Olá Amores!!! Hoje vamos curtir o Extra 1 de "O Contrato". Quer acompanhar a história desde o início?Clique aqui.
Um plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Bella é envolvida em um esquema criado por Edward Cullen acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Edward precisava casar para poder herdar a sua parte que lhe cabe na empresa do pai e, após seduzir Bella fazendo a mesma se casar com ele, mostra sua verdadeira face. Agora, casados, terão de enfrentar um casamento que é uma verdadeira farsa, mas será que Bella poderá transformar seu casamento em algo real e digno de conto de fadas?
Autora : Jacqueline Sampaio
Classificação: +18
Gêneros: Romance
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo
Extra 1: Grávida
Edward pov’s
–Senhor Cullen, sua esposa está na linha. –Avisou minha secretária, a senhora Slater. Deixei de lado os papéis que estava analisando e atendi ao telefone sem fio em cima da minha mesa. Um sorriso naturalmente brotou em meus lábios.
–Amor, por que você não vem a minha sala falar comigo ao invés de ligar? –Perguntei assim que atendi a ligação. –Está pronta para sair agora para comer? Fiz reservas naquele restaurante que você gosta.
–Hmmm... Não estou me sentindo muito bem, Edward. Eu até pedi ao chefe do meu setor para ser liberada agora. –Sua voz parecia fraca e suas palavras me deixaram tão fraco quanto ela aparentava. Minha mulher não estava bem?
–O que? O que você está sentindo amor? Espere, eu vou aí! -Desliguei, saindo em disparada, ignorando assim a atônica secretária e um senhor que a acompanhava. Ignorei a tudo, sem me preocupar em me desculpar com as pessoas com quem eu me chocava enquanto seguia para o setor contábil.
Após algum tempo protelando, enfim eu havia mudado para a sala do meu pai. Com o passar dos dias, o desconforto em estar naquele lugar desapareceu. A única coisa que me incomodava era que minha atual sala ficava longe do setor de contábeis onde a minha esposa voltou a trabalhar. E agora, quando eu mais precisava chegar até ela, o incômodo triplicava devido à distância que eu tinha a percorrer. Definitivamente eu voltaria a ficar na minha antiga sala quando era diretor executivo!
Cheguei ofegante ao cubículo onde Bella trabalhava e eu a encontrei já se preparando para sair, sendo ajudada por sua colega de trabalho, Heidi. Mesmo estando de pé, uma mão sua em cima de uma das mesas parecia apoiá-la e evitar uma queda caso as pernas fraquejassem.
–Bella! –Eu a chamei, indo de encontro a ela. –O que houve? O que está sentindo? Não importa, vamos a um médico e... –Senti o toque suave de uma de suas mãos no meu rosto e me calei. Ela sorria fracamente.
–Hei, eu to bem. É só um leve mal estar. Tenho trabalhado demais e comido pouco. Deve ser isso. Vou para casa e terminarei meu trabalho lá. Você deve ficar aqui, afinal tem muitos compromissos a resolver antes de viajar amanhã. –Dizia numa voz mansa, esforçando-se para me acalmar. E algo nas suas palavras me distraiu rapidamente.
A viagem! Droga, como eu pude me esquecer disso? Desde que eu reatei com Bella, a fim de não cometer os erros cometidos pelo meu pai, que priorizava a empresa ao invés da sua família, eu pedi a Aro para viajar em meu lugar sempre que um representante da empresa fosse solicitado para fechar algum acordo em outro país. Ele aceitou e graças a isso eu não saia da empresa para nenhum compromisso que não fosse próximo, podendo assim ficar ao lado de Bella. No entanto, recebi a incumbência de passar um mês em negociações na Alemanha. Bella não aceitou viajar comigo quando eu pedi e nem me deixou recusar, uma vez que era um negócio importante para a minha empresa. E Aro estava resolvendo um assunto no Japão por isso não poderia ir.
–Bella, eu só irei sossegar quando um médico avaliá-la e disser que está tudo bem. Vamos a um hospital! –Inquiri ansioso, mas Bella tentou novamente me tranqüilizar, acariciando meu rosto.
–Não é nada. Fique aqui e resolva tudo. Eu vou para casa e se me sentir pior eu aviso a você. Acredito que só precise descansar. –Dizia na tentativa de me dissuadir. Mesmo que ela estivesse certa e o mal estar fosse apenas causado pelo excesso de trabalho, eu não conseguia relaxar. Eu precisava ter a certeza de que estava bem e isso tinha de ser passado por um profissional da área de saúde.
–Meu anjo... –Comecei, olhando-a aborrecido. Ia pedir novamente para ela simplesmente acatar ao meu pedido, mas a senhora Slater apareceu nesse momento, atarantada por eu ter deixado minhas tarefas de lado, alegando que um cliente aparecera para resolver um assunto importante. Bella se aproveitou da minha distração para escapulir. Ainda tentei procurá-la, mas ela foi embora num taxi, mais rápido do que um tufão.
Droga! Por que minhas preocupações quando se tratava dela eram sempre ignoradas pela própria?
...
Eu estava desatento. Meus dedos doíam de tanto discar o número do celular de minha esposa. Ela respondeu as minhas ligações a princípio, e mensagens, mas em um dado momento não mais respondeu, alegando na última mensagem que desenvolveria uma lesão por esforço repetitivo caso continuasse a teclar algo. Isso não me impediu de ser insistente e atormentá-la com minha preocupação que, confesso, era bem obsessiva.
Não tenho culpa de agir assim, quase como um maníaco quando se trata do bem estar de Bella. Eu perdi tudo – meus pais, minha irmã e meu cunhado – e Bella era a única coisa valiosa que me restava. Desde que nós reatamos, eu andava mais carinhoso do que o normal, mas atencioso e, conseqüentemente, mais obsessivo. Ficava preocupado com qualquer coisa quando se tratava dela, até uma ruga quase imperceptível que aparecia na sua testa quando ela estava aborrecida ou preocupada com algo. Eu a amava demais e temia perdê-la mais do que tudo. Talvez Bella jamais entendesse minha preocupação exacerbada, e até se aborrecesse com meu comportamento, mas isso não me impediria de continuar a agir como um lunático.
Antes da última reunião do dia eu liguei para minha mulher e ela atendeu, dizendo que se sentia melhor. Porém não fiquei aliviado com suas palavras, afinal de contas ela tinha doutorado na arte de mentir para não me preocupar. Por esse motivo eu fiz a tudo com pressa, sem me importar se a qualidade do meu trabalho havia caído vertiginosamente. Eu repararia possíveis erros em alguma análise de relatório semestral depois, quando Bella estivesse bem. E, para a minha felicidade, consegui sair mais cedo do que o normal, dirigindo como um louco pelas ruas.
Meu apartamento estava silencioso, indicando que as empregadas já haviam ido embora e Bella estava possivelmente refugiada no nosso quarto. Sim, agora era o NOSSO quarto e não o meu quarto e o quarto dela separados. É claro que, depois de tudo, eu não aceitaria dormirmos separados, sequer aceitaria a existência de um quarto para ela. Seu antigo quarto fora transformado em um escritório para Bella e agora todos os seus pertences estavam no nosso quarto.
Foi lá que eu a encontrei, vestida numa camisola de seda marrom, embrulhada com o edredom. Dormia como um anjo, esparramada na cama. Após retirar o meu casaco e deixá-lo em cima de uma cadeira, eu fui ao seu encontro, sentando na cama ao lado dela. Olhando para ela, detectei certa palidez e isto me preocupou. Toquei suavemente seu rosto, inclinando-me em seguida para beijá-la na testa.
–Daqui a pouco eu me juntarei a você. –Sussurrei, indo ao meu banheiro a fim de me preparar para dormir. E vê-la dormindo tranqüila atenuou um pouco a preocupação, somando isso com um relaxante banho de vinte minutos. Ao sair do banheiro, pretendia seguir até o nosso closet a fim de pegar um pijama, mas minha trajetória foi interrompida ao olhar para a cama.
–Mas o que...? –Bella não estava lá. Estranho.
Sai do quarto e fui diretamente ao seu escritório, pois a porta estava aberta e a chance dela estar lá era grande. Pensei em repreendê-la acreditando que decidira, por peso na consciência, trabalhar naquele horário, mas não a encontrei na mesa que costumava usar para trabalhar. A luz do banheiro anexo ao escritório, porém, estava acessa. Fui para lá e o que eu encontrei me gelou até a alma. Bella estava sentada no chão, o rosto na direção do vaso enquanto vomitava.
