FANFIC - O CONTRATO - CAPÍTULO 20

Olá Amores!!! Hoje vamos curtir o 20° capítulo de "O Contrato". Quer acompanhar a história desde o início?Clique aqui.



Um plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Bella é envolvida em um esquema criado por Edward Cullen acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Edward precisava casar para poder herdar a sua parte que lhe cabe na empresa do pai e, após seduzir Bella fazendo a mesma se casar com ele, mostra sua verdadeira face. Agora, casados, terão de enfrentar um casamento que é uma verdadeira farsa, mas será que Bella poderá transformar seu casamento em algo real e digno de conto de fadas?


Autora : Jacqueline Sampaio
Classificação: +18
Gêneros: Romance
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo




Capítulo 20



Bella pov’s


Desconfortável

Sim, essa palavra que definia muito bem como eu estava me sentindo agora, enquanto dividia o espaço do carro com Edward. Nunca, nem mesmo quando eu era invisível para ele, eu havia me sentido assim. Fiquei durante uns bons minutos na mesma posição: colada a minha porta olhando para a paisagem fora da janela. Só voltei à realidade quando uma música romântica soou dentro do carro. Edward havia ligado o aparelho de som. Não contei outra, desliguei o aparelho. Rapidamente voltei a minha posição original.

–Não gostou do CD que eu coloquei? Posso trocar por outro...

–Não quero ouvir musica alguma Cullen! –Falei o mais rispidamente que pude, mas por algum motivo eu já não conseguia ser tão severa com ele.

–Ok. Então vamos contemplar unicamente o silêncio. –Falou num tom divertido. Olhei de esguelha para Edward; ele parecia relaxado, feliz. Como eu odiava aquele semblante feliz!
Eu não queria pensar, mas olhando para ele foi inevitável lembrar. O seu cheiro, o seu calor, seus gemidos... Tudo estava cravado em mim, em meu corpo. Eu nunca conseguiria me livrar dele agora. Claro que isso não queria dizer que eu não iria tentar. O silêncio estava agradável, mas eu já imaginava que Edward iria rompê-lo.

–Você vai adorar a fazenda. É um lugar lindo e oferece muito entretenimento sadio. Alice provavelmente vai mantê-la ocupada o dia inteiro.

–Não estou indo para esse lugar para me divertir. Estou indo por que você impôs essa condição. Conversaremos assim que chegarmos lá e eu voltarei para a cidade.

–Bella, eu prometi que conversaria com você, mas não disse a que horas.

Virei-me para vê-lo. Eu estava bufando.

–COMO ASSIM? EDWARD CULLEN VOCE DISSE QUE...

–É pegar ou largar Bella! Eu só conversarei ao anoitecer com você. –Edward dizia tranqüilo. Eu queria esganá-lo por me colocar nesse joguinho dele.

–Por que está fazendo isso Edward? O que espera de mim enrolando-me desse jeito? –Perguntei. Edward a principio pareceu refletir, mas logo trocou a expressão vazia por um sorriso.

–Só quero que você conheça a fazenda. Não é todo dia que se tem tal oportunidade. –Falava num tom suspeitosamente tranqüilo. No entanto eu notei certa tensão nele. Desviei meus olhos para a janela do carro e foi naquele momento que eu vi. Quando olhei para aquele estabelecimento comercial me lembrei de um detalhe que até então eu havia ignorado: Edward e eu tínhamos transado sem camisinha.

–Edward, pára o carro.

–O que disse?

–Mandei você parar! Eu preciso ir a uma farmácia!

Sem me questionar, Edward deu a ré e estacionou em uma vaga livre em frente à farmácia. Saí rapidamente. Estava tão atarantada que não olhei para o carro para ver se Edward havia saído do veiculo também. Fui ao balcão e fiz o meu pedido. O farmacêutico me passou e segui para o caixa a fim de pagar pelo remédio e por uma garrafa de água. Após a compra, sai da farmácia e fui logo tirando o comprimido da caixa. Eu só o coloquei na boca quando estava dentro do carro. Edward me olhou atentamente.

–Pílula do dia seguinte. –Disse olhando para a caixa que estava dentro de um pequeno saquinho transparente em cima do meu colo.

–É claro! Caso não se lembre nós dois... –Parei. Não conseguia dizer a palavra. –Não usamos proteção. A última coisa que quero agora é engravidar de você. –Falei azeda. Edward calou-se. Não voltou a falar durante toda a viagem.

...

–Ah, vocês vieram! –Alice disse e me abraçou. Eu correspondi ao seu abraço timidamente.

–Oi Alice. Oi Jasper. –Eu os cumprimentei cordialmente. Jasper estava a alguns metros. Acenou para mim.

–Temos tanto a fazer! Mas antes vamos acomodá-los em um quarto. Eu já o preparei. –Alice acenou para dois empregados que, após nos cumprimentar, pegou nossas bagagens.

–espera Alice, eu não vou dividir um quarto com o Edward!

Alice olhou interrogativamente para mim e para Edward, que estava atrás de mim. Deu de ombros.

–Tudo bem. Mandarei que outro quarto seja preparado para você e sua bagagem será deixada lá. Eu já planejei todo o nosso dia! Começaremos com um passeio a cavalo pela propriedade. Troque de roupa, ok? –Alice seguiu para o interior da casa principal (que por sinal era majestosa) com Jasper ao seu lado. Os empregados pegaram nossas bagagens. Caminhei apressada deixando Edward para trás.

Eu queria colocar Edward na parede e exigir que conversássemos, mas de fato Alice procurou me manter bem ocupada. Começamos cavalgando pela propriedade e, como Edward havia dito, a fazenda era linda. Não tive problemas em cavalgar, minha avó materna era proprietária de uma chácara e lá tinha um cavalo. Aprendi a cavalgar no animal. Edward se manteve ao meu lado o tempo todo, às vezes puxava assunto comigo. Como não lhe dei espaço ele acabava ficando calado, amuado. Alice parecia alheia a nossa estranheza, falava de tudo sobre a fazenda e Jasper dizia algo aqui e ali.

E então mais atividades foram surgindo: passeio de barco, pescaria e passeio de lancha no lago artificial, almoço, sessão de cinema na sala de vídeo, partida de golfe (apenas Edward e Jasper jogaram, Alice e eu ficamos conversando enquanto assistíamos) e por fim Alice nos preparou um jantar estupendo.

Como eu havia pedido, Alice providenciou um quarto para mim ao lado do quarto de Edward. Eu estava tão cansada que ir direto para a cama não parecia ser uma má idéia, mas também estava faminta pelo gasto excessivo de energia. Vesti uma calça jeans, uma camisa branca e um casaco de lã branco por cima da camisa. Segui para a sala de jantar, os outros já estavam lá apenas esperando por mim. Sentei ao lado de Edward, Alice não me deixou outra opção. Edward, Alice e Jasper já conversavam quando eu cheguei. A princípio eu me mantive desligada da conversa, eu servi comida em meu prato e fui enfiando na boca. E então captei o assunto, envolvia uma viagem de nós quatro a algum lugar.

–Eu não quero ficar em Paris, pelo menos não para passeio. Passamos por lá para fazer compras e seguimos para um lugar exótico. Jasper quer conhecer a Mongólia. Eu acha que seria uma viagem interessante. –Alice disse bebericando sua taça de vinho branco.

–Amor, quem quer conhecer a Mongólia é você. Não atribua a mim a responsabilidade de escolher o lugar. –Jasper disse divertido. Colocou sua mão sobre a mão de Alice.

–Eu prefiro um lugar mais tradicional. Bella tem que conhecer primeiro os lugares da moda para então ter um gosto duvidoso como o seu, Alice. –Todos riram das palavras de Edward. E então eu percebi que Edward fazia planos e me incluía nesses planos como se fossemos o casal mais feliz da face da terra. Ele ignorava as coisas que fez para mim, as coisas que fiz para ele, tudo! Ele estava tão confiante assim de que tudo estava morto e enterrado após nós dormirmos juntos?

O grupo continuou a conversa livremente e Edward dizia coisas como “eu acho que vou querer uma viajem a sós com minha mulher” e “será nossa primeira lua de mel”...

Um barulho de vidro sendo quebrado soou pelo amplo espaço calando a todos. Demorei a perceber que o barulho vinha da taça de cristal que quebrei na minha mão tamanha a força que empreguei nela. A dor veio, claro, mas eu estava tão furiosa com tudo que não liguei. Edward foi o primeiro a levantar.

–Bella! –Edward disse meu nome alarmado. Eu me afastei quando senti sua mão no meu ombro. Continuei a olhar fixamente para a mesa.

–Nossa, foi um ferimento feio! Vamos, vamos cuidar disso. –Alice disse ficando ao meu lado, ajudou-me a me levantar e me guiou para o seu quarto no segundo andar. Não olhei para trás para ver se Edward e Jasper vinham atrás de nós. Olhei o ferimento enquanto sentava na cama de Alice, era um ferimento feio, mas nada que exigisse pontos. Alice foi para seu banheiro, pegou uma caixa de primeiros socorros e sentou ao meu lado.

–Vamos, deixe-me cuidar disso. –Sugeriu pegando minha mão e tirando algumas coisas da caixa de primeiros socorros.

–Eu posso fazer isso Alice. –Murmurei sem graça pelo trabalho que estava dando.

–Ora essa você é minha convidada! Machucou-se por que não coloquei taças boas no jantar. Que descuido de minha parte! 

–Não foi sua culpa Alice, foi minha. Eu estava... –Embora nos déssemos bem, eu não me sentia a vontade para falar com Alice sobre certas questões da minha vida. – Eu esqueci que tinha algo nas mãos.

–Sério? Pra mim pareceu outra coisa esse seu incidente. Enfim, não tocarei no assunto. Se você quisesse falar comigo sobre algo você diria.

Alice então se concentrou em limpar meu ferimento. E eu estava queimando de fúria. Naquele momento tudo o que Edward fez comigo veio me atormentar. Eu queria me punir fisicamente por ter dormido com ele, deve ser por isso que fui tão imprudente ferindo minha mão.

–Sabe... –Ela começou. –Fiquei muito feliz por você ter vindo para cá. Uma ótima oportunidade para nos aproximarmos. Tantas coisas aconteceram e... Bem... Eu sinto que você não quer que eu me aproxime muito de você.

–Não é nada disso Alice. Eu só... As coisas não tem sido fáceis para mim. –Murmurei de cabeça baixa.

–Quer conversar sobre isso? –Alice perguntou. Silêncio. Ela entendeu que eu não queria falar nada. –Tudo bem, eu já terminei. Vou chamar o Edward. Ele deve estar agoniado para...

–Não quero vê-lo. Eu vou para o meu quarto. Preciso ficar sozinha. Diga ao Edward para ficar longe. –Falei levantando-me. –Obrigada por cuidar de mim Alice. Eu sinto muito se não somos tão próximas, se eu criei esse muro entre nós duas. Não foi algo proposital, eu...

