FANFIC - O CONTRATO - CAPÍTULO 18

Olá Amores!!! Hoje vamos curtir o 18° capítulo de "O Contrato". Quer acompanhar a história desde o início?Clique aqui.



Um plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Bella é envolvida em um esquema criado por Edward Cullen acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Edward precisava casar para poder herdar a sua parte que lhe cabe na empresa do pai e, após seduzir Bella fazendo a mesma se casar com ele, mostra sua verdadeira face. Agora, casados, terão de enfrentar um casamento que é uma verdadeira farsa, mas será que Bella poderá transformar seu casamento em algo real e digno de conto de fadas?


Autora : Jacqueline Sampaio
Classificação: +18
Gêneros: Romance
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo




Capítulo 18




Bella pov’s


Retirei minha aliança e a joguei novamente no chão. Eu não queria carregar o símbolo da maior burrice que fiz.

Eu havia mudado, uma mudança ainda mais abrupta se comparado ao dia em que descobri que Edward me traia. Desde o evento, ele era como um fantasma para mim. Durante uma semana eu agi como se ele não existisse. Eu não falava com ele, sequer o olhava e seguia com minha vida normalmente.

–Bom dia. –Edward me cumprimentou. Continuei fitando meu prato. Bufou e fez mais barulho do que normalmente faria ao arrastar a cadeira e sentar a mesa. –E então, vai fingir que eu não existo agora? –Resmungou. Ao término do meu café da manhã fui embora.

A princípio Edward pareceu se incomodar, mas eu não liguei. E com o passar de uns dias, uma semana pelas minhas contas, Edward pareceu se aquiescer com a situação.
Passei por Edward enquanto seguia para o refeitório com Alice, por algum motivo ela quis que comêssemos juntas, e fingi não o notar. Edward não disse nada.

Eu trabalhava pela manhã e ao final do expediente saia com meus amigos. Às vezes ia a uma boate, ou em um barzinho, sem, porém, ingerir bebida alcoólica. Minhas amigas estavam cientes da minha situação, não pude ocultar delas a verdade, mas ao contrario das outras vezes nada falaram. Elas sabiam. pelo modo como eu contava os fatos, que eu não queria nenhum sentimento de pena de Angela ou conselho infrutífero de Jessica.

Pensei que as coisas seguiriam desse modo. Eu vivendo com um fantasma até que tivesse coragem suficiente para pedir divórcio, mas as coisas mudaram após a chegada de Jacob após nove dias viajando.

–E ai moça! –Disse quando nos encontramos naquela noite de terça (Jacob havia me ligado para avisar que estava chegando e fui até o aeroporto).

–E ai? –Eu o cumprimentei sorridente. Jacob me puxou para um abraço. Eu correspondi embora seu ato tenha me deixado desconcertada.

–Senti sua falta! E também fiquei preocupado. Infelizmente para o lugar onde fui não tinha sinal para o meu celular caso o contrário teria ligado para você. Como você está? Ainda está brigada com o seu marido? –Perguntou enquanto fazíamos caminho para sair do aeroporto. Lembrar de Edward sempre me deixava amarga, mas procurei não demonstrar isso a Jacob. No entanto eu não conseguia aceita-lo como marido. Não seria agora que eu aceitaria.

–Eu não tenho marido. –Falei e não ousei olhá-lo. Jacob ficou calado enquanto seguíamos para fora do aeroporto e quando pegamos um taxi. No entanto eu sabia que ele diria algo. Para a minha surpresa não foi sobre Edward que Jacob falou.

–Vamos passar em casa para eu deixar minhas malas. Trouxe um presente para você da viagem. –Ele disse com os olhos fixos em mim. Sorri. Era impossível não sorrir diante de Jake.

–Claro. Estou livre a noite inteira, mas, por favor, vamos comer salgo por ai.

–Claro Bella! Eu também estou faminto. Passamos em minha casa e saímos.

Eu precisava mesmo me distrair e Jake era o único que me oferecia conforto pela minha vida caótica sem perceber. Era bom ser apenas Bella e não Bella, a esposa amargurada do maior empresário dos EUA.

Jacob deixou seus pertences em seu apartamento, mostrou o local para mim, e me deu o presente que trouxe. Aceitei constrangida, Jacob comprara chocolate e um lindo canguru de pelúcia.

–Aonde quer ir? O céu é o limite! –Disse animado enquanto subia em sua moto. Ofereceu um capacete para mim, prontamente o aceitei sentando-me na moto atrás dele.

–O lugar que você escolher estará bom. –Disse abraçando-o a fim de não cair. Jacob acelerou rapidamente e logo estávamos seguindo pelas ruas escuras e frias da cidade.

–Nossa, eu tinha me esquecido como é bom andar de moto! Ainda tenho minha carteira, mas a moto eu tive que vender.

–Por que você não compra uma moto se gosta tanto assim? Ou prefere ir de ônibus para a empresa? –Jacob perguntou com os olhos fixos na estrada. Procurei me aproximar do seu ouvido para que ele me ouvisse.

–Não tenho problema em andar de ônibus, mas agora que estou voltando a sentir aquela adrenalina gostosa que sentimos quando andamos de moto eu estou pensando seriamente em comprar. Tenho um dinheiro guardado, dá para comprar. Mas gostaria de uma ajuda.

–Se quiser eu posso prestar minha ajuda para que compre a melhor moto pelo menor preço.

–Sério? Isso seria ótimo Jake!

–Mas não será um serviço gratuito! –Jake alertou ainda concentrado na pista. Parei para entender o que ele disse e quando entendi, perguntei:

–E o que vai cobrar pela sua ajuda?

Jacob não me respondeu. Permaneceu calado até chegarmos ao restaurante.

O restaurante era simples, porem muito agradável. Jacob conhecia a todos lá, cumprimentou cada funcionário e me apresentou unicamente como “Bella”. Após os nossos pedidos, Jacob contou com detalhes sua viagem de negócios e eu ouvi atentamente, não me sentindo nada entediada. 

Jacob era fascinante, jamais conheci homem igual a ele. Ele tinha um carisma, uma luz própria que nos cativava, nos fazia querer ficar por perto. Sentíamo-nos a vontade com ele. E quando eu estava com ele, apesar do pouco tempo em que o conheço, eu não me lembrava do caos que era a minha vida. Isso era estranho. Quando eu estava com Jessica e Angela, amigas de longa data, eu estava sempre pensando em Edward e em tudo o que ele me fez, mas ao lado de Jake...

–Olha só, eu estou monopolizando a conversa. Quero saber de você. Tem tanta coisa que não sei de você! –Jacob disse arrancando-me de minhas abstrações. Fiquei carrancuda. O que falar para ele? Dizer que por minha culpa fui tratada como prostituta por Edward e por isso, a uma semana, eu não falava com ele?

–Não tenho nada para falar. –Olhei para a garçonete que vinha com nossos pedidos. Suspirei aliviada. A comida o impediria de fazer novas perguntas. Mas eu sabia que Jake continuaria a insistir em saber coisas a meu respeito. Suspirei.

...

Era noite. Jacob e eu estávamos em um parque sentados em um banco olhando uma linda fonte. Até agora Jacob não tocou no assunto levantado no restaurante e eu estava agradecida por isso. Sentia o cansaço me atingir, eu havia acordado cedo para trabalhar e ao sair da empresa fui direto ver Jacob.

Fazia frio. Encolhi-me tentando me aquecer de alguma forma. Jacob deve ter sentido que eu estava com frio, retirou seu casaco e passou para mim.

–Não precisa Jacob.

–Pegue Bella, você está com frio. Eu estou bem.

Eu queria devolver o casaco, mas de fato estava com frio. Vesti a peça de roupa ofertada e continuei a olhar para a fonte. A noite estava bonita, mas a tensão pelo o que Jacob parecia querer falar toldou meus olhos.

–Promete que não vai ficar com raiva da Jessica? –Jacob disse de repente. Eu o olhei.

–Por que diz isso? –Perguntei aturdida.

–Nós estávamos num bar com o restante do pessoal e ela comentou sobre você.

Pronto, isso bastou. Eu iria estrangular Jessica!

–O que ela falou? –Dei uma de João sem braço. Estava rígida como uma tábua. Eu sabia o que ele diria.

–Ela me contou boa parte da sua vida com o tal Edward. Agora eu entendo você.

–Não Jacob, você não entende. Ninguém entende. –Falei numa voz embargada.

–Eu sei, eu não entendo, apenas sei o que se passa. Quando eu soube da verdade, antes de viajar, antes mesmo de você aparecer em casa, eu fiquei com muita raiva. Pensei até em bater nele, sabia? –Jacob disse num tom divertido, mas havia seriedade na sua voz. Eu o olhei, confusa.

–Por que pensou em bater nele?

–Por que você é uma pessoa tão boa! Soube disso antes mesmo de trocar uma palavra com você. O que ele faz não tem nome. Por que ele faz isso com você?

