Olá Amores!!! Hoje vamos curtir o 43° capítulo de "Passado Distorcido". Quer acompanhar a história desde o início?Clique aqui.
Um legado deixado em uma carta. Até onde Edward iria para vingar o sofrimento e a morte de Sebastian? Encontrar aquela mulher, Isabella, era o seu objetivo de vida e o destino a entrega de bandeja.
Porém, as verdades absolutas de Edward se rompem quando os caminhos da vida mostram quem é Isabella. E quem Sebastian foi. Afinal, o passado não é, exatamente, aquilo que sempre pareceu ser.
Autora : whatsername
Contato : kellydomingoss (skype)
Classificação : +18
Gêneros: Romance, Universo Alternativo, Hentai, Drama
Avisos: Álcool, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo
Capítulo 43 - Ocitocina.
POV Edward
As palavras ditas em uma voz absurdamente eloquente faziam meu sangue ferver, eu respirei calmamente, ignorando por completo meu estado de espírito.
Olhei mais uma vez para o crachá, depois, segurei o olhar da recepcionista. “Sra. Connelly, eu preciso entrar naquela sala.”
Ela bufou, evidenciando o quanto ela odiava aquele cargo. A mulher jovem e de cabelos presos me fitou, quase irritada. Se fosse em outra situação, eu a entenderia. A madrugada estava quente e tumultuada, meu filho estava nascendo e eu me sentia o cara mais impotente do mundo.
“Sr. Cullen, você não tem autorização.” Ela repetiu pela enésima vez. “E, por favor, não crie tumulto, há mais pessoas querendo informações.”
Fui obrigado a olhar para trás, a fila crescia. Os pais pareciam felizes, eles estampavam sorrisos grandes e emocionados. Eu, por outro lado, era um poço de nervosismo e ansiedade. Minha mão estava cerrada, eu não pensei antes de batê-la contra o balcão, um sinal óbvio de meu descontrole.
“É o meu filho que está nascendo, eu tenho todo o direito de entrar naquele quarto.” Não saiu como um esbravejo, mas estava longe de ser um tom educado.
“Não me faça chamar os seguranças, senhor. Controle-se.” A recepcionista pediu cordialmente, eu pedi para que ela visse o desespero que transbordava de cada poro meu.
“Edward?” A voz era estridente e com uma pontada de hesitação, eu logo a reconheci. Alice estava assustada, o que assustou a merda fora de mim, aquilo significava que Bella não estava bem, Anthony também não estava.
Minha visão periférica me deu a imagem de Jasper, ele tomava uma caneca de café, sem tirar os olhos do fundo do recipiente. Já Emmett segurava um semblante relaxado demais, como se não estivesse no meio daquela confusão, Rose dormia tranquilamente, apoiada sobre o ombro dele. Jake, que andava sumido, parecia feliz, embora eu reconhecesse o temor nos traços fortes. E, apenas para jogar minha paciência pela janela, lá estava ele, soberbo até o limite, me encarando. Perguntei-me quem fora o infeliz que trouxera Carter para o nascimento de meu filho.
Quase me esqueci de Alice em minha frente, ela não disse nada, então eu soube que era a minha hora de dizer alguma coisa coerente. “Obrigado por ter me avisado, não sei como agradecer, obrigado de verdade.” A fala parecia um emaranhado de agradecimentos.
Alice me deu um pequeno sorriso, nervoso e pela metade. “Ela está precisando de você, Edward, é serio.”
Um formigar incomodo me acometeu, indo de meus pés a cabeça. “Como eles estão?” Perguntei mais baixo que um sussurro, sem saber se eu queria, ou não, a resposta.
Vi os olhos de Alice procurando os meus, ela piscou timidamente, quase querendo chorar. “Essa coisa de fazer força não é com a Bella, ela está lá sozinha, morrendo de dor.”
A descrição me trouxe um sorriso, por mais estranho que fosse, eu sabia que Bella estava precisando de mim e, de algum modo, aquilo me deixava próximo a ela e ao meu filho. Trouxe-me também uma tremedeira sem igual, ele, meu filho, estava nascendo. Eu o conheceria e não seriam as circunstâncias adversas que me impediriam.
Eu voltei em um átimo para a recepção, decidido a fazer qualquer coisa para ver Bella. Alice estava a dois passos atrás de mim, Jasper me seguiu com o olhar, tudo ali era gélido, eu estava quente e ansioso demais para me importar com ele.