–BELLA! –Cai de joelhos, aproximando-me dela. Fiz menção de ajudá-la, mas ela levantou uma mão, como que me pedindo para aguardar. Com uma mão afaguei gentilmente suas costas enquanto a outra segurava seus cabelos. Após vomitar tudo o que provavelmente comeu durante o dia, Bella se aquietou, afastando-se da privada. Não levantou, apenas encostou as costas na parede. Sua respiração estava irregular e soava frio. O pânico me consumiu enquanto eu pensava nas piores coisas que poderiam estar acontecendo a ela. Bella estaria doente? Essa doença seria muito grave? Por mais que a racionalidade menosprezasse os acontecimentos, meu lado emocional, o que sempre dominou, me alertava para alguma coisa perigosa.
–Bella, nós precisamos ir a um médico. –Alertei, tentando controlar a vontade de agarrá-la e sair em disparada para um hospital. Isso provavelmente a assustaria.
–Não foi nada. Estou melhor. –Embora dissesse isso, se não fosse por mim, não conseguiria sequer levantar-se. –Preciso escovar os meus dentes.
–Bella, meu amor, não é normal alguém passar tão mal! Por favor, por mim, vamos a um médico. –Implorei, aflito com seu estado e o seu descaso com a própria saúde. Porém Bella me ignorou, agindo como se ela não tivesse, minutos atrás, vomitado tanto.
–Preciso escovar os meus dentes. Estou com um gosto horrível na boca. Edward, pegue um antiácido pra mim na cozinha? Estou assim por algo que comi, certamente. –Disse enquanto tentava caminhar sem minha ajuda. Não desgrudei dela, amparando-a mesmo que minha ajuda não tivesse sido solicitada. Fiquei ao seu lado até Bella terminar de escovar os dentes, levando-a para a nossa cama. Eu a ajeitei, tentando deixá-la o mais confortável possível em meio às cobertas. Sentei próximo, olhando para a sua feição. Por mais que tentasse fingir saúde, minha esposa estava pálida e visivelmente abatida.
–Como pode ter certeza de que isso é apenas por causa de alguma coisa que você comeu? –Afaguei seu rosto com gentileza e a encarei sisudo, mas Bella continuou calma demais para alguém que passara tão mal.
–Não foi nada meu amor. Já até passou. –Ela disse enquanto colocava uma mão sobre a minha, que ainda afagava seu rosto; um sorriso despontando em seus lábios. Não relaxei. Bella faria o possível para que eu não me preocupasse, eu bem sabia, sendo capaz inclusive de se fingir de forte.
–Vou pegar um antiácido. –Disse, seguindo para a cozinha. Não precisei ligar as luzes para enxergar, pois o brilho mortiço da Lua, que invadia o apartamento pelas janelas de vidro, iluminava o local. Ao encontrar o medicamento eu segui apressado para o quarto, encontrando Bella na mesma posição na cama, parecendo prestes a adormecer.
–Meu amor, o remédio. –Eu a sacudi levemente, ajudando-a a tomar o antiácido. Bella parecia exausta, um cansaço maior do que em qualquer outro dia. Imaginei que isso era por que não havia mais nada em seu estomago, deixando-a enfraquecida. Tentei convencê-la a comer alguma coisa, mas ela me ignorou, entregando-se ao sono. Deitei ao seu lado, puxando Bella para mim.
Enquanto afagava seus cabelos cor de mogno, sentia a preocupação me tomar de forma nauseante. Em minha mente as ideias mais absurdas para o mal estar de Bella passavam, deixando-me atordoado. Eu temia perde-la, mais do que perder tudo o que possuo... Mais do que perder minha própria vida.
...
–Não quero ir. –Eu disse pela enésima vez, olhando o portão de embarque. Se Bella não tivesse acordado antes de mim e me pressionado, eu provavelmente estava em casa fingindo doença. Ela parecia melhor nessa manhã, tanto que insistiu em me acompanhar ao aeroporto. Embora dissesse que o fazia para se despedir adequadamente de mim, eu suspeitava que ela quisesse garantir que de fato eu embarcaria.
–Edward, eu to bem. Não está vendo? –Repetiu novamente, sorrindo de orelha a orelha. De fato minha esposa não estava mais pálida, mas alguma coisa me dizia que eu não via palidez apenas por causa da maquiagem que ela colocara no rosto.
–Não acredito em você. A fim de não me preocupar, seria capaz de fingir saúde. –Verbalizei meu pensamento, detectando um olhar aborrecido dela.
–Que bom saber que a minha credibilidade com você está abaixo do esperado! –Criticou-me. Sorri como me desculpando, querendo que ela compreendesse a real motivação para minha atitude. Eu a amava demais e temia perde-la por descuido da minha parte. Por isso eu a sufocava constantemente com minha preocupação exacerbada, mesmo quando não havia motivos para tal comportamento.
–Desculpe anjo. Eu sei que bem lá no fundo você entende o porquê de eu ser tão psicótico com o seu bem estar. –Afaguei seu rosto, depositando meus lábios em sua testa e mantendo-o ali por vários segundos. –Eu manterei contato o tempo todo. –Prometi. Ela me abraçou fortemente, sendo correspondida da mesma forma. Ah, como eu sentiria saudade de estar em seus braços! Em pensar que eu ficaria privado disso por um mês! Provavelmente eu enlouqueceria!
–E eu responderei a todos os seus chamados, mas não exagere com as ligações. Eu não quero ter de acordar durante a madrugada. –Seus braços envolveram meu pescoço, puxando-me para ela. Fui de boa vontade, aproximando ainda mais nossos corpos quando enlacei sua cintura com meus braços. Eu a beijei calmamente, saboreando aqueles lábios tão tentadores para mim que me levavam ao êxtase sem dificuldade.
Eu teria ficado ali, preso a ela por várias horas, se não estivessem anunciando o embarque do meu voo. A comitiva que iria comigo se aproximou (eles tinham se afastado para me dar alguma privacidade) e Bella ficou parada, sorrindo para mim, enquanto acenava com uma mão. Eu olhei para ela até não poder mais vê-la e, quando estava no avião, olhei para a direção em que ela possivelmente estava.
Ah, seriam longos trinta e eu dias!
...
Foi preciso muita concentração durante essas semanas para ficar focado, ainda que parcialmente, no meu trabalho. Eu trapaceava a cada vinte minutos, enviando alguma mensagem ou e-mail para minha mulher ou ligando para ela. Fiquei de olho no fuso-horário, não querendo acorda-la como havia prometido.
Bella parecia bem, ou pelo menos fingia estar recuperada. O mal estar, aparentemente, só havia durado naquele dia. Não acreditando muito nas suas palavras, liguei para o chefe do departamento contábil.
–A senhora Cullen parece bem e está cumprindo impecavelmente com o seu trabalho. Notei que ela está um pouco dispersa, em alguns momentos não a encontro na sala dela. Acredito que esteja assim por que o senhor não está, imagino. –Disse o senhor Winter. Relaxei mais depois que me disse isso, pois não havia motivos para ele mentir. Se Bella estivesse adoentada, ela provavelmente pediria para ser dispensada mais vezes.
–Espero que o trabalho não esteja impedindo você de se alimentar bem. –Comentou Bella, ao telefone, numa quarta feira. Liguei para o seu celular e ela já estava no trabalho. Enquanto eu... Bem... Eu estava na minha suíte, tentando dormir.
–Estou cuidando bem de mim, apesar da correria para fechar o contrato com a empresa de automóveis. E você meu amor, está bem? –Perguntei, sabendo de antemão o que ela responderia.
–Eu estou sim. Estou dormindo bem, comendo direito e não abusando do trabalho. –Disse orgulhosa por estar fazendo o que eu tantas vezes recomendei.
–Está conseguindo dormir sem mim ao seu lado? Por que eu só estou dormindo a base de remédio. Não consigo dormir sem você comigo. –Confessei, lembrando das noites em que tentei de tudo para dormir, até fingir que era ela, e não o travesseiro, ao meu lado. Se não fosse pelos comprimidos para dormir, eu não teria pregado o olho desde que cheguei à Alemanha.