Alice levantou-se e deu um tapinha no meu ombro.

–Não precisa se desculpar. Você parece cansada. Vá e descanse. –Alice beijou minha bochecha carinhosamente e saiu do quarto. Permaneci apenas por alguns instantes em seu quarto, pude ouvir Alice conversando com alguém no corredor (provavelmente Edward) e então o barulho sumiu. Foi só neste momento que eu criei coragem para sair do seu quarto e ir para o meu quarto. Eu estava um caco e não era o cansaço físico ou o ferimento na mão que exauria minhas forças, mas sim a minha atual situação. Tudo estava tão perfeito, meus planos com Jake prontos e, subitamente, Edward abala meu mundo fazendo-me ceder. Agora eu estava perdida. Cedi a um capricho dele e certamente meu ato comprometeria de forma irreversível meu futuro com Jacob. Mais do que raiva por Edward estar brincando comigo, eu sentia nojo de mim. Eu havia me tornado um ser repugnante que cedia com facilidade ao capricho alheio e tudo para alguns momentos de prazer. Eu não era assim. O que havia acontecido com a antiga Bella? Ela teria desaparecido após a forte magoa que senti de Edward quando descobri que ele me traia? Refletir sobre isso e constatar que talvez minha mudança de comportamento não tivesse mais jeito de ser revestida me deixou apavorada.

O que eu iria fazer? Eu estava tão desnorteada, tão sem rumo, que não sabia mais o que fazer. Sai do meu quarto e segui para fora, precisava de ar. Não sei como, mas consegui sair sem ser percebida. Fui para fora, ignorando a escuridão e a frieza da noite, até a cerca de madeira que isolava o lago artificial. Eu me recostei lá e fiquei a fitar o céu ricamente estrelado. Eu não conseguia ver a beleza daquela noite. Alias, fazia um bom tempo que eu não via a beleza de algo. Tudo parecia feio, como se algo cobrisse minha visão do belo. Eu estava começando a recuperar esse poder de ver tudo sem o ódio me consumindo desde que Jake apareceu na minha vida, mas agora...

Coloquei as mãos na cabeça em sinal de desespero. O meu ódio mesclado com o amor por Edward era um sentimento tóxico.

–Bella?

Quando não queremos ver o diabo, é aí que ele aparece! Não me virei. Eu estava queimando de fúria. Se eu me virasse e o visse, coisa boa eu não iria fazer.

–Por que veio para cá? Está escuro e a noite está fria demais. Vamos voltar para dentro.

Ouvi seus passos na grama, vindo para mim. Com a voz mostrando meu cansaço físico e mental, eu falei:

–Você me fez vir até aqui e eu vim, por que queria ter uma conversa definitiva. Me fez esperar até o anoitecer e já anoiteceu... –Minha voz me traia, traia a confusão, a raiva, o desespero que eu estava sentindo. Edward deve ter percebido.

–Bella, eu... –Ele começou, mas se deteve. Ele sempre fazia isso. Qual a próxima desculpa que me daria? Eu já estava farta de desculpas, farta de tudo! Eu o senti mais e mais próximo e sua mão no meu ombro. Não pensei duas vezes. Virei-me abruptamente e o estapeei. Tamanha foi à força do tapa que Edward cambaleou para trás. Colocou a mão no rosto e me olhou com espanto. Minha mão ardia pelo tapa dado, mas o que me surpreendeu foi que eu queria mais. Eu queria bater em Edward até cair de cansaço.

Edward me surpreendeu. Ajeitou-se e retirou a mão do rosto. Olhava-me fixamente. Deixando o seu rosto desprotegido é claro que eu ia aproveitar. Ergui minha mão ruim, a machucada, e o estapeei novamente. Não consegui para e analisar sua reação. Usando toda a força que tinha bati em Edward de novo e de novo, um tapa mais forte do que o outro. Edward não tinha tempo nem para se recompor. E enquanto eu batia nele meus olhos se enchiam de lágrimas. Eu estava tão machucada e ele era o causador de tanta dor. Eu o odiava, eu me odiava! Eu queria feri-lo tanto quanto fui ferida, por isso não parei de bater nele, mesmo com a dor que sentia na minha mão cortada. Por fim desferi um tapa extremamente forte que quase o fez cair no chão. Arfante, eu caí de joelhos no chão. Meu corpo inteiro tremia, meus olhos derramavam incontáveis lágrimas.

–Você acabou comigo... A Bella que eu era... Aquela Bella, você matou! Eu te amava tanto! Eu sacrifiquei tudo por você! E você, após o nosso casamento, me tratou como um lixo! Por quê? O que eu fiz para merecer tanto sofrimento? Como pôde fazer tanto mal a mim, SEU MONSTRO! VOCE ME DESTRUIU! EU SOU UMA PESSOA HORRIVEL POR SUA CAUSA! E AGORA QUANDO EU TENTO ME REERGUER VOCÊ QUER ME ARRASTAR PARA O INFERNO! –Cobri meu rosto com minhas mãos e chorei copiosamente. Apesar daquela dor, eu me sentia melhor. Eu estava desabafando com Edward, um grande peso estava saindo dos meus ombros.

Tão destruída, tão devastada... Nada sobrou de mim. E eu adorava a antiga Bella, a sua ingenuidade, sua bondade, seu sorriso fácil... E ela não estava mais aqui.

Senti mãos nos meus ombros, eu as afastei bruscamente.

-NÃO ME TOCA! EU TE ODEIO! –Tentei manter uma distancia ainda maior entre mim, que estava ajoelhada no chão, e Edward, que estava ajoelhado ao meu lado; Edward não me deixou. Como fizera em nossa primeira noite, abraçou-me. Eu tentei empurrá-lo com a maior força que consegui, mas não adiantou. Edward era forte e eu estava esgotada. Mais dois empurrões e então eu parei. Arfante, eu encostei-me a ele todo tentando recuperar um pouco minha energia. 

–Eu te amava tanto Edward! Você era tudo pra mim, o meu mundo inteiro! Você brincou comigo. –Os soluços vieram. Eu me vi incapaz de contê-los. –Eu fui só um passatempo que você jogou fora assim que se cansou... –Funguei. Eu não queria contar a ele a verdade, mas não conseguia parar.

–Não Bella... –Não é desse jeito... –Ele murmurou com certa comoção.

–Eu te amava tanto que eu suportei calada ao seu desprezo. Cheguei a me culpar pelos seus atos e então, enquanto eu me martirizava você estava com outras mulheres. –Minha voz sumiu, engolida pelo choro. Senti as mãos de Edward, que estavam em minhas costas, afagarem as mesmas com meiguice. Seu ato me enervou ainda mais, como tudo o que ele faz.

–NÃO ME TOCA! EU TE ODEIO! POR SUA CULPA EU ME TORNEI UMA PESSOA HORRIVEL! TERIA SIDO MELHOR NUNCA TER FICADO COM VOCE, TER SIDO UM NADA PRA VOCE! VOCE ME FEZ TANTA ATROCIDADE E PARA QUE? PARA NADA! ESTAVA SE DIVERTINDO AS MINHAS CUSTAS ENQUANTO ME HUMILHAVA E AGORA QUE ESTOU ME RECUPERANDO VOCE QUER... –Eu estava agitada, as lágrimas caiam e minha voz subia algumas oitavas a cada palavra proferida. Eu não sabia qual era a sensação de ter uma parada cardíaca, mas acreditava que teria uma a qualquer momento. E Edward sabia disso.

–Bella... –Chamou-me, mas eu ignorei seu chamado.

–O QUE MAIS DÓI EM MIM É SABER QUE TUDO QUE EU FIZ ATÉ O QUE JULGUEI SER UM PROGRESSO, FOI PARA CHAMAR SUA ATENÇÃO, PARA ATINGI-LO. EU NÃO SEI SE ME ODEIO MAIS OU SE... –Até então meus olhos estavam no chão, isso até Edward colocar suas mãos em meus ombros e me sacudir de leve numa tentativa de fazer com que eu o olhasse. Funcionou.

–Eu amo você! Eu sinto tanto Bella! Queria poder voltar atrás e corrigir meus erros, mas não dá! Tudo o que posso prometer a você é que tudo será diferente agora, por que o que eu mais quero é amá-la como você merece! –Edward falou seriamente com seus orbes cor ocre fixos em meus olhos. 

Eu empaquei.

Eu já ouvira Edward dizer que me amava antes do casamento, mas nunca, nunca, vi tamanha sinceridade. E aquele sentimento opressor me tirava o ar, como se o sentimento de Edward fosse realmente amor, mas um amor muito mais intenso. E toda aquela percepção pela minha parte foi o suficiente para me manter paralisada e Edward agir. Enxugou as minhas lágrimas com a ponta de seus dedos e inclinou-se para mim tomando meus lábios com os seus. O beijo foi diferente também, um simples roçar de lábios que transmitia muito mais do que aparentava.

Eu me senti hipnotizada com o seu ato, incapaz, mais uma vez, de afastá-lo. Edward me beijou com uma adoração desconcertante, suas mãos mantinham meu rosto parado colado a ele enquanto nossos lábios se moviam em sincronia. E então uma urgência animalesca tomou conta de nós dois. Edward deslizou suas mãos pelo meu corpo até chegar ao meu quadril. Puxou-me para ele mantendo nossos corpos perigosamente perto. Edward fervia por mim e estimulava com seu beijo ao meu corpo entrar em chamas. Suas mãos então pegaram as minhas que descansavam na lateral do meu corpo e fizeram com que eu contornasse seu pescoço. Em seguida ergueu-me encaixando minhas pernas em seu quadril para que assim pudesse me levar sem problemas. Em momento algum deixou seus lábios longe dos meus. Eu sabia que estava sendo carregada e que devia ser uma cena constrangedora se alguém me visse atracada em Edward como um macaco prego, mas não liguei. Eu não ligava para mais nada quando estava tão próxima de Edward como agora, ignorava o certo e o errado.

Edward me levou para a casa grande e conseguiu chegar ao meu quarto sem que ninguém nos detectasse. Não que eu tenha ficado atenta ao caminho. Quando eu não estava concentrada em beijá-lo, enterrava meu rosto em seu pescoço e fechava meus olhos. E então ouvi o barulho de uma porta sendo chutada. Edward entrou apressadamente me jogando na cama. Eu o olhei enquanto ele, sem tirar os olhos de mim, voltava à porta e a trancava. 