A Sra. Connelly balançou a cabeça ao me ver, cansada e impaciente. “Senhor, por gentileza, não nos importune.”
“Quem está acompanhando Isabella Swan?” Eu perguntei usando o tom mais firme que eu tinha, talvez ele fizesse-a entender que eu não estava disposto a esperar nem mais um segundo.
Ela correu os olhos pelos papeis, relendo as linhas com atenção. “O único acompanhante seria o senhor, mas ela solicitou que você não tivesse autorização para vê-la.”
Suprimi uma enxurrada de palavrões feios, tudo estava sendo demasiado difícil e cansativo. “Eu vou vê-la, ok? Não importe as conseqüências que eu terei, onde eu assino?”
Ela me olhou como se eu fosse um monstro de três cabeças, eu quase pude ver um sorrisinho de escárnio. “Senhor, seja razoável, não há como resolver esta situação.”
Alice soltou um barulho estranho, um meio gemido. “Edward, eu resolvo isto, sente-se.”
Eu o fiz sem qualquer dificuldade, meu corpo agradeceu a poltrona acolchoada, tudo ficaria melhor se eu não estivesse tão perto de Jasper, era fácil ouvir a respiração pesada dele, batendo contra o vapor do café. Emm me deu um aceno tímido, mas o sorriso era verdadeiro. Eu retribuí com muito menos vontade.
Rosalie levantou-se repentinamente, ela andou sonolenta até a máquina de café. O cheiro me fez babar e só então me lembrei de meu sono e fome, olhei o relógio, assustei com os ponteiros, eles diziam que já eram mais de três da madrugada. Mal percebi que Rose tinha uma mão estendida em minha direção, a caneca de café me fez acordar por completo.
“Você parece mal, Edward. Beba.” O tom era sonolento e carregado de atenção. “Você não vai ser muito útil, se dormir.”
Permiti-me sorrir com a última parte da fala dela, aceitei a caneca de café, levei-a até minha boca, eu sabia que seria inevitável não me queimar com o líquido. “Obrigado, Rose.”
Apenas nós ocupávamos a recepção da maternidade, todos pareciam mais cansados que eu, então eu supôs que Bella chegara cedo ao hospital. No mesmo instante, lembrei-me das inúmeras conversas que Bella e eu tivemos; sobre o parto, se seria estranho ter uma cabeça saindo de dentro dela. Gradualmente, eu percebi que meu filho estava nascendo, mas eu não sabia nenhum detalhe.
“Quem a trouxe?” Minha argüição quebrou o silêncio, eu esperei pela resposta. Emm, que estava quase dormindo, me deu-a.
Ele sorriu antes de falar. “Nós estávamos no telefone e Bella me disse que estava fazendo xixi, mas, na verdade, a bolsa estourou.”
Imaginei a cena, incapaz de presumi qual atitude eu teria. Eu me conhecia, minhas pernas tremeriam ao primeiro sinal do nascimento de Anthony. Não existiria calma, eu seria um pai louco.
“Tem tempo que ela está aqui?” Aquela era uma pergunta importante, eu a fiz com cuidado, olhando diretamente para Emmett.
“Não finja que você se importa, Edward, por favor.” Jasper subiu o rosto, minimamente. Eu senti a raiva me consumindo, porque eu admitiria qualquer coisa, mas nunca que alguém duvidasse do que eu sentia por meu filho.
Eu quis colocar os olhos azuis dele na nuca, eu quis quebrar cada pedaço do rosto cansado dele. Minha mão coçou e todo o calor concentrou-se em algum lugar perto de minha garganta, a pulsação era violenta contra minha pele. Eu tiraria todo o sangue do corpo dele.
Ele não me intimidaria, nem mesmo o semblante prepotente. Segurei o olhar dele, tentando, com aquele ato, fazê-lo entender que nada era mais importante que meu filho.
“Ele não deixa de ser meu, Jasper. Qualquer coisa sobre ele e Bella é de meu interesse, respeite isso, por Deus.” Eu falei sem qualquer inflexão, porém sem tirar meus olhos dos dele.
Outro silêncio tomou conta da madrugada, o clima pesado poderia ser cortado com uma faca, visto o quão palpável ele estava.