–É fácil. Tenho um monte de roupas com o seu cheiro no seu closet. Vesti meu travesseiro com um dos seus pijamas, borrifei um pouco o seu perfume e estou dormindo abraçadinha a ele! –Seu plano era engenhoso e me amaldiçoei por não ter pensado em fazer algo parecido.
–Droga! Por que não pensei nisso? Não importa. Daqui a três dias eu estarei de volta e prepare-se por que você não terá sossego. –Ameacei, imaginando todas as coisas loucas que eu faria com Bella, loucas e incrivelmente prazerosas, na tentativa de aplacar a necessidade que eu tinha dela.
–Três dias? Você não ficaria por um mês completo? –Ela perguntou, parecendo perturbada com o que eu comuniquei. Isso me deixou confuso.
–Ah, eu não disse a você ainda, não é? Consegui adiantar meu lado por aqui, chegarei mais cedo. –Eu esperava que ela ficasse radiante com a notícia, mas não foi o que eu percebi quando ela voltou a falar.
–Ah. Bem então eu preciso desligar agora. Nos falamos depois. Beijos.
–Já? Espera Bella eu queria... –E ela desligou. Simples assim. Fiquei aturdido com o seu comportamento e por vários minutos olhei o meu celular, tentando compreender o que significava ter sido rapidamente dispensado. Algo dentro de mim dizia: Acredite Edward, você não vai querer saber.
Por que Bella estaria desanimada com a minha chegada? Por que ela rapidamente desligou? Esse era um comportamento atípico dela, sem duvida. O que estava acontecendo com ela afinal de contas?
Olhei novamente o celular e disquei para o meu secretário, que me acompanhava na viagem. Ele atendeu no terceiro toque, provavelmente por que eu o acordei. Não me importei.
–Senhor Cullen, algo errado? –Perguntou em meio a um bocejo.
–Quero que ligue para a companhia aérea. Antecipe minha volta para casa. –Ordenei. Algo na minha voz não o fez me questionar.
...
Tudo estava resolvido na Alemanha e se não estivesse... Bem, digamos que liguei o meu botão “foda-se” e simplesmente voltei aos EUA antes de completar trinta e um dias, como havia sido previsto inicialmente. Bella provavelmente não esperava pelo meu regresso e era com o fator surpresa que eu contava. Ela estava estranha, talvez escondendo alguma coisa de mim. Eu descobriria o que era.
Fiz o possível para chegar pela manhã e felizmente consegui. Não me importei em estar com uma aparência cansada e maltratada pela viagem longa. Assim que desembarquei, aluguei um carro, deixando minha bagagem com o meu secretário de negócios no exterior, o único da comitiva que voltara comigo, e segui para a Cullen publicidade. Atendi a ligação que Bella me fizera enquanto voltava para casa, mas não contei a ela que antecipei ainda mais minha viagem. Eu queria pega-la de surpresa, evitando que ela me desse uma de suas engenhosas desculpas
Tudo estava tranqüilo na Cullen publicidade, empregados correndo como loucos na tentativa de se sobressaírem, fazendo a empresa lucrar milhões. Nada que me surpreendesse. Não consegui passar despercebido e as pessoas me cumprimentavam, não escondendo a surpresa ao me verem. Não fiz questão de bancar o educado, como havia aprendido com Bella nos últimos tempos, não cumprimentando a ninguém. Com passos pesados, segui para os elevadores usados por funcionários de baixo escalão, sabendo que dessa forma eu conseguia passar pelo andar onde Bella trabalhava quase despercebido.
Meu corpo protestava, cansado pela maratona pelo qual eu o submetia, mas eu o ignorei. Minha mente trabalhava a mil, conspirando contra o bom senso, elaborando teorias absurdas a fim de explicar o que acontecia com a minha mulher. Até o nome do odiado Jacob surgiu na minha mente, mas tentei sufocar aquela loucura. Bella sendo infiel comigo? Não tinha como isso acontecer!
A cada passo que eu dava em direção ao espaço onde ela trabalhava, sentia meu coração bater mais rapidamente. Eu estava praticamente ofegante quando alcancei sua pequena sala, mas não a encontrei. Heidi trabalhava de costas para mim, atenta demais a alguns gráficos que analisada. Eu tinha que dar crédito a essa funcionaria. Numa situação normal, longe das vistas de todos, um funcionário geralmente estaria em alguma rede social, ou no redtube.
–Onde Bella está? –Perguntei. Ela nem se dignou a olhar para mim. Desconfiava que estivesse tão absorva no trabalho ao ponto de não reconhecer minha voz.
–Deve estar no banheiro, vomitando. Cristo, como alguém consegue vomitar tanto todo santo dia! –Falou com descaso, os dedos movendo-se freneticamente no teclado. E eu quase enfartei com suas palavras despreocupadas.
–O QUE? –Meu grito perguntado a tirou da letargia e Heidi virou-se, encarando-me.
–Senhor Cullen! –De tão espantada que ela ficou, eu poderia jurar que a pele de Heidi estava ficando da cor do vestido branco que trajava. Não que eu ligasse para isso.
Sai em disparada até o banheiro feminino, empurrando quem ousasse ficar no meu caminho. A raiva me dominou, assim como uma preocupação doentia. Ela dissera que estava bem, o chefe do setor contábil não notou nada estranho! E o que era pior: Bella mentiu para mim. E se o seu descaso com a saúde e constantes mentiras quando eu tocava no assunto tivessem agravado sua saúde? Eu não iria me perdoar e não a perdoaria por se colocar numa situação de risco!
Chegando ao toalete feminino, ouvi uma pessoa falando e outro barulho que soube identificar. Alguém estava vomitando. Fui até um Box, o primeiro, e lá encontrei o que procurava. Bella estava jogada no chão, vomitando no vazo, e Angela estava em pé ao lado dela, afagando suas costas.
–Bella, já chega! Você terá que ir a um hospital, não importando se não têm em mãos os resultados do exame que fez! –Esbravejava Angela enquanto tentava acudir minha esposa. E eu explodi, bem como eu temia.
Entrei rapidamente, assustando Angela. Eu a empurrei para o lado, tentando não ser muito bruto. Bella sequer ergueu o rosto do vaso quando ouviu o barulho de alguém se aproximando, embora não vomitasse mais. Estava fraca, estava pálida, soava frio e parecia tão... Tão debilitada! E eu soube ao olhá-la que ela não melhorou desde a minha partida, muito pelo contrário. Ela mentiu para mim esse tempo todo, mentiu até para o seu chefe, fingindo estar bem.
Ajoelhei-me próximo a ela, colocando uma mão em seus cabelos. Bella pareceu me notar e uma expressão de dor cruzou o seu rosto. Ela havia sido pega na mentira, como temia. Tenho certeza que no meu rosto estava evidente a decepção e raiva que sentia por ter me enganado.
–Desculpe-me. –Murmurou. Ignorei suas palavras.
–Só irei perdoá-la se o mal que a aflige não se agravou. Se o seu descaso e enganação comprometeram sua saúde, Bella, não espere pelo meu perdão. –Fui duro, até cruel, com ela e percebi o quanto minhas palavras a estavam magoando. Mas não consegui ser bonzinho como deveria.
Eu a peguei nos braços, procurando ser cuidadoso. Bella não se opôs dessa vez, tenho certeza que não conseguiria ficar de pé mesmo que quisesse.
–Angela... –Chamei a garota que ficou o tempo todo por lá, aparentando preocupação. –Ligue para o ramal do transporte e diga para disponibilizarem um carro com motorista pra mim. No estado em que Bella se encontra, será melhor levá-la a um hospital e não deixá-la ser atendida no centro médico da empresa.
–Claro senhor Cullen. –Ela saiu como um tufão enquanto eu caminhava lentamente com Bella nos braços em direção a saída.
–Espere. Preciso lavar minha boca. –Bella pediu e pude detectar o esforço que fazia para falar normalmente. Eu a deixei perto da pia, apoiando-a. Após higienizar a boca, tentou caminhar sozinha, mas não lhe dei espaço. Mesmo com os seus protestos eu voltei a carregá-la. Murmurou algo sobre ser desnecessário tratá-la como uma donzela, tentando, supus, causar humor e desfazer minha carranca, mas ela não obteve êxito. Ficamos calados durante todo o trajeto e Bella aninhou seu rosto na curva do meu pescoço quando notou que todos por quem nós passávamos olhavam com curiosidade para ela.