Eu não deveria responder, mas talvez a dor no meu peito diminuísse um pouco se eu falasse o que se passava. Jake estava ali e parecia disposto a ouvir.

–Eu não sei por que Edward fez isso comigo, mas agora não me importa saber. Acabou. Ele é um nada pra mim. –Menti. Se Edward não era um nada, por que pensar nele fazia meu peito doer?

–Você está tentando seguir em frente, não é? –Jacob perguntou.

–Sim. Mas não sei se vou conseguir superar tudo.

–Eu poderia ajudar. –Jacob murmurou.

–Como você poderia ajudar Jacob? –Perguntei. –Você não pode fazer nada por mim, ninguém pode! Nem mesmo eu posso... –Tentei reprimir o choro, mas estava sendo difícil. Eu estava me fazendo de forte essa semana, mas me sentia quebradiça. E agora eu iria desmoronar tudo o que guardei para mim. Jacob seria testemunha da minha desgraça, infelizmente.

–Eu posso fazer, se você deixar. Tentar colocar um sorriso no seu rosto com mais freqüência. Eu queria fazer isso há algum tempo, mas não tinha certeza se você amava seu marido ou não, mas agora...

–Jacob, do que você está falando? –Perguntei olhando-o assustada. Jacob virou-se e fitou-me por alguns instantes.

–Sabe o que eu acho? Acho que a melhor forma de curar um coração ferido é tendo um novo amor.

–Acredita mesmo nisso? Eu não acredito. Eu não acredito em mais nada. –Funguei enxugando as lágrimas que tomavam meu rosto. Arfei ao sentir a mão de Jacob no meu rosto fazendo-me olhar para ele.

–O que foi que ele fez com você? Como alguém pode acabar com uma pessoa desse jeito? –Jacob murmurou mais para ele mesmo do que para mim. Se já era difícil viver com a dor por todas as coisas terríveis que passei, era pior alguém falando isso.

–Eu preciso ir. –Disse levantando-me. Não quis olhar para Jacob. Eu só queria sumir! Uma mão segurou a minha.

–Desculpe-me Bella, eu não quis magoar você! Eu... Eu sei que eu não tenho idéia da sua dor, mas isso não significa que eu seja indiferente a tudo isso. Desde que eu a conheci eu senti algo inexplicável e fiquei aturdido quando soube que você era casada. Eu peço perdão por que cheguei a ficar feliz ao notar a distância entre seu marido e você. Eu me senti miserável por isso, eu... –Jacob estava atarantado. Procurei acalmá-lo. Ele devia ser mesmo uma boa pessoa para achar que havia me magoado e pedido perdão por isso.

–Você não fez nada Jacob. É que quando alguém fala, eu lembro e... Eu...

–Eu estou apaixonado por você Bella! –Jacob disse subitamente. Eu parei de falar no mesmo instante. –E eu sei que você está muito ferida por tudo o que houve, mas eu gostaria que você me desse uma chance para ajudá-la a se curar.

Eu o olhei, temerosa, e parecia que as palavras de Jacob não entravam na minha cabeça. Ele? Interessado em mim? Uma parte de mim ficou feliz, eu pensei que havia perdido tudo quando decidi me vingar de Edward, perdido o meu eu interior, mas se alguém ainda tinha a capacidade de me amar então eu não era uma pessoa muito horrenda.

–Eu preciso ir. –Murmurei projetando meu corpo para frente. Eu não sabia o que fazer diante da confissão de Jacob.

–Eu não sou o Edward, Bella, então não precisa me temer.

Eu não esperava pelas palavras de Jacob. Ele percebeu que eu estava atordoada pela situação e temerosa por que eu havia acreditado em um homem uma vez e fui traída. Jacob se aproximou, pensei que ele iria me beijar se aproximar daquele meu momento de fraqueza, mas tudo o que ele fez foi acariciar meu rosto e sorrir.

–Eu vou levá-la para a sua casa.

Silencio. Eu me manifestei.

–Eu não tenho casa.

Olhamos para o outro. Sorrimos. Jacob me ofereceu sua mão e eu a peguei. Naquele simples contato eu senti algo inexplicável. Uma grande confiança, uma grande felicidade. E eu não me importei com a vida tenebrosa que me esperava ao final da noite. Eu só queria viver, ser Bella Swan mais uma vez e fingir que contos de fadas ainda podiam ser reais.

E o meu conto de fadas finalmente havia começado

Cinco semanas se passaram...

Um mês e uma semana completos. Dia de comemorar. Acordei animada e refleti nas minhas vestes meu espírito feliz. Usei um vestido decotado, até os joelhos, com a parte de cima de um blazer sobrepondo a peça (look escolhido por Alice que vivia me dando altas dicas de moda). Os cabelos presos num rabo de cavalo frouxo e salto alto branco. Eu estava pronta para o trabalho. Fui diretamente para a sala de estar apenas para cumprimentar Magdalena e Eli como em todos os outros dias.

–Bom dia meninas! –Eu as cumprimentei cordialmente.

–Bom dia Bella. –Elas falaram em uníssono. Avistei Edward me olhando dos pés a cabeça, a cara com uma carranca horrível.

–Bom dia Edward. –Eu o cumprimentei educadamente, algo que desenvolvi desde que me desapeguei dele. Peguei uma fruta de cima da mesa.

–Por que você não se senta e toma o café? –Ele perguntou amuado.

–Eu vou comer a caminho do trabalho. –Disse seguindo para a porta.

–Você tem tempo de folga para comer. Magdalena fez um café da manhã impecável. –Não era a primeira vez que Edward tentava me convencer a passar algum tempo com ele. Eu inicialmente mostrava apenas meu aborrecimento por seus pedidos silenciosos, mas ultimamente eu apenas o olhava serenamente e seguia meu caminho.

–Eu tenho um compromisso antes do trabalho. Tenha um bom dia, Edward. –Disse seguindo para a saída. No elevador eu suspirei. Não iria demorar até eu sair da casa de Edward, eu já havia comunicado a Jessica que logo voltaria a minha antiga casa. Peguei na bolsa as chaves da minha moto (adquirida há uma semana) e segui para o estacionamento.

Por algum motivo lembrei-me de quando Edward viu a moto pela primeira vez. Ele olhou assustado para a moto quando viu que eu montava nela. Não fez perguntas nem nada, mas passou a me olhar todo mal humorado quando me vê montado na moto.

Coloquei o capacete e uma jaqueta de couro bege por cima do blazer. Rapidamente peguei a avenida, mas não em direção a empresa. Eu ainda tinha tempo de sobra e um compromisso inadiável. Fui em direção a uma confeitaria simples que ficava próxima ao apartamento de Edward.

Ele já estava lá, reconheci de imediato a sua moto estacionada no meio fio. Estacionei ao seu lado e desci rapidamente.

–Está atrasada moça. –Ele disse risonho. Levantou-se da mesa em que estava sentado e veio me abraçar. Eu o abracei fortemente feliz por estar naquele lugar, no círculo dos seus braços. Ah, como era bom encontrar amor! Uma pena que o amor no meu caso só era encontrado quando eu deixava a casa que vivia, mas logo isso iria mudar. Afastei-me e o beijei com vontade.

–Bom dia amor. –Murmurei entre seus lábios. Jacob se afastou minimamente de mim.

–Vamos ao café? –Pegou minha mão conduzindo-me a mesa que ele escolheu. Chamou uma atendente que nos ofereceu um cardápio. Escolhi a primeira coisa que vi e Jacob, com preguiça de analisar a comida ofertada, pediu o mesmo.

–Como foi a sua noite? –Jacob perguntou.

–Foi ótima! –Sorri. Ele fez uma careta.

–Nessas horas você diz que a noite foi péssima por que você estava ao lado daquele prego do Edward. Se falar que a noite foi ótima eu começarei a pensar que vocês se reconciliaram.

Fechei a cara. Eu sabia que era brincadeira, mas não gostava dessas brincadeiras em que Jacob insinuava que Edward e eu tínhamos algo. Ele notou que eu não curti o gracejo e tratou de se recuperar.

–Foi mau amor. É que, você sabe, eu não gosto muito da idéia de você vivendo com aquele cara e...

–É provisório Jake. Jess está procurando um lugar para ficar.

–Jess já está nessa procura tem um tempo. Você deveria enxotá-la da sua casa.

–Jake... –Murmurei risonha. Ergui minha mão e o acariciei no rosto. Jacob beijou a palma.

–Paciência. Eu vou resolver isso logo. Agora vamos tomar o café. –Disse olhando a atendente trazer nossos pedidos.