“Perto das cinco da tarde.” Emmett soltou com displicência, eu o olhei sem entender, o que fê-lo melhorar a fala. “Bella e eu chegamos aqui perto das cinco.”
Engasguei com o ultimo gole de café, pois aquilo significava que Bella estava a quase doze horas naquele hospital. Eu tinha plena consciência de quão demorado poderia ser um parto, mas a informação me fez perder algumas respirações. Eles estavam sofrendo e, então, eu perdi a calma, ou o resto dela.
Emmett talvez percebera meu estado, ele se levantou e pediu para que eu fizesse o mesmo. Alice nos interceptou, mostrando-me uma guia do hospital, ela sorriu para o vento. “Assine, por gentileza, Edward.”
Pisquei encabulado, sem saber de onde ela tirava tanta persuasão. Eu rabisquei meu nome de qualquer jeito no final da página. A caneta tremia em minha mão, fazendo minha assinatura sair desengonçada.
“Edward, realmente não sei por que eu estou fazendo isto por você, então, por favor, não ferre com mais nada, ok?” Alice disse sem me olhar, as palavras eram, majoritariamente, magoadas e em tom de súplica.
Eu não tinha uma boa réplica, então eu segui a enfermeira ao meu lado. Jacob me lançou um sinal de positivo e Emm, que ainda estava perto de mim, me bateu nas costas.
“Só volte com seu filho nos braços, ok?” Ele disse sorrindo, com as covinhas despontando nas bochechas grandes.
Eu sorri também, o primeiro sorriso feliz da madrugada. “Eu farei isto, Emm.”
(...)
A mudança de temperatura foi súbita, o ar condicionado me causou uma série de arrepios. Eu vesti o capote sobre meu uniforme, ignorando por completo o fato de eu estar sem banho e com roupas sujas.
A sensação era de estar dentro de uma nave espacial, tudo esterilizado e brilhante. Eu olhava fixamente para a porta no fim do corredor, minhas luvas já suavam e a vontade de correr era grande. Eu mantive meus passos curtos, sendo acompanhado pelos da enfermeira.
“Use isto também.” Ela colocou uma máscara cirúrgica sobre minha palma. Sem eu ver, ela abriu a porta para mim. Respirei fundo, sem medo, eu entrei.
Não deixei que o nervosismo me tomasse, apenas agradeci por eu estar ali. O quarto era amplo e decorado em tons de amarelo, transmitindo calma. Varri todo o espaço com meus olhos, procurando ela.
Meus lábios subiram quando Bella entrou em meu campo de visão. Tudo brilhava, as faíscas chegavam até mim, fazendo meu coração bater e aquecer-se. Era como se tudo fizesse sentido, nada era mais certo que aquela cena.
Eu caminhei para perto da cama. Bella estava deitada de lado, com a mão sobre a barriga, de olhos fechados. As pálpebras dela tremiam, mas ela estava longe de estar dormindo. Momentaneamente, eu retesei; sem saber o que dizer, com medo da reação dela.
Inclinei-me, meu rosto parou sobre o dela. Pude sentir meu coração na garganta, minhas mãos não se moveram, eu não a toquei. “Oi?”
A sílaba dita por mim fez Bella abrir os olhos, o marrom parecia cansado e ansioso. Eu segurei a troca de olhares, ali tinha de tudo, a raiva e a mágoa sobressaiam, ela piscou meio incrédula, eu vi certo brilho, no entanto.
“Por que diabos você está aqui?” O questionamento foi externado com ajuda de uma voz dura, fria. Como o gelo.
Ponderei antes de responder, meus dedos correram por meus cabelos, sem qualquer sucesso, a touca estava ali para me atrapalhar. “Esqueça tudo, por favor? Apenas por agora?”
Ela me deu um sorriso, cheio de ironia. “Saia desse quarto, Edward, por favor!”
Não poderia ser classificado como raiva, talvez como estranheza, pois Bella estava me dando um lado dela que eu jamais pensei conhecer, era o lado que eu sempre externava. Era o egoísmo.
Encarei-a, eu não sairia do lado dela, nem por um segundo. Eu não mentira sobre segurar a mão dela enquanto nosso filho nascia. Bella também me encarou, no meio do caminho, ela gemeu e se contorceu. E, em um ato impensado, levei minhas mãos para a barriga volumosa, coberta pelo roupão do hospital. A pele estava mais rígida, ainda assim, macia sob meu toque. Eu daria tudo para poder beijá-la, falar qualquer coisa com nosso bebê.