Quando Edward se afastava de mim eu era tomada por duvidas já que a racionalidade me tomava. Edward via que eu estava refletindo sobre o certo e o errado. Ele viu naquele momento e apressou-se em ficar próximo a mim. Eu o vi se aproximar da cama já se livrando da camisa de mangas cinza que usava. Atordoada, eu me arrastei pela cama, meus olhos fixos nele, temendo aquele poder estranho que ele emanava. Edward sentou na cama, aproximou-se de joelhos e puxou-me pelos tornozelos encaixando-me em seu colo, evitando que eu fugisse. Enquanto deitava-se sobre mim, coloquei minhas mãos em seu peito e tentei empurrá-lo sem empregar muita força. Edward segurou minhas mãos e prendeu meus pulsos acima de minha cabeça. Antes que eu pudesse me recuperar, beijou-me com mais volúpia arrancando-me gemidos. Meus pulmões protestavam por ar, mas presa como eu estava não consegui afastá-lo quando queria respirar. Era Edward que se afastava para me deixar respirar, tinha controle sobre mim até mesmo nisso. Afastou-se um pouco só para me olhar.

–Se não quiser diga que não me ama e eu me afasto. Essa vai ser a única forma de me parar. Do contrário...

Soou como uma ameaça, mas eu não senti medo. Na verdade eu não sabia o que estava sentindo naquele momento, eram muitos sentimentos acontecendo ao mesmo tempo. Ele voltou a me beijar, suas mãos passeando pelo meu corpo. Praguejei pelo que iria fazer antes de fazê-lo, pela manhã me sentiria um lixo, mas não me importei. Minhas mãos, antes paradas, passaram a acariciar seus braços musculosos. Edward afastou-se um pouco e murmurou.

–Isso. Toque-me Bella. Você não tem a mais remota idéia do quanto quero ser tocado por minha esposa, por você. Toque-me mais. –Encostou sua testa na minha e fechou os olhos enquanto eu obedecia ao seu pedido. Toquei seu peito no pequeno espaço entre nós, sentindo seu coração bater rápido e forte. Edward estremeceu com meu toque e voltou a me beijar.

Eu pensei que ficaríamos apenas assim, nos beijando; doce ilusão. Edward não se contentaria com tão pouco, não agora que ele poderia me tocar. Suas mãos seguraram a extremidade da minha camisa cinza de algodão e a puxou lentamente para cima. Apressou-se em retirar as demais peças, sem hesitar. Acabei me lembrando da primeira noite, o medo que eu via estampado em seus olhos enquanto me despia, temendo que eu o rechaçasse. Ele não tinha mais medo agora. Retirou meu jeans, meu lingerie e então se ocupou em se despir.

Edward era lindo, eu sempre soube. Mesmo assim eu não conseguia me acostumar. Quando eu o via livre de suas roupas, como agora, sentia aquela vontade louca de tocá-lo, beijá-lo em todas as partes de seu corpo. Eu não devia. Por esse motivo eu fiquei parada, deitada com as costas sobre a cama, nua, esperando que ele fizesse tudo, de novo. Ele, após terminar de se despir, ajoelhou-se próximo a mim e, puxando-me pelos tornozelos como fizera outrora, fez com que eu ficasse encaixada no seu colo. Aposição era estranha pra mim, constrangedora. Eu nem conseguia olhá-lo.

–Edward, eu não... –Murmurei. Minhas mãos em seu peito tentando manter certo espaço entre nós. Era tão constrangedor estar encaixada em seu colo, com Edward sentado, nus. Para me acalmar, Edward ergueu um pouco seu rosto e me beijou no queixo. 

–Não se preocupe. –Disse e então guiou meu quadril para encaixá-lo no seu em toda a sua plenitude. Arfei um pouco devido à dor da penetração. Agarrei-me leve todo o abraçando fortemente. Edward me abraçou, acariciava minhas costas com meiguice. Por alguns instantes não fizemos nada, apenas ficamos fortemente abraçados, unidos completamente. Vagarosamente, Edward, com as mãos em minha cintura, fez com que o meu corpo se erguesse minimamente para então voltar à posição original. E assim foi por alguns segundos. Incentivando-me a movimentar-se contra ele, proporcionando e sentindo prazer com os movimentos de vai e vem. Minha tensão foi amainando enquanto a dor era substituída pelo prazer. Nossos corpos moviam-se em sincronia, Edward guiava meu corpo a fim de proporcionar prazer a ambos. Pensei que ficaríamos naquela posição até que o orgasmo chegasse para nós dois, mas Edward me surpreendeu mudando-nos de posição.

Deitou-me na cama e cobriu meu corpo com o seu voltando a me penetrar sem rodeios. Beijou-me voraz investindo contra mim com mais forte e rapidez, mantendo suas mãos em minha cintura incentivando meu corpo a acompanhar seu ritmo, o que fiz vagarosamente. Nossas línguas dançavam enquanto nossos corpos se entrelaçavam juntos em um movimento intenso, mas que não perdia sua beleza. Duplamente invadida por Edward e tão unida a ele que duvidei de minha liberdade quando nossa noite terminasse. Eu podia sentir o ápice do prazer chegando, o meu e o dele, mas Edward parou assim que percebeu que logo chegaríamos ao orgasmo. Ele queria prolongar aquele momento, eu sabia.

Novamente mudou de posição. Deitou-se de lado e colocou-me de lado também. Então fez menção de que eu me levantasse e deitasse sobre ele, o que fiz com certa relutância. A princípio não sabia o que fazer, mas bastou olhar para Edward para saber o que ele queria. Timidamente sentei em seu colo, suas mãos em minha cintura. Edward fechou os olhos e gemeu, falava meu nome, mesclado ao seu gemido. Fechei meus olhos e me deixei levar enquanto novamente investia meu corpo contra o de Edward, mas agora sem a sua ajuda.

A dor desaparecia a cada investida sendo substituída por um prazer sem precedentes. E a cada ir e vir, o prazer aumentava e minha ânsia vazia com que meu corpo se chocasse mais rápido e mais forte contra o corpo de Edward. A urgência não era só minha por que Edward segurava-me nas ancas ajudando-me a cavalgá-lo. E eu o fiz, guiada apenas pelo prazer que chegava rapidamente. Tão rapidamente que quando chegou me pegou de surpresa.

–Ahhhh! –Gritei saindo de minha posição e deitando-me sobre ele. Edward irou-me rapidamente, investiu em mim mais duas ou três vezes e chegou ao orgasmo. Ouvi seus gemidos ao pé do meu ouvido enquanto, pouco a pouco, a pulsação e respiração se aquietavam, assim como o próprio Edward.

Não sei por quanto tempo ficamos parados, abraçados, com Edward sobre mim. Poderiam ter sido horas, minutos, não sei. Edward, relutante, afastou-se de mim apenas para se colocar deitado ao meu lado, de lado. Puxou-me pela cintura a fim de me fazer deitar de lado de frente para ele, o que eu fiz. Edward parecia exausto, não só pela noite, mas por tudo o que aconteceu. Seus olhos já estavam fechados antes que eu ficasse deitada de frente para ele. Manteve meu corpo tão próximo que nossas respirações ainda ofegantes mesclavam-se e sua pele atritava-se com a minha. Beijou-me duas vezes, um simples roçar de lábios na minha testa e nos meus lábios, e adormeceu. Eu estava cansada também, pronta para dormir. Deixei as decisões de lado para dormir junto a ele esperando que algum consolo me encontrasse no mundo dos sonhos, um consolo que me auxiliasse no próximo dia.

...

Os pássaros cantavam; um prelúdio para o amanhecer. Não me movi.

Acordei assim: deitada de lado, nua, meu corpo bem próximo do corpo de Edward. Sua mão em minha cintura mantendo-me bem próxima. Ergui uma mão livre e toquei seu rosto, acariciando-o. Edward tinha o rosto um pouco inchado pelas tapas que lhe dei justamente a região que mais acariciava. Meus dedos moviam-se lentamente pelos seus cabelos, sua testa, pálpebras, nariz, bochechas, orelhas, lábios e queixo. Mesmo adormecido, Edward sorria como se estivesse atento ao que eu fazia e quando retirei minha mão de seu rosto, seu braço me puxou para ele. Fiquei quietinha, aprisionada em seus braços. Fixei meus olhos em seus lábios, um pouco inchados pelos beijos intensos que trocamos (ou talvez pela surra que levou de mim) e me aproximei, lentamente, a fim de beijá-lo. 

O celular

Ouço o barulho. Levanto-me vagarosamente e, sem me incomodar com a nudez, e peguei meu celular em minha bolsa. Edward não acordou. Olhei o celular e notei que recebi mensagens de Jacob...

Jacob

A realidade se abateu sobre mim como uma bomba atômica. Nervosa, sentei-me na beirada da cama, de costas para um Edward adormecido. E enquanto lia as mensagens, uma a uma, meus olhos enchiam-se de lágrimas. Com tudo o que aconteceu eu me esqueci que uma pessoa incrível esperava por mim, preocupado, achando que eu o amava. Enquanto isso aqui estava eu pisando no seu amor, na sua confiança. Como eu era repugnante!

Deixei o celular em cima da mesa de cabeceira e sentei no chão, sem me preocupar em me cobrir evitando assim o frio. Coloquei a cabeça encostava nos joelhos e pensei no que faria.

...

–Bom dia Bella! –Alice me cumprimentou afastando-se de seu cavalo e beijando-me na bochecha. Seu marido, Jasper, desmontou de seu cavalo para só então falar comigo.

–Bom dia Bella. –Disse risonho. Sorri para ele e sua mulher e murmurei um “bom dia”.

–Estávamos cavalgando pela fazenda, mas agora vamos tomar o nosso café. Você nos acompanha? –Alice perguntou pegando-me pela mão. Eu me livrei de sua mão suavemente sem querer ofende-la.

–Eu estava pensando em passear a cavalo. Se não se importa.

–Claro que não me importo! Mas você não quer companhia. Jasper e eu estávamos cavalgando, mas podemos passear novamente para fazer companhia a você.

–Não Alice, não se preocupe comigo. Vá tomar o seu café com Jasper. Eu vou ficar bem. –Sorri falsamente. Eu não ia ficar bem tão cedo, mas não queria preocupar ninguém. Claro que Alice, intuitiva como só ela, percebeu que eu não estava legal.

–Olha, eu não me importo de ir com você e... –Sua feição preocupada.

–Alice, sério. Eu preciso ficar só.

–Tudo bem. Vou mandar selarem um cavalo para você.

Após o cavalo ser selado, segui sem rumo certo pela imensidão da fazenda. Embora o dia estivesse lindo e o passeio fosse agradável, eu não via nada. As mensagens de Jacob mostrando sua preocupação e o seu amor me deixou mais para baixo do que qualquer coisa. Bom, ao menos elas me trouxeram de volta, ressuscitou minha racionalidade. E eu sabia o que faria quando Edward acordasse.

