Boa noite Flores!!! Hoje vamos curtir o 25° capítulo de "Only Human". Quer acompanhar a história desde o início? Clique aqui.
O que aconteceria se Bella Swan fizesse um pedido que a levaria de volta ao ano de 1918? Em “Only Human” Bella é recém-casada e no dia do seu aniversário faz um pedido inesperado! Bella volta no tempo, para uma Chicago de 1918 e para um Edward humano!
CAPÍTULO 25
Eu dormia e acordava, deitada ao lado de Edward na cama. Eu não conseguia dormir por muito tempo – apesar de estar mais confortável do que na cadeira do hospital, os gritos ocasionais do Edward me acordavam. Ele nunca gritava por completo, lutando para conter os sons, mas eu tinha o pressentimento de que era apenas uma questão de tempo.
Carlisle era atencioso o bastante para me trazer comida, suficiente para alimentar várias pessoas, mas eu era agradecida por cada mordida. Tinha sido há vários dias que eu tinha comido mais do que um belisco aqui e outro ali. Ainda assim, era difícil me sentir confortável ou contente quando Edward estava sentindo tanta dor.
Será que ele me odiaria por isso? Eu não o culparia se ele odiasse – sua dor claramente era lancinante, e a visão dela causava uma dor cruel em meu peito. Eu trocaria de lugar com ele alegremente se isso pudesse salvar sua vida, mas é claro, isso nunca seria tão fácil. E eu sabia o que ele iria pensar de si mesmo assim que soubesse no que tinha se transformado...mais um motivo para ele me ressentir. Eu podia facilmente estar arruinando tudo.
Eu tentei imaginar o que ele diria se eu pudesse lhe perguntar, mas eu não conseguia pensar em nada...e eu odiava esse desamparo. De certo eu deveria saber o que meu próprio marido iria querer. Se ele iria preferir morrer à virar um vampiro...se ele iria me amaldiçoar por não evitar tudo isso...eu queria que o meu suspense terminasse. Eu queria estar com ele, mesmo se ele fosse me desdenhar no instante seguinte.
"O que está te incomodando, Bella?" Eu pulei, assustada. Eu não tinha ouvido o Carlisle entrar no quarto; normalmente ele fazia um pequeno barulho para anunciar sua presença. Evidentemente, o tormento em minha cabeça estava estampado em meu rosto.
"Você acha que ele vai me odiar por isso? Ele sempre se desprezou por causa do que é...e se ele não puder me perdoar por voltar no tempo, sabendo o que iria acontecer, e não fazer nada para evitar isso?"
Carlisle sentou na cadeira ao lado da cama, franzindo a testa pensativamente. "Bella, eu vaguei por essa terra por mais de duzentos anos agora, e embora me falte talvez experiência própria, eu acredito que posso dizer com segurança por meio de observação que a maioria das pessoas faria qualquer coisa para manter o tipo de amor que você demonstra ter pelo jovem Edward. Talvez Edward venha a odiar o que é – mas eu não acredito que ele se importará muito quando isso o levar até você"
"Você sentiria o mesmo?" eu perguntei desesperadamente.
Carlisle balançou os ombros. "Eu aceitei o que sou – mas tenha em mente que eu já sou mais velho do que seu Edward será quando você o conhecer no futuro. Eu não me importo com minha vida. Não é exatamente o que eu desejaria, mas eu aceitei minhas limitações...e eu tenho esperança. Eu espero que um dia, meu trabalho seja recompensado. Que um dia, eu terei mais do que uma razão para continuar vivendo, mas também uma razão para aproveitar a vida"
"Você terá", eu prometi a ele, como sempre inspirada pela história de Carlisle. Eu esperava que Edward encontrasse uma paz assim um dia, mesmo que ele não pudesse me perdoar imediatamente pela minha parte em seu destino.
"Obrigado, Bella" ele suspirou. "Esse conhecimento irá me amparar"
Então Edward soltou um grito, e eu dediquei minha atenção à ele.
