Boa noite Flores!!! Hoje vamos curtir o 18° capítulo de "Only Human". Quer acompanhar a história desde o início? Clique aqui.
O que aconteceria se Bella Swan fizesse um pedido que a levaria de volta ao ano de 1918? Em “Only Human” Bella é recém-casada e no dia do seu aniversário faz um pedido inesperado! Bella volta no tempo, para uma Chicago de 1918 e para um Edward humano!
CAPÍTULO 18
Edward e eu ficamos na sala a noite inteira, escutando a tosse seca e densa do seu pai no andar de cima. A preocupação se instalou como um peso morto no meu estômago, dificultando que eu respirasse apropriadamente. Edward segurava com força minha mão na sua, apertando muito meus dedos, mas eu nunca pedi para que ele largasse.
Elizabeth estava fazendo a cozinheira trabalhar em dobro preparando sopa e chá, apesar das duas coisas não estarem ajudando muito. A criada subia e descia afobada a escada com compressas frias e o que mais fosse pedido. Eu gostaria de ajudar, mas minha falta de jeito excessiva não tinha me dado muito preparo para lidar com doenças... e não parecia ter muito o que fazer, de qualquer maneira. Nós só podíamos esperar, e isso era lancinante.
Eu podia dizer pelas ocasionais aparições de Elizabeth que estava ruim, muito ruim. Seu rosto estava contraído e preocupado – apavorado, mais aproximadamente. Isso deixou o Edward assustado, eu podia dizer, e eu queria assegurá-lo que tudo ficaria bem – mas eu não queria mentir para ele. Melhor que ele enfrentasse a verdade agora e sofresse menos depois.
Por volta de meia-noite, Elizabeth desceu as escadas cansadamente.
"Ele está delirando muito", ela nos contou, limpando a testa com as costas da mão. "Mas ele fica chamando por você, Edward. Vá vê-lo agora. Acho melhor eu chamar o médico...".
Edward relutantemente soltou minha mão e subiu as escadas. Ele estava todo tenso de medo. Imaginei o que seu pai diria a ele, isso se ele estivesse coerente.
Enquanto isso, Elizabeth caminhou até o telefone na sala de estar e começou a discar. Eu até sugeriria que ela ligasse para o Carlisle, mas ele estava no hospital, e eu não sabia o número do telefone de lá. Porém eu duvidava que o Carlisle pudesse fazer muita coisa, por mais que fosse um médico brilhante. A doença avançava rápido demais.
O médico concordou em vir imediatamente. Evidentemente, ele tinha lidado com ligações desse tipo o dia todo, e eu não invejava seu trabalho no contexto atual. Depois de desligar o telefone, ela se sentou ao meu lado no sofá, onde Edward ficou a noite inteira. Eu não sabia o que possivelmente poderia dizer a ela que seria reconfortante de algum jeito, então sentamos em silêncio. Seus olhos estavam atordoados, olhando vidrados para algo que eu não conseguia ver, e eu duvidava que ela tinha percebido que eu estava ali.
Aproximadamente dez minutos depois, Edward desceu. Seu rosto estava pálido e horrorizado; eu queria correr até ele, mas na sua condição, eu achei melhor esperar ele vir até mim. Assim que Elizabeth percebeu que ele tinha retornado, ela se apressou em subir as escadas e voltar para ficar ao lado do seu marido.
"Edward?", eu peguei sua mão novamente quando ele retornou a seu lugar ao meu lado. Eu vi o leve traço de lágrimas no seu rosto, e meu estômago apertou dolorosamente. Eu nunca tinha visto o Edward chorar e nunca queria ver também.
"Foi horrível", ele disse com a voz baixa e áspera, evitando meus olhos. "Ele mal sabia onde estava, eu podia dizer, e depois ele começou a tossir sangue... sangue, Bella. Ele me disse adeus. Eu acho... eu acho que ele está morrendo".
Então ele se virou na minha direção, e eu instantaneamente o abracei enquanto ele desabou contra mim. Silenciosamente ele sacudiu com soluços fortes, e eu podia sentir suas lágrimas penetrando o tecido sobre meu ombro. Isso era a pior coisa do mundo. Nunca me senti tão impotente antes, nunca me senti tão inconsolável com uma única visão. Isso era pior que o Edward me deixando, pior do que vi em seus olhos quando chorei a noite inteira pelo Jacob... essa era a dor do Edward, e eu não podia fazer nada a não ser abraçá-lo.
Eu pensei nas vezes que o Edward me viu chorar, as coisas que ele fez para me acalmar, e tentei igualar isso ao melhor das minhas habilidades. Eu sei que não fiz tão bem quanto o Edward enquanto passava meus dedos por seu cabelo e acariciava suas costas em pequenos círculos. Não era possível que o murmúrio baixo da minha voz, enquanto eu sussurrava as coisas típicas para ele, era tão calmante quanto o timbre musical das palavras do meu Edward... mas eu fiz o meu melhor, e eventualmente ele ficou quieto em meus braços.