Bella expulsou meu toque com certa violência, sem me olhar e ainda com a careta de dor. “Não coloque os dedos em mim.”
Aquilo estava muito perto de se transformar em uma discussão feia, e eu prometera que não iria deixá-la mais nervosa, mas, por outro lado, eu estava muito convicto sobre permanecer naquele quarto.
“Bella, eu vou ficar aqui, querendo ou não.” Meu tom saiu firme, quase autoritário.
Ela me olhou, transbordando indiferença. Perguntei-me como ela conseguira esquecer tudo, os sorrisos, os carinhos. Em mim, tudo era nítido; eu não precisava fazer esforços para me lembrar. Bella soltou um bufar de resignação e virou-se para o lado, fugindo de qualquer contado comigo.
Girei também meu corpo, procurando Dr. Jeremy, mas ele não estava em nenhum lugar, apenas duas enfermeiras, eu as cumprimentei rapidamente. “Onde está o Dr. Jeremy?”
As duas se olharam, não tinha nada de cúmplice, apenas profissional ao extremo. “Ele está a caminho, ele vai chegar daqui uns minutos, não se preocupe, senhor.”
“Minha mulher está tendo um filho e o médico não está aqui? Por que diabos isto está acontecendo?” Eu joguei sem qualquer educação, irritado com a falta de respeito.
“Edward, fique calado, por Deus.” Ouvi Bella dizendo baixinho, suprimindo um gemido.
“Ela só tem alguns centímetros de dilatação, precisamos chegar a dez, temos que esperar. O bebê está bem, não há nenhum sofrimento fetal.” A outra enfermeira disse, ela parecia mais doce e humanizada.
“Posso fazer alguma coisa por eles?” Perguntei baixo, fazendo de tudo para que Bella não me ouvisse.
“Caminhar, mudar de posição, massagem... Tudo favorece.” Ela disse com um meio sorriso, hesitante sobre o resto da fala. “Não faça nada que ela não queira, não a irrite.”
Assenti com a cabeça, balançando-a positivamente. Existia uma poltrona perto da janela, eu a peguei e coloquei ao lado da cama de Bella. A proximidade era agradável, eu analisava as feições de Bella, o rosto estava suado e pálido. Meus dedos teimavam em tocá-la.
“Quer caminhar um pouco?” Perguntei baixinho, os segundos passaram e ela não me respondeu. Esfreguei meu rosto com minhas mãos, um sinal de descontentamento.
Tão delicadamente, aproximei meu rosto do dela, os olhos marrons não me fitavam. Sem permissão, corri meus dedos pela bochecha fria dela. “Deixe-me ajudar vocês, por favor? Nós esperamos tanto por esse dia, Bella; não me deixe fora disto, eu te peço.”
Ela soltou uma respiração curta, vi a umidade acumulando-se nos cantos dos olhos. “Eu daria tudo para te tirar desse quarto, Edward.” A lágrima caiu à medida que ela encontrava meus olhos. “Tirar você de nossas vidas.”
A declaração me atingiu da pior maneira possível, eu processei cada palavra, elas me diziam que aquela situação era irreversível e, por mais que eu tentasse, nada mudaria o que Bella sentia por mim. Era um misto de raiva, nojo e decepção.
Se eu ainda tivesse orgulho, eu teria saído daquele quarto batendo portas, mas como ele já estava ferido, eu permaneci encarando-a. “Eu só estou aqui por causa de nosso filho, apenas por ele.” Era uma pequena mentira, no entanto.
Bella não disse nada, o corpo pequeno remexeu na cama. Era mais uma contração. Eu sabia o básico sobre parto, as contrações poderiam durar até mais de um minuto, entretanto, os intervalos poderiam chegar a quatro minutos.
Em algum momento da madrugada, eu olhei para a janela, apesar de pequena, ela me dava uma boa visão panorâmica. A noite estava escura, a lua, por sua vez, iluminava tudo.
Voltei-me para Bella, que mordia os lábios com uma força assustadora. Olhei-a de soslaio, nossos olhares se encontraram e eu não desviei, ela o fez rapidamente.