Vinte e quatro horas passaram, e ele continuou a lutar contra sua dor, para contê-la, apesar de ele não aparentar ter um motivo racional para fazer isso. Eu podia dizer que ele não me reconhecia mais – talvez ele tentasse não gritar simplesmente para ter algo em que se concentrar que não fosse a dor.
Eu fiz o meu melhor para acalmá-lo com água fresca, com medo de sair de seu lado. Eu comi mais uma vez, e adormeci aconchegada a seu lado. Quando quase 48 horas tinham passado, eu acordei com um grito agudo e uma dor no meu braço. Eu percebi que Edward estava apertando meu pulso como se sua vida dependesse disso, seus dedos extraordinária e perigosamente apertados em volta dos ossos pequenos. Entretanto eu não podia pedir a ele para soltar. Eu esperei ele relaxar um pouco, e ele finalmente aliviou seu aperto.
Eu mal suportava ver isso, mas eu não podia sair. Seus olhos permaneceram arregalados, sem ver e moldurados com terror. Os tendões em seu pescoço e braços apareciam conforme ele lutava contra o veneno percorrendo por seu corpo. Suas unhas causavam buracos na colcha abaixo dele.
Minha essência mais pura protestava contra vê-lo desse jeito, mas eu não podia negar uma parte minha pequena e assustada que observava isso com medo por mim mesma. Eu sabia agora, sem dúvida alguma, o que eu iria experenciar caso Edward cumprisse sua palavra e me transformasse. Eu tinha provas no pior sentido de tudo que Edward me avisou – como eu iria sentir uma dor tão profunda que eu desejaria pela morte antes de tudo acabar.
Eu estava preparada? Tudo dentro de mim encolhia-se para longe da idéia de tanta dor, mas quando eu lembrava de meus motivos – pelo Edward – o medo era domado de um leopardo feroz para um gatinho que arranhava. Era mais do que suportável. Eu podia sobreviver tamanha dor por uma eternidade com a pessoa que fazia meu mundo girar.
O último dia foi, de longe, o pior. Edward gritava continuamente, ficando rouco mas nunca parando. Carlisle me disse que seus órgãos internos parariam agora, e isso iria lhe causar uma dor lancinante.
Eu me aproveitei dessas últimas e longas horas, deitando perto dele, sentindo seu calor desaparecendo conforme o fluxo de sangue diminuía, ouvindo sua respiração irregular e a intensidade de seus batimentos cardíacos enquanto ele lutava contra seu corpo doente. Mesmo sabendo exatamente como ele seria após a transformação, mesmo sabendo que eu o amaria com a mesma intensidade, meu coração partiu ao ver as mudanças em progresso, em saber que sua doce inocência de garoto nunca retornaria.
Os dedos de Edward me apertavam involuntariamente, se enrolando nas camadas da minha roupa, apertando e relaxando de dor. Ele me machucou, mas eu não podia me mexer do meu lugar ao seu lado, nem me virei quando seus gritos se transformaram em soluços e ele chorou de agonia.
Carlisle voltou para o quarto quando o sol começou a se pôr no terceiro dia.
"Você precisará sair, Bella" ele me disse lamentavelmente. "Seus batimentos cardíacos estão ficando perigosamente lentos. Sua transformação acabará em aproximadamente uma ou duas horas, e eu tenho certeza que você sabe o que vai acontecer se você estiver aqui quando ele acordar"
"Sim...sim, é claro" eu respondi atordoada. Na verdade, eu nem tinha pensado nisso. Eu sabia que esse momento chegaria, mas nunca tinha pensado sobre isso. E agora? Agora que meu tempo com o Edward tinha claramente terminado, o que eu faria? Para onde eu iria? Eu não tinha mais um lugar para ficar; eu não tinha dinheiro, nada...
