi seu pescoço com os meus braços, puxando-o para mim. Recebi um maravilhoso beijo, desses que deixam você desnorteada. Seus beijos deixaram meus lábios, migrando para outras partes do meu corpo.

–Por que chegou cedo? Geralmente chega depois de meia noite. –Fechei meus olhos enquanto minhas mãos estavam em seus cabelos acobreados. Quando seus lábios chegaram a minha clavícula, Edward resolveu se manifestar. Afastou minimamente seus lábios da minha pele para isso.

–Tive um fortuito imprevisto que me liberou mais cedo. O ultimo cliente do dia sofreu um acidente enquanto ia para a reunião na minha empresa.

–Edward! –Dei um tapinha no seu ombro. –Como pode comemorar uma tragédia dessas? Não tem vergonha? –Mesmo querendo empregar um tom sério em minha voz, era impossível ser ríspida com Edward. Dizia isso entre risos, tentando conter a excitação que os beijos cada vez mais ousados de Edward provocavam em meu corpo.

–Pelo menos ele sofreu um acidente por uma boa causa. –Disse enquanto afastava-se de mim novamente para me olhar. –Deus quis nos unir e o usou. Agora não vamos desperdiçar essa chance.

Suas mãos passeavam pelo meu corpo, ansiosas demais para me despir. Seus beijos eram urgentes, tão desesperados que parecia que Edward não estava respirando, e nem queria. Eu o queria, queria muito! Com uma mão tentei sem sucesso despi-lo da camisa. Após alguns minutos lutando cegamente com os botões do seu paletó preto, Edward se afastou.

–O que foi? –Perguntei ofegante.

–Vamos fazer isso certo. Vou tomar um bom e demorado... Quero dizer, um bom e rápido banho. Você fica aqui deitadinha me esperando. Mas nada de dormir! –Advertiu, correndo para o seu banheiro enquanto se despia pelo caminho. Sacudi a cabeça em desaprovação. Edward sabia como bancar o garotinho quando queria e esse era um aspecto dele que me encantava.

Sentei-me na cama e ajeitei a camisola, brutalmente amassada pelas mãos do meu marido. Tão ansiosa para estar com ele como ele estava para ficar comigo, decidi ir ao banheiro e lhe fazer companhia no banho. Provavelmente teríamos feito amor lá, se eu tivesse de fato cruzado a porta. Meu celular toca. Eu decido atende-lo.

–Alô? –O outro lado não responde. Eu já estava cansada. Antes de desligar...

–Eu espero não estar incomodando. –A voz do número confidencial finalmente falou. Não era uma voz muito familiar para mim.

–Eu até poderia iniciar um diálogo comportado, mas não farei isso. Você é a pessoa que está me atormentando com ligações nesse número confidencial, não é? –Tentei sem sucesso conter minha voz. A vontade que eu tinha era de xingar aquela pessoa até minhas cordas vocais arrebentarem.

–Sim. Peço desculpas por não ter me manifestado, mas eu estava querendo criar um clima antes da grande revelação: quem é a estranha pessoa que liga para Isabella Cullen?

Quando ela pronunciou meu nome, eu soube que me conhecia. Não eram meros acasos as ligações de alguém desocupado.

–Quem é você? –Perguntei num tom de voz raivoso. O outro lado ficou calado por apenas alguns instantes e, por fim, respondeu.

–Tânia Denali, ex-secretária e ex-amante do seu marido.

Não sei por quanto tempo eu fiquei parada, em pé, com o meu celular nas mãos próximo ao ouvido. Eu poderia jurar que fiquei nessa posição por horas e não segundos. Tempo suficiente para Edward acabar seu banho. Eu só tinha alguns segundos.

–Vou desativar esse número. Se voltar a entrar em contato comigo, acionarei a policia. –Tropegamente desliguei o meu celular. Eu ainda o tinha em mãos quando Edward veio até mim, abraçando-me por trás. Pude sentir a macies do roupão de banho que o cobria, assim como algumas gotas de água presentes em seu corpo, umedecendo minha camisola de seda. Mesmo diante de uma situação erótica como essa, eu não estava concentrada. Minha concentração inteira estava nas poucas palavras que troquei com aquela mulher asquerosa.

–Amor? O que foi? –Senti meu corpo tombar para o lado e teria caído no chão se Edward não tivesse me amparado. –Hei, você está pálida!

Edward me ajudou a sentar na cama, sentando-se ao meu lado. Suas mãos estavam em meu rosto, acariciando minhas bochechas, e seus olhos sobre mim, preocupados.

–Aconteceu alguma coisa? Você está tão pálida! Parece até que viu um fantasma ou algo assim.

Eu sabia que tinha que tranqüilizar o meu marido. As palavras estavam na ponta da língua, mas demorei a dizê-las.

–Não é nada. Acho que me levantei rápido demais. Estou zonza. –Coloquei a mão na testa, tentando soar convincente. Edward pareceu cair na minha mentira.

–Você tem se alimentado bem? Isso parece uma fraqueza. Talvez eu deva chamar um médico...

–Eu estou bem. Eu só preciso... Preciso de uns minutos. –Procurei me recompor, pois não poderia me deixar abalar. Edward me deu os minutos pedidos, segurando gentilmente minhas mãos. E realmente eu me senti um pouco melhor com ele ao meu lado.

–Melhor? –Perguntou. Eu assenti. –Tem certeza de que não precisa de um médico?

–Não. Eu estou bem. Eu só... Deve ser por que eu não comi bem nos últimos dias.

–Você não comeu bem, não dormiu bem... Está deixando tudo de lado pelo trabalho. Isso não é bom. Bella eu sou ocupado, mas não descuido de mim. Eu pensava que você estava se cuidando por isso fiquei despreocupado. –Ele estava tão preocupado! Definitivamente eu havia acabado com a nossa noite.

–Me desculpe. –Murmurei, olhando para o chão.

–Tudo bem. Eu cuidarei para que isso não se repita. Vou garantir que você não se sobrecarregue. –Edward foi me empurrando, obrigando-me a deitar. Eu cedi, descansando meu corpo inteiro na cama, a cabeça em cima do travesseiro. Cobriu meu corpo com o edredom.

–É melhor você descansar. –Suas mãos acariciaram meu rosto.

–Descansar? Por um acaso se esqueceu o que nós iríamos fazer? –Minha atitude revoltada aumentou o seu sorriso.

–Claro que eu me lembro! Lembro perfeitamente... –Seus lábios encontraram os meus e o fogo explodiu. Eu sentia tanta falta dele! Esses dias em que mal nos falamos tiveram o seu preço, fazendo com que o meu desejo por ele crescesse. Eu poderia sentir que com Edward aconteceu o mesmo. Minhas mãos o ajudaram a se livrar do roupão que o cobria enquanto Edward me despia de minha camisola. Senti um frio quando minha pele entrou em contato com a sua pele úmida do banho, enchendo-me de contentamento.

Afastou-se e, num ato de extrema delicadeza, pegou uma mecha do meu cabelo, cheirando-a.

–Estou viciado em você. Tem idéia do que eu passei enquanto estivemos separados? –Beijou-me de forma excitante enquanto suas mãos estimulavam meu corpo, deixando-o em chamas. O cansaço que antes eu sentia foi sumindo, dando lugar para algo mais primitivo e urgente.

Eu me permiti, naquele momento, esquecer de tudo. Enquanto Edward encaixava seu corpo ao meu, nas mais diferentes posições, concentrado em meu prazer e no seu, minha mente se perdeu. Inebriada demais pelo prazer, me concentrei apenas em meu marido.

E em cada parada, um pequeno descanso para depois recomeçar, eu o ouvir dizer “eu te amo”, e eu adorava isso.

...

–Cansou? –Ele me perguntou enquanto eu me aconchegava em seu peito.

–Preciso dormir. Muito. Amanhã vai ser um dia atribulado. –Meus olhos já estavam fechados. Minha cabeça na curvatura do pescoço de meu marido. Minha mão direita repousava em seu peito nu. Edward pegou essa mão aproximando-a de seus lábios, beijando-a.

–Espere, tenho um comunicado a fazer antes de você dormir. –E com o som da sua voz, eu me esforcei um pouco para ficar acordada.

–Qual seria? –Murmurei debilmente.

–Viajarei depois de amanhã. Será minha primeira viagem de negócios. Ficarei alguns dias em Dubai.

Eu poderia estar cansada, mas estava ciente das palavras de Edward. Saber que ficaríamos dias afastados me deixou deprimida. Procurei não deixar isso evidente.

–Amanhã vou sair com Jess e Angela depois do trabalho. Não posso me dar ao luxo de negar ou ela transformará minha vida um inferno. –Mesmo com os meus olhos ainda fechados, a julgar pela respiração alterada de Edward, eu sabia que ele estava aborrecido.

–Você pode ir, mas... Escuta, talvez eu...

Abri meus olhos e ergui um pouco o meu corpo para vê-lo.

–Quer ir comigo? –Sorri ante a cara espantada dele.

–Está falando sério? Quer que eu vá com você? –Edward estava realmente surpreso e seu rosto era hilário. Levando em consideração a distancia que eu criei entre ele e meus amigos, querendo evitar conflitos, eu não estava surpresa com o seu espanto.

–Por que não? Acho que já está mais do que na hora de incluí-lo efetivamente na minha vida. Além disso, você precisa ampliar o seu círculo de amizades... Não que você tenha um. –Sorri e Edward me acompanhou sorrindo também.

–De fato eu não tenho amigos, mas querer que meus primeiros amigos sejam os seus amigos que me odeiam é realmente estranho. Ainda sim eu aceito. Agora durma. –Me beijou na testa e com uma mão afagou meus cabelos até eu dormir.

...

Na manhã seguinte eu encontrei uma surpresa na minha sala.

–Bom dia senhora Cullen! –A moça me cumprimentou enquanto trabalhava freneticamente no antigo computador de Jess. Entrei cautelosa na minha sala, sentando-me na minha cadeira.

–Você é funcionaria nova? –Perguntei enquanto ligava meu computador, sem tirar os olhos dela.

–Sim, eu fui admitida hoje. A partir de agora assumirei o trabalho deixado pela antiga funcionaria, Jessica Stanley, e por você. –Suas palavras me fizeram estacar. Parei o que estava fazendo e voltei minha atenção apenas para aquela moça.

–Como é que é? Como assim fazer o meu trabalho? –Eu havia sido demitida e soube por essa estranha?

–Bem o senhor Cullen ligou para a agencia em que eu estava inscrita e pediu para que enviassem uma contadora. A propósito, o meu nome é... –E antes de ouvir o nome da garota, eu estava a caminho da sala de Edward.

Gostaria de dizer que fui ousada, entrando em sua sala sem ser convidada e atrapalhando alguma reunião dele com algum cliente, mas não foi nada disso que aconteceu. Fiquei na sala de espera sozinha, aguardando o momento em que ele poderia me receber. Quando a secretária me viu a espera de Edward, se apresou em me anunciar. Acredito que ele interrompeu a reunião assim que soube que eu estava lá. Logo as pessoas que estavam com ele saíram, sendo guiados pela sua secretária. Não perdi tempo, entrei em sua sala rápida e furiosa como uma tempestade. Ele tinha muitas explicações para me dar.

–Sabia que viria aqui, só não achei que viesse tão cedo. –Levantou-se da sua cadeira e contornou a mesa, vindo em minha direção. Parecia achar a minha evidente raiva divertida. –Olá meu amor! –Tentou me abraçar, mas eu me esquivei.

–Não vem com essa para cima de mim! O que deu em você? Por que contratou alguém para trabalhar por mim? –Disse com a voz elevada enquanto um dedo batia em seu peito. Mesmo com minha atitude irritadiça, Edward ainda parecia bem humorado, não levando a sério meu aborrecimento.

–Amor, calma! Eu fiz isso por você. –Segurou minha mão em seu peito. –Você não parecia bem ontem e reclamou do excesso de trabalho. Liguei para uma agencia ontem e eles enviaram essa nova garota.

–Não me importo de dividir o trabalho, mas deixá-la fazer a minha parte é inaceitável! –Minha voz já não estava carregada de raiva, fiquei feliz pela atitude preocupada de Edward para comigo.

–Como quiser desde que você se cuide. –E seu rosto antes divertido foi assumindo uma expressão preocupada. –Bella, se eu perceber novamente que sua saúde está comprometida pelo excesso de trabalho, eu faço algo pior do que contratar alguém para trabalhar no seu lugar enquanto você recebe seu salário.

E eu o entendia, é claro. Ele tinha todos os motivos para agir daquela forma. Se ele soubesse que o meu mal estar na verdade foi por causa de Tânia, o que ele pensaria? E naquele instante cogitei a possibilidade de colocá-lo na parede e saber qual o envolvimento que ele ainda tinha com Tânia, mas eu tinha medo de descobrir que eles tinham algo. E pensar em tudo isso estava me deixando deprimida novamente.

–Tudo bem. Eu vou me cuidar. Voltarei ao trabalho agora. –Eu me aproximo de Edward e o beijo nos lábios. Sigo para a saída, mas minha passagem é interceptada por ele. Edward caminha rapidamente até mim e com uma mão me impede de abrir a porta.

–Edward, o q... –Fui calada pelos seus lábios num beijo escaldante, desses que te deixam sem ação. Ele prensou seu corpo ao meu na porta, imobilizando-me com os seus braços. Correspondi ao seu beijo de forma estranha, ainda atordoada com o modo como fui abordada.

Meu marido não precisou de força para me guiar até uma confortável poltrona na sala da presidência e deitar sobre mim. Quando consegui afastá-lo, seus beijos migraram para outras partes do meu corpo.

–Pára! Aqui é o local de trabalho! –Esbravejei, mas Edward não parou. Tentei empurrá-lo sem muito sucesso. Suas mãos se infiltraram dentro de minhas roupas enquanto seus lábios beijavam minha clavícula esquerda. Consegui empurrá-lo um pouco mais e ele reagiu como imaginei que reagiria: se afastou.

–O que foi? –Perguntou com a respiração irregular. Seu corpo ainda estava inclinado na minha direção.

–Não vou transar com você aqui! –Procurei me afastar e com uma mão alisei minha blusa. Edward bufou claramente frustrado.

–Qual é Bella! Para pessoas que têm um relacionamento, fazer coisas proibidas em locais públicos é normal. –Seu tom de voz era revoltado. Algo em suas palavras despertou um sentimento de fúria em mim, lembranças desagradáveis que eu queria esquecer. Para Edward era comum esse tipo de prática, coisa que ele nunca fez comigo. Ele deitou-se com várias mulheres, entre elas Tânia, sua ex-secretária. Eu poderia apostar que eles já transaram aqui no escritório muitas e muitas vezes. Agora Edward queria reviver os momentos do passado e como Tânia não estava mais aqui, eu havia sido convocada como o quebra-galho.