Segui sem rumo e parei quando me vi suficientemente afastada da casa grande. Sai de cima do meu cavalo e o amarrei próximo a mim. Deixando-o pastar por ai. Sentei embaixo de uma árvore frondosa e me acomodei o melhor que pude. Eu corpo quase deitado, meus olhos perdidos na imensidão de verde e azul da terra e do céu.

Edward havia dito que me amava, pediu perdão e prometeu me tratar bem. Isso não era o suficiente pra mim. Ele poderia estar todo amoroso agora, mas eu não tinha garantias se ele continuaria assim após eu deixar Jacob. Mesmo que meu amor por Edward fosse maior do que o meu amor por Jacob, era com Jacob que eu iria ficar. Claro que só iria ficar se Jake me perdoasse. Eu rezava para que fosse esse o caso.

Perdida em devaneios, não percebi que os minutos se passavam. Ouvi um barulho continuo e ao longe pude ver Edward, montado em um cavalo, vindo até mim. Suspirei. Edward havia sido difícil todo esse tempo, não seria fácil ele aceitar minha decisão. Aproximou-se e desmontou o seu cavalo amarrando-o no mesmo galho que amarrei meu cavalo. Veio sorridente para mim.

–Bella, amor, eu estive a sua procura. Alice e Jasper me disseram que você havia saído para um passeio. Por que não me avisou? Eu teria tido o maior prazer... –Viu o meu rosto que não deveria estar bom. Continuou relutante. –Teria tido o maior prazer em acompanhá-la. –Murmurou tenso. Eu continuei a olhar para o nada, alheia a sua presença.

–Eu queria ficar sozinha. –Disse. Edward se aproximou a passos lentos.

–Quer ficar sozinha agora? –Perguntou.

–O que você acha? Claro que quero ficar sozinha! –Esbravejei.

–Vai ficar com raiva de mim se eu forçar a minha presença aqui? –Perguntou já se instalando ao meu lado, sentando-se. Bufei.

–Com certeza.

–Que pena, por que eu não pretendo sair daqui.

Eu o olhei com incredulidade. Como Edward ainda me obrigava a aceita-lo por perto? Edward olhava para frente. Subitamente pegou algo do bolso do seu jeans azul e colocou entre nós dois.

–Seu celular. –Apontou para o aparelho. Eu o peguei. –O tal Jacob mandou uma mensagem.

–Não tinha o direito de mexer nas minhas coisas. –Guardei o celular no bolso do meu casaco. Tentei ignorá-lo o quanto pude, mas é claro que Edward não deixaria aquele silencio pairar.

–Contou a ele? –Perguntou. Seu rosto rígido enquanto olhava para frente.

–Não interessa a você.

–Acho que me interessa e muito. –Virou-se e me olhou cheio de frustração. Eu o olhei e sorri. Edward me olhou com confusão.

–Você acha que o fato de termos dormido uma vez...

–Duas. Não que eu esteja contando. –Falou com um ar de deboche.

–Que seja. Não mudou nada Edward. Você só adiou por uns dias minha decisão. E agora vou fazer o que é certo. –Levantei. Fui para perto do meu cavalo e desatei o nó a fim de deixá-lo livre e montá-lo. Edward levantou-se também.

–O que é o certo? –Perguntou numa voz falha. Parei de ajeitar a cela para responder a sua pergunta.

–Estou voltando para a cidade. Avisei a Jacob e provavelmente encontrarei com ele hoje. Você pode ficar aqui com a sua irmã, posso voltar de taxi. –Montei em meu cavalo rapidamente. –Vou arrumar as minhas coisas e partir o quanto antes.

Segurei as rédeas direcionando meu cavalo para a direção desejada. A voz de Edward me deteve.

–Eu vou com você. –Disse e pelo barulho já devia estar em seu cavalo.

–Não precisa se prestar a isso. Eu posso muito bem...

–Eu vou com você Bella, querendo ou não. –Disse num tom ríspido e cavalgou mais rápido do que eu, desaparecendo de vista. Procurei ignorar sua reação. Eu tinha que manter minha mente limpa, o mais limpa que pudesse, para fazer o que deveria ser o certo.

...

–Obrigada por tudo Alice e Jasper. Desculpe qualquer incomodo.

–Imagine! Venha outras vezes, foi muito boa a sua visita. Espero que sua mão melhore. –Disse. Desviei meus olhos de Alice e olhei minha mão coberta por atadura, a mão que usei para esmagar uma taça. Sorri para ela. Jasper colocava minha mala do porta-malas do carro de Edward. Olhei em volta.

–Onde está o Edward? –Perguntei.

–Deve estar pegando suas coisas. Eu vou chamá-lo. –Alice entrou novamente na casa. Jasper, após colocar minha mala, veio para o meu lado.

–Obrigada Jasper. –Sorri. Ele devolveu o sorriso.

–Disponha. Espero que venha aqui mais vezes. Ficaremos aqui durante toda a semana então, se desejar, volte no próximo final de semana. 

Eu não poderia prometer tal coisa, mas não queria dizer algo que gerasse perguntas. Assenti. Após alguns minutos de espera, decidi entrar no carro e esperar. Logo Edward entrou no carro após colocar sua mala no porta-malas e fechá-lo. Edward estava sombrio, não disse nada durante todo o trajeto. Seus olhos focalizados apenas na estrada. Agradeci. Eu não queria falar sobre nada, nem havia necessidade após nossa conversa de ontem. Edward não disse nada, mas eu disse tudo o que estava entalado. Procurei ficar na minha, olhando a paisagem que a minha janela proporcionava. Só houve um momento em que olhei para Edward, não para ele, mas para um objeto na sua mão. Parando para pensar aquela foi à primeira vez que notei que Edward usava a sua aliança. E eu nem sabia onde estava a minha (joguei em algum canto em seu apartamento). Ver a aliança em seu dedo mexeu comigo, tanto que nem notei o tempo passar.

Assim que o carro adentrou a garagem do apartamento e Edward estacionou, sai do carro pegando minha mala e subindo. Edward procurou me acompanhar, pegamos o elevador juntos. Eu podia sentir a tensão no ar, mas procurei relaxar, ou pelo menos fingir. Quando cheguei a casa fui direto para o meu quarto fechando a porta atrás de mim. Suspirei. Antes de sair da fazendo mandei uma mensagem para Jacob tranqüilizando-o e pedindo parta que viesse me buscar à tarde. Ele não demoraria, eu não perderia tempo. Fui direto tomar meu banho, um banho demorado a fim de tirar os vestígios de Edward em mim, escolhi roupas bonitas (um vestido de alças azul colado e salto alto preto) e, após pegar meu celular e uma bolsa com alguns pertences, sai do quarto. Não sei por quanto tempo eu fiquei me arrumando, mas foi tempo suficiente para Edward tomar um banho e trocar de roupa. Vestia calça jeans preta, uma camisa de mangas branca. Os cabelos mais desalinhados que o normal, úmidos por terem sido lavados recentemente.

Passei por ele. Suspirei quando senti segurar meu braço. A história se repetia.

–Aonde vai? –Perguntou. A voz dura, o aperto firme.

–Sair com Jacob, não sei a que horas voltarei. –Disse com firmeza. Minhas palavras não foram o suficiente para que Edward me soltasse. –Deixe-me ir Edward. Se você me ama como diz então me deixe ir. –Supliquei sem encontrar seus olhos. Pouco a pouco senti os dedos de Edward afrouxando e, por fim, sua mão largar meu braço. Não perdi tempo. Sai de casa, sai em direção à entrada do prédio. Por que Jacob estava me esperando lá, por que eu merecia ser feliz. Edward não poderia me proporcionar uma felicidade completa.

No entanto eu podia sentir uma dúvida crescente em mim. Lembro-me que antes de dormir com Edward essa dúvida não existia. Eu temia o que iria me acontecer agora que essa duvida residia em mim.

“Vai dar tudo certo.” –Entoei para mim seguindo para a escadaria do prédio enquanto Jacob me esperava.

Edward pov’s

Eu sempre fui um conquistador nato.

Eu sempre sabia como agir e o que dizer para uma mulher a fim de conquistá-la (tradução = levá-la para a cama), então fiquei surpreso por não saber como interagir com Bella agora. Era no mínino incomum, após tudo o que aconteceu na noite passada, aquele clima entre nós, como se fossemos dois estranhos. Ainda sim, em minha mente, as cenas da noite anterior rodopiavam. Sua voz, seu calor, seu cheiro, a textura da sua pele, a visão que tive de seu lindo corpo... Por Deus! Só de pensar em tudo o que aconteceu, sentia uma enorme vontade de estreitar o espaço entre nós e tomá-la ali mesmo no carro. Eu não podia.

Bella estava encolhida na porta estabelecendo o máximo possível de espaço entre nós. Não falava e não me olhava. Queria quebrar aquele clima então liguei o som do carro colocando em um CD que Alice me dera com músicas românticas, algo que até então nunca tinha ouvido.

Bella reagiu mais rápido do que imaginava, desligou o som. Voltou à posição de gazela acuada e não disse mais nada. 

–Não gostou do CD que eu coloquei? Posso trocar por outro... –Propus.

–Não quero ouvir musica alguma Cullen! –Disse ríspida. Parecia que Bella estava se esforçando para ser grosseira.

–Ok. Então vamos contemplar unicamente o silêncio. –Disse divertido. Ela era divertida emburrada. Tentei me concentrar na estrada. Claro que também iria mante-la falando. 

–Você vai adorar a fazenda. É um lugar lindo e oferece muito entretenimento sadio. Alice provavelmente vai mantê-la ocupada o dia inteiro. –Disse animadamente. Lembrei-me de quando Bella insistia para ir a fazenda. Não quis pensar muito no passado, pois implicaria em lembrar uma fase em que eu a tratava mal. 

–Não estou indo para esse lugar para me divertir. Estou indo por que você impôs essa condição. Conversaremos assim que chegarmos lá e eu voltarei para a cidade. –Disse autoritária. Estaquei. Se isso acontecesse a probabilidade de eu ser chutado seria grande. Eu não poderia encarar uma conversa assim, até por que não estava preparado. Não sabia ainda se contar toda a verdade a Bella era o melhor, ou se pedir perdão e inventar uma desculpa qualquer era mais adequado.

–Bella, eu prometi que conversaria com você, mas não disse a que horas. –Eu sabia como Bella reagiria as minhas palavras, não seria nada bom. Pude ouvi-la bufar.

-COMO ASSIM? EDWARD CULLEN VOCE DISSE QUE...

–É pegar ou largar Bella! Eu só conversarei ao anoitecer com você. –Tentei parecer tranqüilo quando na verdade eu estava desesperado. Eu não tinha a menor idéia do que dizer para que Bella deixasse seu ódio por mim de lado e me escolhesse. Eu queria que, quem sabe, algumas horas fazendo algo para diverti-la amainasse sua raiva. 