Angela nos esperava ao lado do motorista quando chegamos à garagem pelo elevador executivo. Murmurei um obrigado enquanto passava por ela, entrando na Mercedes preta cedida pela garagem.
–Vamos ao hospital mais próximo. –Ordenei ao motorista assim que ele entrou no carro, após abrir e fechar as portas para Bella e eu. Procurei ajeitar minha mulher o mais confortável possível nos meus braços, fazendo-a sentar-se no meu colo e esticar as pernas no banco. Ela continuou com o rosto aninhado no meu pescoço e senti sua respiração um pouco mais pausada.
–Como está se sentindo amor? –Perguntei, colocando uma mão em seu rosto e acariciando-o com as pontas dos dedos.
–Estou melhor. –E sua fala fraca me deu mais uma vez a certeza que mentia para mim.
–Mentirosa. Só irei acreditar agora na palavra de um profissional. –Fiz o possível para falar mansamente com ela, mas minhas palavras devem ter dado a Bella a ideia de que eu ainda estava aborrecido com ela.
–Ainda está bravo comigo? –Perguntou temerosa. Sorri. Beijei-lhe a testa enquanto meus braços a apertavam mais contra mim. Apesar de estar chateado com sua atitude, eu não me via capaz de destratá-la.
–“Chateado” é a palavra que melhor classifica o que eu estou sentindo com relação a você, mas não estou com raiva. Não da forma que você pensa, pelo menos. No fundo eu estou mais aborrecido comigo mesmo por ter deixado você após o seu mal estar inicial. Eu deveria ter percebido que aquilo não era algo fácil de ignorar. –Suspirei, sentindo a responsabilidade como esposo me oprimir. Mesmo com o tempo juntos, eu ainda era um patético garoto brincando de casinha, não reconhecendo as reais necessidades da minha mulher.
–Não é culpa sua, eu... –E qualquer outra coisa que Bella diria foi sufocada por uma nova onda de náusea. Eu a vi ficar ainda mais pálida do que antes e me desesperei. Enquanto ela praticamente desfalecia nos meus braços, gritei para o motorista se apressar. Eu estava com medo, com tanto medo! E me perguntava freneticamente se essa era mais uma punição divina pelos meus crimes, fazer com que eu perdesse a única coisa que havia me restado. Eu esperava sinceramente que Deus não fosse tão vingativo.
...
Eu estava um caos. Esperava, sentado numa cadeira desconfortável, na sala de espera do hospital a oportunidade de ver Bella. Ela estava em algum lugar sendo examinada pro um médico e, como eu estava muito agitado, fui obrigado a esperar longe dela. Batia os pés no chão, estalava os dedos, levantava e caminhava para lá e para cá, mas nada dos meus subterfúgios pareceu aplacar o nervosismo. Por fim, após esperar quarenta e cinco malditos minutos, o médico que a recebera se dignou a aparecer.
–Senhor Cullen?
–Onde ela está? –Perguntei apressado assim que eu o vi. O senhor, que devia ter mais de cinquenta anos, falou calmamente.
–Ela está em um apartamento recebendo soro. Está muito fraca e precisará ficar aqui em observação até eu ter os resultados dos exames que ela solicitou em outro hospital. Acredito que, dependendo do que ocorrer amanhã, ela poderá ser liberada rapidamente.
–Ela está melhor? O que ela tem afinal? Sei que não tem os exames dela em mãos, mas deve ter uma ideia do que minha esposa tem.
–Bem senhor Cullen, não posso dar um diagnostico assim. Mas se é para aliviar a sua tensão, saiba que eu não acredito ser algo grave. Sua esposa me disse que trabalha demais e tem se alimentado pouco. Pode ser apenas uma fraqueza.
–E se não for? Para mim esse é um diagnostico fraco demais. Entenda, Bella esteve vomitando por varias semanas. Eu não acho que isso seja apenas fraqueza. Eu imploro doutor, faça todos os exames, repetidas vezes. Se preciso for mantenha ela aqui confinada, minha mulher é negligente demais com a sua saúde. –Eu implorava com uma aflição gigantesca saindo por cada poro da minha pele.
–Não se preocupe senhor Cullen. Nós faremos o possível para a sua esposa melhorar. Novamente eu peço paciência, para dar um diagnostico mais preciso eu necessito dos exames. O hospital onde ela os realizou mandará para o e-mail desde hospital e para o meu e-mail pessoal os resultados. Solicitamos em caráter de emergência. Parece que sua esposa fez exames de sangue, urina e fezes. Além, é claro, de um exame de gravidez.
E as palavras do bom médico, ditas casualmente, me paralisaram por completo.
–O que? Gravidez? –Perguntei espantado. De todas as teorias que surgiram na minha cabeça a respeito do mal estar de Bella, nenhuma me passou pelo tópico gravidez.
–Por isso peço que se acalme senhor Cullen. Pela conversa que tive com sua esposa e levando em consideração o atraso no seu ciclo menstrual e os sintomas relatados por ela, eu acredito que há uma grande possibilidade de ela estar...
–Onde ela está agora? Eu quero vê-la. –Eu estava chocado. Chocado comigo mesmo por não ter pensado nessa possibilidade e por que... Bem... Por que Bella certamente desconfiava dessa hipótese, mas não me disse nada. O doutor sorriu de um jeito simpático para mim e começou a caminhar pelo corredor, pedindo-me para acompanhá-lo. Recomendou que eu não perturbasse a paz da minha mulher e eu concordei. De forma alguma eu iria aborrecê-la, deixando-a mais frágil do que já estava. Quando cheguei ao quarto, ele me deixou ficar a sós com Bella.
Após passar por uma pequena ante-sala, entrei no quarto onde ela se encontrava. Bella estava deitada, recebendo soro, e uma enfermeira estava verificando se estava tudo OK com ela. Quando me viu, a mulher saiu, cumprimentando-me. Retribui o cumprimento e segui até uma pequena poltrona, ao lado da cama. Foi lá que eu me sentei e o barulho que eu produzi fez Bella abrir os olhos.
–Acordei você? –Perguntei, examinando-a atentamente. Ela parecia menos pálida, constatei com felicidade. Ainda sim seu estado era preocupante. Parecia abatida.
Bella sorriu e eu sabia o quanto aquilo parecia custar a ela.
–Não estava dormindo. Eu não iria dormir antes de ver você. Eu estava preocupada. Você parecia tão aflito, tão desesperado que... Eu sinto muito por tornar as coisas mais difíceis para você, amor. Não era a minha intenção. Eu só gostaria... Bem... Você já tem muito com o que se preocupar. Eu não queria trazer nenhum aborrecimento para você. –E vi, naqueles breves instantes, a Bella com quem eu me casei. Uma pessoa absurdamente altruísta, que estava disposta a se sacrificar para garantir a tranqüilidade dos outros. E era por isso que eu vivia preocupado com ela, observando-a por que eu sabia que ao menor sinal de problema Bella não se abriria comigo.
–Bella... –Sacudi a cabeça, irritado com o seu jeito de pensar. Excluir-me de sua vida não me parecia um bom modo de não me deixar preocupado. Levantei da poltrona onde estava sentado e sentei na cama, de frente para ela. Toquei seu rosto, acariciando-o com a ponta dos dedos. –Bella, eu sou o seu marido. Preciso saber de tudo a seu respeito. Coisas boas ou ruins, não importa. E preocupado, uma vez que esconder as coisas de mim não é solução para não me deixar livre de problemas. Acabo ficando ainda mais preocupado e aborrecido por você não me contar o que se passa com você.
–Edward, eu... –Ela balbuciou, querendo encontrar uma desculpa para justificar suas ações. Eu a silenciei ao colocar um dedo nos seus lábios, para depois segurar seu rosto entre minhas mãos.
–Bella, você é o centro do meu mundo. Tudo está abaixo de você na minha vida. Eu posso não saber o que se passa vinte e quatro horas com você, mas sei quando algo está errado. Não me contar me magoa, pela falta de confiança que você parece ter de mim, e me perturba. Não me esconda nada. Não minta para mim. Quero saber de tudo ao seu respeito e preferiria saber por você e não por terceiros. –Inclinei-me para beijá-la no rosto, nos mais diferentes lugares. Bella riu enquanto eu a cobria de beijos.
–Você me promete que não fará algo como isso novamente? –Pedi, atacando-lhe os lábios até deixá-la sem ar.