Um maldito quebra-galho!

–Não me confunda com aquela vadia que você costumava agarrar aqui no escritório! Eu não sou a Tânia, nunca serei como ela! –Falei aos berros. Edward afastou-se de mim, atônico. Aproveitei o seu silêncio para fazer a única coisa digna que consegui pensar: ir embora.

...

–Bella, dá para prestar atenção em mim? –Jess reclamou. Olhei monotonamente para ela.

–Desculpe-me, o que você estava dizendo? –Tentei me lembrar do que estávamos conversando, mas nada me veio à cabeça. Angela ainda estava conversando com Ben pelo celular então eu era a única pessoa na mesa disponível para ouvir o drama mexicano de Jessica, infelizmente.

–Estou dizendo que terei de devolver o seu apartamento! O único motivo de eu ter saído de casa era para ter mais privacidade com o Mike, mas agora que estou solteira só estou vendo o lado negativo da coisa de morar sozinha. Voltarei para a casa dos meus pais. Pelo menos lá não me preocupo com pagamento de contas, comida nem nada disso. Tudo bem para você?

Assenti, querendo mais do que tudo permanecer na minha. Jess era perceptiva, sabia que eu não absorveria nada do que ela dizia, então puxou assunto com Angela. Angela me olhava de esguelha, preocupada com meu silêncio. Voltei a minha atenção para o meu Martini enquanto olhava os arredores.

O barzinho estava lotado, hoje era dia de música ao vivo. Havia muitos rapazes interessantes no recinto e era justamente por isso que Jessica nos arrastou para cá. Não demorou a ela sair para flertar com um cara que estava no bar. Suspirei aliviada, agora teria um pouco de paz.

–Bella? Aconteceu alguma coisa? Você parece triste. –Angela sempre fora perceptiva. Eu não queria falar sobre o que havia acontecido, mas aquele jeito maternal de minha amiga, pronta para ajudar quem quer que fosse com seus problemas, me desarmou.

–Briguei com o Edward hoje de manhã. –Confessei, olhando para o meu drink.

–Ah, que pena! E a julgar pela sua atitude foi uma briga feia, não foi?

–Sim... Não... Ah, eu não sei! Nós estávamos bem, mas... O passado pesa em cima de nós, sabe? As coisas que aconteceram e que você já sabe. Eu não consigo deixar de lado tudo o que o Edward me fez, em especial a sua infidelidade. –Não disse sobre Tânia e suas indiretas, essa eu guardaria pra mim.

–Não vai ser uma vida fácil a de vocês dois, mas precisarão passar por cima de tudo se quiserem ficar juntos. Você quer ficar com ele, não quer? –E olhando para Angela, sentindo o peito oprimido pela briga tola, o que eu mais queria era estar com ele. Mesmo que a mágoa ainda estivesse em mim, eu queria estar com Edward.

–E você vai ir até ele agora. –Angela adivinhou. Sorri.

–Sim. Diga a Jess que não estava me sentindo bem. –Levantei, tomando o restante do meu Martini e deixando sobre a nossa mesa o dinheiro para pagar a bebida. Peguei um taxi em frente ao bar e quando entrei em um deles olhei o relógio. Estava tarde, Edward devia estar em casa dormindo, por isso não me importei de ligar para avisar que estava chegando.

Eu pediria desculpas. Exagerei, eu sabia. Não deveria dar tanto crédito a Tânia, era insensatez. Durante todo o percurso de taxi eu me senti melhor e pronta para passar uma borracha em tudo. Enquanto seguia até o nosso apartamento, porém, as desconfianças voltaram a me atormentar. E se Edward estivesse me enganando novamente, o que eu faria? Nós voltaríamos a agir como dois cães de briga? Eu não queria aquela antiga vida, a Bella sempre raivosa que terminava o dia em uma balada, enchendo a cara.

O apartamento estava escuro e silencioso. Fui para o meu quarto e notei, enquanto seguia para lá, que a luz do quarto do Edward estava ligada. Meu celular tocou enquanto eu estava em frente à porta do meu quarto, mas ignorei. Fui direto para o chuveiro e tomei um longo banho. Geralmente uso algo ousado para dormir, mas como dormiria só acabei vestindo um velho pijama de flanela, resquício de minha antiga vida como a Bella “sem graça”. Deitei na cama, ficando de lado com o meu rosto para a parede. Eu sabia que tinha de fazer algo, ir até Edward e pedir desculpas, mas estava sem forças para isso. Além do cansaço, eu ainda estava magoada. Mesmo que não houvesse motivos para se estar, eu...

Um barulho.

Alguém estava entrando em meu quarto. Fiquei imóvel, tentando respirar tranquilamente e assim fazer com que ele pensasse que eu estava dormindo.

–Bella, está acordada? –Edward perguntou. Eu ponderei sobre o que fazer e confesso que não me sentia preparada para confrontá-lo. Seria melhor continuar fingindo que dormia, mas...

–Eu não estou dormindo. –Sussurrei ainda na posição “deitada de lado olhando para a parede”. Eu não sabia como agir, mas tinha uma certeza: eu não queria continuar afastada de Edward.

Eu senti um peso a mais na cama e logo um braço de Edward estava sobre mim, em minha cintura. Seus lábios estavam próximos do meu ouvido.

–O que eu fiz hoje... Eu peço...

–Não precisa pedir desculpas –Eu o interrompi –Fui eu que errei e não você. Eu não deveria ter feito uma tempestade em um copo de água como eu fiz. Não sei o que deu em mim, eu só... –A garganta ficou apertada demais para falar. Edward continuou.

–Não, eu preciso me desculpar. O que eu fiz foi errado. Eu me deixei levar pelo momento e só pensei em mim. Eu deveria ter avaliado sua reação, percebido que você não queria e me afastado. Mas eu quero que saiba que não era minha intenção tratá-la como uma qualquer.

–Eu sei. –Murmurei. Não era esse o ponto, não me senti sendo tratada como uma qualquer. Foram as lembranças do passado, quando Edward me traía com Tânia, que me fizeram agir daquela forma. Imaginar o que eles faziam pelas minhas costas era angustiante!

Ficamos em silêncio por algum tempo. Ponderei em contar tudo o que me entristecia, mas eu temia até mesmo tocar no assunto. Ao invés disso eu virei, ficando de frente para Edward, e enterrei meu rosto em seu peito. Edward me envolveu com os seus braços, mantendo-me aninhada ali.

–Eu traí você com Tânia... –Ele começou e eu congelei. –E com prostitutas. Eu achava que não estava fazendo nada demais na época, mas agora me arrependo amargamente. Se eu pudesse voltar, você teria sido a única mulher com quem eu faria amor desde que eu a conheci.

–Edward, eu não quero... –Eu não queria ouvir! Não queria!

–Escute! Eu preciso esclarecer tudo! Eu fiz tantas coisas de que me envergonho e não posso mudar, mas posso me arrepender Bella. Eu amo você. Eu quero você sempre comigo. Você será a única para mim agora, ninguém pode ocupar o seu lugar.

As palavras de Edward acalmaram meu coração, eu podia sentir a sinceridade nelas. Senti os músculos do meu corpo relaxarem enquanto meus batimentos cardíacos, antes acelerados, se aquietavam. Os lábios de Edward beijaram minha testa e permaneceram assim por alguns instantes. Então tudo estava bem agora e isso era bom. Mas então eu me lembrei que logo ficaria sozinha.

–Vai viajar amanhã, não é? –Não era uma pergunta, ele já havia me dito. Isso me entristeceu, eu precisava demais de Edward por perto para aplacar os dias em que ficamos distantes.

–Não. Eu adiei a viagem para depois de amanhã. Queria permanecer por mais tempo, mas não consegui. Eu não viajaria brigado com você, Bella. –Ergui minha mão tocando sua bochecha esquerda. Edward pegou a mão pousada em seu rosto e a beijou.

–Não quero, nunca mais, brigar com você. –Ele murmurou com os seus lábios movendo-se em minha mão. Minha garganta estava apertada e não consegui impedir que uma lágrima caísse. Edward a secou com seus lábios e me abraçou mais forte.

Dormimos assim, juntos.

...

Eu queria fazer algo por Edward e assim encerrar de uma vez por todas nossa discussão. Eu sabia o que deveria fazer. Eu me arrumei mais do que em qualquer outro dia, colocando um bonito lingerie, acessórios, roupas, maquiagem; nada faltou. Eu não estava vestida como uma simples empregada da empresa...

Eu estava vestida como a mulher fatal que seduziria Edward

Cheguei cedo, não tão cedo quanto Edward. Ele estava em sua sala, sua secretária havia me informado. Como estava atarefado, eu não o veria até próximo da hora do almoço. Trabalhei arduamente, sabendo que só teria algumas horas. Por fim, um pouco antes do horário do almoço, eu saí de minha sala e fui à sala presidencial onde Edward estava. A senhora Slater, que estava em sua mesa atendendo um telefonema, me permitiu entrar.

Edward sabia que eu estava lá, a secretária havia me anunciado, mas assim que me viu tinha surpresa em seus olhos. Eu sabia que eu estava diferente, a maquiagem estava mais pesada, dando um ar fatal a mim; usava uma camisa branca de botões justa; uma saia preta curta; lingerie preto. Minhas vestimentas me davam o ar de secretária fatal, algo próximo o que Tânia vestia. Não me sentia vulgar por isso, nem ofendida.

–Bella, por que você...? –Edward balbuciou, seus olhos me avaliavam. Levantou-se de sua poltrona e contornou lentamente sua mesa. Eu caminhei rapidamente até ele, segurei sua gravata enquanto o empurrava, fazendo-o sentar-se novamente em sua poltrona. Sentei em seu colo e o beijei avidamente. Edward assustou-se com o meu ato, mas logo foi correspondendo a mim. Seus braços envolveram minha cintura, puxando-me para ele. A excitação e a ânsia nos tomaram e quando dei por mim estávamos deitados no chão (Edward me ergueu e me deitou lá, cobrindo-me com seu corpo) nos beijando como loucos. Retirei o paletó preto de Edward e afrouxei sua gravata enquanto Edward retirou minha camisa branca e já estava subindo minha saia quando...

Toc toc toc. O barulho de alguém batendo na porta. Nós congelamos.

–Senhor Cullen, a reunião de duas horas. –Era a senhora Slater. Olhei para a porta e olhei para Edward. Ele estava claramente contrariado.

–Vou cancelar a reunião. –Ele murmurou numa voz raivosa. Toquei seu rosto.

–Continuamos depois. –Ele tinha uma expressão incrivelmente cômica. Eu queria rir.

–Nem pensar! –Esbravejou.

–Senhor Cullen? –Novamente foi chamado. Eu o empurrei.

–Vá para o trabalho. Hoje à noite o compensarei. –Beijei seus lábios e ajeitei minha camisa. Edward afastou-se, ajudando-me a levantar e ajeito suas roupas também.

–Vamos jantar hoje. Eu providenciarei tudo. Após o seu expediente, espere-me. –Puxou-me para um forte abraço, beijou meus lábios, e me deixou ir, contrariado.

Bem... Ele não era o único a ficar contrariado com a interrupção. Olhando para Edward, trajando negro dos pés a cabeça, o que eu mais queria era ser possuída por ele.

“Mais tarde. Tenho que ser paciente.”.

...

Tenho certeza que Edward fez o possível para dispensar suas atividades do dia e cumprir a promessa de jantarmos juntos. Às nove e meia estávamos em um restaurante chique no centro da cidade. Eu pensei que seria um jantar romântico, essa era a proposta, mas não foi o que aconteceu. Muitos homens e mulheres importantes que freqüentavam o lugar reconheciam Edward e vinham nos cumprimentar. Eu era cortês, é claro, mas as interrupções estavam começando a me aborrecer. Eu só tinha mais aquela noite com meu marido, na manhã seguinte ele viajaria para Dubai e lá permaneceria por cinco dias.

Edward olhava para mim, sabendo que eu estava aborrecida e pedindo desculpas com o olhar. Tinha uma súbita idéia e não hesitei em me manifestar.

–Vamos sair daqui. –Eu disse antes mesmo de experimentar a entrada.

–Sair?

–Que tal um programa mais simples, porém muito mais divertido? Assinado por Isabella Cullen. –Eu sorri, adorando a minha idéia, sabendo que era a única forma de termos um pouco de paz. E ele percebeu. Sorriu como uma criança para mim.

–Você é o meu guia. Leve-me aonde quiser. –Sorriu maliciosamente. Peguei sua mão. Edward lançou em cima a mesa o dinheiro para pagar o nosso consumo, mais a gorjeta do garçom. Saímos de fininho, deixando para trás todas aquelas pessoas esnobes naquele restaurante chique e seguindo, ao meu comando, para um lugar. Qualquer lugar. Eu não sabia para onde, confesso, por isso circulamos de carro por alguns minutos. Então eu vi, ao longe, um festival, ocorrendo em uma vila.

–Edward, Pará o carro! –Pedi. Edward logo encostou o carro, estacionando no meio fio de uma viela. –Vamos para aquele festival. –Apontei para o lugar. Havia muitas pessoas, balões coloridos e serpentina por todo o lado, risos, música, gritos e cheiro de comida gordurosa.

Lembrei da minha infância, quando ia a festivais assim com os meus pais. Bons tempos. E naquele momento eu quis reviver minha infância naquele festival e partilhar isso com meu marido.

–Quer ir para lá? –Edward perguntou em dúvida.

–Claro. Vamos! Você vai gostar. –Sai do caro sem esperar que Edward viesse abrir a porta para mim.

Caminhamos de mãos dadas pela calçada até chegar ao festival. A princípio Edward parecia incomodado com aquela confusão de ruídos e pessoas, mas, pouco a pouco, ele foi se soltando. No final da noite, após aproveitarmos tudo o que o pequeno festival oferecia, voltamos para casa. Eu estava cheia de comida gordurosa, assim como Edward, e tinha tantas bugigangas que compramos nas mãos que ficou difícil carregar sozinha.

Não perguntei se Edward havia gostado do programa, não precisei. A julgar pelo seu sorriso, tenho certeza que ele adorou. Ele não foi o poderoso Edward Cullen, proprietário da maior empresa de publicidade dos EUA, ele foi apenas um homem, o meu homem.

Nós estávamos esgotados após caminhar para lá e para cá, além de dançarmos. Eu estava apenas com as pernas doloridas por ter dançado de salto, mas Edward devia estar mais mal visto que eu pisei muito nos seus pés.

–Está cansada? –Ele perguntou, sustentando boa parte do meu peso. Seu braço estava seguramente envolvendo minha cintura e a sua outra mão carregava algumas das coisas que tínhamos comprado.