–Por que está fazendo isso Edward? O que espera de mim enrolando-me desse jeito? – Perguntou. Claro que Bella captou que eu a estava enrolando. Será que o fato de eu enrolar iria apressar nossa conversa? Eu não queria isso, não enquanto eu não tivesse um plano.

–Só quero que você conheça a fazenda. Não é todo dia que se tem tal oportunidade. –Disse e esperei que minhas palavras e postura aparentemente tranqüila fossem o suficiente para ela. Agora que Bella me lembrava que eu estava indo na fazenda para termos a conversa definitiva, eu estava mais nervoso que o normal. 

–Edward, pára o carro. –Bella disse subitamente. Eu a encarei.

–O que disse?

–Mandei você parar! Eu preciso ir a uma farmácia! –Falou atarantada. Dei a ré pelo encostamento até retornar a farmácia que havíamos ultrapassado. Não entendi seu ato, mas procurei deixar para lá. Estacionei em uma vaga livre e tão logo o fiz Bella saiu em disparada. Sai do carro olhando o caminho que ela fez tentando entender o porquê daquela urgência, mas falhando miseravelmente. Pensei em segui-la, talvez essa fosse uma estratégia de Bella para fugir. Tal pensamento me fez sair do carro e olhar para o interior do estabelecimento através da porta de vidro. Bella fazia compras. Não consegui ver o que comprava, mas o fato de vê-la ainda ali me acalmou. Voltei ao carro e a esperei. Logo Bella apareceu com uma garrafa de água nas mãos e algo mais que não pude identificar. Ao entrar em meu carro, Bella retirou um comprimido de uma caixa. Pude olhar o que era a caixa. 

–Pílula do dia seguinte. –Disse. 

–É claro! Caso não se lembre nós dois... –Bella estacou. Parecia ter problemas em dizer que fizemos sexo. –Não usamos proteção. A última coisa que quero agora é engravidar de você. –Falou azeda. 

Com essa eu tive que me calar. Primeiro por que com tudo o que aconteceu ontem eu me esqueci de me prevenir. Segundo por que eu deveria estar feliz por Bella ter pensado em tomar a pílula do dia seguinte evitando uma possível gravidez, mas não estava. Por que parecia ser tão ruim ter um filho meu? Eu era seu marido afinal e nós compartilhamos algo especial na noite anterior. Não parecia ser algo natural ter um filho comigo? Ou a idéia de ter um filho com Jacob, a quem ela conhecia há pouco tempo parecia mais adequado? Mergulhado nessas indagações, ora sendo irracional e hora sendo racional, não falei o restante do caminho.

...

–Ah, vocês vieram! –Alice disse e foi em direção a Bella abraçando-a. Jasper estava afastado, acenou para mim.

–Oi Alice. Oi Jasper. –Bella os cumprimentou fingindo estar tranqüila. 

–Temos tanto a fazer! Mas antes vamos acomodá-los em um quarto. Eu já o preparei. –Alice disse. Eu já imaginava que havia feito planos. Agradeci a ela. Seria melhor adiar a conversa por algumas horas. Ela chamou dois empregados para pegar nossas malas.

–espera Alice, eu não vou dividir um quarto com o Edward! –Bella protestou. Só então percebi o que Alice havia tido. Ela mandou arrumar um único quarto? Alice olhou para nós dois tentando entender. Deu de ombros parecendo despreocupada.

-Tudo bem. Mandarei que outro quarto seja preparado para você e sua bagagem será deixada lá. Eu já planejei todo o nosso dia! Começaremos com um passeio a cavalo pela propriedade. Troque de roupa, ok? –Alice disse e todos convergiram para a casa, inclusive Bella. Eu sabia que Alice iria esperar uma oportunidade para me bombardear com perguntas. Se ela soubesse tudo iria me esganar. Mas não tinha cabeça para me preocupar agora. Minha maior preocupação era Bella e nada mais.

Alice realmente manteve Bella ocupada. Ela a envolveu em uma porção de atividades. Eu podia sentir que Bella não estava curtindo toda aquela animação, mas participou de tudo, na certa para agradar Alice. Fingi estar imerso no divertimento proporcionado por ela: passeei de cavalo pela propriedade lado a lado com Bella (ela me ignorou, mas procurei levar na esportiva), passeamos de barco (ver Bella vestida em um biquíni causou estranhas sensações em mim), golfe (Jasper e eu jogamos) e por fim Alice sugeriu um jantar.

Bella não estava se divertindo, isso eu pude perceber. Nem eu estava. Mesmo participando de tudo e interagindo com Alice e Jasper, nós estávamos presos em uma bolha tensa esperando pelo momento em que a conversa definitiva ocorreria.

Alice atendeu a Bella e nos separou cada um em seu quarto. Isso me deixou desgostoso, eu queria dividir um quarto com ela, dividir o leito. E fazer tantas coisas! O que aconteceu a nós dois não só aumentou o sentimento que nutria por Bella, mas também o desejo que sentia. Algo tão forte e tão avassalador que tinha vontade de tomá-la como ontem em qualquer lugar ignorando quem estivesse olhando. Eu sei, eu estava louco. 

...

Assim que Bella chegou nos silenciamos por alguns instantes. Após isso a conversa retomou. Falávamos sobre uma viagem que Alice tinha em mente há algum tempo. Ela falava para todos nós como estava animada com os planos que fazia com Jasper.

–Eu não quero ficar em Paris, pelo menos não para passeio. Passamos por lá para fazer compras e seguimos para um lugar exótico. Jasper quer conhecer a Mongólia. Eu acha que seria uma viagem interessante. –Alice dizia.

–Amor, quem quer conhecer a Mongólia é você. Não atribua a mim a responsabilidade de escolher o lugar. –Jasper colocou sua mão sobre a de Alice. Olhar os dois não costumava incomodar, mas agora era diferente. Eu os invejava tanto!Como eu queria ter esse relacionamento com Bella! Talvez um dia eu tivesse, talvez não. De qualquer forma eu poderia sonhar. A fim de testar Bella, ver se ela aceitaria, eu disse:

–Eu prefiro um lugar mais tradicional. Bella tem que conhecer primeiro os lugares da moda para então ter um gosto duvidoso como o seu, Alice. –Rimos. Bella ficou calada, o que era bom. Seria um consentimento de uma futura viagem comigo? Claro que, se Bella concordasse, eu não iria querer viajar com Alice e Jasper.

–Pensando bem eu acho que vou querer uma viajem a sós com minha mulher. –Falei divertido, absorvo naquele clima de amor que Alice e Jasper emanavam. Querendo que Bella também se deixasse envolver. –Será nossa primeira lua de mel...

Um barulho quebrou meu raciocínio. Meus olhos vagaram para o ponto onde ouvimos o barulho. Arfei ao ver do que se tratava. Bella esmagava com uma mão uma taça, podia ver o sangue já escorrendo. Levantei em pânico. Minha mão foi para o seu ombro quando chamei seu nome, querendo ver o machucado, cuidar dela. Bella afastou-se do meu toque, seus olhos na mesa. Eu me retraí.

–Nossa, foi um ferimento feio! Vamos, vamos cuidar disso. –Alice disse indo em direção a Bella. Rapidamente a conduziu para o segundo andar onde ficavam os quartos. Eu fiquei encarando a mancha de sangue na toalha de linho branca.

–O que está acontecendo Edward? –Jasper perguntou. Eu não o olhei. Apenas suspirei.

–Eu estou tão desnorteado que nem sei responder a sua pergunta Jasper.

–Entendo. –Disse. –Vá até sua esposa. –Sugeriu. Não esperei que dissesse duas vezes. Segui para o segundo andar em direção ao quarto escolhido por Alice para Bella dormir. Não as encontrei lá. Segui para o quarto de Alice, mas parei diante da porta. Esperaria pelo melhor momento para entrar. Esperei por longos minutos. Temia que Alice conversasse com Bella e tomasse para si a responsabilidade de contar sobre o contrato. Eu não queria isso. Se a verdade fosse revelada, teria que ser por mim. Andei para lá e para cá. O alivio me tomou quando Alice saiu do quarto.

–E a Bella? Ela está bem? –Tentei passar por Alice e entrar em seu quarto, mas Alice me impediu.

–Ela está bem, mas precisa ficar sozinha. Aliás, ela me pediu para dizer a você que ela quer ficar sozinha.

Suas palavras me fizeram temer o pior. Bella queria ficar sozinha, longe de mim. O que eu fiz de errado? Eu tenho feito tudo certo, não é?

–Mesmo assim eu acho que eu devo vê-la e... –Parei de falar ao sentir Alice me puxar para longe do quarto. –Hei!

–Eu preciso conversa com você. –Levou-me até a sala de vídeo no segundo andar, uma ala afastada dos quartos. Fechou a porta ao passarmos por ela.

–O que diabos está acontecendo Edward? –Cruzou os braços em frente ao corpo e ficou prostrada em frente à porta. Suspirei.

–A historia é longa e não disponho de tempo.

–Então resuma Edward.

Sentei no braço do grande sofá e a olhei carrancudo.

–Sabe que me casei com Bella só para pegar a minha parte da herança, não é?

–Sim, eu sei. –Alice desencostou da porta e veio se sentar ao meu lado. –Fale mais.

–Eu a tratei mal. Eu queria que Bella pedisse o divorcio assim que nos casamos. Nem cheguei a tocar nela. Ela não o fez. Durante esse tempo eu acabei... Sentindo algo a mais. E então ela mudou abruptamente e...

–Eu sei disso. Você havia me dito antes quando confessou que estava apaixonado por ela. Sabe o porquê da mudança de Bella?

–Acho que Bella descobriu que Tânia e eu, no passado... –Não terminei. Era vergonhoso lembrar, falar.

–Você tentou expor seus sentimentos a ela?

–Não. Perdi muito tempo. Guardei o sentimento em mim e agi como um babaca. Eu não percebi que a estava perdendo. Achei que mais cedo ou mais tarde a raiva de Bella ia amainar e quando isso aconteceu, eu tive esperanças, mas ela não mudou por mim. 

–Acho que sei onde vai chegar... Bella arranjou alguém? –Olhei para Alice.

–Como captou tão rapidamente a mensagem?

–Por que eu sou mulher maninho. Sei como as mulheres pensam. Um homem costuma mudá-las rapidamente e acredito que foi o que houve com Bella, não é?

–Ela não estava mais sendo agressiva, era tão indiferente a mim que... Eu a segui certa vez. Eu a encontrei com outro homem! –Minha voz se alterou enquanto as lembranças terríveis me tomavam. Bella nos braços de outro... O inferno!

–Wow! Então a Bella realmente te chifrou? Bom para ela. –Alice disse toda animada. Olhei carrancudo para ela. –Ok, eu me calo! Continue.

–Eu demiti uma funcionaria amiga dela acreditando que a tal funcionaria a influenciava.

–VOCE O QUE? –Alice levantou-se exasperada. Ergui as mãos em sinal de rendição.