–Isso é coação. –Bella disse entre um beijo e outro. –Está jogando sujo.
–Eu nunca joguei limpo em toda a minha vida, não será agora que mudarei meus hábitos. Prometa-me. –Pedi. Após um longo suspiro, Bella assentiu vencida. –Assim está ótimo.
Um silêncio confortável se instalou entre nós. A pedido dela, eu me aconcheguei junto a ela na estreita cama. Bella deitou-se em meu peito, abraçando-me. Eu a puxei para mim, em um abraço frouxo perto do que eu gostaria. Ela ainda não estava bem e eu não abusaria.
–O médico disse que você ficará em observação aqui. –Eu disse após um tempo.
–Ele me falou. Não gostaria. Meu trabalho vai acumular.
–Você sempre focada no trabalho. Não se preocupe, Heidi poderá cobri-la e posso contratar alguém para ficar no seu lugar temporariamente. O mais importante é cuidar da sua saúde. –Acariciei o braço que me envolvia com a ponta dos dedos, suavemente.
–Eu não acho que vá me ausentar por tanto tempo. Acho que ficarei aqui até amanhã, no máximo. Não precisa contratar ninguém. Posso até fazer o trabalho aqui, bastaria que você trouxesse o meu laptop e...
–Nada de trabalho! Você vai atender as recomendações do médico e eu também estarei de olho para garantir que você descanse. –Beijei sua testa.
–Terei dias divertidos. Que ótimo. –Mas pela sua expressão facial, ela não parecia achar ótima a sua situação. Para alguém tão ativa quanto Bella sempre foi, deveria ser um martírio ficar parada. Outro assunto mais urgente passou pela minha cabeça e fiquei surpreso por não saber como falar a respeito dele, mas eu precisava fazê-lo.
–Conversei um pouco com o médico que a atendeu. Ele está esperando o envio de exames que você fez em outro hospital para dar um diagnóstico preciso. Quando você fez exames? –Comecei, esperando tocar no tópico “gravidez” mais tarde.
–Uns dias atrás. O enjôo não cessava, apesar de eu ter cuidado impecavelmente da minha alimentação, e eu me sentia muito fraca. Eu esperava receber os exames e cuidar do meu problema antes de você chegar.
–Por isso você não parecia animada com a possibilidade de eu chegar mais cedo?
–Sim. Edward, eu não queria preocupá-lo. Mas as coisas saíram do meu controle no final das contas. Eu sou péssima quando se trata de planejamento.
Eu quis rir. Havia pensado tanta bobagem pela postura de Bella quando disse que voltaria mais cedo! Cheguei até a pensar que ela poderia estar tendo algo com Jacob. Que absurdo!
Novamente perdi o rumo que eu queria chegar com minha esposa, mas não me senti encabulado para tocar no assunto desta vez.
–Ele me falou também da possibilidade de você estar grávida. Isso explicaria os seus sintomas, incluindo o atraso no ciclo menstrual que eu não sabia. –Senti Bella enrijecer nos meus braços. Voltei a acariciá-la, querendo conter aquela tensão toda.
–Ah. Isso. E então? –Embora a pergunta feita por ela tivesse um tom casual, senti que a coisa preocupava Bella de um jeito que eu não compreendia.
–Você chegou a fazer o exame no outro hospital, não é? Então suspeitou também de uma gravidez. Se antes eu achava que você tinha que me contar, agora... Esse é um dos assuntos mais importantes na vida de um casal, sabia?
–Eu pretendia contar antes que o meu mal estar não passava. No entanto, quando fui me consultar e o médico que me atendeu especulou isso e sugeriu o teste de gravidez, eu fiquei sem fala. Achei melhor ter certeza antes de dizer qualquer coisa a você.
–Não estava cobrando uma certeza. Bella, deveria simplesmente ter me contado. –Extravasei um pouco da frustração que sentia por ter sido colocado de lado em assuntos tão importantes. E isso a deixou triste.
–Eu temi sua reação. –Confessou, encolhendo-se mais nos meus braços enquanto evitava me olhar.
–Como assim? Achou o que? Que eu ficaria bravo ou algo assim? Por um acaso se esqueceu que fui sempre eu a insistir para suspender os anticoncepcionais e deixar as coisas acontecerem naturalmente?
–Eu sei disso Edward, mas eu não consegui deixar de me preocupar. Embora você tenha me pedido antes para termos um filho, eu achei que a ideia poderia não ser mais atrativa para você se eu de fato estivesse grávida. Afinal de contas você não tem o perfil de alguém que gosta de crianças.
–Não importa se gosto ou não de crianças. Pode ter certeza que eu amaria um filho meu com você. –Chateado é uma palavra muito vaga para nomear o que eu senti quando Bella esclareceu o porque de sua preocupação acerca da minha reação. O que ela esperava? Que eu a abandonasse e a trocasse pela primeira mulher que passasse diante de mim? Ela já devia me conhecer bem e saber o quanto eu havia mudado. Todavia eu não poderia culpá-la pelas suas preocupações, afinal de contas o passado poderia ser perdoado, mas não esquecido.
–Eu sei disso. Agora eu sei. –Ela murmurou, evitando o meu olhar. Eu a abracei apertado, ignorando temporariamente sua condição frágil. Relaxei ao sentir o calor do seu corpo penetrando as minhas roupas e lambendo minha pele como a mais suave das caricias. Embriaguei-me com o seu perfume de lavanda, que penetrava minhas narinas com violência e se fixava em meus sentidos. Mesmo com toda a conversa que tivemos em que eu deixava claro o quanto queria ser pai, fiz questão de dizer mais alguma cosia a fim de tranquilizá-la.
–Eu sempre estarei aqui por você e, se o resultado dos exames for positivo quanto à gravidez, eu estarei por vocês. –E eu sabia, antes mesmo de ver o resultado, que Bella estava grávida. Eu poderia perceber com mais clareza a diferença. Bella certamente também percebera. Quase como uma energia em torno dela que a modificava física e psicologicamente.
Após me agradecer pelas minhas palavras, rapidamente Bella adormeceu, exausta pelo dia conturbado. Cancelei todos os meus afazeres, descobrindo horas mais tarde que Aro já estava na empresa e me cobriria. Ignorando o cansaço, a fome e a louca vontade de tomar um banho, permaneci no hospital, não querendo deixar minha mulher um minuto sozinha. Deitei em uma esteira de couro preta ao lado da cama, mais desconfortável do que eu previa, mas não protestei. O mais importante era ficar ali, conclui.
Em um dado momento durante a noite, Bella levantou, indo até mim. Acordou-me suavemente, convidando a deitar ao seu lado. Não queria causar nenhum desconforto a ela e teria recusado se as minhas costas não estivessem protestando pela posição desconfortável em que estivera. Decidi acatar o seu pedido, satisfeito por ficar deitado abraçadinho com ela, e rapidamente adormeci.
...
–... O quadro anêmico é preocupante e, por mais que não permaneça aqui no hospital, peço prudência na hora de se alimentar, lembrando-se sempre de descansar bastante. Para tanto recomendarei uma consulta a um nutricionista e algumas vitaminas a fim de reverter esse quadro. Quando ao exame de gravidez, foi atestado que de fato está esperando um bebê, senhora Cullen. –O médico falou com brandura, naquele estranho jeito profissional de sua classe. Bella e eu estávamos sentados na cama dela, olhando atônicos para o senhor. Ele não entendia que aquela noticia era de suma importância para nós dois e muito possivelmente iria mudar de forma irreversível nossa relação. Não que fosse piorar como acontece com a maioria, absolutamente.
Eu poderia ver o quanto ficaríamos mais próximos, agora que um laço inquebrantável nos uniria. Sorri internamente com o quadro que minha mente pintou daquela situação toda. Bella, minha mulher, minha amiga, meu mundo, acomodando no ventre um ser metade ela e metade eu.
Um som de bip nos despertou da letargia. O médico liberou Bella, pedindo-me para ir a sua sala pegar os exames, o contato de um nutricionista e de um ginecologista para minha mulher fazer o pré-natal, além de uma receita para algumas vitaminas. Fizemos tudo que havia sido pedido. Bella estava incomumente quieta. Tentei a todo custo mante-la falando, mas lá pelas tantas desisti de tentar fazê-la falar. Claro que não me conformei por muito tempo com aquela sua postura. Ao chegarmos em casa no final da tarde, e depois de ligar para minha secretária, pedindo para ela adiar meus afazeres, acompanhei Bella até o nosso quarto.