Minha vida dera uma guinada para melhor. Tudo aconteceu tão rápido que era difícil descrever com detalhes o que aconteceu. Fui humilhada por Edward no evento em que fui para fingir ser sua esposa. Eu o ignorei por uma semana. Jacob voltou de uma viagem e confidenciou que me amava. Eu o evitei por uma semana sem saber o que fazer e, após os sete dias, fiquei com Jake. No inicio pensava em Edward quando o beijava, mas com o tempo, felizmente, eu vi Jake ali comigo. Nós estávamos namorando há um mês (Jacob diz que nosso namoro começou com o nosso primeiro beijo).

Não era traição, eu não tinha nada com Edward. Embora fossemos casados no papel, nunca tivemos uma relação de marido e mulher. E eu estava feliz. Jacob tinha uma luz própria e me fazia deixar de lado tudo, inclusive Edward. Eu havia perdido inclusive a vontade de olhar torto para Edward, xingá-lo e amaldiçoá-lo como antes. Essa deveria ser a maior prova de que eu estava me curando. 

Jacob... No inicio ele era um refugio para a minha dor, mas agora...

...

–Bom dia Bells! –Jessica me cumprimentou radiante.

–Bom dia uma pinóia! Eu preciso do meu apartamento. Jacob está me pressionando. –Resmunguei. Jess fez cara de choro.

–Ah amiga, só mais um tempinho! –Ela se ajoelhou diante de mim e juntou as mãos.

–Tá Jess agora volta ao trabalho. –Disse rindo. Agora eu vivia bem humorada. Minhas amigas sabiam do motivo, claro, afinal o encontro com os casais era tradição nos fins de semana. Eu e Jacob estávamos namorando.

–Olha lá, o Edward! –Jess murmurou. Não olhei. –Aquela vaca da Tânia está sempre olhando para você como se quisesse matá-la. E o Edward também está olhando para você e...

–Jess, eu não quero saber, tá legal? –Disse azeda enquanto ligava meu computador.

–Ok. Novo assunto: barzinho com os casais fenomenais. Topa? Jacob certamente vai querer ir.

–Se ele for eu vou. Só espero não estar muito cansada no final do dia.

Às vezes, devido a minha vida dupla de trabalho e diversão, sobrava trabalho a ser feito. Por vezes dormi tarde trabalhando em casa. Não reclamava, era bom manter mente ocupada.

Trabalhei com afinco querendo que a noite chegasse e eu me encontrasse com Jacob, o homem por quem eu era apaixonada.

...

Fim do dia. Angela, Jessica e eu estávamos na porta da empresa esperando nossos namorados. Não demorou a Mike e Bem aparecerem no carro de Mike, Jessica e Angela entraram no carro. Jacob estava logo atrás em sua moto. Pelo visor da moto pude vê-lo piscando para mim. Coloquei meu capacete e montei em minha moto seguindo atrás do carro assim como Jacob.

Esse era um programa que fazíamos de vez em quando. Reuníamos-nos num barzinho para conversar. Através deste programa eu pude me aproximar ainda mais de Mike e Ben, podia dizer que eram meus amigos. Era bom ter amigos, era bom ser amada, era bom ser a antiga Bella.

–Não acredito que você roubou material de escritório de novo Jessica! –Angela esbravejou.

–Eu estava precisando de algumas coisinhas e peguei emprestado. Não me olhe como se eu tivesse cometido um assassinato! –Jessica rebateu. Fiquei olhando as duas brigando de mentirinha, Jacob me cutucou.

–Que tal uma dança? Ou acha que é mais divertido olhar suas amigas discutirem? –Perguntou. Levantei-me.

–Vamos à dança! –Peguei sua mão e o puxei para o centro do salão, afastado das mesas, para dançar ao som da musica lenta que tocava. Não éramos os únicos casais a dançar, mas mesmo que nós fôssemos eu não ligava. Abracei Jake feliz por estarmos apenas balançando para lá e para cá.

–Pensei em você o dia todo. –Jacob murmurou no meu ouvido. –Estava louco para vê-la.

–Eu também. –Eu o beijei, entusiasmada. Voltamos a dançar relaxando com a música, com o calor do corpo um do outro. Mesmo com o pouco tempo que nós tínhamos eu sentia uma forma empatia com Jake. E me peguei com o desejo de que meu caminho tivesse cruzado com Jake antes.

...

Procurei não fazer barulho enquanto entrava no apartamento de Edward (perdi o hábito de chamar o local de minha casa), mas, mesmo que minha entrada fosse notada, eu não precisava justificar meus atos. Eu só percebi que havia alguém na sala quando me virei. Edward estava jogado no sofá, segurava uma garrafa de Uísque quase vazia. Olhava para frente. Ainda estava vestido com o terno que escolhera no inicio da manhã. Eu senti pela sua postura rígida demais que iríamos brigar, mas eu evitaria discussões, como tenho feito desde que Jacob e eu estamos juntos. Caminhei para o corredor que me levaria ao meu quarto.

–Aonde vai? –Sua voz saiu arrastada e dura. Não me obriguei a olhá-lo.

–Para o quarto. –Disse numa voz cansada.

–Se divertiu essa noite? –Perguntou num tom debochado. Suspirei.

–Sim, como em todas as noites quando saio com meus amigos. Se me der licença vou para o meu quarto. –Dei dois passos. Ouvi o estrondo de algo se chocando contra o piso (ou contra a parede, não sei) e barulho de vidro quebrando. Assustada com o barulho, eu voltei à sala. A garrafa de Uísque que estava nas mãos de Edward; agora era uma pilha de cacos. Edward caminhou lentamente, cambaleante, até mim. Seu olhar mostrava uma fúria intensa, deixando-me aturdida. Não sei o que Edward pretendia fazer, se iria dizer algo ou fazer algo, mas ele nada fez. Levou a mão à testa e fechou os olhos, caiu para frente, nos meus braços. Por reflexo eu o amparei. 

–EDWARD! EDWARD! –Eu o chamei, sem resposta. Tive de sentar no chão e levar Edward comigo, ele era pesado demais para mim.

“Que merda!” –Tentei levantá-lo e consegui com muito esforço. Edward não estava completamente desacordado, cambaleou pelo corredor, mas boa parte do seu peso era eu que carregava. Seu braço estava em meu ombro e um braço meu tentava segura-lo pela cintura. Edward desabou em sua cama quando chegamos em seu quarto.

“Está tão bêbado! O que deu nesse cara para beber tanto?” –Eu me aproximei e o ajudei com as roupas. Tirei seus sapatos e meias, afrouxei sua calça retirando seu cinto e aproveitei para retirar o paletó e gravata deixando-o apenas de camisa. Após cobri-lo com um coberto sai do quarto.

Era a primeira vez, após muito tempo, que Edward agia dessa forma. No entanto sua atitude não me fez sentir nada além de compaixão. Isso era bom, mais uma prova de que meu namoro com Jake estava me curando. Tomei um bom banho e escovei os dentes. Não me importei de comer, estava sem fome por ter comido no barzinho em que fui com Jake e meus amigos. Vesti um pijama de seda marrom, presente de Jake quando fizemos um mês de namoro, e fui para a cama. Um barulho soa pelo meu quarto. Levanto-me e pego o meu celular no interior da minha bolsa.

–Oi amor. –Digo a Jake do outro lado da linha.

– Oi amor. E então como está? Chegou bem a sua casa?

Pensei em Edward e no que Jake diria se eu lhe contasse do ataque que Edward teve. Optei por guardar o ocorrido para mim.

–Foi tranqüilo.

–Com tudo o que aconteceu essa noite eu não tive tempo de lhe dizer uma cosia então decidi ligar.

–E o que você tem para me dizer? –Sentei na cama.

–Deixe para amanhã quando nos virmos.

–Ah não Jake! Começou agora fala! Não vai me deixar curiosa, vai? –Falei num tom ranzinza. Jacob riu do outro lado.

–Ok amor. Eu pensei em viajarmos nesse fim de semana. Poderíamos ir a uma pousada que inaugurou recentemente no litoral. Tudo por minha conta, claro. –Senti, mesmo não estando diante de Jacob, à ansiedade dele pela minha resposta. Reprimi um suspiro.

–Eu preciso pensar amor. Posso dar a resposta amanhã?

–Tudo bem. Pense com carinho na minha proposta, ok? Garanto que não se arrependerá se decidir viajar comigo. –Sua voz ainda era afável então Jacob não parecia chateado com minhas palavras. Ficamos mais algum tempinho no celular conversando sobre bobagens até que Jacob encerrou a conversa ciente de que eu deveria estar cansada e precisando dormir. Fui para debaixo das minhas cobertas e fechei os olhos.

Desde o inicio do nosso relacionamento, Jacob manteve certa distância física entre nós. Eu agradeci ao eu respeito, eu não estava preparada para aprofundar a relação e ter um envolvimento físico. Mas o convite de Jacob era claramente uma tentativa dele de fazer uma oportunidade surgir. Eu não o recriminava por isso, Jacob tinha a razão. A raiva era direcionada a mim. Eu havia desenvolvido uma espécie de bloqueio após ser rejeitada por Edward e não sabia como destruir esse bloqueio.