“Ele vai nascer em noite de lua cheia.” Coloquei com despretensão, pelo menos era um modo de manter Bella me ouvindo.
Eu não esperei resposta, pois sabia que ela não viria; apenas pousei minha mão sobre a barriga de Bella, as mãos dela vieram para enxotar as minhas, mas eu as mantive junto das minhas. Os discursos pediam passagem, eu tinha tanto a falar à Bella, dizer o quanto eu estava feliz por faltar pouco para conhecer nosso filho, por ela ter dado sentido a minha vida.
Repentinamente, Bella soltou minhas mãos, mas elas ficaram sobre a barriga grande. Ela me analisou brevemente, os lábios tremiam e nada era externado. Um filete de suor desceu pela têmpora dela, morrendo em algum lugar perto do pescoço alvo.
“Está doendo tanto, Edward.” Bella soltou em um fio de voz, mordendo os lábios, mascarando a dor. Eu preferi não perguntar sobre qual dor ela sentia, se eram as dores físicas, ou as que eu também sentia.
Minha mão apertou a dela. “Eu sei que está, vocês vão ficar bem.”
Talvez alguma coisa mudara dentro de Bella, pois ela me olhou sem tanto ódio, sem tanta raiva. Era como ver minha Bella de novo. “Estou com medo, Edward. De não conseguir levar isso em frente, de não dar a vida ao meu filho.”
A declaração entrou calmamente em meus ouvidos. Eu nunca deixaria Bella ficar tão insegura e amedrontada, não importava o quão dura ela estava sendo comigo. “Bella, apenas me escute, sim? Está tudo certo com vocês, nosso garotinho só é meio preguiçoso. Fique calma e não pense besteiras, concentre-se em nosso filho, ok?”
Ela não me agradeceu, tampouco, sorriu. Bella moveu-se sobre os lençóis, ficando de lado. A porta abriu um segundo mais tarde. Dr. Jeremy parecia afobado e surpreso.
O médico já usava as vestimentas brancas, ele analisava dois papéis, provavelmente exames realizados no pré parto. “Então, esse bebezinho resolveu nascer durante a madrugada? Exatamente em minha folga?”
Eu sorri fracamente, era minha obrigação beijar os pés daquele homem. “Obrigado por vir.”
Dr. Jeremy também abriu um sorriso. “Você sumiu, Edward!”
Não existia uma resposta convincente, restringi-me a mudar de assunto. “Bella não está muito dilatada ainda, apenas alguns centímetros.”
Ele bateu em meu ombro, meio divertido. “Pais de primeira viajem são tão apressados! Partos demoram, não se preocupem, deixe-me ver como eles estão.”
Bella deu um sorriso para o médico, os lábios tremiam e tudo parecia dizer que ela estava morrendo de dor. “Muito insuportável, Isabella? De zero a dez, qual é o seu desconforto?”
Prendi meus olhos nos dela, pedindo para que ela fosse sincera. Bella pareceu pensar, mas não hesitou ao dizer, em voz baixa e dolorida, oito. Eu me assustei, pois era notório que ela estava sentindo muita dor, perguntei-me onde estavam os gritos e o choro.
“Eu vou ver como está sua dilatação, ok? Fique tranqüila.” Dr. Jeremy usou seu melhor tom profissional, eu sabia que Bella odiava aquela parte, de ficar tocando toda hora. Não esperei permissão, segurei a mão dela, como eu fazia em todas as consultas do pré natal.
A inspeção durou poucos minutos, o médico pareceu pensar. “Agora são seis centímetros e meio.” Ele disse mais alto, alternando olhares com a enfermeira. “Isabella, nós já conversamos sobre a anestesia, cabe a você querê-la ou não.”
Para minha sorte, eu estava na consulta sobre as anestesias. Elas não eram imprescindíveis, mas ajudavam contra a dor, por outro lado, ela deixaria Bella sem controle do corpo e aquilo seria um empecilho quando a hora de fazer força chegasse.
“Eu acho que eu agüento, não gosto muito de agulhas.” Bella disse baixinho, acarinhando a própria barriga e, naquele momento, eu enxerguei o brilho que eu tanto amava. Ela correu os dedos pela altura do estômago, sorrindo delicadamente, com lágrimas gordas querendo descer.
“É tanta dor, bebezinho.” Não passou de um sussurro, Bella falou ainda com os dedos traçando desenhos aleatórios no ventre volumoso.