–Eu estou. –Confessei enquanto pegava as chaves e abria a porta do nosso apartamento. Acendi a luz da sala ao passar pela porta e Edward me seguiu. Fechei a porta em seguida, pegando nossas compras e deixando em cima do sofá. Sentei no outro sofá, desabando pelo cansaço. Edward não sentou ao meu lado como eu previa, algo que me surpreendeu. Ao invés disso, ele se ajoelhou de frente para mim. Não entendi seu ato a princípio.

Seus olhos cor de âmbar me fitavam penetrantes. Suas mãos tocaram meu joelho e então foram subindo, subindo, erguendo minha saia enquanto seu rosto se aproximava até seus lábios encontrarem os meus. Seu beijo inflamou meu corpo e logo o cansaço foi esquecido. Minhas mãos foram para o seu cabelo, puxando-os enquanto as mãos de Edward tentavam me despir. Na confusão de peças sendo tiradas, beijos e toques, eu não percebi o que Edward pretendia. Senti seus lábios em minha feminilidade e o mundo ao meu redor pareceu desaparecer.

Tudo estava maravilhoso, ser tocada tão intimamente por Edward era o frenesi e a coisa realmente melhorou quando Edward retirou sua roupa e me levou para o seu quarto. Eu senti o quão insignificante foi a nossa discussão. E eu adorei tudo, o modo como ele sussurrava meu nome, seus gemidos, seu toque, seus beijos, seu hálito, seus dentes mordiscando em alguns lugares, eu me sentia a mulher mais realizada da face da Terra!

...

–Que horas você vai viajar amanhã? –Eu perguntei sonolenta. Senti os dedos de Edward afastando meus cabelos do meu rosto. Seu corpo me aquecia mais do que os lençóis que nos cobriam.

–Cedo. –Foi tudo o que ele respondeu. Não conseguia abrir os olhos para ver sua expressão, mas sabia que ele tinha um sorriso cravado nos lábios.

–Me acorda amanhã. Quero ir até o aeroporto com você. –E então eu dormi, antes mesmo de ouvir sua resposta. Tudo bem, ele me acordaria.

...

Eu já sentia a sua falta antes mesmo dele embarcar. Minha garganta estava estranhamente apertada e minhas mãos soavam. Pela expressão de Edward, ele também não estava feliz com o nosso afastamento. Segurei forte sua mão enquanto íamos para o portão de embarque.

Um carro com motorista e um funcionário foram até nossa casa, pegando Edward e eu. Conversamos pouco durante a viagem até o aeroporto, estávamos sonolentos demais. Agora era diferente. Estávamos despertos não por que o sono passou, mas por que tínhamos que nos despedir. E após minutos de espera, conversando sobre banalidades e até rindo, Edward levantou-se da poltrona onde estava sentado.

–Eu preciso ir. –Ele falou baixinho. –Ligarei todos os dias e mandarei mensagens. –Ele envolveu minha cintura com seus braços, puxando-me para mais perto dele e assim nos beijarmos. Eu correspondi ao seu beijo de forma empolgada, ignorando as pessoas que poderiam estar nos vendo. Eu não queria que Edward viajasse, mas eu não diria nada.

–Ligue-me e eu vou atender. Não importa o horário. Edward fique bem em Dubai. Cuide-se. –Implorei. Edward deve ter visto a comoção em mim, afagou meu rosto com as mãos.

–Digo o mesmo para você. Qualquer problema procure Alice, ela vai atender o celular se você ligar. Ligue-me também, eu sempre atenderei. –Ele me beijou mais uma vez e então seguiu para o seu avião, acompanhado por um funcionário. Eu fiquei no aeroporto até o avião ir embora e só então segui para o meu trabalho.

Quando cheguei ao escritório eu me senti péssima. Minha nova colega de trabalho, uma moça chamada Heidi, tentou se socializar comigo e tentei ser simpática, contando um pouco sobre mim. Acho que não funcionou. Jess soube por Angela da viagem de Edward e quis que saíssemos para “aproveitar”, mas não tinha clima pra mim. Dispensei todos os convites das meninas, menos o de Alice.

–Eu não vou aceitar um não! Você vai jantar comigo! –Ela disse enquanto eu desligava o computador. Já estava no final do expediente e eu estava exausta.

–Alice, eu estou cansada. –Reclamei enquanto pegava a minha bolsa em cima da minha mesa. Ela me olhava com raiva.

–Mas você vai cansada jantar comigo! Até morta você iria! O Jasper vai estar trabalhando até tarde e eu não como sozinha! –Pegou minha mão e saiu me arrastando. –Vem! –Ordenou. Lembrei que de qualquer forma eu não tinha condução, havia vindo para o trabalho com o carro e motorista da empresa.

–Eu sabia que havia um motivo para você me convidar. –Comentei brincalhona. –Sou a última opção, não é?

–Você é minha segunda opção de companhia, cunhada. Minha ultima opção é o Edward! –Rimos enquanto Alice me rebocava para o seu carro e logo estávamos em um restaurante chique que ela escolheu.

Rimos, conversamos, comemos e falamos as duas com Edward pelo celular. Ele não pareceu surpreso ao saber que Alice e eu estávamos jantando juntas e suspeitei que ele houvesse pedido a Alice para fazer isso. Ficar com Alice aplacou um pouco a solidão e, de acordo com ela, faríamos isso todas as noites até Edward voltar de Dubai. E então a contagem começou...

1º dia

Edward me ligou várias vezes, conversamos por pelo menos quinze minutos em cada ligação. Ele estava entediado com a viagem de trabalho, queria que eu tivesse ido. Eu queria estar lá.

Heidi era legal, conversamos durante o almoço e Angela participou ativamente da conversa. Ela não disse muito sobre ela, mas fez perguntas para nós duas. Foi um momento agradável do meu dia.

Ao anoitecer, Alice e Jasper me seqüestraram e assim jantamos juntos. Eles não trocaram nenhum tipo de carinho, provavelmente em respeito a mim. Conversamos sobre a empresa, um assunto chato segundo Alice, mas que muito me entretém.

Dormi abraçada com um paletó de Edward após falar com ele por uma hora. O seu cheiro me acalmou e pensei que aquele primeiro dia apenas falando com ele ao celular havia sido melhor do que o esperado.

2º dia

Meu dia teria sido ótimo se eu não tivesse recebido a famosa ligação, agora não tão anônima. Tinha me esquecido que havia dito a tal Tânia que mudaria o número. Não havia nada que eu pudesse fazer agora, não poderia mudar o numero sendo que era a única forma de falar com o meu marido. Não atendi. Se eu ignorasse eu não teria preocupações.

Almocei com Heidi e Angela e a noite sai para jantar com Angela, Ben e Jessica. Naquela mesma noite falei com Edward por horas, com ele me contando sobre sua viagem e eu contando sobre o meu dia. Dormi com o celular no meu ouvido enquanto abraçava fortemente o mesmo paletó de Edward da noite anterior.

3º dia

Eu não podia acreditar no que eu estava vendo! Como ela poderia...?

–Desde que horas ela está aqui? –Perguntei entre dentes para Erick, o porteiro. Ele me olhou assustado, não imaginou que eu poderia ter uma reação tão violenta.

–A moça chegou há alguns minutos. Quis subir, mas eu não permiti. Precisava da sua autorização. –Erick estava apreensivo, pensando que poderia ter sido dele a culpa pelo meu aborrecimento. Tentei sorrir.

–Não se preocupe, não é culpa sua. Olhe, me faça um favor, vá até aquela mulher e... –E então... Tânia me viu. Sorriu de uma forma simpática, bem diferente da imagem que eu tinha dela. Estava vestida para matar, blazer vermelho com a saia curta, salto alto preto e aposto que não usava calcinha. VADIA!

–Olá querida! –Falou numa voz simpática enquanto se aproximava de mim. Eu queria socá-la!

–Saia daqui antes que eu chame a policia! –Minha voz era baixa, mas cheia de autoridade. Erick ficou olhando para nós duas sem saber o que fazer, suspirou aliviado quando uma pessoa o chamou até o seu balcão.

–Não me olhe desse jeito Bella. Você poderia ter evitado o encontro se atendesse minhas ligações. Teria tratado do assunto por celular. –Sua voz, seu modo de agir... Eu odiava tudo. Eu a odiava!

–Tenho mais o que fazer do que ficar aqui com uma vadia interesseira como você! –Passei esbarrando em seu ombro em direção a escada que dava acesso ao estacionamento. Amaldiçoei-me por querer passar na portaria e pegar a correspondência, poderia ter ido direto ao estacionamento e não ter que ver essa pessoa desagradável.

–Espera! Tenho algo de interesse seu! –Ela falou atrás de mim, rapidamente me alcançou, detendo-me.

–Me solta! –Gritei, empurrando-a. Tânia cambaleou, mas não caiu. Tentou controlar a raiva, eu pude ver em seus olhos o esforço. Até então eu não havia notado o envelope branco que carregava. Ela o ofereceu a mim.

–Que merda é essa?

–Olha, Bella puritana falando palavrão! Isso é novo pra mim! –Riu e tive vontade de avançar na cretina.

–Não vou descer do salto e ficar no seu nível. Leve isso e saia. –Não peguei o envelope, mas Tânia o deixou no chão, diante de mim.

–Eu vou embora. Só para que você saiba, eu estou sendo muito legal com você agora. Com o conteúdo do envelope, você entenderá o que houve no passado entre Edward e você. Aposto que vai me agradecer depois. –Simplesmente saiu, deixando o envelope no chão. Eu fiquei parada, encarando o caminho que Tânia fez até desaparecer. Olhei então para o envelope branco que parecia estar cheio com alguma coisa.

“Com o conteúdo do envelope, você entenderá o que houve no passado entre Edward e você [...]” –Foi o que Tânia disse. O que poderia haver no envelope? Fotos dela com Edward na cama? Será que ela pensava que eu não sabia que os dois tinham sido amantes?

–Senhora Cullen, tudo bem? –Não notei a aproximação de Erick. Ele parecia estar tenso, provavelmente ficou nervoso achando que iríamos brigar e ele seria obrigado a apartar a briga.

–Sim. Tudo bem. Irei para o trabalho. –Decidi. Só naquele momento eu notei que não havia pegado as chaves da minha moto. Certamente estavam no apartamento. Virei meu corpo para voltar aos elevadores.

–Senhora Cullen! O envelope! Ele é seu? –Ao me virar deparo-me com Erick oferecendo o envelope deixado por Tânia. Pensei em mandá-lo jogar fora, mas acabei por pegar, sem ter certeza do que faria com aquilo.

–Obrigada. –Tentei sorrir, mas minha tentativa não convenceu Erick. Ele voltou o seu posto e eu segui para o apartamento.

Decidi jogar o envelope fora assim que chegasse ao apartamento e foi isso o que eu fiz. Eu o joguei na lata de lixo que ficava na cozinha. Olhei meu relógio, eu não me atrasaria se protelasse por alguns minutos. Logo Magdalena e Eli estariam em casa, se viessem. Elas não costumavam atrasar. Peguei o meu celular enquanto ia até onde havia deixado as chaves da minha moto. Liguei para o celular de Eli e logo fui atendida.

–Senhora Cullen? –Ela perguntou em dúvida. Essa devia ser a primeira vez que eu ligava para ela, mas ela certamente tinha meu número assim como eu tinha o seu.

–Oi Eli. Eu só liguei para saber se aconteceu alguma coisa. Vocês não costumam se atrasar.

–Lamento senhora Cullen, mas a linha férrea que utilizamos está com problemas. Não estamos conseguindo chegar ai.

–Não se preocupe. Se vocês não conseguirem então voltem para casa. Eu vou ficar bem. –Sugeri enquanto voltava para a cozinha e me servia de um copo com água.

–Nós ficaremos aqui mais alguns minutos. Se não conseguirmos embarcar, eu a avisarei. E se formos, eu avisarei de qualquer jeito.

–Tudo bem. Eu vou para o trabalho. Peça as chaves para o porteiro Erick como de costume. Até mais. –Desliguei o celular, colocando-o em minha bolsa. Beberiquei a água que havia colocado para mim enquanto minha mente girava. Olhei para a lixeira, em duvida. Minha curiosidade venceu meu bom senso. Fui até a lixeira pegando o envelope, fiquei próxima da bancada da pia, deixando meu copo com água descansar lá. Abri o envelope e duas coisas caíram de lá: um bilhete e o que parecia ser um documento.

Leia à última clausula. –Estava escrito no pequeno pedaço de papel.

Olhei para aquele documento sentindo algo inexplicável, um... Aperto no peito. Minhas mãos tremeram. Eu estava tensa.

Deve ser uma brincadeira de mau gosto, pensei. Tânia estava pregando uma peça em mim e eu estava caindo como um patinho. Analisei os papéis, notando que eles eram oficiais pelo tipo de papel, carimbo e tudo o mais. Olhei a capa e contracapa e então soube do que se tratava.

–O testamento do pai de Edward? –Murmurei. Eu estava confusa com isso. Por que Tânia me dera algo tão insignificante? O que ela esperava conseguir co aquele documento? Seguindo as orientações do bilhete, passei um olho por todas as páginas até chegar à última cláusula.

Beberiquei novamente a água enquanto lia o último parágrafo e pouco a pouco, enquanto apreendia as informações naquele parágrafo, fui parando de fazer o que eu fazia. Por fim, paralisada como uma boneca, eu deixei o copo caiu de minhas mãos.

O copo quebrou, espalhando água por todo o lado. Segurei fortemente as folhas de papel que estavam em minhas mãos enquanto meus olhos encaravam assustada, a verdade que Tânia alegou estar ali.

Meu mundo, em segundos, ruiu completamente. Não conseguia fazer nada a não ser encarar aquela última clausula.

Agora eu sabia... Agora eu sabia de tudo. E eu soube como era estar no inferno.

Alice pov’s

Era estranho. Bella não havia ido à empresa, eu descobri isso quando fui pega-la para jantarmos juntas e sua colega de trabalho avisou. Ninguém sabia dela e Bella não era o tipo de funcionária irresponsável que faltava sem avisar. Dei de ombros, talvez ela só não estivesse a fim de trabalhar. Isso acontece.

–Bella não vai jantar conosco? –Jasper perguntou enquanto eu entrava em seu carro, que estava no estacionamento da empresa.

–Ela não veio hoje. Não sei o que pode ter acontecido. –Murmurei enquanto fechava o meu cinto de segurança.

–Quem lhe disse que ela não veio?

–Uma funcionária chamada Heidi. Nem sabia que tínhamos alguém trabalhando nessa empresa com esse nome. Falei com o chefe do setor contábil e ele disse que Bella não ligou. Eu conheço minha cunhada o suficiente pra saber que ela ligaria para justificar sua ausência. -Peguei rapidamente o meu celular na bolsa e percebi que havia muitas ligações do Edward. Bizarro! Edward não costumava me ligar tanto assim.

–Vai ligar para ela? Saber o que aconteceu? –Meu marido perguntou enquanto ligava o carro.