–Marcarei para amanhã uma visita ao ginecologista e ao nutricionista recomendados pelo médico. Você deve comer coisas mais saudáveis a partir de agora, junto com as vitaminas que o médico receitou. E você deveria se ausentar do trabalho por alguns dias até o seu quadro anêmico...
–Edward, eu não quero deixar de trabalhar. Não estou doente! –Em sua voz pude detectar certa irritação. Eu a vi caminhar até a cama e deitar de qualquer jeito.
Respirei fundo, tentando planejar o que eu diria. Não era natural alguém que acaba de descobrir que será mãe estar tão ranzinza. Sentei ao lado de Bella na cama e a olhei quando falei.
–Meu amor, o que houve? Você está estranha desde o resultado dos exames. –Acariciei seus cabelos, exigindo de forma bem sutil sua atenção. Ela suspirou pesadamente e me olhou.
–Não sei o que pensar de tudo isso. Eu nunca pensei em ser mãe. Não me sito preparada.
–Não se nasce preparado para algo como a paternidade, anjo. Mesmo que você queira um filho e faça vários cursos, ainda sim só aprendemos quando... –Ela levantou- parecendo estar com raiva. Eu me calei.
–Eu não sei Edward. Eu estou tão confusa! Eu estou com medo, medo de não ser uma boa mãe. Medo de... –Levantei, segurando gentilmente o rosto de Bella entre as minhas mãos.
–Eu estou com você. Eu vou cuidar de tudo. Não há por que temer nada. –Falei com seriedade, tentando conter o pânico que parecia crescer a cada instante nela. Os batimentos cardíacos acelerados e a respiração irregular foram se acalmando à medida que eu acariciava seu rosto. Ela me abraçou, aconchegando-se confortavelmente nos meus braços.
–Está mais calma? –Perguntei. Ela assentiu. –Eu amo você. –Confessei, arrancando assim um sorriso e olhos lacrimejantes dela.
–Se me ama mesmo, então me beija. –Pediu. Não precisei de mais uma palavra. Inclinei-me em sua direção e tomei seus lábios com calma, para depois beijá-la com avidez, deixando claro o quanto eu estava faminto por ela. Bella correspondeu perfeitamente aos meus anseios mais primitivos, tentando me despir com a mesma rapidez que eu a despia. Os dias passados longe dela pareceram pesar e me cegar. Foi só quando estávamos completamente nus, deitados em nossa cama, que eu lembrei o quão frágil ela se encontrava. Afastei-me dela, tirando suas mãos de mim.
–Melhor não. Você acaba de voltar do hospital. Não está bem. –Eu fazia isso por ela, mas admito que me custaria muito parar. Eu estava em chamas. Senti os dedos dela tocando meu peito, acariciando-o, e perdi o fio da meada. –Assim você dificulta as coisas pra mim... –Minha voz era apenas um sussurro.
–Basta fazermos com calma. Eu preciso disso. –E algo no modo como falou o quanto precisava de mim fez com que eu percebesse... Percebesse que não poderia simplesmente negar. Bella estava fragilizada física e emocionalmente e eu tinha que me doar por inteiro para suprir todas as necessidades dela, como ela fizera comigo quando o meu mundo caiu após as mortes de Alice e Jasper.
–Tudo o que você quiser. –E voltei a amá-la como ela merecia, como eu desejava, como sempre ocorreria enquanto existíssemos.
Algumas semanas depois...
–Ora, que surpresa! Parece que teremos duas crianças ao invés de uma. –O médico falou enquanto olhava o ultrasom 3D. Nós, que até então olhávamos abobados para o nosso filho, ficamos atônicos. Não era um e sim dois.
O médico olhou para nós para depois ficar os olhos em mim, que estava sentado ao lado de Bella enquanto segurava sua mão, e eu só pude dizer...
–Hmmm... Legal.
Mais algumas semanas depois...
A senhora Slater estava incrivelmente estressada comigo. Eu andava a cada dia mais relapso com o meu trabalho. Se não fosse por Aro me auxiliando, mais o diretor executivo, a empresa provavelmente perderia seus clientes. Mas é como o sábio Steve Jobs diria: Foda-se!
–Juro por Deus, eu não sei escolher roupas para os bebes. –Bella disse ao meu lado, olhando para a quantidade absurda de roupas de bebes masculinas e femininas trazidas pela gerente da loja. Sim, teríamos um menino e uma menina.
Bella já estava com quase seis meses e, por isso, uma barriga imensa. As dificuldades de toda a ordem nos atormentavam, mas já estávamos tirando tudo de letra. Li incontáveis livros, fiz cursos com Isabella e a acompanhei em todas as suas consultas.
Bella tentou trabalhar enquanto pôde, mas logo não deu, fruto de uma gravidez de gêmeos. Por isso eu fiquei mais em casa, assim como Magdalena e Eli. E assim tentávamos seguir com as nossas vidas, preparando-nos para a chegada dos rebentos.
–Ai! –Bella largou a roupinha que segurava e pôs a mão na barriga. Eu levantei do banquinho onde estava sentado e fiquei lado a lado com ela.
–O que foi? Está passando mal? –Perguntei assustado. Ela capturou a minha mão e pôs na barriga, por cima do vestido florido que usava.
–Fique parado. –pediu, procurando não se mexer. Eu acatei seu pedido e tentei me concentrar em algo. Senti, instantes depois, dois chutes de dentro para fora. Era um de nossos filhos.
–Ah meu Deus... –Coloquei minha outra mão e logo senti mais chutes. Eu sabia da existência deles, havia visto seus rostos no ultrasom, mas aquilo era como tornar o papel de pai que logo eu faria muito mais real.
–Essa é a primeira vez que eles chutam. Nossa. Que bom que eles escolheram um dia quando o papai estava por perto. –Ela olhava fixamente para o chão, com suas mãos em cima da minha, e sorria. Fiquei feliz e satisfeito com a sua reação. Nas duas primeiras semanas, Bella estava dispersa e parecia preocupada. Foi preciso paciência e muito amor para livrar o medo de ser mãe dela. Agora ela parecia mais confortável com a ideia.
–Eu os imagino nos nossos braços às vezes. Se eu já fico mexido com os chutes, imagina quanto tiver os dois nos braços? Provavelmente eu serei um pai babão. –Olhei para Bella e rimos juntos. Éramos tão jovens! Crianças prestes a terem os seus bebes. E mesmo assim, mesmo com o medo do novo, nós nunca havíamos nos sentido mais felizes.
Sexto mês completo
–Sério?
–Sim. Quero que os nomes dos nossos filhos sejam Alice e Jasper. –Bella insistiu.
A essa altura estávamos deitados em nossa cama. Ela estava ditada de lado e eu colado as suas costas a envolvia com um braço, acariciando sua barriga.
–Não precisa fazer isso por mim. Escolha os nomes que desejar. –Beijei sua têmpora esquerda.
–Gosto dos nomes e quero fazer essa homenagem. Eles nos ajudaram tanto! Já que não estão aqui para serem os padrinhos, eu quero fazê-los participar de certa forma da vida dos nossos filhos. –Ela virou-se um pouco e me olhou. Percebi o quanto aquilo era importante e concordei. Após dar um beijinho de boa noite nela e na protuberância que era sua barriga, adormecemos.
Sétimo mês de gestação
Eu acordei com gemidos, quase gritos.
–EDWARD! –Alguém me sacudia. Despertei assustado e quando a vi ao meu lado na cama eu fiquei ainda mais assustado do que estava.
Bella arfava e o edredom que a cobria havia sido afastado. Eu vi que abaixo da sua cintura estava molhado e, misturado a água, existia sangue.
–MERDA! –Levantei num átimo, caindo no chão. Recuperei-me rapidamente, pegando a bolsa do bebe, preparada por Bella dias atrás, um casaco longo para ela e uma jaqueta para mim. Vesti a jaqueta e levei o casaco para ela, erguendo-a nos meus braços e envolvendo seu corpo com ele.
Enquanto pegava as chaves do carro, meu celular e minha carteira com os nossos documentos, olhava para Bella. Minha esposa estava pálida e as primeiras lágrimas rolavam pelo seu rosto. Eu me apressei em pega-la nos braços, tentando abrir as portas com uma mão quando podia, sem deixá-la cair.