"Me desculpe, Bella", ele suspirou por fim, se afastando. "Eu devia ser forte...".
"Besteira", balancei a cabeça, não deixando que ele saísse do meu abraço por completo. "Você não precisa ser forte comigo".
Ele suspirou, sem sorrir, mas seus olhos eram suaves. "Você é minha força, Bella. Eu sei que seria melhor se você estivesse longe de tudo isso, mas... estou contente por você estar comigo, independente disso".
Ele me beijou gentilmente – tão gentilmente que por um momento pensei que era o meu Edward me segurando como uma estatueta de vidro – e então ele me puxou, me segurando contra seu peito. Eu estava contente por estar aqui, contente por deixar o Edward ter o que precisasse nesse momento. Eu não me mexi novamente até que a campainha tocou.
"Deve ser o médico", eu murmurei, me afastando suavemente. "Vou atender a porta".
Era o mínimo que podia fazer para me sentir útil, mas Edward me seguiu mesmo assim, ficando perto protetoramente.
Um homem baixo e calvo, que parecia ter uns cinquenta anos, estava parado do outro lado da porta. Óculos pousavam em seu nariz e ele segurava uma mala preta de medicamentos em uma das mãos. Eu quase ri – ele era igualzinho àqueles médicos antigos de cidade fazendo uma consulta em casa.
"Estou aqui para ver o Sr. Masen", ele disse prontamente.
"Sim, claro, por aqui", eu disse, o levando até as escadas. Edward fechou a porta quando ele entrou e nos seguiu, mas ele se movia desatento, como se não soubesse exatamente onde deveria estar. Eu conhecia o sentimento.
"Aqui", gesticulei indicando a porta fechada do quarto dos Masen. Ele bateu e entrou; achei melhor levar o Edward de volta para baixo, para longe de mais alguma visão dolorosa.
"Odeio isso", ele resmungou quando estávamos parados no saguão. "A espera. Eu queria poder pelo menos fazer alguma coisa".
"Eu sei", disse com simpatia. "Também me sinto assim. Talvez você deva tentar dormir. Está tarde, e você teve um longo dia. Deve estar exausto. Vou ficar acordada – te acordo caso aconteça algo".
"Não", ele balançou a cabeça. "Estou muito ansioso para dormir. Mas você devia dormir, Bella. Você está com olheiras".
Seus dedos traçaram a mancha escura enquanto seus olhos estudavam meu rosto com preocupação. "Como se eu pudesse te deixar acordado sozinho e esquentando", eu zombei, forçando um sorriso pela milionésima vez naquele dia.
"Acho que voltamos a esperar então", Edward suspirou, me puxando de volta a sala de estar.
Envolvidos no sofá, nós esperamos por horas. Eventualmente o médico desceu as escadas e saiu sozinho. O sono irresistível às vezes me forçava a cochilar levemente, mas eu acordava a cada poucos minutos, descobrindo que os ponteiros do relógio mal tinham movido.
Lá pelas três horas da manhã, fui sacudida de volta à consciência pela voz de Elizabeth chamando freneticamente pelo Edward. Eu lutei para levantar e permitir ao Edward liberdade para se mexer. Ele estava quase fora da sala antes que eu estivesse inteiramente consciente, e subi as escadas atrás dele.
Edward e sua mãe estavam dentro do quarto de seu pai. Eu não conseguia ver nada através da fresta deixada na porta, mas podia escutar a respiração pesada e forçada de seu pai, a tosse curta e seca... e acho que consegui ouvir o som doloroso e devastador de quando a respiração parou.
Cai fracamente contra a parede quando escutei o choro agonizado e cortante de Elizabeth. Isso era horrível. Comparado a esse momento, eu ficaria grata em ficar mais uma vez fora da batalha contra os recém-criados. Eu assistiria o Edward lutar contra cem vampiros, correria por aquela praça em Volterra por mil vezes, a ter que enfrentar esse momento de ver a história desenrolar exatamente do jeito que eu conhecia e ver outros sofrerem. Eu era completamente incapaz de ajudar, incapaz de ser o conforto que Edward e Elizabeth iriam precisar.
E se as coisas acontecessem de acordo com a história, só ficaria pior.
Eles saíram juntos um momento depois. Edward guiava sua mãe com um braço em volta dela; ela parecia perturbada demais para ficar em pé. Enquanto ela chorava inconsolavelmente, Edward estava branco como a morte, abalado além das lágrimas. Senti meus próprios olhos lacrimejarem involuntariamente.
"O que posso fazer?", perguntei de modo trêmulo, mantendo minha voz suave como se uma palavra muito alta faria com que um deles desabasse.
"Diga aos criados", Edward respondeu suavemente por sua mãe. Eu não tinha certeza se ela tinha me escutado. "Eles vão começar a arranjar as coisas".