–Ligarei primeiro para o Edward. Você não vai acreditar, mas tem vinte e três chamadas dele. –E o que eu disse, devido à estranheza do negócio, surpreendeu Jasper.

–Deve ser importante. Retorne.

–É o que eu farei agora. Vai ver aquele prego fez alguma bobagem e precisa do meu intelecto. Muahahahahaha! –E com minha risada diabólica redisquei para o Edward que atendeu no primeiro toque. Era muito desocupado mesmo!

–Alice, é você?

–Claro que sou eu seu cabeção! Por que ligou para mim tantas vezes seu psicopata! –Ambos, Jasper e eu, reprimíamos uma risada.

–Eu não teria ligado tantas vezes se você tivesse atendido o seu maldito celular! Sabe há quanto tempo eu estou ligando? Por que não me atendeu? –Ele estava furioso, não havia curtido minha piadinha.

–Calma! O que você quer? –Jasper já saia da garagem, seguindo para a avenida principal.

–Não consegui falar com Bella o dia todo. Estou preocupado. Você ainda está na empresa? Você a viu? –Ele estava muito preocupado, então o negócio era sério mesmo. Deixando o meu lado brincalhão de lado, procurei agir como uma pessoa normal.

–Ela não veio trabalhar. Eu soube pela colega de trabalho dela e pelo chefe da parte contábil. Estou indo ao seu apartamento para ver se ela está bem e saber por que cortou comunicação com o mundo.

–Fala isso, por favor. Bella sempre atende as minhas ligações, não importa a que horas eu ligue. Além disso, ela não costuma faltar. Liguei para o seu celular e para o telefone residencial do meu apartamento, mas ninguém atende. Eu também falei com o chefe do departamento dela, ele disse que ela não havia aparecido, mas como ele é muito ocupado talvez não a tivesse notado. –A voz do meu irmão estava frenética, assustada.

–Acalme-se. Eu vou até lá e ligo para você. Até mais. –Desliguei meu celular. Jasper me olhava de esguelha com aquela expressão de preocupação que dificilmente toma seu rosto.

–Alguma coisa pode ter acontecido. –Ele murmurou enquanto acelerava mais o carro.

–Não podemos fazer deduções precipitadas. Vamos averiguar o que houve.

E eu estava com uma sensação estranha, uma apreensão que dificilmente sinto.

...

–Boa noite senhora Hale, senhora Hale. Erick, o porteiro do condomínio, nos cumprimentou, ele já nos conhecia há algum tempo, mais precisamente desde que Edward se mudou para cá.

–Olá Erick. Eu vim fazer uma visitinha para a minha cunhada, a Bella. Ela está, não é? –Perguntei. Erick assentiu, mas havia algo na sua expressão que me preocupava, ele parecia tenso.

–Sim, acho que a senhora Cullen está aí. –Murmurou.

–ótimo então nos anuncie. Estamos subindo. –Eu me afastei do balcão, pegando a mão de Jasper no processo.

–Espere senhora Hale! Acho melhor levar esta chave com a senhora! –Erick disse, segurando uma chave nas mãos. Aproximei-me dele, pegando as chaves.

–As chaves do apartamento do meu irmão? Não é mais fácil interfonar para a Bella e avisar que estamos subindo? Ela abrirá a porta.

–Eu estou tentando falar coma senhora Cullen, mas não estou conseguindo. Queria dizer que chegou algumas coisas do correio para ela e o seu esposo.

Isso definitivamente era estranho. Suspeitei que algo pudesse ter acontecido a minha cunhada e quis chegar o quanto antes no apartamento de Edward.

–Eu vou até lá. Obrigada pelas chaves. Ah, passe-me a correspondência, aproveito e a deixarei lá. –Sorri como uma forma de tranqüilizar o porteiro que parecido preocupado com Bella tanto quanto eu. Ele me passou um bolo de cartas e rapidamente as passei para Jasper. Mas quando eu iria seguir para os elevadores...

–Senhora Hale? –Era Erick, de novo.

–Sim? –Eu o olhei furtivamente.

–Sei que isso não é da minha conta, mas o que aconteceu hoje realmente me preocupou.

–E o que aconteceu? –Perguntei apreensiva.

–Uma moça veio aqui, disse que era amiga da senhora Cullen. Elas se encontraram quando a senhora Cullen se dirigia para trabalhar. As duas acabaram discutindo.

–Qual era o nome dessa moça que dizia ser amiga da Bella?

–Ela não se identificou senhora. Mas se isso ajuda, ela era alta, branca, loira e...

E então eu soube que estávamos com problemas.

–Obrigada Erick. Eu vou até ela. Vem Jasper! –Peguei sua mão e praticamente corri até os elevadores. Jasper só se manifestou quando nós estávamos dentro.

–Aconteceu alguma coisa, não foi? –Ele perguntou.

–Tânia esteve aqui. Não sei o que ela fez, mas Bella não saiu do apartamento desde que a encontrou. Erick disse que elas brigaram e que Bella voltou ao apartamento e não mais desceu. Isso não é nada bom. –Eu estava nervosa, mais do que já estava, e não sabia o que deveria fazer. Ligar para o Edward? Mas ele estava em Dubai, não poderia ajudar. Policia? Acho que não Ra o caso? Ligar para... Uma ambulância? Estremeci.

–Devo ligar para alguém? –Jasper estava tão apreensivo quanto eu.

–Espere. Verei a situação e depois veremos o que fazer. –Chegamos ao andar onde ficava o apartamento de Edward. Eu me apressei em pegar as chaves para abrir a porta. Jasper mostrou-se disposto a me seguir, mas eu o detive.

–Deixe-me ir primeiro. Chamo você se precisar. –Tentei me recompor e assim parecer mais forte, como Jasper costuma me ver, e assim convencê-lo a não me seguir. Eu sabia, intuitivamente, que eu precisava entrar sozinha. Jasper ficou em frente ao apartamento com o celular nas mãos, tão atento quanto eu. Entrei vagarosamente e assim que passei pela batente da porta, comecei a chamá-la.

–Bella, você está aqui? Sou eu, a Alice. A casa estava escura, mas não silenciosa. Ouvia um ruído na direção do corredor que me levaria aos quartos. Caminhei depressa até lá, notando que só havia uma luz ligada.

–Bella, você está aqui? –Enquanto eu me aproximava, o barulho foi ficando mais e mais perceptível. Alguém ria, ria muito. E quando eu entrei no aposento iluminado...

–BELLA! O QUE DIABOS ESTÁ FAZENDO? POR QUE NÃO FOI TRABALHAR? POR QUE NÃO ATENDEU A NENHUMA LIGAÇÃO? –Disparei enquanto ela pegava uma leva de roupas e... colocava em uma mala?! Além disso, Bella continuava a rir como se tivesse ouvido a piada mais engraçada da face da Terra!

Ela me ignorou enquanto fechava uma mala. Notei então que havia mais malas próximas a porta. Assim que colocou a mala que até então fazia próxima as outras, pegou outra mala, a última pelo que pude ver, e voltou a colocar roupas lá.

–Bella, o que você está fazendo? –Murmurei, tentando compreender o que estava acontecendo.

–Estou fazendo algo que eu já deveria ter feito há muito tempo. Vou sair dessa casa! –Sua voz mostrava toda a ira que parecia possuí-la. Eu jamais a vi dessa forma. Enquanto ria aqui e ali, executando sua tarefa de arrumar suas coisas, seus olhos derramavam lágrimas. E me passou pela cabeça que ela parecia verdadeiramente à beira da loucura.

–Por quê? –Murmurei. –Por que está fazendo isso Bella? Não entendo. –Minhas palavras a enraiveceram.

–POR QUÊ? VOCE PERGUNTA O PORQUÊ? –Caminhou apressada até a sua cama, pegando um maço de papéis. Jogou em mim. –VOCÊ SABE MUITO BEM O PORQUÊ! NÃO FINJA QUE NÃO SABE AFINAL ELE PRECIDOU DA SUA ALTORIZAÇÃO PARA ME SACANEAR!

Peguei o que ela havia jogado para mim e quando li o que estava no verso, eu congelei. Sim, Bella sabia de tudo. Ela sabia do contrato entre Edward e o meu pai, através do testamento deixando por ele. Ela sabia que o Edward só casou com ela para herdar o que lhe cabia na empresa.

Fiquei calada, olhando para os papéis, enquanto Bella estava para lá e para cá, terminando de arrumar suas coisas. Percebi que as coisas que eu dei a ela, e até as que o Edward deve ter dado, Bella deixava de lado.

–Bella, nós precisamos conversar. –Disse sem olhá-la.

–Eu só conversaria se você me dissesse que Tânia mentiu e que esse documento em suas mãos é a maior falsificação já feita, mas você não vai fazer isso. Eu sei pelo modo como reagiu que é tudo verdade.

Eu queria dizer algo, mas não conseguia. Até por que Bella estava histérica, não me ouviria. Ela fechou o zíper da ultima mala e eu sabia que tinha mais alguns segundos.

–Ele ama você. O que ele fez no passado foi terrível, mas...?

–Eu não fiquei surpresa. Ele havia me sacaneado antes, mas você. Você! Eu não esperava isso de você. Por quê? –Eu a olhei por alguns instantes. Bella estava parada, os olhos inchados. Ela deve ter chorado o dia todo. Como eu poderia mentir para ela agora, tentando encobrir o crime que também cometi ao aprová-la?

–Queria que Edward soubesse o que é amar alguém de bem. Eu queria que ele deixasse a materialidade e superficialidade de lado. Você me pareceu à pessoa ideal para ensinar isso a ele, por isso...

–Por isso, para salvar o irmão, resolveu acabar com a minha vida. –Seu tom de voz era amargo. –Eu não posso exigir nada, não é mesmo? Ele é seu irmão e eu não sou nada pra você.

Bella tentou arrumar as malas de modo tal que pudesse levá-las em uma viagem. Tive a certeza de que se oferecesse ajuda, ela me mandaria para o inferno. Retirou sua aliança e a jogou no chão.

–Espero nunca mais vê-los. Diga ao seu irmão que logo os papéis para o divórcio estarão prontos para que ele assine. –E dizendo essas palavras, Bella saiu do quarto carregando suas malas.

Eu peguei a aliança no chão e o testamento do meu pai, deixando-os em cima da casa de Bella. Sentei em sua cama e contemplei o chão, perdida. Jasper logo veio ao meu encontro, tinha um olhar desnorteado.

–Vi Bella sair com malas. Ela não falou comigo quando me viu. O que...? –Ele viu o meu rosto, a aliança na cama juntamente com o testamento do meu pai e compreendeu.

–Ela soube. –Disse enquanto sentava-se ao meu lado. Pegou a minha mão e a apertou. –Sinto muito. –Murmurou.

–Eu disse para aquele idiota que isso iria acontecer. Tentei convencê-lo a contar, mas ele não me ouviu. –Meu sorriso era triste. Eu imaginei que Edward se sentiria bem pior.

–O que faremos? Edward ligou agora a pouco. Eu disse que você retornaria.

–Passe o celular aqui. –Eu o peguei e fiz a única coisa que pensei naquele momento: eu o desliguei. Jasper me olhou desconfiado.

–O que espera conseguir com isso amor? Ele terá de saber mais cedo ou mais tarde.

–Entrei o mais cedo e o mais tarde, prefiro o mais tarde. Edward não está preparado para ouvir a verdade e nem eu para contá-la. Eu preciso de um tempo para pensar no que dizer. Vamos.

Saímos de mãos dadas e ficamos em silencio o caminho todo até a nossa casa. Quando chegamos lá, Jasper me abraçou apertado. Ele sabia que estava sendo difícil para mim, eu estava me sentindo a pessoa mais asquerosa da face da Terra.

Pelo menos eu tenho meu marido para me consolar, pensei. Meu irmão não teria ninguém além de mim e de Jasper, o que para ele não significaria nada.

Edward pov’s

Eu sabia que trabalharia o dobro assim que me tornasse o presidente da Cullen Publicidade, mas não imaginei que a carga de trabalho quadruplicaria. Os dias se passaram tão rápido que quase não percebi. Eu passava a maior parte do tempo para lá e para cá, cumprindo funções administrativas destinadas a mim. Acordava cedo, entrava e saia da empresa, terminando o meu dia tão cansado que só tinha energia para um banho e então ir para a cama. E era esse o meu maior problema.

Gosto de trabalhar, muito. Eu sempre amei a empresa e sempre gostei de participar disso, apesar de haver dias em que não me sinto disposto. Mas havia algo que estava me incomodando profundamente: eu mal via Bella. Eu não sabia o que ela estava sentindo com relação ao nosso afastamento, mas eu estava muito aborrecido. Eu acordava bem cedo, antes de Bella acordar. Dificilmente a via na empresa, pois eu estava sempre atarefado com algo. Ao anoitecer Bella já estava dormindo quando eu chegava. Às vezes eu a acordava só para conversar, mas era impossível tal coisa, pois Bella estava tão cansada que dizia coisas desconexas. Eu sentia uma terrível falta dela, nem mesmo as muitas mensagens e telefonemas que trocávamos eram o suficiente para mim. Desejava voltar aos dias de ouro que compartilhamos em nossa primeira (e verdadeira) lua de mel, quando não existia mais nada além de Bella e eu e uma macia cama para fazer todo o tipo de coisas excitantes e...

–Senhor Cullen? Está me ouvindo? –Era a minha secretária, tirando-me de meu devaneio. Justo agora que eu teria fantasias eróticas com Bella... Que saco!

–Ah, sim. O que dizia senhora Slater? –Tentei me recompor da melhor forma que pude. Ela apontou para a porta, onde um grupo de empresários esperava para uma audiência comigo.

–Este grupo de executivos tem uma hora marcada com o senhor.

–Ah, sim. Deixe-os entrar. –E voltei ao trabalho.

Definitivamente eu queria férias!

Se meu pai estivesse vivo, eu perguntaria a ele como conseguiu conciliar tanto trabalho com a vida promiscua regada a prostitutas que levava.

...

–Bella, está acordada? –Pergunto sem, porém, obter resposta. Bella está no último sono, o tipo de sono impossível de acordar. Ela parecia tão cansada, devia estar trabalhando arduamente como eu estava. Continuei sentado em minha cama, olhando-a dormir tranquilamente. Ergui uma mão, acariciando seus cabelos cor de mogno, graciosamente em desalinho em cima de meu travesseiro. Eu me inclinei, fazendo com que meus lábios ficassem próximos ao seu ouvido.

–Sinto sua falta. –Murmurei, beijando sua bochecha direita. Eu não iria importuná-la, pois me bastaria, nessa noite, dormir ao seu lado.

...

Sim eu estava muito mal humorado. Além de não passar muito tempo com Bella, vendo-a ocasionalmente, eu iria viajar.

