Parecia uma estranha colaboração no início: o autor David Cronenberg, mais conhecido por obras estranhas comoVideodrome, Dead Ringers, e The Fly, fazendo o jovem galã Robert Pattinson, a estrela de seu mais recente filme.
A escolha pode ter sido uma jogada de marketing, só que Cronenberg, que chama Toronto, e não Hollywood, de casa, nunca colocou o público acima de sua arte. E ninguém poderia imaginar o quão popular este filme de baixo orçamento se tornaria, graças a esta estrela (…)
Um representante do estúdio avisa que o assunto está restrito durante uma entrevista com seu diretor. Mas Cronenberg, como sempre, é tão profundamente inteligente em discutir o seu trabalho – e em fazer a arte em geral – que seria mais do que um insulto perguntar a ele sobre o escândalo. Seria um desperdício de tempo precioso.
Ele está feliz em falar sobre como ele acabou escalando Pattinson. Cosmópolis, baseado no romance de Don DeLillo sobre um grande dia na vida de um financista americano, foi financiado através de fontes canadenses e europeias, o que significa que o diretor poderia realmente lançar apenas um americano.
“Há uma razão pela qual eles chamam isso de negócio de filme e da indústria cinematográfica”, diz ele. “Você não pode realmente escalar desconhecidos“. Mas assinar com o homem mais conhecido por interpretar um vampiro reflexivo, não foi simples. “Quando ele concordou em fazer o primeiro Crepúsculo, Catherine Hardwicke estava dirigindo, e ele pensou que ia ser tenso e difícil”.
Cosmópolis certamente poderia ser descrito com essas duas palavras. E entrega Pattinson. “É uma atuação maravilhosa”, Cronenberg diz do trabalho do ator no filme, acrescentando com uma risada, “Ele é o tipo pra fazer Don DeLillo. Achamos que isso vem do Queens, não temos certeza”.
Os filmes de Cronenberg parecem muitas vezes claustrofóbicos. Em A History of Violence, um momento crucial ocorre numa escada com o casal Viggo Mortensen e Maria Bello. E uma das cenas mais ousadas do cinema contemporâneo em,Eastern Promises, quando o mafioso russo interpretado por Mortensen, entra em batalha em uma abafada sauna.
“Eu me vejo atraído por isso”, diz Cronenberg de sua utilização de espaços apertados. Grande parte de Cosmópolis acontece em uma limusine, com o personagem de Pattinson fazendo negócios durante seu trajeto por um corte de cabelo.
“É como escrever um haiku ou um soneto. Você tem um tipo muito limitado de forma. Força você a ser engenhoso e criativo. É muito gratificante”, diz Cronenberg. “Você consegue intensidade. Você com segue compressão”.
E aí, temos duas palavras que poderiam resumir a saída variada de um homem que tem feito filmes há mais de quatro décadas: “criativo” e “intensivo”. Cosmópolis pode ter surpreendido alguns com sua estrela. Mas o filme em si não é nada mais do que puro Cronenberg.
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