"Tudo vai acontecer como deveria" Carlisle me prometeu, lendo minha expressão preocupada. Ele me entregou um bolo de notas. "Se você não conseguir retornar a sua época, isso lhe amparará por vários meses, no mínimo. Mas eu acredito que você vai encontrar seu caminho de volta, onde você pertence"
"Obrigada" Eu não protestei em pegar o dinheiro. Eu poderia muito bem precisar dele, e eu não tinha certeza se tinha as habilidades de sobrevivência necessárias para essa época. "E obrigada por tudo que fez, Carlisle"
"É claro" ele respondeu com um aceno. "Eu deveria estar agradecendo a você, eu acho"
"Se – se ele lembrar de mim, quando acordar, diga que eu o amo. Que eu sempre amarei"
"Eu direi" ele prometeu. "Eu o manterei a salvo para você"
"Obrigada" Eu me virei para o Edward, que permaneceu absorto a conversa. Eu pressionei meus lábios na pele já endurecida de sua bochecha. "Espere por mim" eu sussurrei antes de lhe dar mais um último beijo em seus lábios.
"Carlisle, se eu não conseguir retornar..." eu comecei a dizer enquanto descíamos as escadas.
"Se você ainda estiver aqui daqui há uma semana, me ligue" ele disse. "Nós vamos...vamos pensar em alguma coisa".
"Tudo bem" eu concordei, saindo tentativamente pela porta da frente. "Eu acho...se você não tiver notícias minhas, isso é adeus"
"Um até logo" ele contradisse, sorrindo. "Nós vamos nos ver novamente, de um jeito ou de outro"
"Certo. Até logo, então"
Eu senti que seus olhos continuaram a me seguir enquanto eu andava na rua. Somente quando eu estava fora do alcance de visão da casa que as lágrimas começaram a cair. Edward...meu Edward. Humano ou vampiro, ele sempre seria meu, mas o final feliz sempre parecia estar a um passo fora de alcance. Nós estávamos tão felizes antes disso tudo, recém-saídos da nossa lua de mel, a beira de uma nova e iluminada eternidade...e agora tudo tinha sido jogado na sombra novamente, ainda mais doloroso pelo fato de que ele estava fora de alcance para mim – tanto nessa época, como no futuro para o qual eu não conseguia achar meu caminho de volta.
Eu deixei meus pés guiarem o caminho; meus olhos estavam cegos com lágrimas, e minha mente estava absorta. Eu vaguei perdida na minha aflição. Minha cena de pesar era nada fora do comum nessa época, nessa cidade, e ninguém se aproximou de mim ou me incomodou.
Algum tempo depois – podia ter passado minutos, horas ou dias, pelo que eu estive prestando atenção – minhas lágrimas acabaram e eu parei no meio da rua.
E eu olhei em volta, e percebi que já estive aqui antes. Na primeira vez, estava bem movimentado, cheio de fregueses e trabalhadores. Estava muito mais deserto hoje, apenas com as ocasionais pessoas se apressando para chegar a outro local; ninguém estava parado como eu. Contudo, eu reconheci os prédios, a visão exata a minha volta. Eu estava no local exato de quando cheguei nessa época, o local onde eu tinha me virado e encontrado o Edward me olhando de volta.
Seria o destino que me trouxe aqui? Será que meu subconsciente decidiu retornar a esse lugar? Ou tudo não passava de coincidência eu voltar ao lugar de onde tinha começado?
Isso realmente importava? Não importa onde eu fosse nessa época, isso nunca me levaria de volta a 2006, para a Forks que eu conhecia, para o meu Edward, para a vida que eu deixei para trás e estava desesperada para retornar. Não existia nada nem ninguém que pudesse me ajudar agora.
Eu despenquei em desespero na rua de ladrilhos, me curvando em mim mesma, abraçando meus joelhos. Qual era a razão disso tudo se agora eu não conseguia voltar? Podia o Destino ser tão cruel?
Eu fechei meus olhos e sonhei com mãos frias em meu rosto e lábios gentis, com uma voz de veludo e um sorriso torto. Esse pensamento apenas me fez sofrer mais, atormentada pelo que eu não tinha.
Eu queria poder voltar para a minha época. Eu queria poder voltar para minha própria vida.
E então eu abri meus olhos.
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