–Será por cinco dias em Dubai. Sua presença é muito importante. Se expandirmos nossos negócios para Dubai, a empresa certamente lucrará mais do que o esperado. –Aro falava empolgado. Se estava tão empolgado com a viagem, por que ele não ia no meu lugar? Eu queria ficar em casa com minha mulher, assistir a alguma sit.com estúpida com ela enquanto comemos bobagens e então levá-la para cama. Simples assim.

–Diga-me: quando eu viajarei? –Perguntei, olhando alguns papéis que estavam em minha mesa.

–Depois de amanhã senhor.

–O QUE? MAS ESTÁ CEDO DEMAIS! –Esbravejei, enfurecido. Aro ficou surpreso com minha explosão. A senhora Slater me olhava como se eu fosse algum sociopata. Eles não entendiam que o que eu mais queria era ficar e não viajar quando as coisas já estavam tão tediosas para Bella e eu.

–Será por pouco tempo, cinco dias. E o senhor precisa ir. Eu o substituirei na empresa. –Ele, Aro, sorria como se suas palavras me fizessem feliz. O que esse velho tinha na cabeça afinal? Por que ele não ia no meu lugar? E a resposta era simples: por que ele não poderia ser Edward Cullen. Eu era foda, mas isso, pela primeira vez, não me animou.

–Que seja. Não há outra alternativa, eu sei bem. –Murmurei enquanto me afundava em lembranças desagradáveis. De um pai ausente, entregue as funções que lhe cabiam na empresa, deixando de lado a mulher e os filhos. Eu desejava ardentemente não acabar como o meu pai.

As horas se passaram comigo afogado em trabalho, cercado por um mar de rostos, todos de funcionários ou clientes. Queria ver o rosto da minha esposa, pensei. Durante esses dias eu mal a vi, e quando a via Bella dormia. Eu não queria apenas vê-la, eu queria ouvir sua voz e, por que não, os seus gemidos enquanto fazíamos amor.

Eu bem sabia que querer não era poder. Eu não poderia fugir de minha nova posição, por mais que quisesse. Eu só rezava para ter a oportunidade de conciliar a minha vida pessoal com a profissional. E eu realmente pensei que demoraria a isso, principalmente hoje em que eu sairia ao tarde e...

–Senhor Cullen, o ultimo cliente do dia não virá. –A senhora Slater me informou.

–Por quê? –Perguntei numa voz calma, mas por dentro eu estava eufórico. A simples idéia de voltar mais cedo para casa, para Bella, me deixava assim. Levantei de minha poltrona, pegando meu paletó que estava em cima da mesa e colocando-o.

–O senhor Batwin sofreu um acidente de carro. Um dos seus assessores ligou informando o ocorrido. –A minha secretária falava com num tom pesarosamente profissional. Ignorei isso.

–Ótimo! Estou indo. –Saquei as chaves do meu carro enquanto caminhava apressado para o estacionamento. Dona Slater falou mais alguma coisa, tentando me passar a agenda de amanhã, mas eu a ignorei. Eu só queria chegar em casa e ter a minha esposa. Não havia nada melhor do que isso.

Murmurei boa noite aos poucos funcionários que encontrei pelo caminho, apenas o pessoal da limpeza, e peguei o meu carro no estacionamento. Dirigi mais rápido do que deveria, ignorando os sinais de trânsito. Peguei o meu celular do bolso do paletó, pensando em ligar para Bella e avisar que eu estava chegando cedo e que ela não deveria dormir ainda. Desisti enquanto me aproximava rapidamente da nossa casa, faria uma surpresa.

Cumprimentei Erick, que saía para ser substituído pelo segurança do turno da noite, e fui para os elevadores. Com o celular em mãos, contei os instantes em que entraria pela minha porta, o que não demorou a acontecer. Caminhei apressado, mas silencioso, pelos corredores escuros. O silencio era absoluto e temi que Bella estivesse dormindo. Disquei para o seu celular, que certamente estava próximo a ela. Bella atendeu no primeiro toque.

–Jess, amanhã você me conta tudo o que tem para contar. Eu realmente preciso...

–Amor? –Fiquei em duvida, tentando entender o que Bella havia dito tão rapidamente. Ela estava me confundido com aquela sua amiga?

–Oi! Pensei que fosse a Jessica. Acabei de falar com ela. Onde você está? –Sua voz que antes tinha um tom cansado pareceu mais animada. Fiquei feliz por isso.

–Eu estou aqui! –Anunciei entrando no quarto, pegando Bella de surpresa. Minha esposa pulou pálida e temi ter feito uma grande burrice assustando-a.

–EDWARD! QUE SUSTO! –Tentou se recompor. Enquanto ela desligava o celular e sentava na cama, eu a olhava, fascinado. Vestida muito informalmente, com pijama de flanela, e com os cabelos em completo desalinho ela era tão linda! Como resistir a uma mulher dessas?

–Desculpe. – Após desligar meu celular, retirei o paletó e afrouxei a gravata. Eu estava tão radiante em vê-la desperta, parecendo um menino. –Finalmente encontro minha linda mulher acordada! Não mereço nada em comemoração a esse momento?

Não perdi tempo, ansioso para senti-la como antes. Joguei-me sobre ela, tendo o cuidado para não machucá-la. Rimos diante da situação cômica, e quando não estávamos rindo nós nos beijávamos ansiosos, para não perder um minuto sequer. Meus lábios foram para outras partes do corpo, famintos por ela toda.

–Por que chegou cedo? Geralmente chega depois de meia noite. –Sua voz, sem potência, disse. Senti suas mãos em meus cabelos, correspondendo a mim.

–Tive um fortuito imprevisto que me liberou mais cedo. O ultimo cliente do dia sofreu um acidente enquanto ia para a reunião na minha empresa.

–Edward! –Bateu em meu ombro. –Como pode comemorar uma tragédia dessas? Não tem vergonha? –E eu podia ver a diversão em sua atitude.

–Pelo menos ele sofreu um acidente por uma boa causa. Deus quis nos unir e o usou. Agora não vamos desperdiçar essa chance.

E eu não desperdicei. Envoltos naquele momento único e excitante, minhas mãos não paravam de acariciá-la enquanto meus lábios a exploravam mais e mais, sentindo aquele seu gosto doce. Quase enlouqueci quando Bella tentava a todo custo me despir, tão desesperada quanto eu de fazermos amor e aplacarmos a saudade de dias sem nos tocarmos. Vendo sua ansiedade que ao invés de me despir tornava a tarefa mais complicada, eu me afastei.

–O que foi? –Bella perguntou, contrariada pelo meu “chega para lá”.

–Vamos fazer isso certo. Vou tomar um bom e demorado... Quero dizer, um bom e rápido banho. Você fica aqui deitadinha me esperando. Mas nada de dormir! – Levantei, despindo-me de minhas roupas enquanto entrava no chuveiro.

Mesmo com a água do chuveiro fria, eu me sentia quente, muito quente. Meu corpo todo gritava pelo calor daquela mulher e, felizmente, eu iria me satisfazer. A tensão do trabalho, pouco a pouco, foi se dissolvendo enquanto eu me banhava naquelas águas. Eu queria me purificar de tudo para aproveitar uma noite de prazeres com Bella.

Após acabar o banho, vesti um roupão e segui para o quarto. Bella estava de pé, parecendo distraída. Eu a abracei por trás, notando a rigidez de seu corpo e a pele bonita, mais branca do que o normal.

–Amor? O que foi? – Seu corpo tombou para trás e prontamente eu a amparei. Bella não estava bem, isso era visível. –Hei, você está pálida! –Eu a levei até a cama, ajudando minha esposa a se sentar. Toquei seu rosto notando a frieza do mesmo.

–Aconteceu alguma coisa? Você está tão pálida! Parece até que viu um fantasma ou algo assim. –Tentei lê-la e descobrir pela sua postura o que se passava, já que Bella passou uns bons minutos calada, desorientada. Eu estava prestes a questioná-la novamente quando ela falou:

–Não é nada. Acho que me levantei rápido demais. Estou zonza. –Havia algo nos seus olhos, porém, que me fazia duvidar de suas desculpas. O que poderia estar acontecendo a minha mulher?

–Você tem se alimentado bem? Isso parece uma fraqueza. Talvez eu deva chamar um médico...

–Eu estou bem. Eu só preciso... Preciso de uns minutos. –Pediu. Fiquei segurando suas mãos, procurando me acalmar. Não era nada, um mal estar apenas. Isso acontece, não é? Ainda sim fiquei preocupado. Bella parecia ser tão frágil e eu temia que algo acontecesse a ela. Comigo afastado, não tinha como cuidar dela e isso me aterrorizava.

–Melhor? –Ela assentiu. –Tem certeza de que não precisa de um médico?

–Não. Eu estou bem. Eu só... Deve ser por que eu não comi bem nos últimos dias. –Bingo! Ela não estava cuidando de si, focada apenas no trabalho.

–Você não comeu bem, não dormiu bem... Está deixando tudo de lado pelo trabalho. Isso não é bom. Bella eu sou ocupado, mas não descuido de mim. Eu pensava que você estava se cuidando por isso fiquei despreocupado. –Desabafei, tentando enfiar algum juízo naquela cabecinha que eu tanto amava. Não era possível que Bella fosse fazer uma tolice grande como deixar a saúde de lado.

–Me desculpe. –Murmurou, reconhecendo o erro e a bobagem que estava fazendo, parecendo até envergonhada.

–Tudo bem. Eu cuidarei para que isso não se repita. Vou garantir que você não se sobrecarregue. –Eu garantiria sua saúde a começar por um bom descanso. O sexo? Isso poderia acontecer quando ela estivesse bem e eu esperaria, claro. Mesmo que isso significasse me satisfazer só no pensamento, o que não é lá algo agradável para um homem ávido por sexo como eu. Eu a deitei na cama, cobrindo-a com o edredom.

–É melhor você descansar. –E quando ela me ouviu, pareceu revoltada.

–Descansar? Por um acaso se esqueceu o que nós iríamos fazer? – E eu entendi o porquê de sua revolta ao ouvir sua declaração. Minhas carícias antes do banho a haviam despertado e Bella queria saciar seu desejo, assim como eu. Eu não poderia ignorar o chamado do seu corpo.

–Claro que eu me lembro! Lembro perfeitamente... –Provei dos seus lábios como se fosse à única coisa no mundo e, pouco a pouco, meu corpo foi tomando pelo desejo de possuí-la por completo. As mãos brancas e macias dela me despiram do roupão enquanto eu tentava despi-la. Peças de roupa foram sumindo, dando lugar apenas a pele macia e perfumada em contato com a minha. Eu me afastei, cheirando o perfume de seus cabelos sedosos.

–Estou viciado em você. Tem idéia do que eu passei enquanto estivemos separados? – Eu a beijei e beijei e beijei... Beijar não bastava então apelei para o toque. Tocá-la também não bastou... Percebi, tarde demais, que nada bastaria. Eu sempre seria viciado nela toda e um único toque, um único beijo, nunca bastariam.

–Eu amo você. Eu te amo... –Murmurei em seu ouvido, mordiscando sua orelha. Bella arfou, puxando-me para beijá-la, mostrando com atos o quanto ela me amava.

...

Cansados e suados, apenas o barulho dos nossos batimentos cardíacos e respirações aceleradas preenchiam o cômodo. Havíamos feito todo o tipo de loucuras, exigindo o máximo possível dos nossos corpos. Entregues aquele momento, foi difícil parar. Eu teria continuado por horas se Bella não aparentasse estar cansada.

–Cansou? –Perguntei.

–Preciso dormir. Muito. Amanhã vai ser um dia atribulado. –Aconchegou-se a mim, exausta. Beijei sua mão, vendo sua respiração ficar mais e mais lenta. Lembrei-me que tinha um anuncio a fazer a respeito da tediosa viagem a Dubai.

–Espere, tenho um comunicado a fazer antes de você dormir.

–Qual seria? –Murmurou.

–Viajarei depois de amanhã. Será minha primeira viagem de negócios. Ficarei alguns dias em Dubai. –E me ocorreu que Bella poderia ir comigo, fazendo a viagem bem mais divertida. Claro que para isso Bella teria de faltar ao trabalho, algo que ela dificilmente aceitaria.

–Amanhã vou sair com Jess e Angela depois do trabalho. Não posso me dar ao luxo de negar ou ela transformará minha vida um inferno.

Ela já tinha planos? Sair com as amigas para algum lugar, cercada de homens? Isso definitivamente não era nada bom.

–Você pode ir, mas... Escuta, talvez eu... –Talvez eu possa ir com você, eu ia dizer. Patético, eu sei, mas eu não conseguia conter o meu ciúme. E não era apenas ciúme, era aquela sensação de que eu sempre estava de fora da vida dela. Um mero espectador, que só poderia ser dela e ela minha quando estávamos sós.

–Quer ir comigo? –Ela disse, arrancando-me de meu devaneio.

–Está falando sério? Quer que eu vá com você? –Eu tinha ouvido direito? Bella me convidando para sair com ela? Não era algo comum, ela sempre me mantinha longe de seus amigos por eles não gostarem de mim. Bom, eu também não gostava deles.

–Por que não? Acho que já está mais do que na hora de incluí-lo efetivamente na minha vida. Além disso, você precisa ampliar o seu círculo de amizades... Não que você tenha um. –Bella queria que eu fizesse parte da sua vida, mesmo que isso desagradasse os amigos. Eu não poderia querer algo melhor do que isso!

–De fato eu não tenho amigos, mas querer que meus primeiros amigos sejam os seus amigos que me odeiam é realmente estranho. Ainda sim eu aceito. Agora durma. –Eu a assisti dormir, empolgado com o programa que teríamos juntos.

...

Bella ainda dormia. Não perdi tempo. Peguei o meu celular e disquei para a mesma agencia de empregos onde consegui Tânia. Eu tinha uma idéia e seguiria com ela.

Bella andava cansada, debilitada, devido ao excesso de trabalho. Ela precisava de ajuda, mas eu daria mais do que isso. Eu daria a ela uma funcionaria que faria todo o trabalho. Loucura? Sim, eu sabia, mas tudo era válido para mante-la bem, até manipulá-la de um jeito que Bella odiaria. Por isso eu fiz o que fiz. Contratei uma nova contadora e pedi para que ela se apresentasse hoje mesmo, ocupando a antiga mesa de Jess. Após a contratação via telefone, me arrumei para mais um dia de trabalho.

...

–... E deve assinar estes papeis. Sua próxima reunião será daqui a pouco. –Minha secretária me lançou um maço grosso de documentos e eu prontamente os assinei, entediado. Logo atendi aos clientes, sabendo que teria o triplo de incumbências do dia anterior. Ainda sim eu não estava tão mal humorado por que, afinal, consegui ficar ontem com Bella depois de dias afastados. Mas ela era uma droga, quanto mais eu a tinha, mais eu a queria.