–Eu vou perdê-los! –Ela entoava desesperada. –Eu estou sentindo!
–Está tudo bem! Eles ficarão bem! Você ficará bem! –Tentei acalmá-la, algo difícil, já que eu estava prestes a ter uma síncope.
Querer ganhar tempo sem assustá-la foi um desafio. Tentei ser rápido enquanto dirigia ao hospital sem causar nenhum estrago pelas avenidas. Liguei para o seu médico, avisando que algo estava errado. Ele me recomendou a levá-la ao hospital enquanto ele próprio iria para lá. A velocidade com que dirigi chamou a atenção de algumas viaturas, mas ao constatar minha situação, tive inclusive ajuda dos policiais que abriram caminho para mim.
–Preciso de ajuda! –Gritei ao entrar no hospital com Bella nos braços. Em questão de segundos alguns enfermeiros vieram em meu socorro, trazendo uma maca. Deitei Bella lá, desesperado por vê-la cada vez mais pálida e com uma careta de dor. A equipe prontamente a levou ao centro cirúrgico e não demorou ao médico que cuidara de Bella durante o pré-natal aparecer.
–Eu... Eu quero ficar ao lado dela. Por favor, deixe-me entrar. –Pedi. O bom doutor sorriu e me levou até uma sala para me preparar junto a ele para entrar.
Uma cesariana de emergência seria feita. Bella estava parcialmente consciente, sedada pelo médico para não sentir nada da cintura para baixo. Olhava-me agoniada, com lágrimas nos olhos. Embora não falasse uma única palavra, eu podia ver nos seus olhos o grito desesperado por ajuda. Ela sabia que algo estava errado e temia, assim como eu, que algo lhe acontecesse e aos nossos filhos. E, embora temesse, sabia que precisava me manter firme e passar-lhe segurança. Segurei forte sua mão e fiquei o tempo todo ao seu lado. Secava suas lágrimas com os meus lábios, entoando que tudo ficaria bem.
Planejei algo menos dramático para o nascimento dos nossos filhos. Iria, inclusive, gravar o momento. As coisas não saíram como eu gostaria, sequer poderia me distrair e olhá-los pela primeira vez, sendo retirados do ventre de minha esposa pelo obstetra. Com Bella em pânico, apesar de todo medicamento intravenosa que recebeu, eu não poderia me afastar um milímetro sequer. Ela precisava de mim, demais, e eu ficaria ao seu lado até tudo estar acabado e ela estar bem. Por dentro, no entanto, havia uma parte de mim que desejava estar com meus filhos, ver o momento do nascimento e saber de antemão se estavam bem.
–Edward... –Bella parecia mais e mais grogue, a ponto de desmaiar. Aquilo me assustou. Eu não queria ficar sozinho naquela terrível situação. Precisava demais dela ali comigo.
–Amor, fica comigo! Vamos! –Minha voz, embora sussurrada, tinha uma urgência tremenda. Acariciei repetidamente seu rosto, tentando a todo custo mante-la acordada. Olhei, em pânico, para o obstetra. Ele me olhou de relance, ainda concentrado em salvar meus filhos.
–Mantenha sua esposa acordada. A placenta deslocou e causou uma hemorragia interna. Não será bom ela dormir por enquanto. –Ele disse, deixando-me atemorizado. Inclinei-me na direção do rosto dela, pedindo repetidamente para ela ficar acordada. Ela obedeceu, fixando seus olhos castanhos nos meus e uma tranqüilidade pareceu tomá-la. Eu só desviei os olhos de Bella quando o médico e manifestou.
–Os bebes devem ir à incubadora; parecem estar bem. Acredito que o deslocamento da placenta não os afetou, e isso tudo por que o senhor Cullen foi rápido em socorrê-la.
Afastei-me um pouco de Bella, vendo duas enfermeiras levarem rapidamente meus filhos. Nem tive tempo de olhá-los como gostaria. Uma equipe de profissionais cercou Bella, trabalhando nela agora. Eu me mantive um pouco afastado, não querendo atrapalhar. No entanto, não agüentei simplesmente ficar afastado e capturei a mão de Bella, que não exercia nenhuma pressão na minha como antes.
Depois de incontáveis minutos, dos quais senti meu coração se apertar a cada fraco inspirar dos pulmões de Bella, acabou.
–Está tudo bem agora. Graças a Deus. –O médico parabenizou a equipe que o ajudara.
–Ela vai ficar bem? –Perguntei. O bom doutor sorriu para mim.
–Ficará bem. Vamos levá-la ao CTI para ficar de observação por um tempo. Os bebes ficarão na incubadora para ganhar peso, já que são prematuros. Farei alguns exames, a fim de comprovar se houve algum dano com o que acontecera a eles. Vamos indo, senhor Cullen.
–Eu quero ficar aqui com eles. Diga que posso ficar ao lado da minha mulher e ver os meus filhos depois! –Implorei.
–Tudo ao seu devido tempo. Por hora eu recomendo que vá a sua casa, descanse um pouco, coma algo se desejar e tome um banho. Volte aqui pela manhã, aproveitando para trazer os pertences dos bebes e da mamãe.
Fui conduzido a um local onde eu poderia tirar a mascara, a touca e o avental que o médico me forçara a usar. Tentei convencê-lo a me deixar ficar, mas ele se mostrou irredutível, recusando até o suborno generoso que eu ofereci. Acabei acatando sua ordem, sabendo que Bella precisaria de algumas coisas quando acordasse.
Confesso que foi difícil voltar para casa e fazer as coisas cotidianas. Mesmo com o médico dizendo-me que todos estavam bem, eu não conseguia relaxar. Não descansei, apenas tomei um banho, vestindo qualquer roupa que encontrei no closet. Levei algumas coisas para Bella numa maleta, coisas como camisola de algodão, produtos de higiene pessoal e a câmera fotográfica para registrar os pequenos.
...
Dormi nos desconfortáveis bancos da sala de espera enquanto aguardava a chance de ver minha mulher e filhos. Forcei-me a comer algo no refeitório, pois eu precisava estar bem para poder cuidar de minha família. Perguntei incessantemente pelo médico, ou alguém que soubesse de Bella e dos pequenos. Todos me ignoraram, apegando que apenas o médico poderia dar informações precisas. Teria saído a procura deles, se não tivessem um segurança em cada corredor no hospital. Eles provavelmente me barrariam.
Lá pelas tantas a minha secretária ligou, preocupada com o meu atraso. Após explicar a situação, consegui deixar a cargo de Aro os compromissos que estavam destinados a mim. Com a empresa em boas mãos, eu poderia me concentrar apenas na minha família, o que me causava muito mais angustia.
–Senhor Cullen, por um acaso dormiu aqui? –Uma voz arrancou-me dos meus devaneios. Ergui o rosto e vi o médico que estava cuidando de Bella. Ele tinha uma expressão cansada no rosto desgastado pela idade, provavelmente não dormiu muito, mas estava com outras vestimentas e cabelos molhados.
–Eu apenas fui até a minha casa pegar algumas coisas e tomar um banho. Não consegui ficar lá. Vim imediatamente para cá. Mas isso não importa. O senhor tem alguma noticia deles? Quero muito ver todos!
–Deixei uma equipe de olho nos seus filhos e em sua mulher, senhor Cullen. Como não recebi nenhuma ligação, acredito que eles estejam bem. Fiz alguns exames em seus filhos durante a madrugada e eles estão bem. Estão com pouco peso e precisarão ficar na incubadora por um tempo.
–Que bom que estão bem! Eu posso vê-los? –Meus olhos suplicavam para o médico, que não resistiu ao meu pedido. Ele devia ser pai e compreendia que seria desumano me negar tal pedido.
–Smi, por alguns instantes. Vamos prepará-lo e então poderá ver seus filhos. Acompanhe-me. –Eu o segui ansioso. Tudo era tão novo para mim! Eu ainda me sentia como uma criança prestes a ganhar o brinquedo que pedira ao papai Noel. Não sabia se eu seria um bom pai, se conseguiria não cometer os mesmos erros do meu pai, se eu teria forças para superar todos os obstáculos. Ainda sim as preocupações pareciam tão pequenas perto da ideia de ter nos meus braços os meus filhos, uma parte minha e de Bella. Eu já os amava antes mesmo deles terem alguma consciência, dos braços e pernas serem formados ou deles terem um nome. Era algo estranho, não pensei que poderia amar alguém além de Bella.