“Jacob sabe que eu nunca dormi com Edward, que sou virgem, mas preciso conversar com ele sobre isso.” –Pensei entregando-me ao cansaço.

...

–Nossa! Então Jacob já lançou a proposta para uma noite de amor quente? –Jessica comentou animada após eu lhe dizer o que tinha acontecido. Era a manhã do dia seguinte. Sai de casa antes de Edward acordar a fim de evitar brigas.

–Jess! –Esbravejei corando com o seu comentário. Jessica riu ruidosamente.

–E então Bella? Você pensou na proposta? –Jess perguntou enquanto mantinha seus olhos no seu computador. Eu fazia o mesmo.

–Não sei. Ainda não me decidi.

–Se eu fosse você eu aceitava. Já está mais do que na hora.

–Não é tão fácil Jess. E não é por eu ser virgem. –Ouvi o barulho da cadeira de Jess, ela havia se virado. Parei o que estava fazendo e me virei.

–Bella, eu sei que você tem os seus traumas devido o seu relacionamento com Edward, mas se você não fizer algo você sempre vai ficar presa a isso! Você está com Jacob há um mês, vocês já tem certa intimidade. Você admitiu pra mim que gosta dele, que confia em ele. Então por que não dar essa chance pra você?

Olhei para Jessica refletindo sobre suas palavras. Talvez fosse a solução para os meus problemas.

–Tem razão. Seria o melhor para nós dois. Acho até que eu superaria por completo tudo o que me aconteceu se eu ficasse com o Jake.

–Então a melhor coisa que você faz é aceitar. E, como não-virgem, garanto que você vai gostar. Sexo é muito bom! Se quiser posso lhe dar algumas dicas para quando chegar o momento, o que você acha?

–Valeu Jess, mas essa eu passo.

–E quando seria que Jacob iria descabaçá-la?

–CREDO JESS! PARA DE FALAR ISSO! –Gritei e, ao perceber que chamei atenção demais para mim, procurei moderar minha voz. Jess reprimia uma risada.

–E então quando seria essa viagem?

–Jacob não entrou em detalhes quando ao dia, mas seria nesse final de semana. Ele quer me levar para uma pousada.

–Aceite amiga! Você não vai se arrepender. –Jess deu uma piscadela.

–Acho que irei sim. –Murmurei sorrindo.

–Eba! Ligue para o Jacob agora avisando que você irá!

–Eu vou vê-lo à noite então não preciso ligar. –Virei-me e voltei minha atenção para meu trabalho. Subitamente parei de digitar.

–Jess. –Eu a chamei.

–O que foi? –Pelo barulho Jessica havia voltado a trabalhar.

–Após o fim de semana com Jake eu vou sair de casa. Vou pedir o divórcio. –Murmurei e algo em minhas palavras, o peso da decisão, fez com que eu me sentisse estranha. Procurei não refletir sobre essa estranheza.

–Você faz muito bem, Bella. E eu vou desocupar o mais rápido possível seu apartamento. Já até encontrei um lugar legal pra morar e o melhor é que o apartamento é no seu prédio. Vamos ser quase vizinhas!

–Não precisa se apressar Jess. Qualquer coisa eu fico em um espaço improvisado.

–Ou fica no apartamento de Jake. O lugar pelo que sei é espaçoso e aposto que Jake adoraria dividir um lar com você. –Eu não precisei olhá-la para saber que tinha uma expressão maliciosa no rosto.

–Se tudo der certo no fim de semana eu pensarei seriamente nisso. –Falei num tom brincalhão. –Agora vamos voltar ao trabalho. Eu já estou antecipadamente tensa e, se ficarmos falando sobre o fim de semana, a tensão crescerá.

–Ok. Mas tenho que confessar que adorei sua decisão Bella.

Ela não era a única. Eu também estava feliz com minha decisão. Eu finalmente iria me libertar de Edward Cullen.

...

Horário do almoço. Teria almoçado com Jess e Angela, mas Alice insistiu para que almoçássemos juntas. Eu concordei. Eu gostava de Alice e de seu marido Jasper, eles eram muito agradáveis. Se eu iria me separar de Edward, começaria com as despedidas.

–É sério Bella nós precisamos viajar para Paris juntas qualquer dia desses! Você iria adorar! –Ela falava animada enquanto bebericava sua taça com vinho.

–Eu não tenho dinheiro para uma extravagância dessas Alice! –Disse dando uma garfada na minha salada.

–Eu pago. Seria tão divertido! O Jasper aceita sair comigo para compras, mas não é a mesma coisa quando se está com uma mulher. O Edward poderia vir também, não é? Se bem que ele logo assumirá a presidência na empresa então ele ficará mais ocupado e...

–Eu vou me separar do Edward, Alice. –Disse subitamente. Não pretendia comunicar naquele dia em que tomei a decisão, mas não agüentei Alice falando de Edward e eu como uma família. Ela cometia essa gafe às vezes. Alice me olhou surpresa.

–Eu espero que você ainda me veja como uma amiga após isso. Você e Jasper. Eu não tenho família então cada amigo que ganho é precioso. Eu não quero perder você e Jasper quando eu me afastar definitivamente de Edward. –Eu a olhei, convicta. O rosto de Alice foi se transformando de um rosto surpreso para um rosto tranqüilo.

–Se depender de mim nós continuaremos boas amigas sempre. –Ela sorriu. Eu estiquei minha mão e peguei a sua por cima da mesa.

–Obrigada Alice.

–O Edward sabe disso?

–Não. Eu irei contar a ele no domingo à noite ou na segunda.

–E por que vai esperar tudo isso Bella?

–Eu tenho que fazer algo nesse fim de semana. Após isso eu resolvo tudo. –Não entrei em detalhes, não quis. Após o meu anúncio Alice não tocou no assunto.

...

Após o almoço eu não encontrei Jessica em nosso espaço de trabalho. Voltei a fazer minhas atividades e liguei para Jacob avisando que precisávamos conversar. Ele quis que eu adiantasse o conteúdo da conversa, mas não falei nada. Eu diria minha decisão pessoalmente e conversaria sobre minha decisão.

“Ele certamente ficará feliz.” –Pensei. As horas se passaram e estranhei a demora de Jessica. Decidi procurar Angela, que ficava em outra ala no prédio, e a encontrei trabalhando.

–Oi Ang. –Disse chamando sua atenção. Angela veio risonha para mim.

–Oi Bella! Sentimos sua falta no almoço! Ah, a Jess contou para mim as novidades, estou muito feliz por você.

–Obrigada Angela. Eu também estou feliz com minha decisão. Angela você viu a Jess?

–Não. Eu não a vejo desde a hora em que um funcionário a chamou.

–Um funcionário chamou Jessica? Para onde? –Perguntei surpresa.

–Não sei. Jess foi com ela e tive que voltar ao trabalho. Aconteceu algo?

–Não, não foi nada. Eu vou esperar a Jessica em nossa sala então. Você vai sair conosco hoje?

–Ah, não. Eu tenho trabalho para fazer ao final do expediente e o Bem também vai estar ocupado então...

–Tudo bem. Agente se vê depois. –Afastei-me acenando para Angela. Algo estava errado, eu podia sentir. Segui para minha sala tentando afastar aquele sentimento de que alguma coisa iria acontecer, alguma coisa ruim.

Felizmente encontrei com Jessica na sala. Suspirei aliviada. Isso até perceber o que ela estava fazendo.

–Jess, eu estava procurando por você. Onde esteve? –Perguntei enquanto olhava desconfiada para sua atitude. Jess estava de pé diante da mesa juntando seus pertences.

–Eu estava na sala do seu maridinho sendo demitida, Bella. –Ela falou com a voz irritada. Arfei.

–Demitida? Que historia é essa? –Perguntei.

–Um funcionário me abordou e disse que o digníssimo senhor Cullen desejava falar comigo. Quando eu cheguei lá ele me demitiu. O filho da puta nem me disse o porquê da demissão! –Com o aumento da raiva Jess passou a atirar seus pertences com força no interior de uma caixa. –Ele vai ver! Antes de passar no RH vou roubar tudo o que a minha mão alcançar! –Prometeu.

–Espera ai Jess eu estou confusa! Ele demitiu você? Ele nem é dessa jurisdição para demiti-la! O cargo dele como diretor executivo não tem nada a ver com demissões!

–Eu sei disso, mas ele é o dono da empresa então pode me mandar pro inferno quando quiser! Bella, você sabia que ele iria me demitir? –Ele se virou para mim e me olhou com fúria.

–Não Jess. Você sabe que eu não me dou bem com ele, somos como dois estranhos dividindo uma casa. Se eu soubesse eu contaria a você. –Ela viu a sinceridade em minhas palavras e se quietou.

–Desculpe-me, claro que você não tem nada haver com isso. –E que eu ainda não digeri a noticia.

–Jess, eu vou falar com ele.