–Olha, antes de me criticar eu lhe digo que a funcionaria era péssima! Até furtos ela cometeu. –Justifiquei-me antes que Alice começasse a gritaria. Minhas palavras a detiveram.

–Ainda sim vou averiguar isso. –Disse voltando a sentar ao meu lado. –Continue.

–Eu fui ingênuo. Não fiz o que deveria fazer. Eu deveria ter dito o que eu sentia, mas não fiz. Então encontrei a tal Jessica, que eu demiti. Ela estava sentida comigo e disse sobre os planos de Bella. Eu tive que agir! Ela iria me deixar e ficar com um cara! E eu... –Procurei me acalmar. Só de lembrar eu ficava nervoso. Principalmente por que eu ainda sentia a ameaça pairando.

–O que você fez Edward? –Alice perguntou. Não ousei olhá-la.

–Antes que você me critique, eu não a estuprei nem nada disso. Eu a induzi a ficar comigo e Bella cedeu. –Falei numa voz que mostrava o meu cansaço. Levantei-me. –Eu preciso vê-la agora.

–Hei, você não me contou os detalhes! Eu quero saber de tudo! –Eu me virei e sorri ao ver os olhos brilhantes de Alice.

–Alice, eu não sou uma mulher para fofocar. Eu tenho coisas mais importantes a fazer. –Fui em direção a porta. Agora era a hora de enfrentar meus demônios.

Primeiro eu a procurei no quarto de Alice, não a encontrei. Segui para o seu quarto, certamente ela estava lá. Hesitei na porta por alguns instantes.

–Bella? Eu posso entrar? –Perguntei enquanto adentrava o quarto. Ela não estava lá. Constatar isso me deixou a beira da histeria. Corri apressadamente para o primeiro andar da casa. Temia que Bella tivesse ido embora na surdina. Encontrei com Jasper na sala. Arfante pela pequena corrida, perguntei:

–Jasper, via a Bella? –Meu estado frenético o alarmou. Jasper apenas sacudiu a cabeça em negativa. Eu me pus a correr pela grande casa tentando enxergá-la, rezando para que Bella estivesse em algum lugar. Avistei um grupo de empregados na cozinha.

–Oi, algum de vocês viu onde está a minha esposa? –Perguntei numa voz mais contida. Todos se entreolharam, mas um deles respondeu.

–Eu a vi sair. Deve estar lá fora, perto do lago. –Disse o senhor. Murmurei um agradecimento e segui rapidamente para o local onde Bella poderia estar. Eu a encontrei, encostada na cerca próxima do lado artificial. Eu a contemplei por alguns instantes e então dei os passos a fim de estreitar o espaço entre nós, todos os espaços. Hoje teríamos a conversa definitiva e o que fosse decidido aqui não mudaria. Vi Bella colocar as mãos na cabeça, parecia perturbada.

–Bella? –Eu a chamei. Bella se endireitou num átimo. O corpo extremamente rígido. Não se virou para me olhar. –Por que veio para cá? Está escuro e a noite está fria demais. Vamos voltar para dentro. –Caminhei em sua direção, temeroso.

–Você me fez vir até aqui e eu vim, por que queria ter uma conversa definitiva. Me fez esperar até o anoitecer e já anoiteceu... –Sua voz era perturbadora de ouvir. Bella estava prestes a surtar, eu sentia.

–Bella, eu... –Comecei, mas me detive. O que eu iria dizer a ela? A verdade? Bella me perdoaria se soubesse que inicialmente eu a queria apenas para ganhar dinheiro? Não, mulher nenhuma perdoaria. Seria melhor calar a boca. Coloquei a mão em seu ombro, queria vira-la e olhá-la. Pedir desculpas. E então ele veio, um tapa. Desorientado como estava a princípio não me situei dos fatos. Pouco a pouco, em uma fração de segundos, eu fiquei a par da situação: Bella me bateu.

Após o espanto eu a olhei, eu realmente a olhei. Eu vi em seus olhos castanhos, marejados e raivosos, toda a dor que eu causei. Como um filme diante de meus olhos, mas desta vez eu os assisti pelos olhos de Bella...

–Aonde vai querido? –Perguntou meiga. Eu nem sequer a olhei concentrado demais em ajeitar minha gravata.

–Não interessa a você! –Disse grosso enquanto saia pela porta.

Lembro-me daquele dia. Não pareceu nada demais para mim na ocasião. Agora que eu a amava eu me odiei verdadeiramente por aquele dia.

Manhã de domingo. Bella sorria forçadamente, engolindo a dor que sentia com minha frieza. Eu dava mais atenção ao café que sorvia do que a Bella.

–Eu queria conhecer a fazenda da família Cullen. Vamos para lá qualquer dia? –Colocou sua mão sobre a minha. Eu a afastei de mim.

–Vá sozinha se quiser. –Falei áspero. Os olhos de Bella umedeceram, mas ela conseguiu reprimir o choro.

Tão mesquinho eu fui. Eu a feri tantas vezes! Um tapa de Bella, vários dele, não eram nada; não compensavam. E estranhamente, enquanto as lembranças vinham rapidamente, eu pude sentir a dor de Bella. Retirei a mão pousada no meu rosto e me preparei para mais. Bella não hesitou. Avançou contra mim golpeando repetidas vezes meu rosto, sem me dar tempo sequer de me recompor.

Não sei por quanto tempo fui golpeado na face. Estranhamente a dor física não me alcançou. Tudo o que eu sentia naquele momento era a dor dela, a dor e minha mãe que deve ter sido similar a dela. Por fim Bella acabou, ou deduzi ter acabado, estapeando-me tão forte que quase fui ao chão. Eu a vi cair no chão, esgotada. Seu corpo tremia e seu rosto banhado em lágrimas. Eu havia revivido naquele momento os piores momentos dela, por isso Bella estava naquele estado.

Eu era nocivo

–Você acabou comigo... A Bella que eu era... Aquela Bella, você matou! Eu te amava tanto! Eu sacrifiquei tudo por você! E você, após o nosso casamento, me tratou como um lixo! Por quê? O que eu fiz para merecer tanto sofrimento? Como pôde fazer tanto mal a mim, SEU MONSTRO! VOCE ME DESTRUIU! EU SOU UMA PESSOA HORRIVEL POR SUA CAUSA! E AGORA QUANDO EU TENTO ME REERGUER VOCÊ QUER ME ARRASTAR PARA O INFERNO! –Cobriu seu rosto com suas mãos e voltou a chorar, mergulhada demais na sua dor. A sua agonia era quase uma dor física para mim. Eu me odiava tanto naquele momento! Tanto!

E mesmo sabendo que eu não a merecia, de fato ela estaria melhor com qualquer um, eu não queria abrir mão dela. Eu a queria mais do que nunca. Para amá-la e ser amado, experimentar a felicidade que secretamente invejei de Alice. Curar a feridas que causei, ou pelo menos costurá-las.

Calmamente eu me aproximei, ajoelhando-me no gramado em frente a ela, colocando minhas mãos em seus ombros. Bella afastou-se de mim como se meu toque a houvesse queimado. 

-NÃO ME TOCA! EU TE ODEIO! –Gritou tentando se afastar. Eu não permiti, não poderia. Como se meu abraço pudesse de alguma forma curá-la, eu a abracei fortemente, impedindo que Bella se afastasse. Tentou me empurrar, mas não adiantou. Ela estava esgotada, física e mentalmente. Encostou-se em mim deixando-me abraçá-la, para recuperar-se e voltar a me empurrar, quem sabe.

Eu a mantive em meus braços, esperando que se acalmasse. De fato Bella se acalmou um pouco, os tremores e o choro diminuíram um pouco. Eu não pude apreciar tê-la em meus braços, não poderia. Ela estava sofrendo e eu tinha que pensar um pouco nela, em seu sofrimento. 

–Eu te amava tanto Edward! Você era tudo pra mim, o meu mundo inteiro! Você brincou comigo. Eu fui só um passatempo que você jogou fora assim que se cansou... –Disse e cada palavra doía. Eu a feri, isso era imperdoável. Ferir alguém como Bella, tão boa e pura! Mesmo com tudo o que aconteceu, sua abrupta mudança, ela nunca se deixou corromper. Enquanto via seus olhos raivosos e ouvia o sarcasmo e ódio em sua voz, ela ainda mantinha-se pura, perfeita. E eu quase a arruinei.

–Não Bella... Não é desse jeito... –Murmurei. O que eu poderia dizer em meu favor? Bella achava que eu a havia tratado como passatempo. Quem não soubesse da verdade pensaria da mesma forma. Será que se eu contasse a verdade ela me compreenderia? Entenderia que se eu a tratei mal e não cheguei a tocá-la, foi pensando nela? Não, nem eu entendia minha lógica de outrora. Ela não entenderia. E eu não poderia correr o risco de perdê-la.

–Eu te amava tanto que eu suportei calada ao seu desprezo. Cheguei a me culpar pelos seus atos e então, enquanto eu me martirizava você estava com outras mulheres. –E então, enquanto Bella desabafava, eu soube o motivo de sua mudança. Anteriormente cheguei a pensar que Bella havia descoberto a verdade, mas agora eu sabia. Bella descobriu de alguma forma que eu a trai, este foi o motivo de sua mudança.

Eu me sentia devastado por dentro, devastado pelo que eu fiz e por ser obrigado a ver os estragos que causei de uma perspectiva diferente, a perspectiva de Bella. Afaguei suas costas em mais uma tentativa vã de consolá-la. Bella afastou-se.

–NÃO ME TOCA! EU TE ODEIO! POR SUA CULPA EU ME TORNEI UMA PESSOA HORRIVEL! TERIA SIDO MELHOR NUNCA TER FICADO COM VOCE, TER SIDO UM NADA PRA VOCE! VOCE ME FEZ TANTA ATROCIDADE E PARA QUE? PARA NADA! ESTAVA SE DIVERTINDO AS MINHAS CUSTAS ENQUANTO ME HUMILHAVA E AGORA QUE ESTOU ME RECUPERANDO VOCE QUER... –Bella gritava frenética, e temi que tivesse uma parada cardíaca ou algo assim. Eu queria acalmá-la, mas como poderia fazer isso se eu era a causa de tudo isso? 

–Bella... –Eu a chamei querendo pará-la e fazê-la me ouvir. Independente do que eu diria, se a verdade ou apenas um pedido de desculpas. Ela me ignorou, imersa na sua própria tristeza.

–O QUE MAIS DÓI EM MIM É SABER QUE TUDO QUE EU FIZ ATÉ O QUE JULGUEI SER UM PROGRESSO, FOI PARA CHAMAR SUA ATENÇÃO, PARA ATINGI-LO. EU NÃO SEI SE ME ODEIO MAIS OU SE... –Ouvir isso foi uma surpresa. Bella confessava que tudo, até mesmo, quem sabe, estar com outro homem era para chamar a minha atenção. Eu senti a felicidade me tomar enquanto a conclusão de que Bella ainda me amava vinha, mas procurei sufocar qualquer reação que denunciasse meu estado de espírito.