–Bom dia senhor Cullen. É um prazer estar diante de sua pessoa. –Disse Elliot enquanto seu assistente assentia. Sentaram-se a minha frente e logo o assunto principal foi colocado em pauta, afinal de contas meu tempo era precioso demais para conversinhas sem sentido. Verdade seja dita a reunião durou apenas alguns minutos por que logo fui interrompido pela senhora Slater.

–Senhor, sua esposa está a sua espera. Deseja conversar com o senhor.

–Ah, sim! Senhores, eu encerro este encontro. Tenho um assunto importante a tratar. –Não era importante, apenas um encontro com uma Bella furiosa. Ela provavelmente encontrou sua funcionaria e veio reclamar, disso eu tinha certeza. E ela entrou a passos firmes, com uma expressão sisuda.

–Sabia que viria aqui, só não achei que viesse tão cedo. – Levantei da mesa, pronto para abraçá-la. Bella tinha uma expressão cômica no rosto e tive de me segurar para não rir. –Olá meu amor! –Tentei abraçá-la, mas como eu imaginei, minha esposa se esquivou.

–Não vem com essa para cima de mim! O que deu em você? Por que contratou alguém para trabalhar por mim? – Numa postura agressiva, um dedo seu foi ao meu peito enquanto discursava. Seu rosto, mesmo contorcido de raiva, era belo.

–Amor, calma! Eu fiz isso por você. –Segurei sua mão, apreciando o pouco contato oferecido. –Você não parecia bem ontem e reclamou do excesso de trabalho. Liguei para uma agencia ontem e eles enviaram essa nova garota. –Justifiquei, sabendo que minha boa ação não seria vista da forma como eu queria.

–Não me importo de dividir o trabalho, mas deixá-la fazer a minha parte é inaceitável!

–Como quiser desde que você se cuide. – A diversão se foi enquanto eu me lembrava do seu mal estar de ontem. Uma Bella vulnerável. –Bella, se eu perceber novamente que sua saúde está comprometida pelo excesso de trabalho, eu faço algo pior do que contratar alguém para trabalhar no seu lugar enquanto você recebe seu salário.

Era uma ameaça, mas eu não fazia isso por mal. Eu me preocupava demais com ela, mais do que comigo mesmo. Eu não queria vê-la debilitada de forma alguma e faria o que fosse necessário para garantir sua saúde, mesmo que isso a contrariasse. Bella pareceu entender e procurou se acalmar.

–Tudo bem. Eu vou me cuidar. Voltarei ao trabalho agora. – Surpreendentemente ela me beijou e seguiu para a porta. Fiquei abismado com sua atitude. Ela achava mesmo que depois de vir até mim, numa postura defensiva e sexy, eu a deixaria ir?

Impedi sua passagem, mantendo-a em minha sala. Bella ficou surpresa e tentou protestar quando eu a prensei na parede, mas eu a calei rapidamente com um beijo. Abracei seu corpo pequeno, apreciando nosso contato apesar das roupas. Soltei um baixo gemido quando Bella começou a reagir a mim, permitindo que eu aprofundasse o beijo mais e mais.

Não sei como consegui a proeza de nos deitar, mas assim que o fiz eu fui ainda mais afoito nela. Meu corpo queimava pelo desejo e sensações que Bella me transmitia. Eu quis, mais do que qualquer coisa, me afundar naquela mulher, marcando-a como minha novamente.

Senti um leve empurrão, apenas para eu me lembrar que outras partes do corpo da minha esposa precisavam ser beijadas.

–Pára! Aqui é o local de trabalho! –Sua voz, raivosa, disse. A voz parecia distante, tão distante para ser de fato compreendida. Eu continuei as carícias, algo quase beirando a agressão, de tão tomado pela luxuria e desejo por aquela mulher. E falta pouco, tão pouco para eu estar dentro dela que... Que eu fui empurrado. Eu me afastei, estranhando aquele ato e já estava pronto para questioná-la.

–O que foi? –Minha respiração aos arquejos. Bella procurou ajeitar as roupas enquanto continuava a se afastar.

–Não vou transar com você aqui! –Anunciou. Eu a olhei espantado a frustrado. Não havia motivos para pararmos, ou para ela se aborrecer. Estávamos apenas curtindo, como fazemos sempre...

–Qual é Bella! Para pessoas que têm um relacionamento, fazer coisas proibidas em locais públicos é normal. –Eu não acreditava que, depois de tudo, Bella me privaria de certas coisas sem motivo. Nós já havíamos feito tantas coisas, criado tanta intimidade, que era inaceitável ela me negar um pouco mais de intimidade e...

–Não me confunda com aquela vadia que você costumava agarrar aqui no escritório! Eu não sou a Tânia, nunca serei como ela! –Ela gritou, assustando-me. Fiquei parado enquanto ela se afastava mais e mais de mim, como se eu fosse um leproso. Marchou para fora sem olhar para mim, movida pela raiva de ser comparada... Comparada com Tânia.

Eu havia percebido, tarde demais, a besteira que havia feito.

...

Mesmo cheio de incumbências, minha mente não conseguiu deixar de lado o incidente com Bella. Enquanto atendia clientes, assinava contratos e revisava relatórios, fui compreendendo o que havia acontecido.

Bella soube de alguma forma, sobre mim e Tânia... E sabia também que nós fizemos algumas coisas impróprias no escritório. Ela associou o que tentei fazer com ela a uma tentativa de reviver meus momentos com Tânia?

–Senhor Cullen, suas reuniões do dia se encerraram.

–Mas já? Pensei que meu dia seria completamente atarefado, como os outros dias. –Resmunguei a senhora Slater, enquanto meus olhos fitavam uma fotografia minha e de Bella na minha mesa. A foto fora tirada durante nossa viagem as montanhas, Bella estava linda naquela manhã, olhando a paisagem gelada enquanto segurava uma xícara de chocolate quente.

–Houve alguns adiamentos de ultima hora. Poderá ir para casa mais cedo. –Sorriu, acreditando que era isso o que eu mais queria. Eu abraçaria aquele momento feliz, se Bella e eu estivéssemos bem. Mas não era esse o caso. De qualquer forma eu precisava me entender com ela.

Enquanto me levantava da poltrona, lembrei de minha viagem. Hora errada para ir com Bella desapontada comigo. Eu precisava adiar, não queria deixar as coisas como estavam e resolver quando chegasse. No passado eu adiei dizer a Bella o quanto eu a amava e quase a perdi por isso.

–Onde está Aro? Você sabe? –Minha secretária assentiu enquanto seus olhos estavam em minha agenda.

–Acredito que esteja em sua sala. Deseja falar com o senhor Volturi? Quer que eu o convoque?

–Não, senhora Slater. Irei até ele. –Segui para a saída em direção a sala de Aro, entrando sem nem ao menos esperar a secretária dele me anunciar. Felizmente ele estava desocupado, cuidando de algum assunto com menos importância do que o meu. Pareceu surpreso quando me viu.

–Edward, o que há? –Seu tom de voz imediatamente tornou-se preocupado. Ele sabe, eu não o procuraria se não fosse algo sério. Minha expressão facial também me denunciava.

–Sei que devo viajar para Dubai amanhã, mas eu não poderei ir. –E pela sua expressão, eu sabia exatamente qual seria a reação de Aro. Balançou a cabeça, voltando a se sentar em sua poltrona.

–Edward, eu lamento, mas você precisa ir a esta viagem.

–Não estou dizendo que não irei! Quero penas adiar. Adie por pelo menos um dia. Tenho um assunto pendente que precisa de minha atenção. –Minha voz me traia, eu estava desesperado para ficar. Meu ato deve ter tocado o Volturi, pois ele suspirou parecendo derrotado.

–Posso adiar para depois de amanhã. Nem um dia a mais.

–É o suficiente. Eu preciso ir. –Me apressei em sair, deixando de lado as regras de etiqueta que me exigiam cumprimentá-lo e agradecê-lo pelo adiamento. Esperava encontrar Bella e assim começar a implorar o seu perdão.

Sai da sala de Aro seguindo direto para o setor contábil. Tive esperanças de encontrá-la em sua sala, mas Heidi me informou que minha mulher havia saído.

Ela foi se encontrar com os amigos – eu pensei. O encontro que eu fora convidado, antes de nossa briga. Poderia segui-la como fizera tantas vezes, mas optei por voltar para casa. Eu não queria enraivecê-la ainda mais e certamente ir sem ser convidado não iria agradá-la.

O apartamento estava vazio. Segui para o meu quarto, retirando meu paletó quando entrei. Enquanto mais peças de roupas eram retiradas, peguei o meu celular e liguei para ela, mas Bella não me atendeu. Minha preocupação aumentou exponencialmente enquanto as horas se passavam e meus telefonemas eram ignorados. Nem mesmo um demorado banho, seguindo de um drink, aplacou minha angustia.

Bella ficou magoada com o meu ato e ela teve motivos. Como eu pude ser tão insensível com ela, ignorando suas vontades? Como eu pude pensar que ela se equiparava a mulheres vulgares como Tânia?

Agora Bella estava triste, magoada, com raiva... Tantos sentimentos negativos a atormentavam! Procurava, agora, a única forma que encontrou de esquecer o incidente: ficando longe de mim.

Sentado na cama enquanto me remoia pelos meus atos imprudentes, mantive o celular próximo a mim. Talvez ela me ligasse, aplacando a insegurança que me tomava.

O relógio continuava a tiquetaquear ensurdecedor, aumentando minha apreensão. Não me contive e liguei novamente. Para a minha surpresa ouvi o seu celular tocando bem próximo do meu quarto, indicando que ela já estava em casa. Meu coração bateu descompassado com a descoberta e resolvi apurar meus sentidos para saber o que ela faria. Viria até mim? Eu queria que isso acontecesse, mas para o meu desapontamento eu ouvi a porta do seu quarto ser aberta e em seguida fechada.

Ótimo, ela provavelmente estava com raiva. Eu teria que me aproximar e implorar pelo seu perdão. Eu faria isso sem titubear. Levantei, ficando de frente para a minha porta. Depois de alguns minutos inesperadamente longos eu entrei em seu quarto.

Bella estava deitada de lado com o rosto virado para a parede. Não conseguia saber se ela estava acordada ou dormindo.

–Bella, está acordada? –Perguntei. Nada aconteceu. Ou Bella estava dormindo, ou eu estava claramente sendo ignorado. Olhei para a saída, cogitando a possibilidade de deixar as desculpas para amanhã.

–Eu não estou dormindo. –Sua voz era baixa, talvez nem fosse sua intenção que eu ouvisse. Para mim suas palavras eram um convite. Entrei devagar, sem querer ser muito intrusivo, deitando na cama ao seu lado. Eu a abracei, apreciando aquele contato que me fora negado o dia todo.

–O que eu fiz hoje... Eu peço... –Perdão. Desculpas. Eu fui um idiota. Você pode me chutar... Sim, eu tinha muito a dizer.

–Não precisa pedir desculpas Fui eu que errei e não você. Eu não deveria ter feito uma tempestade em um copo de água como eu fiz. Não sei o que deu em mim, eu só... –Bella parou de falar, parecendo emocionada demais. Como ela poderia achar que era a culpada? Isso era inaceitável!

–Não, eu preciso me desculpar. O que eu fiz foi errado. Eu me deixei levar pelo momento e só pensei em mim. Eu deveria ter avaliado sua reação, percebido que você não queria e me afastado. Mas eu quero que saiba que não era minha intenção tratá-la como uma qualquer. –A verdade saiu num jato, enquanto o sentimento de angustia me tomava. Eu queria, precisava, que Bella me entendesse e me perdoasse. Eu não havia feito por mal, não quis compará-la com Tânia, embora meus atos sugerissem isso.

–Eu sei. –Foi tudo o que Bella disse. Nenhuma palavra precisava ser dita, eu sabia. Ela virou-se para mim, escondendo seu rosto em meu peito. Eu a abracei, sabendo que teria de tocar em um assunto que a entristecia, algo necessário para mostrar a ela que Tânia não era ninguém.

–Eu traí você com Tânia... –Pude sentir a tensão em seu corpo quando comecei. –E com prostitutas. Eu achava que não estava fazendo nada demais na época, mas agora me arrependo amargamente. Se eu pudesse voltar, você teria sido a única mulher com quem eu faria amor desde que eu a conheci. –E eu voltaria, Deus, como voltaria para ser outra pessoa! Eu faria de tudo para fazê-la feliz.

–Edward, eu não quero... –Ela não queria ouvir, protestaria, mas eu não deixaria o assunto em suspenso nunca mais.

–Escute! Eu preciso esclarecer tudo! Eu fiz tantas coisas de que me envergonho e não posso mudar, mas posso me arrepender Bella. Eu amo você. Eu quero você sempre comigo. Você será a única para mim agora, ninguém pode ocupar o seu lugar.

A intensidade dos meus sentimentos... Eu nunca imaginei que seria tão verdadeiro com uma mulher, assim como imaginei que nunca amaria tanto alguém como amo Bella. As coisas aconteceram de forma inesperada, mas aconteceram. Eu era grato por ter tudo isso, mesmo não sendo merecedor.

O corpo de minha mulher foi relaxando à medida que minhas palavras a atingiam. Acreditei que ela dormiria assim, nos meus braços, de tão quita que estava, mas sua voz soou em alto e bom som pelo aposento.

–Vai viajar amanhã, não é? –E naquela pergunta retórica, eu pude detectar uma pontada de tristeza. Ela não queria que eu fosse... Eu não queria ir sem ela.

–Não. Eu adiei a viagem para depois de amanhã. Queria permanecer por mais tempo, mas não consegui. Eu não viajaria brigado com você, Bella. –Seu toque em meu rosto foi doce, beijei sua mão em agradecimento a caricia.

–Não quero, nunca mais, brigar com você. –Não era um pedido. Eu estava implorando para que isso não acontecesse. Estava cansado demais de brigar, dessa tensão que sempre estava à espreita, pronta para acabar com o clima de romance. Bella também estava cansada, eu sentia. Enxuguei as lágrimas que insistiam em sair de seus olhos e a abracei forte, com a promessa de que tudo ficaria bem.

...

Dormia tranquilamente em sua cama, abraçando um travesseiro. Ajeitei melhor o edredom para melhor aquecê-la. Já era manhã e eu estava pronto para mais um dia de trabalho, estava pronto e alimentado. Eu estava bem por que Bella e eu estávamos bem, mas havia algo, um pressentimento, de que alguma coisa iria acontecer.

Bobagem, eu pensava enquanto saia do nosso apartamento, seguindo para meu escritório. E como eu imaginei, ao chegar lá, fui recepcionado por um bando de puxa-sacos e por minha secretária louca para encher o meu dia de tarefas. Eu as aceitei como de pras, usando minha já conhecida paciência e profissionalismo para lidar com os problemas diários. Ainda sim, uma parte da minha mente teimava em relembrar a noite e me punir pelos erros do presente e passado. Provavelmente eu viveria assim pelo resto de meus dias.