E eu soube disso quando os vi, após me preparar em uma sala próxima do berçário, dentro de duas incubadoras, uma ao lado da outra. Eu quase não consegui vê-los por estarem cheios de tubos, algumas ataduras e fios, mas o médico me tranqüilizou acerca daquela imagem, alegando que tudo aquilo era para melhor monitorá-los.
Primeiro fui ver Alice, a nova princesinha da casa. Pude ver alguns fios de cabelos no tom acobreado dos meus cabelos no topo de sua cabecinha. Era tão branca e parecia tão frágil que temi machucá-la caso tocasse. Mesmo assim me enchi de coragem e, após as instruções do médico, consegui erguer a mão, passando por uma pequena fresta na incubadora, para tocá-la. Assim que rocei m dedo na mão daquela pequenina garota, ela o fechou com sua mãozinha, sem nenhuma força. Ela devia estará acordada.
–Hei... –Eu a chamei baixinho, sentindo a voz travar. –Eu sou o seu papai. Mamãe está descansando, mas logo ela vai estar aqui com você.
Um choro ao lado chamou minha atenção. Era baixo, mas o suficiente para desviar a atenção da pequena Alice. Meu outro filho, Jasper, estava inquieto. Isso não era bom. Uma enfermeira postou-se ao lado da incubadora, verificando seus sinais vitais. Aparentemente estava tudo bem, mas ele continuava a se mexer, fazendo barulhos semelhantes ao choro. Eu me virei para ele agoniado.
–O que ele tem? –Perguntei a enfermeira que estava tentando ajudá-lo.
–Não sei, aparentemente está tudo bem. Chamarei o médico. –Ela saiu do lugar e me deixou ali, sem saber o que fazer com o meu filho. Pretendia chamar outra enfermeira que estava no berçário para ajudá-lo. Coloquei a mão a fim de tocá-lo e, quem sabe, acalmá-lo. Eu não gostava do avermelhado que parecia tomar todo o seu corpo devido ao esforço que fazia.
Quando eu o toquei, ele parou. Simplesmente parou de chorar. Senti um reconhecimento da parte dele, como se ele soubesse que a pessoa ali parada, que o tocava, era alguém que o amava muito; uma parte dele. Assim como fiz com Alice, estendi meu dedo até a sua pequena mão. Jasper o agarrou com menos força do que a irmã, puxando meu dedo em sua direção. Ele se aconchegou no meu dedo, usando-o como um travesseiro enquanto seu corpo estava de lado. Eu fiquei parado, atônico com a cena, e não me afastei quando o médico chegou junto à enfermeira que sairá.
–Ora, parece que alguém conseguiu acalmar o rapazinho. Acho que ele só queria colo, afinal de contas. –O doutor disse, postando-se ao meu lado.
–Isso é... Fantástico. –Balbuciei. Senti a garganta travar com uma emoção tão desconhecida e gostosa que eu senti.
–Sim, ser pai é fantástico. Agora que viu os seus filhos, vamos ver a sua esposa. –E eu fui, tão ansioso para ver Bella quanto estive para ver meus filhos. E ao vê-la melhor, ainda que desacordada, me deu a certeza de que as coisas ficariam bem.
...
–Senti um toque gentil nos meus cabelos, afagando-os. Minhas pálpebras tremeram e não demorou a eu despertar. A primeira coisa que vi foi um rosto em formato de coração, branco, lindo.
–Bella... –Afastei-me da cama onde minha cabeça estava repousada e sentei direito na cadeira em que estava sentado. Bella voltou a se recostar na cama, bem lentamente, com os orbes cor de chocolate fixos em mim. Olhou envolta, tentando reconhecer o local, pressupus.
–Isso é um hospital. –Sua voz estava rouca, também pudera ela estava adormecida quase dois dias.
–Não se lembra do que aconteceu para estar aqui? –Perguntei com brandura, capturando uma de suas mãos e segurando-as entre as minhas. Enquanto a mente dela trabalhava furiosamente, ficando mais e mais clara, senti suas mãos tremerem.
–Eles estão bem, não estão? Meus bebes... –Senti indícios de um choro e tratei de acalmá-la.
–Shhhh... Eles estão bem. –Beijei sua testa e mantive meus lábios lá. –Estão em uma incubadora para ganhar peso. –E minha palavras a relaxaram, como eu queria.
–Achei que fosse perdê-los. –Ela comentou e vi o temor estampado nos seus olhos cor de chocolate.
–Eu jamais permitiria que algo acontecesse a eles e a você. Eu já suportei perdas demais na minha vida. –Tentei afastar as lembranças dolorosas das ultimas quarenta e oito horas e me concentrar no presente. Bella estava bem e nossos filhos ficariam bem. Logo experimentaríamos a ideia de família feliz que desejávamos desde que a gravidez foi descoberta.
–Eu posso vê-los? –Ela perguntou. Sabia o quanto queria se certificar de que estavam bem, mas eles não poderiam ir até ela e Bella não poderia, por enquanto, ficar se movendo.
–Se quiser vê-los faça o possível para melhorar. –Ela assentiu, compreendendo minhas palavras. Voltei a beijá-la, desta vez na boca. Quando me afastei, ela afagou meu rosto.
–A quanto tempo estou aqui?
–Pouco mais de dois dias. Dormiu quase dois dias. Por quê?
–Você esteve comigo esse tempo todo. –Ela disse.
–Achou mesmo que eu os deixaria? Eu fiquei ao seu lado o tempo todo. O médico está chateado comigo, louco para que eu caia fora e pare de enchê-lo. –Ela riu com o que eu disse e ouvir sua risada era um balsamo para mim.
–Eu imagino o quão irritante você deve ter sido. Terei que pedir desculpas ao bom doutor pelo marido instável, preocupado e amoroso que eu tenho. –Mesmo sem forças, puxou-me para o circulo dos seus braços. Sem querer incomodá-la com o meu peso, deitei cuidadosamente eu seu peito, ouvindo as batidas tranqüilas do seu coração.
–Você me esculacha desse jeito, mas eu sei que me ama. –Falei um tanto emburrado.
–Amo sim. Claro que amo. –E sua confissão encheu-me de um sentimento tão edificante e caloroso que eu me senti, como em todos os outros dias, a pessoa mais afortunada da Terra.
...
–Bella, você está fazendo errado. –Comentei enquanto a via brigar com a fita que prendia a fralda descartável em Alice. Jasper já estava limpo e arrumado, dormindo no seu berço. Alice não parava de se mexer, erguendo os pequenos bracinhos na direção da mãe, Bella, que estava de pé diante dela.
–E você sabe fazer isso, senhor sabe-tudo? –Ela se afastou, cruzando os braços diante do corpo, desafiando-me. Eu sofri com malicia. Ela não sabia, mas nos meus intervalos no trabalho eu li todos os livros destinados a ensinar como cuidar de uma criança.
–Claro! Deixe-me mostrar. –Eu me aproximei de Alice e com incrível habilidade vesti minha filha calmamente e em menos tempo do que o esperado. Bella ficou boquiaberta.
–Tem alguma coisa que você não saiba, afinal? –Ela perguntou, ainda pasma com o me desempenho, pegando Alice nos braços e levando-a ao berço dela, cor de rosa, que ficava ao lado do berço de Jasper, cor azul.
–Sim. –Ao ouvir isso, ela deitou Alice no berço e se virou. Eu continuei. –Não sei ser imperfeito.
–Às vezes me pergunto por que eu casei com um homem tão narcisista como você. –O tom era leve, brincalhão. Ela não conseguia esconder a vontade de rir.
Eu me aproximei rapidamente dela, tomando-a nos braços.
–Mas eu sei: não existe um homem na face da Terra que a ame mais do que eu.
E ela acreditava. Assim como eu acreditava no amor que ela sentia por mim.
Se existia uma vida mais perfeita que a minha, eu estava pagando para ver.
Ps : Mais um passo pro fim :( Amanhã sim encerramos com o último extra ;) Esperamos que estejam curtindo esses últimos momentos. Um ótimo fim de domingo a tds e até mais nos coments. Bjs
3 comentários:
Lindooo!
Uma pena, eu fiquei aq imaginando como seria se Alice e Jasper n tivessem morrido no acidente, se t udo fosse um engano....aiai
Hooo..que capitulo fofo
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