–Não Bella, mesmo que ele mude sua decisão eu não quero continuar aqui. Não quero continuar em uma empresa que é controlada por um cretino como ele! Prefiro trabalhar em qualquer outro lugar!

–Jess, reconsidere sua decisão! Dê-me alguns minutos, ok? Eu vou falar com ele e...

–Bella, obrigada pelo o que está fazendo, mas não. Eu sei o quanto seria doloroso para você ter que ir até ele e pedir algo. Eu vou ficar bem. –Jess sorriu forçadamente enquanto colocava o ultimo pertence na caixa de papelão. –Eu vou para casa. Pena, não vou sair com você e o Jake. Agente se fala depois.

Eu vi Jessica partir. Ela poderia se fingir de forte, mas eu sabia que ela estava muito deprimida. A raiva se apossou de mim. Eu precisava de respostas e já que Jessica não foi capaz de respondê-las, eu perguntaria direto à fonte. Caminhei a passos apressados até a sala de Edward e entrei. Havia dois senhores lá, sentados diante de Edward. Eu o encarei com raiva e Edward interrompeu o que dizia.

–Bom meus amigos, acredito que será melhor deixarmos estes assuntos para serem discutidos na próxima reunião. Peço desculpas pelo atraso no inicio deste encontro, mas no momento estou sem o auxilio de uma secretaria. –Dizia aos homens com os olhos fixos em mim. Fiquei surpresa em saber que ele estava sem secretaria, onde Tânia estava? Cruzei os braços em frente ao corpo e bati insistentemente os pés.

–Não se preocupe senhor Cullen. Nós é que pedimos desculpas por convocá-lo antes de uma reunião oficial. –Os dois senhores levantaram. Seus rostos eram familiares. Talvez os tenha visto no evento que fui com Edward a mais de um mês atrás. Os senhores se levantaram, cumprimentaram Edward com um aperto de mão e caminharam para a saída. Edward, a fim de me provocar, disse:

–Ah, já conhecem minha linda esposa, não é? –Apontou para mim. Tive de contar mentalmente até dez para não pular nele.

–Sim. Como vai senhora Cullen? –Um dos homens disse. Estendeu a mão para me cumprimentar. Eu ofereci minha mão para um cumprimento, mas continuei a olhar para Edward. O homem ficou constrangido com minha atitude, mas eu não liguei. Logo os dois saíram fechando a porta atrás de si. Edward me olhou com deboche.

–A que devo a honra de sua visita? –Perguntou voltando a sua mesa.

–Sabe muito bem por que estou aqui.

–Ah, sua amiguinha já fez a fofoca? Veio brigar comigo pelo que fiz por ela, é isso?

–Eu vim para saber o porquê disso? A demissão de Jessica é uma nova forma de me atingir? –Procurei controlar minha voz, mas estava sendo difícil. A qualquer momento eu perderia o controle.

–Meu bem, eu tenho justificativa para demiti-la. –Sentou-se em sua mesa e pegou uma pasta branca que estava em cima de sua mesa; ele a abriu. –Sua amiguinha faltava com freqüência e nunca justificou as faltas, chegava atrasada em certas ocasiões, acessava sites proibidos com o computador da empresa e, como se não bastasse, roubava material de escritório. Como você vê, eu tenho motivos de sobra para demiti-la, mas não se preocupe. Eu dei a ela uma carta de recomendação.

Fiquei em silencio por alguns instantes, por fim sabia o que dizer.

–Muitos funcionários fazem isso, por que demitiu só a ela?

–Se você conhece mais funcionários que aderiram à prática criminosa de Jessica Stanley é só me passar seus nomes e serão demitidos. –Falava num tom presunçoso. Fiquei calada.

–Por que se incumbiu disso? O RH faz as demissões.

–Tédio. –Disse num dar de ombros. Eu sabia que aquela não era uma simples demissão, mas não tinha como argumentar com ele. MALDIÇÃO!

–Mais alguma cosia querida? –Ele perguntou.

–Tudo bem. Eu não vou misturar o pessoal com o profissional. Se for o melhor para a empresa então tudo bem. –Disse e sai batendo ruidosamente a porta.

...

Jake veio me pegar ao final do expediente. Eu já estava montada na moto quando ele veio até mim. Não cheguei a descer da moto, apenas arranquei e seguimos para o restaurante de sempre. Procurei ser simpática, mas estava mexida demais com a demissão de Jessica. Jacob percebeu que eu estava aborrecida com algo, mas até fazermos o pedido da comida ele não tocou no assunto. Quando fizemos os pedidos para uma garçonete Jake se manifestou.

–Você parece triste.

–Impressão sua Jake, eu estou bem. –Tentei sorrir. Claro que não o enganei.

–Está assim por causa da Jessica? –Ele perguntou. Estaquei.

–Como você sabe?

–Ela ligou para o Mike e ele me contou. Mike deve estar com ela agora. Uma pena o que aconteceu, mas não se preocupe que nós conseguiremos um emprego para ela na nossa empresa.

–Espero que consigam caso o contrário vou me sentir culpada por um bom tempo!

–Por que Bella? Acha que é sua culpa a demissão da Jessica?

–Eu não acho Jake, eu tenho certeza! Jessica foi à única funcionaria demitida e por que Edward fez questão de demiti-la pessoalmente? Tudo isso é muito estranho e a única forma de compreender a situação é atribuir a culpa a mim.

Jacob ergueu a mão e a esticou para poder tocar meu rosto.

–Não fique assim, meu bem. Não quero que fique triste se culpando, colocando mais peso ao seu fardo. Jessica vai ficar bem, eu garanto. Agora vamos relaxar, ou pelo menos tentar.

–Tudo bem. Eu não liguei para você para ficar me lastimando pelo que aconteceu. Eu tenho boas notícias. –Eu disse sorrindo.

–É mesmo, você queria me dizer algo. E então? –Jacob me olhava ansioso.

–Vamos viajar nesse fim de semana. –E ao proferir essas palavras Jacob sorriu radiante.

–É sério? Vai viajar comigo?

–Sim. E essa não será a única coisa que farei. Após essa viagem eu vou me divorciar do Edward. –Eu não olhei para Edward. Fitei a mesa a tempo de ver meu pedido ser colocado diante de mim pela garçonete.

–Eu espero que sua decisão não seja por que você está se sentindo pressionada por minha causa.

–Não Jake, eu quero fazer isso por mim mesma. Eu já passei tempo demais naquela casa, não há por que continuar lá agora que tenho você. –Não sei o que Jacob viu nos meus olhos, mas ficou feliz com minha declaração. Eu sabia que minha convivência com Edward o incomodava antes mesmo de termos algo. Já estava mais do que na hora de tomar o próximo passo.

Eu não fazia isso pelo Jacob, mas por mim.

–Então eu vou preparar tudo para a nossa viagem no sábado. Podemos ir ao teatro antes de sairmos para a pousada. O que você acha?

–Pra mim está ótimo. Agora vamos comer por que eu estou faminta! –Falei divertida dando atenção à comida, tentando não pensar no que iria acontecer daqui a alguns dias.

...

Jacob não partiu assim que chegamos em casa, foi comigo até a garagem. Estacionei em frente ao carro de Edward.

–Vai ficar tudo bem? –Ele perguntou parecendo preocupado. Enlaçou-me pela cintura.

–Claro que está bem, por que não estaria? –Envolvi o pescoço de Jacob e o puxei para beijá-lo. Estar com Jacob era ótimo, eu me sentia bem estando em seus braços. Um sentimento de segurança. Eu já senti tal sentimento antes, mas fui apunhalada por aquele em que confiei. Seria assim com Jacob? Ele também me trairia como Edward traiu?

–O que foi? –Jacob perguntou. Eu o abracei mais forte querendo afastar os pensamentos angustiantes.

–Nada. Eu queria ficar assim o restante da noite, abraçada com você. –Murmurei enquanto apreciava o calor, o cheiro, tudo o que vinha de Jacob.

–Um pouco de paciência para nós dois. Após o sábado tudo vai se resolver e, caso Jessica não desocupe seu apartamento a tempo, eu adoraria que você ficasse comigo no meu apartamento. –Jacob murmurou tão baixinho que somente eu poderia ouvir. Eu assenti.

–Vai ser logo. –Eu me afastei e fiquei na ponta do pé para beijá-lo. Beijar Jacob era bom, afinal de contas eu gostava dele e muito. No entanto sempre que eu o beijava eu sentia que havia algo que estava faltando, uma peça do quebra-cabeça que era a minha vida. Quando eu sentia falta desta peça, era tomada por duvidas.

“Não! Não é hora de fraquejar! Eu já me decidi e não pretendo voltar atrás!”-Minha mente gritou para o restante de meu corpo. 

Jacob era meu Sol, meu porto seguro. Eu precisava acreditar nisso para me libertar.