E então eu senti que estava preparado, não para dizer a verdade, mas para dizer algo muito mais significativo. Eu a sacudi levemente pelos ombros exigindo sua atenção.

–Eu amo você! Eu sinto tanto Bella! Queria poder voltar atrás e corrigir meus erros, mas não dá! Tudo o que posso prometer a você é que tudo será diferente agora, por que o que eu mais quero é amá-la como você merece!

Libertador

Eu me libertei e senti o peso sair de mim. Finalmente consegui dizer a Bella que a amava. E pude ver que Bella sentia, pela sua imobilidade, que eu estava sendo verdadeiro. Eu nunca fui mais verdadeiro em toda a minha vida. E eu nunca amei uma mulher mais do que amava Bella.

Enquanto Bella estava paralisada pelas minhas palavras, enxuguei suas lágrimas com a ponta dos dedos enquanto prometia, em meu intimo, que nunca mais a faria derramar uma mísera lágrima por mim. Eu a protegeria; eu a amaria; eu a faria feliz... Ou pelo menos morreria tentando.

Meus lábios, movidos por uma atração irresistível, foram de encontro aos lábios de Isabella, da minha mulher. Rocei meus lábios com o dela, apreciando o contato como se fosse à maior coisa do mundo. Eu a adorei como uma deusa, enquanto tomava seus lábios delicadamente. Bella deveria de fato ser venerada. Como ela tinha força para aceitar uma caricia minha após tudo que fiz?

Eu queria, e iria, mostrar a ela em cada beijo, cada toque, o quanto eu a amava. Mantive seu rosto em minhas mãos enquanto tomava seus lábios convidando-os a dançar com os meus. Mas eu queria mais, muito mais. Eu faria Bella me dar mais do que um beijo. Meus lábios mostraram minha urgência, mostrou o quanto eu estava necessitado do seu corpo. Eu a beijei com uma ânsia perigosa e senti uma profunda alegria ao notar que Bella correspondia aos meus anseios.

Minhas mãos deslizaram pelo seu quadril enquanto meus lábios ainda beijavam os seus lábios. Eu mantive Bella colada em mim com um abraço, quase doloroso, e fiquei satisfeito por senti-la tão próxima a mim. Eu sentia meu corpo ferver. Precisava tanto dela! Precisava tê-la em meus braços fundida a mim.

Eu a ergui encaixando-a em meu colo e seguindo para o seu quarto. Não me importei com quem visse a cena, foda-se! Meus lábios colados aos dela apreciando toda a extensão de sua boca. 

Bella afastou-se e enterrou seu rosto na curvatura do meu pescoço. Eu não vi o seu rosto, mas seu suspiro tranqüilo indicava que não iria protestar pelo que viria a seguir. Ao chegar diante da porta do quarto de Bella, eu a chutei.

Joguei Bella na cama, com delicadeza. Mantive meus olhos nela enquanto fechava a porta. Ela não iria escapar, não poderia. E eu vi em seus olhos a duvida. Claro, eu estava afastado e lá vinha à racionalidade atormentá-la, dizendo a Bella para me deixar e ficar com o filho da puta que era seu namorado.

“Você não vai agir sobre ela!” –Eu respondi a maldita racionalidade enquanto eu voltava para Bella, para possuí-la, marcá-la como minha, fazer dela minha mulher.

Eu me aproximei da cama retirando a camisa que usava. Bella pareceu se atordoar com o meu ato, tentando manter distancia de mim arrastou-se pela cama. Eu sentei na cama e a puxei pelos tornozelos encaixando-a em meu colo. Eu me deitei sobre ela bendizendo sentir seu corpo tão macio embaixo de mim. Bella tentou me empurrar. Ah, maldita racionalidade que a impedia de se entregar a mim! Mas ela não venceria, nunca mais. Peguei as mãos que me empurravam e eu as prendi acima de sua cabeça, entre minhas mãos. Tomei seus lábios com sofreguidão, devorando-a de um jeito que beirava o insano. Quando meus pulmões protestaram, eu me afastei arfante, mas não para respirar. Eu queria dizer algo a Bella...

–Se não quiser diga que não me ama e eu me afasto. Essa vai ser a única forma de me parar. Do contrário...

Minhas palavras soaram ameaçadoras. Do contrário eu irei tomá-la como minha, completei em pensamento. Voltei a beijá-la enquanto minhas mãos acariciavam o corpo macio, estimulando-o para logo mais me receber.

Eu não esperava que Bella me tocasse, mas ela o fez. E como foi bom sentir seu toque voluntario! Suas mãos acariciavam meus braços, as mãos que a pouco liberei. Não pude ficar calado, eu tinha que confessar.

–Isso. Toque-me Bella. Você não tem a mais remota idéia do quanto quero ser tocado por minha esposa, por você. Toque-me mais. –Encostei minha testa com a sua, fechando os olhos e me entregando ao prazer que suas mãos, sua pele, causavam em mim. Senti sua mão passear pelo meu peito, pousando em meu coração. Bella devia estar ouvindo a pulsação forte, acelerada, de um homem apaixonado que queimava por ela. Sentiria ela satisfação nessa constatação como eu sentia? Beijá-la, eu precisava beijá-la! Eu o fiz. 

Beijar não bastava e minhas mãos, sabedoras disso, seguraram a barra da sua camisa. A urgência me dominou e rapidamente a despi por completo, sem me importar em verificar se Bella concordaria com meus atos ou não. Eu a despi rapidamente e então fui me despindo. Quando terminei parei para contemplá-la. Bella linda olhava-me.

Eu estava faminto por ela

Eu me aproximei ajoelhando-me próximo a ela e a puxando pelo tornozelo, encaixando-a em meu colo. O contato mais íntimo fez com que meu corpo se arrepiasse por inteiro. Bella pareceu constrangida.

–Edward, eu não... –Murmurou tentando me afastar. Eu a mantive no lugar, eu ergui meu rosto e a beijei no queixo. Ela estava apenas nervosa, constatei. 

–Não se preocupe. –Disse e, com o auxilio de minhas mãos, eu a encaixei em meu colo sentindo o prazer me cegar por alguns instantes. Bella reagiu ao meu ato abraçando-me. Eu a abracei afagando suas costas, tentando eliminar a tensão.

Eu esperei que Bella se acostumasse comigo dentro dela, consciente de que ainda era algo novo para ela. Mas eu não poderia esperar muito. Com minhas mãos, eu fiz com que Bella erguesse minimamente sua cintura. Ela me obedeceu. Eu a incentivei a mover-se chocando seu corpo contra o meu, num prazer mútuo.

Enquanto nos movíamos, a tensão e, certamente, a dor de Bella foi sendo substituída pelo prazer. Seria tão fácil para eu chegar ao orgasmo, mas eu não estava interessado em mim. Eu só conseguia pensar em Bella, no prazer dela. Isso era estranho. Eu nunca me preocupei antes com a mulher que estava comigo, principalmente quando o assunto era sexo. Eu costumava ficar apenas preocupado com o meu prazer. As coisas realmente mudaram.

Subitamente eu a deitei penetrando-a com força, sabendo que essa posição a agradava mais. Eu a beijei enquanto meu corpo chocava-se contra o dela, minhas mãos em sua cintura querendo que Bella seguisse o ritmo, aumentando assim o nosso prazer. Meus gemidos soavam pelo quarto juntamente com os seus, em uma música linda. Eu sabia que a qualquer momento chegaríamos ao orgasmo, mas eu não queria. Eu queria prolongar ao máximo aquele momento. Eu o faria.

Eu deitei ao lado de Bella colocando-a de lado também. Coloquei as mãos em seu quadril e fiz menção para que Bella se erguesse. Ela o fez relutante, sentou-se em meu colo. Bastou um olhar para que ela soubesse o que eu queria, estávamos bons nesse negócio de conhecer o outro agora. Quando Bella encaixou-se em mim eu me deixei flutuar pela sensação de tê-la sobre mim, fechei meus olhos. Eu nome mesclado com meus gemidos enquanto sentia o corpo de Bella se chocar contra o meu, me engolir.

Suas investidas me levavam ao céu. Procurei me controlar, querendo chegar ao ápice junto com ela. Bella, a cada investida, tornava-se mais afoita. Nós dois buscando pelo prazer, juntos. Não havia nada mais perfeito do que isso. Jacob jamais a teria como eu a estava tendo, disso eu tinha certeza. E se dependesse de mim ele nunca a teria.

–Ahhhh! –Seu grito me despertou. Ela havia chegado ao orgasmo. Deitou-se sobre mim. Procurando agora pelo meu prazer, eu deitei sobre ela e investi um, duas vezes. Gemi incapaz de me conter, e fiquei ali, entregue, nos braços de Bella.

U cansaço avassalador tomou conta de mim. Eu nunca havia sentido cansaço igual. Verdade seja dita eu não queria dormir, eu precisava ficar acordado e ter de Bella uma certeza. Mas, parando para pensar, eu já tinha a minha resposta. Bella havia me escolhido. Ela jamais se entregaria dessa forma tão única a mim se não tivesse me escolhido. 

Deitei ao seu lado e a puxei para mim. Ficamos lado a lado, exaustos. Eu não tinha forças para quase nada, logo desmaiaria de cansaço. Procurei manter Bella presa em meus braços a fim de que não escapasse e aquecida. Eu a beijei na face esperando que ela pudesse ver, por detrás da exaustão, a felicidade que ela me proporcionou. Beijei sua testa, seus lábios e fiquei quieto, sendo finalmente abatido pelo cansaço opressor.

Enquanto a consciência me levava eu pensei... Como era bom estar com a pessoa que você ama! Experimentei ter o sono dos justos, ao lado da mulher que amava com a certeza de que eu era o seu escolhido.

...

A primeira coisa que senti foi o seu cheiro doce impregnado nos lençóis, em meu corpo. Sorri. Tateei a cama a procura de Bella, meus olhos ainda fechados; não a encontrei. Levantei num átimo só para confirmar o que eu já havia deduzido: Bella não estava no quarto.

Primeiro chequei se suas coisas ainda estavam lá, sem me importar em me cobrir antes. Sua mala estava lá. Suspirei aliviado. Peguei minhas roupas no chão e as vesti. Um barulho chamou minha atenção. Olhei em volta e vi o celular de Bella em cima do criado mudo. Após terminar de vestir minha roupa, eu sentei na cama e o peguei.

Meus olhos se estreitaram e fechei fortemente o celular nas mãos ao ver quem era: Jacob Black. Sabia que poderia ficar seriamente encrencado se lesse a mensagem, invadindo a privacidade de Bella. Mas Bella era a minha esposa!