Em meio a um turbilhão de atividades, eis que minha secretária me interrompe. Eu pretendia passar aquele sermão por entrar em minha sala durante uma importante ligação, mas o que ela disse calou-me.

–A senhora Cullen deseja falar com o senhor. –Disse. –Ela pode entrar?

–Claro! –Quase gritei as palavras. Bella me procurando na minha sala? Era algo incomum. Teria acontecido alguma coisa? Fiquei tenso, esperando pela sua figura que logo passaria pela minha porta. Temia vê-la abatida ou qualquer coisa parecida com isso, mas o que eu vi realmente me tirou o fôlego.

Bella sempre foi bonita, uma pena que eu só tenha percebido isso quando ela mudara o visual, meses atrás. O que eu vi, no entanto, era mais do que estar bonita.

“Sexy...”, eu pensei excitado. Maquiagem mais pesada, roupas simples, mas muito mais curtas e provocantes, assumindo o estereótipo “secretária fatal”.

–Bella, por que você...? –Eu tentei me atentar as roupas, a ela toda, mas eu não conseguia. Levantei da poltrona, contornando a mesa, desejando estreitar a distancia entre nós.

Bella também não me deu espaço para tentar observá-la. Caminhou rapidamente até mim, obrigando-me a sentar. Sentou em um colo e me cobriu de beijos, deixando-me desnorteado por alguns instantes. Quando consegui acordar, foi só contentamento. Eu a apertei contra mim, correspondendo ao beijo com loucura. A vontade de possuí-la veio com força devastadora, por isso acabamos deitados no chão tentando tirar a roupa do outro. Tentei tocá-la mais intimamente, infiltrando uma mão dentro de sua saia...

–Senhor Cullen, a reunião de duas horas. -Minha secretária. PORCARIA!

–Vou cancelar a reunião. –Eu estava bufando! Bella cede, realizando uma fantasia sexual minha e então somos interrompidos? Eu não me permitiria parar, não enquanto estivesse plenamente saciado.

–Continuamos depois. –Minha esposa sugeriu para o meu desapontamento. Eu estava queimando de desejo, algo que não poderia ser ignorado.

–Nem pensar! –Esbravejei. Ela na poderia me deixar daquele jeito! Era desumano! Eu pretendia persuadi-la, afinal de contas eu sabia seduzir tão bem quando ela me mostrava ser capaz, mas a voz estridente de minha secretária, chamando-me para novas incumbências, quebrou o clima.

–Senhor Cullen? –Repetiu a senhora Slater, impaciente.

–Vá para o trabalho. Hoje à noite o compensarei. –Ela me beijou, afastando-se e tentando consertar o caos que estava suas roupas. Eu não poderia contestar, sei que nada conseguiria fazê-la mudar de idéia. Eu precisava de um plano, algo que mantivesse acesso aquele clima de luxúria e, por que não, amor e cumplicidade.

–Vamos jantar hoje. Eu providenciarei tudo. Após o seu expediente, espere-me. – Um abraço e um beijo enquanto meu corpo ainda reclamava pelo dela. Nunca fui paciente, teria que ser agora. Não poderia atacá-la como fiz ontem, magoando-a. Mas olhando para minha mulher agora, que me olhava com desejo, eu desconfiei que ela aceitaria numa boa ser atacada.

...

Feita as reservas do restaurante, adiei boa parte dos meus compromissos para ficar livre. Bella me esperava em frente a minha sala, sorria. Peguei sua mão, guiando-a até o meu carro enquanto distribuía beijos aqui e ali em seu rosto e pescoço.

Conversamos sobre bobagens enquanto seguíamos para um restaurante chique na parte nobre da cidade. Bella parecia feliz, o incidente de ontem à tarde, esquecido. Mas eu já deveria saber que não teríamos paz fazendo algo tão simples.

–Ah, senhor Cullen! –É um prazer encontrá-lo! –Aquele foi o primeiro da noite a nos interromper. Muitos outros, funcionários e principalmente clientes, nos cumprimentaram.

Eu não poderia destratá-los, eram pessoas importantes. Confesso que enquanto sorria para eles, eu tinha pensamentos como “filho de uma puta”, “bastardo”, “viadinho” e outros bem mais depreciativos aos meus ouvintes. Bella estava aborrecida, olhando ao redor com tédio. Eu queria me desculpar, mas eu o fiz apenas com o olhar, sentindo-me amordaçado pelas convenções sociais. Às vezes aqueles que me cumprimentavam lembravam que eu estava acompanhado e cumprimentavam Bella. Ela era educada, mas era algo tão forçado que deixava o clima estranho.

Eu precisava salvar a nossa noite o problema era como eu faria tal façanha...

–Vamos sair daqui. –Ela disse com firmeza. Eu a olhei confuso.

–Sair?

–Que tal um programa mais simples, porém muito mais divertido? Assinado por Isabella Cullen. –O brilho nos seus olhos castanhos me despertou. Eu me vi eufórico como ela para deixar aquele lugar chato, cheio de pessoas esnobes.

–Você é o meu guia. Leve-me aonde quiser. –Disse enquanto um sorriso malicioso brotava em meus lábios.

Seguimos para fora, apressados para o divertimento que Bella tinha em mente. Eu me vi como um pré-adolescente prestes a ter o seu primeiro encontro com a garota dos seus sonhos. Eu não sabia para onde iríamos, mas não me importava. Eu estava com Bella. Ir para o inferno seria como ir ao paraíso se ela estivesse comigo, segurando minha mão.

–Edward, Pará o carro! –Ela pediu e estacionei sem titubear. –Vamos para aquele festival.

Segui seu dedo indicador e vi: um festival. Balões, muita gente, música alta, comida gordurosa e de caráter duvidoso... Quando sugeri o inferno, eu estava só brincando. Deveria dizer a Bella que a idéia de estar num local lotado onde provavelmente afanariam minha carteira não me agradava?

–Quer ir para lá? –Eu queria que ela dissesse não. Preferiria ir para casa e começar uma noite louca com ela na escuridão do meu quarto do que ser alisado por um monte de machos suados naquela festa da classe média.

–Claro. Vamos! Você vai gostar. –Ela saiu, empolgada. Suspirei. Eu não poderia demovê-la. Eu era a favor de tudo o que a fizesse feliz.

Fomos para lá de mãos dadas e fiquei temeroso em deixar meu carro naquele beco, alguém poderia arranhar a pintura com um pedaço de prego. O barulho foi tornando-se mais e mais insuportável enquanto nos aproximávamos. Bella segurou fortemente minha mão enquanto minha outra mão estava no bolso onde eu tinha meus pertences de valor.

Com o passar dos minutos eu fui relaxando, afinal havia policiamento no local. Fizemos de tudo um pouco, até comer aquelas comidas preparadas por mãos nada higiênicas - definitivamente eu marcaria uma consulta com o meu gastrologista. Para a minha surpresa eu me diverti a valer, principalmente por que Bella estava radiante. Eu até comprei aquelas bugigangas made in China que provavelmente são biodegradáveis de tão vagabundas, só para ampliar seu lindo sorriso. E no final daquela loucura de música e cheio de churrasco queimado, além de uma dancinha com Bella, eu descobri que posso me divertir no meio dos favelados... Quero dizer, dos menos favorecidos.

–Está cansada? –Eu praticamente a carreguei até o carro. Não deve ser fácil para uma mulher caminhar para lá e para cá com um salto daqueles, e ainda desviar do assedio de tantos operários necessitados querendo apalpar uma gostosa.

–Eu estou. –Confessou. Não demorou a chegarmos ao nosso apartamento. Eu me perguntei se depois de uma noite tão intensa e, para ela, cansativa, Bella iria querer tomar um banho e dormir. Se fossem esses os seus planos... Eu tentaria persuadi-la, não estuprá-la.

Nossas compras foram deixadas em cima de um sofá e no outro Bella sentou-se. Estava cansada, maquiagem borrada, descabelada, simplesmente linda. Eu não poderia resisti-la, não agora. Sentei ao seu lado, olhando-a com fome. Eu me ajoelhei diante dela, contemplando-a como uma deusa, antes de me afundar nela e prová-la, como fizera antes.

Minhas mãos tocaram sua pele e foram subindo sua saia, subindo, subindo... Não resisti olhá-la com aquela expressão de ansiedade e prazer e ergui meu corpo para beijá-la com sofreguidão. Minhas mãos retiraram suas roupas com ânsia e quando ela estava ali nua diante de mim, eu não me segurei. Abaixei minha cabeça e a beijei na sua feminilidade sem nenhum pudor, amando sua voz enquanto gemia meu nome.

Não permiti que gozasse, não agora. Bella protestou quando eu me afastei, mas pareceu se acalmar ao ver que não acabaríamos. Eu a peguei no colo e colei meus lábios nos dela, explorando com a língua cada canto do interior da sua boca. Ao chegar ao meu quarto, eu a deitei gentilmente. Mais roupas, as minhas, foram tiradas com pressa e suspirei quando minha pele nua entrou em contato com a pele dela.

A penetração demorou muito mais do que o habitual. Eu não estava interessado apenas nisso, queria estender o momento e proporcionar prazer a Bella das mais variadas formas. No entanto, me afundar dela, sentindo seu corpo me aceitar, era o frenesi.

Como eu amava essa mulher!

...

–Que horas você vai viajar amanhã? –Perguntou, sonolenta. Lembrei que consegui adiar por um dia e havia sido algo bom. Infelizmente não poderia adiar mais.

–Cedo. –Disse.

–Me acorda amanhã. Quero ir até o aeroporto com você. –Eu acordaria. Eu queria me despedir adequadamente dela. E também queria levá-la comigo.

...

Bella estava calada e avoada. Eu sabia o motivo: ela não queria que eu partisse. Desde que nos reconciliamos, eu me mantive próximo a ela. Esta seria a primeira vez que nos separaríamos. Eu queria levá-la comigo, mas Bella não estava disposta a deixar o trabalho de lado por mim.

Conversamos pouco ao chegar, culpa também das poucas horas de sono. O momento chegou antes do esperado e nos despedimos no portão de embarque. Um funcionário estava ao meu lado, ele iria comigo.

–Eu preciso ir. Ligarei todos os dias e mandarei mensagens. –Prometi, beijando-a com ímpeto. Bella correspondeu animadamente ao beijo, enchendo-me de contentamento.

–Ligue-me e eu vou atender. Não importa o horário. Edward fique bem em Dubai. Cuide-se. –Seus olhos estavam marejados. Toquei seu rosto, sentindo uma sensação ruim que tentei ignorar.

–Digo o mesmo para você. Qualquer problema procure Alice, ela vai atender o celular se você ligar. Ligue-me também, eu sempre atenderei. –Tive uma idéia, ligaria para Alice e pediria para que ela ficasse de olho em Bella. Sugeriria também para acompanhá-la à noite, levando-a a um lugar legal para jantar. Não queria que Bella passasse os dias saindo com as amigas e encontrando outros homens ao acaso. Não que eu não confiasse nela, mas...

E então chegou a hora. Senti um aperto no coração enquanto embarcava no avião. Um pressentimento ruim me tomava e não consegui ignorar. Olhei para a plataforma de embarque uma última vez e vi minha esposa acenar.

É, definitivamente os dias em que passaria em Dubai seriam longos!

–O que? Você quer que eu jante com Bella?

–Isso mesmo Alice. Não quero ela sozinha. Procure ficar por perto, está bem? –Eu estava temeroso de deixar Bella sozinha. E se acontecesse algo? Bella provavelmente não me contaria, tentando me poupar, e eu estaria longe para acudi-la. Não era próximo dos amigos dela para pedir ajuda, mas poderia pedir auxilio da minha irmã.

–Farei isso por que Bella é uma ótima companhia. Graças a ela eu posso brincar de ter uma Barbie tamanho em família! –A baixinha falava com alegria. Ela amava comprar roupas e vesti-las em Bella, algo que minha mulher repudiava, mas aceitava em prol de um bom relacionamento com a cunhada.

–Qualquer coisa ligue-me. Bella, diante de um problema, não me ligaria, querendo me poupar. Espero que você faça isso por ela. Até mais. –Desliguei. Mandei uma mensagem para a minha esposa. Dali a algumas horas eu estaria em algum hotel luxuoso de Dubai, ocupado com trabalho.

...

Um resumo dos dois primeiros dias em Dubai: Trabalho, comidas esquisitas, noites mal dormidas e tédio. A única diversão que eu tinha era Dr. House pelo payperview e falar com Bella, ou por mensagem de texto ou ligações. Ela dizia sempre que estava bem e fazia varias perguntas sobre mim, como eu estava, o que eu havia feito, o que estava comendo...

Ela era a melhor esposa que alguém poderia ter e me surpreendi ao notar que a antiga Bella voltara. Antes de mudar por causa do meu comportamento, ela era muito atenciosa e carinhosa. Cheguei a pensar que havia perdido isso, mas não perdi. Essa Bella estava escondida e finalmente havia se libertado.

–Então só fizeram isso? Você viu Bella ir direto para casa? –Perguntei a Alice, a minha última ligação do dia. Alice me reportava como estava sendo passar as noites com Bella.

–Sim. Ela está bem, não precisa se preocupar. Credo Edward pare com essa desconfiança! –Minha irmã esbravejou.

–Só quero garantir que ela fique bem durante a minha ausência.

–Você fala com ela todos os dias. Ela certamente reporta o que houve no seu dia. Ela pode contar com mais detalhes do que eu. Não precisa ficar me ligando e fazendo perguntas! –Eu entendia sua raiva, eu provavelmente a acordei com essa ligação, não que eu me importasse com isso.

–Ok, mal humorada, eu vou... –Ela desligou. Sorri. Procurei relaxar, pois logo teria uma reunião de trabalho.

...

Bella não estava atendendo o seu celular. Isso era estranho, ela sempre atendia as minhas ligações e respondia as minhas mensagens.

Era meu terceiro dia fora de casa, transitando pelas ruas bonitas de Dubai enquanto fazia minha empresa lucrar. Como em todos os dias a primeira coisa que fiz ao acordar foi ligar para ela, mas não consegui conversar.

“Talvez esteja ocupada...” –Pensei. Dei prosseguimento aos meus compromissos, mas uma parte de mim se questionava do porque de Bella não ter me atendido.

Uma hora se passou e nada. Duas horas, três, tantas horas e minha apreensão crescia. Não era normal.

–Senhor Cullen? –Meu secretário pediu a minha atenção. Tentei me abstrair daquele contratempo e consegui, por alguns instantes no decorrer do dia, me ocupar com o trabalho. Mas falar com Bella era a única coisa do meu dia que me deixava feliz então não era algo que eu poderia ignorar.