Vi Jacob a se afastar, ele estava feliz com minha decisão. Fui para a casa de Edward enquanto pensava em como iria executar meus planos. Edward não iria discordar do divórcio, era tudo o que ele parecia querer desde o nosso casamento. Segui para casa sabendo que tudo se resolveria em poucos dias e isso era um alivio.

Edward pov’s

Otimismo. Eu sempre cultivei este sentimento, ou talvez fosse à prepotência que me guiava. Aquela manhã após o evento havia sido desastrosa. Bella me ignorou o dia inteiro. Eu entendia sua reação, eu a havia magoado e merecia seu desprezo. O problema é que eu pensei que sua ira duraria por apenas um dia.

No dia seguinte eu cumprimentei Bella.

–Bom dia. – Disse. Bella me ignorou. Procurei ser ruidoso enquanto sentava-me para degustar do café. – E então, vai fingir que eu não existo agora? –Resmunguei. Ela sequer me olhou.

E no dia seguinte mais desprezo. E no dia seguinte também. Ela fingia que eu não existia. Quando mais eu impunha minha presença, mas eu me sentia um nada quando estava próximo a ela. Estava se tornando uma situação insustentável! Tão insustentável que, para suprir aquela carência, fiz uma burrada.

–Edward? –Tânia perguntou quando me viu em sua porta naquela noite. Eu entrei e a puxei para um beijo. Não precisei dar explicações sobre o tempo em que eu a evitei e certamente Tânia não estava querendo isso.

Um erro. Um erro que, no espaço de uma semana, cometi duas vezes. Duas vezes eu dormi com Tânia e para que? Para sentir o calor de uma mulher e pensar que o calor que me envolvia era o dela, o calor de Bella.

Eu era realmente um idiota! Queria confessar o que sentia, mas como eu já havia confessado através de uma mensagem no celular para Bella e ela não se manifestou, pensei que aquilo era claramente uma rejeição. Eu não sabia. Eu suportei o seu desprezo por uma semana.

Após uma semana estava disposto a mudar radicalmente, a fazer meus sentimentos aparecerem e Bella perceber o que estava acontecendo comigo. Ela mudou antes de mim. Não sei por que, mas Bella foi aceitando meus cumprimentos...

–Bom dia. –Eu a cumprimentei esperando pelo seu silencio. Para a minha surpresa ela disse:

–Bom dia Edward.

E no outro dia...

–Alice nos convidou para comer com ela. Vamos? –Eu a convidei após o expediente. A Bella de sempre me mandaria à merda, mas esta...

–Eu estou cansada. Vá e se divirta com a sua irmã. Mande um beijo para ela e para Jasper por mim. –Disse seguindo para o seu quarto certamente para dormir.

“Ela está mais simpática. Talvez tenha deixado para lá o episódio lastimável daquele evento.”.

Eu via Bella melhor comigo a cada dia, ser natural e não mais aquela mulher amarga que adorava destilar veneno em mim. Enquanto a esperança de que nós nos entendêssemos crescia, voltei a deixar Tânia de lado. Claro que ela protestou, mas como eu a ignorei ela se cansou de falar.

Eu iria reconquistar Bella. Procurei me preparar psicologicamente por alguns dias, semanas no máximo, até dar o próximo passo. No entanto eu não dei o próximo passo como pretendia, tudo isso por que eu percebi que a mudança de Bella não era algo bom, definitivamente não era. Bella continuava a sair com os amigos, a ser uma excelente funcionária, a me tratar razoavelmente bem. Não era que ela estivesse gostando um pouco mais de mim, era que eu estava perdendo a importância para ela. Nada mais. Eu soube disso quando decidi certa noite segui-la.

Bella estava radiante naquela manhã, era impressionante como ficava a mais linda a cada dia. Eu sabia que para se produzir tanto como ela fazia agora quase todos os dias, era por que ela pretendia sair. 

–Bom dia meninas! –Bella cumprimentou as empregadas.

–Bom dia Bella. –Elas falaram. Eu a olhei dos pés a cabeça, estava tão linda naquelas roupas! Senti um dedo de Alice nas suas vestimentas. Um vestido claro, um blazer branco por cima do vestido. -Bom dia Edward. –Ela me cumprimentou. Educada, fria. Fiquei amuado. Para completar ela já se projetava para ir embora. Não era a primeira vez que Bella fazia isso.

–Por que você não se senta e toma o café? –Perguntei.

–Eu vou comer a caminho do trabalho. –Ela disse seguindo para a porta. Seu ato me enervou.

–Você tem tempo de folga para comer. Magdalena fez um café da manhã impecável. –Não era a primeira vez que eu tentava convencê-la a ficar comigo, ainda que só para tomar café. Era humilhante, ainda mais por que Bella sempre recusava os meus pedidos educadamente.

–Eu tenho um compromisso antes do trabalho. Tenha um bom dia, Edward. –Disse e saiu. Fechei a xícara de café em minhas mãos com tanta força que ela quase se partiu ao meio. Ela havia mudado tanto! Não era mais a Bella amarga, era uma Bella nova. Uma Bella que parecia mais e mais distante de mim.

Segui para o meu carro desnorteado. E minha raiva cresceu quando vi que Bella havia ido para a empresa em sua moto. Sim, uma moto. Ela havia comprado uma moto. Em um dia estava a pé, no outro tinha uma moto ocupando uma vaga na garagem do prédio. Como se não bastasse temer perde-la para outro cara agora eu temia perde-la para um acidente de trânsito.

Eu estava perdido com essa mulher!

...

Olhei para Bella ao chegar à empresa, conversava com a tal Jessica. Tânia me recebeu na porta de minha sala. Veio para me beijar, mas meu mau humor a afastou.

–Que cara é essa? A sua esposinha mongolóide fez alguma bobagem de novo? –Tânia perguntou com deboche. Caminhei até a minha mesa e sentei.

–Pode voltar a sua posição de secretária? Temos muito que fazer. –Disse ríspido. Tânia se irritou com minha atitude, mas não protestou. Isso era bom. Ela me passou a minha agenda do dia e eu a segui procurando ser rápido em minhas tarefas. Eu queria sair cedo e seguir Bella, observá-la e tentar entender o porquê de sua rápida mudança.

...

Bella iria sair e não sairia só. As amigas estavam com ela. Eu a segui após Tânia ir embora para a sua casa. Bella pegou sua moto e todas ficaram em frente ao prédio. Deviam estar esperando um taxi para elas. Era nisso que eu queria acreditar. Um carro estacionou próximo a elas, haviam dois homens lá. Pude ver tudo isso do lugar onde eu estava o interior do meu carro.

Angela e Jessica entraram no carro. Suspirei aliviado por ver que Bella iria sozinha em sua moto e, a julgar pela intimidade entre os quatro no carro, nenhum dos dois rapazes teria algo com Bella. Vi um jovem numa moto. Bella pareceu não notá-lo, colocou o capacete e seguiu o carro das amigas. A outra moto seguiu ao lado de Bella, mas não houve comunicação. Segui lentamente os carros tentando não me aproximar demais. 

Eles não seguiram para muito longe, foram para um barzinho. Estacionei longe do bar para não ser descoberto e entrei no lugar após alguns minutos. Não demorou a eu localizar Bella e seus amigos. Eles sentaram em uma mesa, pediram alguma coisa para beber e começaram a conversar entre si. Um programa bem normal. Muitos rapazes olhavam para o grupo, em especial para Bella. Fiquei enervado com isso, mas feliz por ela não ligar para a atenção masculina que recebia. Sentei em uma mesinha o mais afastado possível do grupo, em um ângulo em que eu pudesse vê-los. Pela visão periférica notei que uma atendente do bar vinha toda animada em minha direção. Por alguns instantes minha atenção foi voltada para ela.

–Boa noite senhor. Serei sua atendente esta noite. Aqui está nosso cardápio. –Ela me ofereceu o cardápio e prontamente eu peguei. Não precisei pensar para escolher o pedido, ou olhar o objeto oferecido.

–Quero uma dose de Uísque. –Pedi entregando o cardápio.

Foi rápido.

Num minuto Bella conversava animadamente com os amigos e no outro ela estava beijando o cara que a acompanhou de moto. Eu fiquei estático. Mas que porra era essa?

Silencio. Eu não ouvia a nada ao meu redor.

As pessoas. Tudo desapareceu e só restou aquela imagem: Bella com outro homem.

Bella com outro homem.

Um homem que tinha o que eu tanto desejava... Seus beijos, seu toque, seu sorriso...

–Aqui está a sua bebida senhor. –A atendente disse passando a minha dose. Eu peguei a bebida, virei o copo e lhe passei uma nota com um valor alto.

–O troco é seu. –Murmurei e desapareci pela saída. 

...

Devo ter pegado todas as garrafas alcoólicas que encontrei em casa. Fui bebendo uma por uma, na sala, enquanto eu pensava no que faria. Eu não iria perder; Edward Cullen nunca perde!