Eu não hesitei em consentir. Por mais que eu quisesse oferecer conforto ao Edward, eu sabia que sua mãe e ele precisavam um do outro agora, precisavam dividir o pesar de perder uma pessoa que amavam profundamente. Meu papel era tornar isso o mais fácil possível.
As três criadas da casa estavam sentadas juntas na cozinha, conversando rapidamente em sussurros. Elas pararam abruptamente quando me ouviram entrar, os olhos cheios de expectativas. Eu estremeci.
"O Sr. Masen... ele faleceu", eu soltei, não sabendo como dar a notícia. "Eu não sei o que devo fazer...".
A cozinheira, Mary, levantou e me conduziu para fora da cozinha. "Vamos ligar no escritório do médico-legista. Você toma conta da patroa e do Edward".
Eu não sabia o que podia possivelmente fazer, mas voltei cautelosamente para a sala de estar, de qualquer forma, onde Edward ainda estava tentando consolar sua mãe. Partiu meu coração vê-la desse jeito. Ela parecia tão perdida, como se não soubesse como viver agora que a parte central de sua vida tinha desaparecido.
Edward me olhou desamparadamente, mas eu não tinha respostas para ele. Quando ele esticou o braço pedindo por minha mão, eu a ofereci alegremente e não a larguei por um longo tempo.
Algum tempo depois, um homem chegou com uma carroça para levar o corpo. Um enterro normal seria impossível sob essas circunstâncias – devido à rapidez que a doença se espalhava, era imperativo descartar os restos mortais imediatamente, por mais difícil que isso fosse para os sobreviventes da família.
Depois dessa provação, Edward e eu convencemos Elizabeth a descansar um pouco no quarto vago que a criada tinha preparado. As criadas esperaram até que ela estivesse acomodada para começarem a tirar as roupas de cama do quarto principal; me perguntei se elas iriam fervê-las ou queimá-las.
Edward e eu fomos para a cama separadamente, mas essa noite, eu fui até seu quarto. Eu não tinha certeza se ele ia me querer por perto, se preferiria se isolar em seu luto, mas eu arriscaria.
As luzes estavam apagadas em seu quarto, mas ele nem tinha trocado de roupa para dormir ainda. Ao invés disso, ele estava sentado na beira da cama, a cabeça entre as mãos, quase tão imóvel quanto o vampiro que se tornaria.
Fechei a porta suavemente ao entrar e me aproximei. Quando minhas pernas encostaram nas dele, finalmente ele olhou para cima. Um instante depois, seus braços me envolveram fortemente, me segurando pela base das costas enquanto sua bochecha pressionava no meu estômago. Minhas mãos foram para seu cabelo; toque era a única maneira que eu sabia que podia confortá-lo.
"Por que isso está acontecendo?". Sua voz estava cortada. "Apenas há doze horas atrás, a vida parecia perfeita. E agora...".
Eu formulei as palavras com cuidado na minha cabeça, esperando que elas fizessem sentido para ele como faziam para mim. "Eu acho que às vezes, o destino tem algo maior planejado do que a maioria de nós consegue ver, e às vezes essas coisas que parecem tão injustas e tão erradas podem servir a um propósito maior".
Os dedos do Edward flexionaram e apertaram minha pele em um gesto que não entendi. Eu podia sentir seus lábios mexendo contra minha camisola enquanto ele murmurava, "Eu não gosto muito da ideia de ser um brinquedo nas mãos do destino".
"Não, eu também não gosto", eu concordei. Eu não gostava nem um pouco do que o destino tinha me confiado nesse momento. Mas se ele tinha me mandado aqui para o Edward, eu alegremente faria qualquer coisa ao meu alcance para ajudá-lo. "Mas eu gosto de pensar que o destino nunca nos força a fazer a coisa errada. Nós temos poder sobre nossas escolhas, pelo menos".
"E se não tiver uma escolha a ser feita?", Edward perguntou, me olhando desesperadamente. "E então?".
Eu sorri tristemente. "O que quero dizer é que... não importa quão ruim sejam as coisas e não importa o que nos seja tomado, nós podemos nos consolar com o fato que fizemos o melhor que podíamos".
"Isso é quase um consolo". Ele me soltou com um suspiro. "Você ficaria comigo essa noite?".
"É claro, vou ficar pelo tempo que me quiser", prometi.
Esperei por ele embaixo das cobertas enquanto ele tirava sua camisa e calças, e veio para a cama apenas de shorts. Sua audácia me intrigou, mas não o questionei quando ele me apertou fortemente contra seu peito. Me ocorreu que o sentimento de perda talvez o deixasse com medo do que mais ele poderia perder, e simpatizei com esse medo.
Na minha mente, escutei a melodia delicada da canção de ninar do Edward, a cantiga que tantas vezes me fez adormecer. Inspirada, comecei a cantarolar. Minha voz parecia pesarosamente inadequada, mas Edward não pareceu se importar. Enquanto a música se perdia na escuridão, ele gradualmente entrou em um sono tranquilo, relaxando seu aperto em mim. Era o máximo que eu podia fazer por ele.
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