Ligações, mensagens de texto, e-mails... Resolvi ligar para o chefe do departamento do setor contábil e assim falar com Bella, ela deveria estar na empresa agora. Foi naquele momento que eu percebi a gravidade do negocio.

–Ela não veio, senhor Cullen. Não justificou sua falta também. –A voz do homem era monótona e profissional, como um robô.

–Como assim? Tem certeza? Bella não falta. –Minha voz estava estridente, nervosa. Trocamos mais algumas palavras, mas ele não me disse nada que valesse a pena. Só havia mais uma pessoa para ligar, alguém que certamente estava a viu pela última vez.

Alice

O problema era que, assim como Bella, Alice não atendeu. Pensei que poderia estar acontecendo uma conspiração das duas, a mando de Alice, para me infernizar. Não, minha irmã me conhece, sabe como eu fico instável quando sou contrariado. Ela poderia me contrariar, mas envolver Bella seria ultrapassar todos os limites. E depois de vários minutos, horas eu arriscaria dizer, ela retornou.

–Alice, é você?

–Claro que sou eu seu cabeção! Por que ligou para mim tantas vezes seu psicopata! –Sua voz era de falsa raiva, ela devia estar se divertindo com o meu desespero.

–Eu não teria ligado tantas vezes se você tivesse atendido o seu maldito celular! Sabe há quanto tempo eu estou ligando? Por que não me atendeu? –Descontei nela toda a raiva e confusão que eu estava sentindo. Ela não se magoaria, estava acostumada ao meu lado estúpido.

–Calma! O que você quer? –Finalmente percebeu que o negócio era sério! Ela era a minha única esperança, ela tinha que me ajudar a falar com minha esposa.

–Não consegui falar com Bella o dia todo. Estou preocupado. Você ainda está na empresa? Você a viu? –Por favor, diga que a via e que ela está bem! Eu não queria ouvir noticias ruins!

–Ela não veio trabalhar. Eu soube pela colega de trabalho dela e pelo chefe da parte contábil. Estou indo ao seu apartamento para ver se ela está bem e saber por que cortou comunicação com o mundo. –Então ela não sabia de nada também. Além disso, ela estava me confirmando à notícia dita pelo chefe do departamento. Eu cheguei a duvidar das suas palavras, confesso.

–Faça isso, por favor. Bella sempre atende as minhas ligações, não importa a que horas eu ligue. Além disso, ela não costuma faltar. Liguei para o seu celular e para o telefone residencial do meu apartamento, mas ninguém atende. Eu também falei com o chefe do departamento dela, ele disse que ela não havia aparecido, mas como ele é muito ocupado talvez não a tivesse notado. –Eu estava com medo. Nada do que estava acontecendo a Bella parecia normal. Nunca fui de rezar, mas uma prece rápida eu fiz enquanto falava com a transloucada da minha irmã.

–Acalme-se. Eu vou até lá e ligo para você. Até mais. –Desligou. Agora vinha a parte ao qual eu não estava acostumado: esperar. E eu esperei. Os pensamentos a mil enquanto fazia uma e outra coisa.

Fiquei tentando a ligar para Alice de cinco em cinco minutos em busca de noticias, mas me controlei. Eu teria que dar um tempo para ela chegar ao meu apartamento e procurar pela minha mulher. Transpareci meu nervosismo e constantemente algum funcionário perguntava se eu estava bem. Dizia que sim, mas em momento algum convenci alguém. Cheguei diversas vezes às horas no meu relógio de pulso, sabendo que logo seria noite para mim, final do expediente, enquanto lá continuava de manhã.

...

Alice não atendia o celular. O que estava acontecendo do outro lado do oceano? Seria a brincadeira “irrite o Edward” dando-lhe um gelo? Bella não atendia, Alice não atendia, até Jasper não estava atendendo! Eu poderia esperar e ligar para o número da empresa no outro dia, mas eu estava impaciente demais para isso. Adiei todos os meus compromissos e comprei passagens para o outro dia.

Voltaria para casa e dane-se se não cumpri com todas as minhas tarefas. O que eu não poderia era ignorar toda a estranheza de perder contato com todos do outro lado e deixar por isso mesmo. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu conhecia minha esposa e sabia que ela não sacanearia comigo, Alice sim, ela não.

Na manhã seguinte, contrariando todos os envolvidos no novo negócio que eu estava fechando, segui para os Estados Unidos. Tentei várias vezes falar com alguém do outro lado, mas tudo continuava na mesma. Eu sabia o que faria assim que pisasse em terra, seguiria para casa e procuraria por Bella. Ou deveria procurá-la na empresa? Ela ainda não atendia minhas ligações.

Cheguei bem tarde no país, seguindo de taxi para a empresa onde provavelmente Bella estaria. Liguei para Alice, por habito, pensando que ela não me atenderia. Ela atendeu.

–Edward...

–O QUE DIABOS VOCE FEZ? POR QUE NÃO ATENDEU A MERDA DAS MINHAS LIGAÇÕES? –Gritei, enlouquecido. Eu queria esganá-la! Felizmente eu veria Bella antes e certamente matar a saudade aplacaria a raiva que sentia de minha irmã e, até, do meu cunhado.

–Olha, longa história. –Ela estava com uma voz estranha e estava falando pouco, algo atípico dela.

–Eu cheguei de Dubai. Estou indo para a empresa encontrar minha mulher. Ela provavelmente está lá trabalhando. –Comentei, instruindo o taxista onde se localizava a empresa.

–Edward, venha para sua casa antes. Precisamos conversar. Além disso, Bella pode não estar na empresa. –Seu tom de voz era muito estranho e tive a certeza de que algo muito sério estava acontecendo. Eu não conseguia raciocinar e assim descobrir o que estava acontecendo, para isso precisaria da ajuda de alguém e, no momento, apenas a minha irmã eu sabia localizar.

–Tudo bem. Estou indo para casa agora. –Desliguei o celular, informando ao taxista a mudança de rota. Tentei, sem sucesso, falar com Bella através do seu celular, mas não fui atendido.

Um misto de preocupação e medo me tomou durante toda a viagem para casa. Lembrei que a tática de me ignorar era nova para Bella, mas não para Alice. Minha irmã era assim, sempre que queria fugir de uma situação complicada evitava a todos, especialmente a pessoa que ainda não sabia o que estava acontecendo. Foi assim com a nossa mãe. Ela foi a primeira a encontrar o corpo, mas fugiu ao invés de avisar a alguém.

Estaria acontecendo a mesma coisa agora? Ela estaria me evitando para não contar o que realmente estava acontecendo?

–Chegamos. –A voz rouca do taxista me assustou, tirando-me a força do meu devaneio. Joguei algumas notas a ele, muito mais do que me cobrara e, com sua ajuda e posteriormente a ajuda do porteiro Erick, segui para a porta do meu apartamento com as minhas malas.

Meu celular tocava frenético, provavelmente as pessoas que eu deixei em Dubai sem maiores explicações. Aro me daria uma bela bronca quando nos encontrássemos e provavelmente seria taxado de incompetente, mas isso não me importava. Bella era a minha prioridade agora, por isso deixei tudo e voltei para casa, por isso vim até o meu apartamento a fim de saber o que se passava. Eu esperava encontrá-la lá, talvez doente demais para falar comigo – a explicação perfeita para não ter atendido meus telefonemas –, mas quem eu encontrei foi...

–Alice, onde ela está? –Perguntei, deixando minhas malas em frente ao apartamento enquanto adentrava furioso meu apartamento. Eu me detive ao olhar melhor para minha irmã, ela estava sentada no sofá da sala, olhando seriamente para mim. Aquela expressão, o modo como mexia freneticamente as mãos, denunciou seu nervosismo.

Nada bom, pensei. Tudo, o silêncio no apartamento, Alice vestindo roupas sem graça e sem maquiagem e até os estranhos comportamentos dela e Bella indicavam algo mais do que uma brincadeira.

–Edward... –Ela hesitava. MERDA! –Uma coisa aconteceu ontem com a Bella... –Alice não me olhava nos olhos. O que eu tinha nas mãos caiu e soou alto demais ao encontrar o chão.

–Me diga que ela está bem. –Murmurei. Se ela sofreu um acidente e estivesse mal em algum lugar eu...

–Ela está bem, em algum lugar.

Eu percebi.

–Onde ela está? O que exatamente aconteceu? –Dei um passo hesitante em direção ao corredor, mas meus olhos ainda estavam em Alice.

–Tânia a visitou ontem. Ela sabe de tudo agora. –Sua voz era firme, mas seus olhos. Os seus olhos...

–Não... NÃO! É MENTIRA! MENTIRA! –Gritei, correndo para o interior do apartamento. Rapidamente cheguei ao quarto de Bella. Liguei a luz e olhei para os lados, esperando vê-la lá. Nada.

–BELLA! –Gritei inutilmente. Nada no banheiro. Abri o seu closet, mas não havia nada. Absolutamente nada no quarto inteiro.

Eu estava errado, havia sim algo. Em cima da cama, jogado de qualquer jeito, uma pilha de documentos que logo reconheci: o testamento do meu pai.

Como um leproso, caminhei lentamente até a cama, pegando o papel e olhando-o. Era o testamento, o original que deveria estar no cofre na sala da presidência. Tânia entregara isso a ela? Como havia conseguido o documento?

–Isso não pode ser verdade. Não havia forma de ela conseguir esse documento. –Minha voz estava embargada. Eu sabia que estava entrando em estado catatônico. Isso tudo só podia ser um pesadelo!

–Tânia trabalhou com você durante um tempo e você contava muita coisa para ela. Tenho certeza de que ela já estava com esse documento antes de ser chutada da empresa. Fez isso para se vingar e isso é só um palpite meu. –Ela havia dito tudo sem perceber. Eu poderia imaginar a cena... Tânia furtando o documento e colocando um papel qualquer em seu lugar, prevendo minha traição. Assim que eu a chutei ela ficou me observando, esperando pelo momento em que valeria a pena usar aquele documento contra mim. Ela deve ter percebido o amor que eu sentia por Bella – eu deixei muito óbvio tantas vezes! – e então...

–Eu vou matar aquela vadia! Mas antes preciso vê-la. Onde ela está? Você sabe? –Levantei já determinado a encontrar Bella e conversar com ela. Eu faria de tudo, possível e impossível, para recuperar a minha esposa.

–Acho que ela está na empresa, falo da Bella. –Não perdi mais tempo e segui para a saída. Peguei as chaves do meu carro e fui para a Cullen publicidade.

Enquanto eu dirigia, os últimos acontecimentos me esmagaram. Eu fui ficando ainda mais ciente da catástrofe que estava se abatendo sobre mim. Parece que foi ontem Bella e eu, tranqüilos, curtindo nosso casamento. Eu não poderia acreditar que não seria mais assim.

“Respire Edward! Vai ficar tudo bem. Você explicará tudo e ela vai acreditar.” –Pensei. Dirigi feito um louco pela avenida, ganhando multas e mais multas e posso apostar que também ganhei um arranhão na pintura do meu carro. Não importava. Nada disso estava importando. A única coisa que importava era me explicar a Bella.

Muitas pessoas mostraram surpresa a me ver pelos corredores da empresa. Todos sabiam que eu deveria estar em Dubai fechando um importante negócio. Logo Aro saberia que eu voltei e não me deixaria em paz. Fui diretamente ao cubículo onde Bella trabalha, mas só encontrei sua colega Heidi.

–Hei, onde está minha esposa? –Eu perguntei ofegante pela corrida até aquele andar. Heidi se assustou e após se recompor resolveu falar.

–Ela foi para o RH.

Eu corri ainda mais rápido aquele setor. Por que ela iria ao RH? Ah, pergunta idiota! Se minha esposa está me odiando agora, a ponto de sair de casa, provavelmente pretende deixar o seu cargo de contadora. E a situação estava pior a cada momento, a cada nova descoberta minha.

Eu me lembro do medo que senti quando caminhei até o banheiro onde estava o corpo da minha mãe, após ser informado do que havia acontecido. Senti um medo tremendo do que iria encontrar, mesmo sendo avisado previamente. Eu estava vivendo novamente esse medo. Eu sabia que ela devia estar me odiando, a visão dos fatos exposta por Tânia deve ter sido deturpada, mas isso não mudava nada. Eu esperá-la vê-la irada, querendo me socar até a morte e evitando o meu toque. E mesmo sabendo de tudo isso, eu temia tanto!

Meus pés foram caminhando mais lentamente enquanto eu estava de frente para o RH. Como num passe de mágica a porta foi aberta, saindo então uma moça que olhava para o chão enquanto caminhava.

E u a vi. O meu coração batia tão apressado, tão descompassado, que temi sofrer um ataque do coração. Eu olhei em seus olhos, mas algo em minha mente bloqueou a visão. Eu não queria ver ódio em seus olhos.

Bella continuou a caminhar em minha direção, casualmente, seus olhos fixos em mim, mas não me via. Era como se eu não estivesse ali. As mãos nos bolsos da calça, fones nos ouvidos... Ela teria passado diretamente por mim se eu não tivesse, em uma atitude ousada, ficado na sua frente.

Durante alguns instantes ficamos parados diante do outro. Bella tinha os olhos vazios, ela estava tão ferida! Poderia não demonstrar, em seu rosto não havia traços de lágrimas, não havia nada. Mas eu poderia sentir. Eu poderia sentir a sua dor mesmo que Bella fosse tão fria.

–Bella... –Murmurei com a voz embargada. Eu queria dizer tudo, dizer o quanto eu a amava e o quanto eu sentia muito. Eu não poderia perdê-la. Bella tinha que me entender, ouvir a minha versão e me aceitar!

Eu ergui minha mão trêmula e tentei tocar o seu rosto. Bella sabia de minha intenção e não tentou se afastar, mas o que ela fez foi certamente pior. Olhou bem nos meus olhos, uma faísca de ódio visível e então...

Cuspiu em mim.

Eu fiquei atônico. Eu não esperava por isso, definitivamente não esperava.

–Eu tenho nojo de você. –Falou fortemente. Suas palavras me magoaram, mas ela não se importava. Por que Bella sabia a verdade e por que, agora, eu era a pessoa que ela mais desprezava.




Continua...




PS : Como já falamos na fic QMSE estávamos sem acesso aos capítulos para trazer a vcs todos esses dias. Esperamos que ainda estejam por aqui e até mais nos coments Bjs




2 comentários:

tete disse...

nossa fiquei triste todos esses dias pensei que vce tinha cancelado a fic eu amo tanto ler todos os dias que sinto falta elas me dao enrgia amo muito todas amei o capitulo de hoje mais sofrimeto para eles o que sera que vai acontecer? bella vai perdoar espero que sim sou a favor do amor beijos e linda noite para vce

Val RIBEIRO disse...

a verdade...mas ele merece por todas as coisas horriveis que ele fez pra ela

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