Sentado no sofá sorvendo uma garrafa de vodka eu pensei em como contra-atracar. Bella não era assim, alguém deve ter dado a brilhante idéia dela me meter um par de chifres. Só consegui pensar nas amigas, em especial na tal Jessica.

“Ela vai me pagar! Todas elas! Aposto que ficam alimentando idéias na cabeça da Bella!”.

A fúria que eu sentia me impedia de pensar racionalmente. O Edward paciente e razoavelmente bonzinho se fora, dando lugar ao Edward de sempre, o competitivo, o vingativo. Eu bebi e bebi enquanto refinava mais planos. Demitiria a tal Jessica. Se isso não resolvesse demitiria Angela. Demitia todos se preciso para que Bella não sofresse influencias negativas.

Os minutos foram se passando...

Estava tão bêbado que não conseguia me levantar do sofá. Pensei que acabaria adormecendo ali com a única garrafa de bebida alcoólica que tinha algum conteúdo quando ouvi o barulho na porta. Fiquei rígido olhando para frente enquanto eu captava a entrada dela no apartamento. Bella procurou ser silenciosa, mal ela sabia que eu estava bem ali. Quando me notou ficando me notou nada disse, seguiu para o corredor que levaria ao seu quarto.

–Aonde vai? –Minha voz saiu arrastada. Eu estava muito alcoolizado.

–Para o quarto. –Disse numa voz cansada.

–Se divertiu essa noite? –Perguntei com deboche.

–Sim, como em todas as noites quando saio com meus amigos. Se me der licença vou para o meu quarto.

Bella afastou-se. Eu me enervei. Claro que se divertiu me colocando um belo par de chifres, beijando o primeiro que viu para a sua vingança! Eu faria Bella compreender naquele instante que ela era minha. MINHA!

Joguei a garrafa no chão. O barulho chamou sua atenção e Bella parou. Caminhei até ela enquanto minha vista turvava. Ela seria minha, eu não permitiria que outro tivesse o meu bem mais precioso! Dei alguns passos enquanto a olhava com fúria. Bella me encarava surpresa, talvez assustada. Quando abri a boca para falar tudo o que estava entalado, inclusive que eu a amava, tudo se apagou. Eu desmaiei, pelo menos acho que desmaiei.

“EDWARD!” –Sua voz soou longe. Não pude me sentir. Eu estava no escuro.

Maldita bebida!

...

Um gosto amargo na boca. Abri os olhos e os fechei de imediato. Estava tão claro! Eu os fechei enquanto tentava me recompor. A última coisa que me lembrava era de estar me aproximando de Bella, pronto para dizer tudo o que estava acumulado, as verdades e mentiras, até sobre o contrato. Eu não disse. Desmaiei devido a todo o álcool que bebi.

Eu havia perdido uma ótima oportunidade, mas haveria outras. Eu tinha em mente uma tática e eu iria executá-la tão logo eu estivesse na empresa.

...

Bella estava com a amiga trabalhando. Eu olhei a tal Jessica com malicia. Mal ela sabia o que esperava por ela! Entrei em minha sala e fui recepcionado por Tânia que simplesmente me atacou. Pulou em mim e me beijou sofregamente. Eu a empurrei.

–O QUE DEU EM VOCE? –Perguntei aos gritos.

–SOU EU QUE DEVERIA PERGUNTAR! QUAL É O SEU PROBLEMA? POR QUE TA ME EVITANDO? –Ela gritava com os olhos furiosos. Bosta! Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ela iria explodir.

–Tânia, pare com isso. –Pedi cheio de raiva. Ela não parou.

–NÃO PENSE QUE PODE ME CHUTAR APÓS TER ME USADO EDWARD CULLEN! –Ela gritava enquanto batia no meu peito. Segurei suas mãos para que parasse de me agredir.

–Não me tende a me livrar de você Tânia. –Disse tentando não gritar. Não queria chamar a atenção para mim.

–AH ESSA EU QUERO VER! EU SOU INDISPENSAVEL PARA VOCE! SABE DISSO! SEM MIM VOCE FICARIA TENDO QUE DORMIR COM AQUELA VAGABUNDA SEM GRAÇA DA SUA MULHER!

Quando Tânia proferiu estas palavras, senti minha visão nublar de ódio. Eu não queria apenas demiti-la, eu queria esmurrá-la por ofender alguém como Bella. Não, eu não seria tão radical. Nunca bati em mulheres, mesmo naquelas que mereciam. Contei mentalmente até dez e suspirei.

–Vamos ao trabalho. Antes de tudo quero que você chame o responsável pelas demissões no RH. Tem um funcionário que vou demitir. E quero que consiga tudo o que puder da funcionária Jessica Stanley. –Caminhei até a minha mesa e me sentei. Jessica seria a primeira na minha lista negra. Tânia me olhou irritada por minha raiva mudança de assunto, virou-se e fechou a porta atrás de si ruidosamente.

Primeiro Jessica... Depois Tânia.

...

–Senhor Cullen, tem certeza que deseja fazer isso? –O funcionário do RH perguntou. Tânia estava em frente à porta, amuada. Refletia ainda a nossa discussão na cara.

–Sim, eu tenho certeza.

–Mas qual é o motivo ou não existe motivo?

–Se é tão difícil para você demiti-la então me faça o favor de chamar Jessica Stanley aqui. –Disse com deboche. –E vá preparando todos os documentos dela. Hoje mesmo eu a quero fora daqui.

–Ela faz algo para o senhor? –O homem perguntou.

–Faça apenas o que estou dizendo. E faça uma carta de recomendação a ela. Não quero que a coitada fique com uma mão na frente e outra atrás. Agora vá chamá-la. –Eu disse a ele. O responsável pelas demissões, sujeito que desconhecia o nome, saiu. Tânia se aproximou e jogou uma pasta com papeis.

–Tai o que queria saber de Jessica Stanley. Agora tem motivos para demiti-la. Foi muito fácil descobrir os seus podres. –Tânia sorriu vingativa. Eu peguei a pasta e a abri olhando os papeis. Jessica realmente tinha um histórico comprometido. Registros de atrasos que nunca chegaram ao RH, faltas não justificadas e sumiço de material de escritório de sua sala.

–É agora eu tenho motivos caso seja questionado. –Murmurei olhando os papeis com afinco.

–E quem o questionaria? –Tânia perguntou. Dei de ombros. Eu não falaria na Bella.

–Tânia, eu vou precisar ficar a sós com Jessica. Enquanto isso adie minha próxima reunião. –Pedi sem olhá-la.

–Como quiser. –Murmurou e saiu rapidamente. Assim que Tânia saiu, eu me recostei melhor na poltrona e suspirei. Eu sabia que tinha que ter cuidado com Tânia. Peguei o telefone em cima da mesa e liguei para o número do RH, mas precisamente para a sala do home que cuida das demissões. Ele atendeu rapidamente.

–Você convocou Jessica Stanley? –Perguntei sem rodeios.

–Ah senhor Cullen! Sim, eu falei com ela. Ela deve estar a caminho. –Disse. Nesse momento ouvi batidas na porta, devia ser ela.

–Tudo bem. Ah, quero que cuide de outra demissão para mim.

–E de quem seria senhor Cullen? –Ele perguntou. Murmurei um “entre” e falei antes que Jessica captasse o teor da conversa.

– nome é Tânia Denali. –Falei e desliguei o telefone. Jessica ficou em pé diante de mim com um olhar tenso. Eu sorri.

–Sente-se senhorita Stanley. –Pedi educadamente. Jessica veio tensa e sentou-se diante de mim.

–Boa tarde, senhor Cullen. O que deseja de mim? –Sua voz era baixa, mostrava sua hesitação.

–Eu serei rápido com a senhorita, pois tenho uma reunião. –Disse e joguei diante dela a pasta que Tânia arranjou. Jessica olhou para a pasta por alguns segundos.

–O que é isso? –Ela perguntou.

–Esse é o motivo de sua demissão, senhorita Stanley. –Falei calmamente.

–O QUE? –Ela gritou levantando-se da sua poltrona com rapidez.

–É isso o que ouviu. O RH está cuidando de sua demissão nesse momento. Receberá todos os seus direitos e a minha promessa de que a sua falta com a empresa não ficará registrada em sua carteira de trabalho. Eu lhe darei até uma carta de recomendação! –Disse debochado. Levantei da mesa e contornei a cadeira onde Jessica estava sentada. Inclinei meu corpo e sussurrei em seu ouvido.

–Achou mesmo que eu não perceberia? Achou mesmo que eu deixaria você tira-la de mim? Nem você nem ninguém vão tirar o que é meu por direito. –Assim que disse, Jessica levantou-se bruscamente e saiu porta afora. Eu sorri enquanto a via desaparecer pelo corredor.

Menos um obstáculo, pensei.

...

–Oi maninho! –Alice me cumprimentou. Eu a encontrei na saída de uma reunião.