Li a mensagem. Era simples, poucas palavras, mas o suficiente para me enervar ao extremo.

Eu amo você. Ansioso para vê-la.

Com amor do seu Jacob

–Filho de uma puta. –Murmurei. Pensei em muitas coisas como apagar a mensagem, responder de uma forma bem malcriada ou simplesmente quebrar o aparelho. Agora que eu havia dado um passo importante no meu relacionamento com Bella, eu não perderia o ouço que conquistei com um ato tão bobo. Mas aquela mensagem, àquela hora da manhã indicava que Jacob não sabia de nada. Esperava, quem sabe, ter a oportunidade de ver a sua cara quando soubesse o que houve entre Bella e eu.

Olhando o quarto, lembrando do que aconteceu, segui sorridente para o meu quarto. Aquela era uma nova manhã. Eu nunca me senti mais cheio de esperança do que agora.

Tomei um bom banho, vesti uma camisa pólo, calças e tênis. Caminhei pela casa aos assovios e encontrei Alice e Jasper tomando café, mas nada de Bella. Minha irritação veio com força total.

–Onde Bella está? –Perguntei amuado. Alice voltou-se para mim e sorriu.

–Passear a cavalo. Tome café e a espere.

Sorri. Claro que não iria esperar.

–Vou até ela. –Fiz o caminho para fora.

–Edward, fique aqui. Quero saber de todos os detalhes que você me ocultou. Além do mais... Bella não parece bem. –Estaquei com suas palavras. Eu a olhei com sarcasmo.

–Ela vai querer me ver. –Disse confiante seguindo para fora. Claro que Bella iria querer me ver. Tivemos a conversa definitiva e ela aceitou tudo de mim. Não tinha como eu ser destratado ou rejeitado!

Pedi para um cavalo ser selado para mim e parti em uma cavalgada rápida a fim de procurar Bella. Eu a encontrei após alguns minutos, sentada embaixo de uma arvore frondosa. Olhava para a paisagem, distraída. Sorri. Vê-la me fazia eu me sentir tão bem! Desmontei do meu cavalo e o amarrei no mesmo galho em que Bella havia amarrado seu cavalo. 

-Bella, amor, eu estive a sua procura. Alice e Jasper me disseram que você havia saído para um passeio. Por que não me avisou? Eu teria tido o maior prazer... –Eu vi seu rosto mais atentamente, a indiferença de sempre. Empaquei. –Teria tido o maior prazer em acompanhá-la. –Murmurei tenso. Eu estava transtornado. Depois de tudo o que aconteceu iríamos recomeçar do zero?

–Eu queria ficar sozinha. –Disse. E eu sabia que seria um erro deixá-la sozinha com a maldita racionalidade. Caminhei até ela.

–Quer ficar sozinha agora? –Perguntei.

–O que você acha? Claro que quero ficar sozinha! –Disse raivosa. Ainda sim ela não iria me impedir.

–Vai ficar com raiva de mim se eu forçar a minha presença aqui? –Sentei ao seu lado mais preocupado em ficar afastado enquanto ela analisava suas opções e descobrindo que o melhor era ficar com o tal Jacob. 

–Com certeza. –Falou. Bella sequer me olhava. As coisas estavam piores do que eu previa.

–Que pena, por que eu não pretendo sair daqui. –Eu me impus. Lembrei do celular, que estava em meu bolso (item que peguei antes de sair). Entreguei a Bella. 

-Seu celular. O tal Jacob mandou uma mensagem. –Eu sabia que não deveria tocar no assunto, mas eu estava queimando de ciúme.

–Não tinha o direito de mexer nas minhas coisas. –Disse enquanto escondia o aparelho, pude notar pela visão periférica. Isso me enervou. 

–Contou a ele? –Perguntei antecipando o que diria.

–Não interessa a você. –Disse com firmeza. Como assim não interessava a mim? Agora que eu era seu marido em sua totalidade, eu tinha direitos sobre ela!

–Acho que me interessa e muito. –Eu a olhei frustrado. Por que Bella continuava com isso? Por que não me aceitava em sua vida e ponto final? 

–Você acha que o fato de termos dormido uma vez...

–Duas. Não que eu esteja contando. –Falei com deboche. Eu não iria aceitar dela uma amnésia agora. O que faria? Culparia a bebida, drogas? Culparia a quem por ter ficado comigo?

–Que seja. Não mudou nada Edward. Você só adiou por uns dias minha decisão. E agora vou fazer o que é certo. –Levantou. Se eu soubesse que diria isso, eu não teria perguntado nada. Então era isso, tudo que eu fiz não adiantou de nada. 

–O que é o certo? –Perguntei com relutância enquanto a via montar em seu cavalo.

–Estou voltando para a cidade. Avisei a Jacob e provavelmente encontrarei com ele hoje. Você pode ficar aqui com a sua irmã, posso voltar de taxi. Vou arrumar as minhas coisas e partir o quanto antes. –Disse indiferente. Eu só via razão nessa Bella e estremeci. Como eu iria vencer essa nova Bella, a Bella racional, a Bella forte? Se eu a deixasse ir, eu iria...

–Eu vou com você. –Disse e fui logo em direção ao meu cavalo. Eu ia lutar até não poder mais. Eu ainda tinha tempo.

–Não precisa se prestar a isso. Eu posso muito bem...

–Eu vou com você Bella, querendo ou não. –Disse ríspido. Eu seria uma praga na vida de Bella, incapaz de ela se livrar de mim. Eu não iria perder, eu não poderia perder! 

...

Malas prontas e provavelmente postas no meu carro por Jasper. Bella impaciente esperando por mim dentro do carro. Ainda sim, eu não me movi. Continuei parado olhando o lago artificial pela sacada da sala de visitas. Claro que alguém viria me chamar. Alice se incumbiu da tarefa.

–O que você está fazendo? Bella está esperando por você! –Disse irritada. Eu não a olhei.

–Não posso ir. –Murmurei. Alice colocou a mão no meu ombro.

–Como assim não pode? Disse que a levaria e... –Alice calou-se ao ver o meu rosto quando virei para ela.

–Alice, eu preciso de sua ajuda. –Pedi com a voz tremula. –Preciso manter Bella aqui e...

–Não posso te ajudar. –Ela disse indiferente. Eu me exasperei.

–E CLARO QUE VOCE PODE ME AJUDAR! MALDIÇÃO ALICE! EU... –Ela pôs um dedo nos meus lábios.

–Edward, eu já fiz a maior das concessões não contando nada a Bella. E eu sabia que você teria uma conduta ruim com ela. Eu não vou mais ajudá-lo, por que você não merece minha ajuda.

Retirei o dedo de Alice da minha boca.

–Você não entende. –Disse em uma voz desesperada. –Eu vou perdê-la Alice. –E a constatação doía, como acido nas veias. Bela, Bella, minha Bella. Perdida...

–Se Bella não o amasse, ela não teria dormido com você. Fique tranqüilo. –Alice disse. Eu a olhei, ela sorria. Suas palavras amainaram um pouco a minha dor, mas não o bastante para que eu me movesse.

–E se ela escolher o outro? O que eu faço Alice? –A voz saia arrastada e meus olhos ardiam. Um prelúdio para o choro. Eu só chorei no enterro de minha mãe. Fazia tanto tempo! Não, eu não poderia chorar. Chorar seria muito humilhante e não adiantaria de nada.

–Você a ama? –Ela perguntou.

–Muito. –Disse com um fervor poderoso.

–Então se a Bella quiser deixá-lo, você deve deixá-la ir.

Claro que Alice tinha razão. Eu deveria deixá-la ir. Mas eu era tão egoísta agora, deixaria o altruísmo para Gandhi, Buda e Jesus Cristo.

–Não sou nobre. Eu ainda tenho tempo para lutar. –Falei cheio de uma falsa confiança. Eu não confiava mais em minhas habilidades, eu já havia feito tudo o que eu podia. Como lutar sem armas? Eu não consegui mostrar animo. Meus passos pareceram pesados enquanto eu seguia com meu carro levando Bella diretamente para longe de mim.

...

Assim que estacionei, Bella saiu pegando sua mala e seguindo para o apartamento. Procurei acompanhá-la não querendo perder nenhum minuto sequer de sua companhia. Poderiam ser os últimos minutos.

Não, eu não quero pensar assim!

Impossível.

E o que Bella fez quando passou pela porta? Trancou-se no seu quarto. Minha tensão foi atingindo níveis alarmantes. Caminhei de um lado para o outro e, para me acalmar, tomei um banho. Vesti a primeira roupa que encontrei em meu closet. Apressado, segui para o corredor e lá fiquei sem ter certeza o que eu faria. Será que mantê-la presa, como antes, funcionaria? Eu duvidava, mas estava disposto a fazê-lo. Fazer qualquer coisa.

Bella surgiu. Linda, mas não olhei para as roupas. Meus olhos nos dela, só nela. Meu bem mais precioso. Quando ela passou por mim, eu a detive. Segurei seu braço.

–Aonde vai? –Meu aperto firme. Eu não a deixaria ir como Alice sugeriu, eu era muito egoísta.

–Sair com Jacob, não sei a que horas voltarei. –Mais um motivo para prendê-la. –Deixe-me ir Edward. Se você me ama como diz então me deixe ir.

“Então se a Bella quiser deixá-lo, você deve deixá-la ir.”

Não.

“Então se a Bella quiser deixá-lo, você deve deixá-la ir.”

Eu não posso! Não posso ser nobre!

“Então se a Bella quiser deixá-lo, você deve deixá-la ir.”

Um a um, meus dedos foram se afrouxando do seu braço. Ela partiu rapidamente assim que eu a libertei sem olhar para trás nenhuma vez. Minha mente gritava para que eu corresse e a trouxesse para casa, eu queria isso, mas eu não consegui me mover. Quando eu o fiz, sabia que não adiantaria.

Eu corri como um louco, usando o elevador e parte da escadaria, mas não a encontrei. Eu havia demorado tempo demais para me mover. Bella havia ido embora com Jacob. Eu não fui suficientemente rápido.

Sentindo-me derrotado, eu caminhei até a escadaria em frente ao prédio. Sentei nos degraus e fiquei ali, esperando por Bella. Fixei meus olhos no chão, fiquei encolhido lá.

Ela voltaria pra mim, ainda que pertencesse a outro, ela voltaria. Vê-la uma ultima vez seria um consolo, ainda que vazio, para a dor monstruosa que eu estava sentindo agora.

Com uma mão no peito, tentando aquietar a dor, deixei de olhar o chão e passei a olhar para o caminho que Bella provavelmente viria. 



Continua...





1 comentários:

tete disse...

nossa que sofrimento sera que bella volta ? ta dificio mas noa empossivel beijos e uma otima noite para vce

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