–Oi Alice. –Disse seguindo para minha sala. Alice caminhou junto comigo. Tânia ficou atrás conversando com funcionários.

–Eu estava almoçando com a Bella. Ela está tão diferente! Você percebeu? Está mais bonita e feliz.

–Eu percebi sim.

Entramos em minha sala. Alice fechou as portas assim que passou por elas.

–Não deveria estar trabalhando maninha? –Perguntei enquanto sentava em minha poltrona. Ela ficou de pé próxima a porta, seu olhar sobre mim era estranho. –O que foi? Perdeu alguma bolsa exclusiva de alguma grife famosa? –Brinquei enquanto olhava papeis deixados em minha mesa por algum funcionário ou por Tânia.

–Você ainda ama a Bella, Edward?

Eu a olhei surpreso com sua pergunta. Alice não tocava no assunto “Bella e eu” há algum tempo. Isso por que ela não estava disposta a me ajudar, ela dizia que eu não merecia ajuda.

–Que tipo de pergunta é essa?

–Só responda. –Alice estava séria, algo bem atípico dela. Fiquei confuso.

–Amo. Por que a pergunta? –Eu queria saber o porquê. Algo me dizia que eu não iria gostar da verdade. Alice fechou os olhos e sacudiu a cabeça em desaprovação a algo. –Alice? O que foi?

–Você é um idiota mesmo Edward. –Dizendo isso ela saiu da minha sala. Eu não tinha entendido nada.

...

Conversava com dois sócios que haviam pedido um encontro comigo. Não havia visto Tânia desde a reunião anterior e me perguntei se ela já tinha descoberto que havia sido demitida. Estava prestes a falar com os senhores sobre o assunto em questão quando a porta foi aberta.

Bella.

–Bom meus amigos, acredito que será melhor deixarmos estes assuntos para serem discutidos na próxima reunião. Peço desculpas pelo atraso no inicio deste encontro, mas no momento estou sem o auxilio de uma secretaria. –Disse com os olhos fixos em Bella. Ela me olhava com raiva. Pensei no provável motivo para ela estar ali. Deve ter descoberto que demiti a amiga. 

–Não se preocupe senhor Cullen. Nós é que pedimos desculpas por convocá-lo antes de uma reunião oficial. –Os dois senhores levantaram. Cumprimentaram-me e seguiram para a saída. Eu fiz questão de apresentar Bella.

–Ah, já conhecem minha linda esposa, não é? – Apontei para ela.

–Sim. Como vai senhora Cullen? –Ele a cumprimentou e Bella aceitou o cumprimento de mão, mas seus olhos raivosos estavam fixos em mim. 

–A que devo a honra de sua visita? –Perguntei voltando a minha mesa. A pasta com os papeis que provavam os crimes de Jessica ainda estava em cima da minha mesa.

–Sabe muito bem por que estou aqui. –Falou com irritação. Mesmo irritada continuava linda!

–Ah, sua amiguinha já fez a fofoca? Veio brigar comigo pelo que fiz por ela, é isso?

–Eu vim para saber o porquê disso? A demissão de Jessica é uma nova forma de me atingir?

Bella era bem receptiva. Sacou logo que eu fazia isso por sua causa.

–Meu bem, eu tenho justificativa para demiti-la. – Disse pegando a pasta que Tânia conseguiu e a abrindo. –Sua amiguinha faltava com freqüência e nunca justificou as faltas, chegava atrasada em certas ocasiões, acessava sites proibidos com o computador da empresa e, como se não bastasse, roubava material de escritório. Como você vê, eu tenho motivos de sobra para demiti-la, mas não se preocupe. Eu dei a ela uma carta de recomendação.

Bella se calou. Claro, ela conhecia a amiga que tinha. Ela sabia que Jessica não era flor que se cheire. Procurou se recompor e quando o fez falou:

–Muitos funcionários fazem isso, por que demitiu só a ela?

–Se você conhece mais funcionários que aderiram à prática criminosa de Jessica Stanley é só me passar seus nomes e serão demitidos. –Esperei. Claro que ela nada disse.

–Por que se incumbiu disso? O RH faz as demissões. –Continuou a me questionar. Bella sabia que o motivo para a demissão era ela, queria que eu dissesse isso. Eu não diria.

–Tédio. –Falei dando de ombros. -Mais alguma cosia querida? –Perguntei e meu sorriso vitorioso a enervou mais, deu para notar.

–Tudo bem. Eu não vou misturar o pessoal com o profissional. Se for o melhor para a empresa então tudo bem. –Disse e saiu furiosa da minha sala. Eu sorri abertamente.

...

Eu estava me sentindo bem. Apesar da fúria de Bella, eu estava bem. Iria observar Bella para ter certeza de que ela não estava mais flertando com ninguém por ai e, caso a tal Angela estivesse envolvida, eu a demitiria também. Eu sabia que agia como um louco, mas a racionalidade já havia me abandonado desde que Bella entrou em minha vida.

De tão tranqüilo que estava eu nem me preocupei em seguir Bella após o expediente. Ao constatar que Bella não estava mais na empresa, segui direto para casa. Eu fiz bem em seguir por que, assim que cheguei, vi Tânia no estacionamento. Ela estava descabelada, o rosto inchado de tanto chorar, as roupas amassadas.

–E lá vamos nós. –Murmurei estacionando o carro na minha vaga. Quando sai do carro, eu fui atacado.

–SEU FILHO DA PUTA! CRETINO! –Gritou socando-me no peito. Eu a empurrei.

–O que você esperava? Hum? Que eu casasse com você e a transformasse em uma princesa? Você não é nenhuma criança Tânia!

–VOCE ME USOU! –Gritou vindo para cima de mim.

–Você também me usou. Usou meu status, meu dinheiro. Você não gosta de mim, gosta das coisas que eu proporcionava. Não venha bancar a santa comigo Tânia.

–Você precisa de mim! –Falou numa voz mais controlada.

–Não preciso mais.

–Eu vou contar a ela. –Quando Tânia disso isso, eu congelei. –Eu vou contar aquela vadia!

Procurei me controlar. Se eu mostrasse o que sentia, Tânia iria me arruinar.

–Fale. Facilitará as coisas para mim. –Falei com desdém. –Pegue seu dinheiro amanhã e vá para o seu novo trabalho na segunda. Sim, eu consegui um ótimo trabalho para você. Como forma de pagar seus préstimos. Seja feliz Tânia.

Ela ficou parada me olhando. Minutos se passaram. Deu um meio sorriso e caminhou para a saída.

Senti um alivio com Tânia. Dois problemas estavam fora do meu caminho. Agora eu tinha que me concentrar em me aproximar de Bella. Seria difícil, mas eu conseguiria. Eu tinha que conseguir. 

Uma pequena parte de mim gritava dizendo que eu estava fazendo tudo errado, mas eu não conseguia ouvir esse meu outro lado. Não se meus planos estivessem me aproximando de Bella.

Eu amava Bella e iria tê-la custe o que custar!

...

Tomei um bom banho. Comi o jantar preparado por Magdalena e Eli. Escovei meus dentes. Assisti televisão. Deitei em minha cama enquanto a esperava. Logo ouvi os barulhos que denunciavam sua chegada, mas não sai do quarto. Eu esperava que Bella dormisse só assim eu poderia ficar próximo a ela.

Uma da manhã. Duas da manhã.

Levantei da cama e segui a passos silenciosos para o quarto de Bella. Como previ Bella já estava dormindo, muito bem coberta pelo seu edredom devido ao frio que fazia. Lentamente, silenciosamente, eu me deitei ao seu lado. Não era a primeira vez que eu fazia isso, deitar ao lado de Bella e imaginar como seria quando eu tivesse essa liberdade com ela acordada. Ergui a mão e aproximei o máximo possível de seu rosto. Fingi que o acariciava. Eu queria sentir sua pele... Ah! Tantas coisas eu queria! Consegui pegar sua mão sem desperta-la e a coloquei no meu rosto. Procurei ficar bem próximo dela e relaxei. Fechei os olhos e me deixei levar pela possibilidade de tê-la como minha mulher, algo que logo aconteceria.




Continua...





4 comentários:

tete disse...

nossa que a fliçao sera que eles nao vao ficar juntos mesmo ? espero que fique e espero que ela nao fique a primeira vez com o uotro porque se for assim vai ser muito chato o primeiro tem que ser edward mesmo eles brigando nossa ja estou anciosa para ver eles juntos beijos e uma otima noite para vce

Val RIBEIRO disse...

acho que ela esta se envolvendo demais com JACOB...e o EDWARD esta fazendo tudo errado....

Unknown disse...

ah Edward faz alguma coisa de uma vez!!! Não shippo Bella e Jacob sou Team Edward u.u <3

Unknown disse...

Aiii que eles fiquem jutos logo e que ela ñ se envolva demais com esse tal Jacob que duvido que ela o ame como ama o Edward tomame que eles fiquem jutos logo

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