Era arriscado eu dizer qualquer coisa, mas ergui o rosto de Bella, fazendo-a me olhar. “Baby, talvez seja melhor ter um pouco de anestesia, vai ser melhor.”
Os olhos endureceram, existia certa irritação neles. “Você não sabe o que é bom para mim, Edward.”
Meu corpo encolheu com as palavras, antes que eu tentasse qualquer aproximação, Bella contorceu na cama e, daquela vez, as contrações não foram com intervalos grandes. Foquei em meu relógio, as ondas de dor vinham a cada dois minutos, olhei então para o médico, ele me deu um olhar tranqüilizante.
“Falta pouco, Edward.” Ele disse, sorrindo verdadeiramente. “Não desmaie.”
Bella tremia e suava frio, os gritos eram esporádicos, mas eram altos e estridentes. A mão dela apertava a minha, um aperto forte, não tão forte quanto a dor que ela sentia.
Minhas reações eram estranhas, minhas pernas tremiam e eu não conseguia tirar os olhos de Bella, as últimas semanas saíram de minhas mente e, no lugar, eu me lembrei dos melhores meses de minha vida. Não existia Sebastian, nem carta, muito menos, vingança. Apenas Bella e meu filho.
Ela também não deixou de me olhar, tudo parecia ter sido esquecido para ela também. Eu sorri para ela, agradecendo pela atitude.
“Nove centímetros, Isabella.” A voz do médico me fez olhá-lo, ele posicionou Bella sobre a cama. “Você vai sentir a pressão de seu bebê entre suas pernas, ok? Faça força quando vir as contrações, no seu ritmo, ok?”
E foi como sentir tudo se encaixando, eu quase pude sentir as peças procurando os lugares dentro de mim. Meu filho estava prestes a nascer, ele seria a melhor parte de mim.
“Edward, você está bem?” Dr. Jeremy me perguntou, exalando preocupação. “Você está pálido, pode ir lá fora, temos tempo.”
Existia um dilema inconveniente, mas eu precisava colocar as idéias no lugar. Eu rumei para fora da sala de parto. O corredor frio me recebeu sem cumprimentos, a parede fria foi alívio para minhas costas, eu me escorei, tateei meus bolsos, meu celular estava em algum lugar.
Disquei para Chicago com certa agilidade, não me surpreendi com a demora de Esme, ainda era madrugada e, normalmente, as pessoas dormiam durante aquele período.
“Edward?” Minha mãe perguntou, sem disfarçar o sono e a surpresa.
Engatei uma respiração rápida. “Mãe, seu netinho está nascendo.”
“Deus, isso é verdade?” Ela disse segundos depois, era incrível como a primeira reação de qualquer ser humano era sempre de dúvida e negação.
Permiti sorrir um pouquinho. “Ele está vindo para nós, mãe! Bella está na sala de parto, mas eu precisava conversar com você antes.”
“Edward, volte para lá! Ajude Bella, sim? Realmente é ruim expulsar uma criança de dentro do corpo, você foi um bebê grande, Edward! Coloque-a de lado, foi bom para mim, tente. Eu amo vocês, mantenha-me informada, por favor.” Esme disse rápido demais, eu nunca saberia reproduzir todos os conselhos que ela me dera.
“Amo você também.” Falei afobado, louco para encerrar a ligação.
“Você nunca vai entender o orgulho que eu sinto por te ter.” Minha mãe disse embargada, causando lágrimas tímidas em mim. “Você é um grande homem, Edward.”
Antes de eu passar pela porta da sala de parto, sequei as duas lágrimas discretas. Ouvi, primeiro, o choro descompassado de Bella, depois, gemidos doloridos. Não demorou dois segundos para eu estar ao lado dela.
“Tire essa dor de mim, Edward, por favor!” Ela pediu entre gritos e caretas, assustando-me até o fim. “Eu não vou agüentar, não vou!”
Intensifiquei o aperto de nossas mãos, eu a acarinhei perto do pescoço, não me incomodei com o suor que fluiu para minha mão. Sem saber se eu podia, inclinei-me até ter meu rosto sobre o dela, olhos nos olhos. “Seja forte, linda.”
Bella piscou e virou o rosto, meio constrangida e ruborizada. Ela gemeu de dor e engatou uma respiração ritmada, os punhos estavam fechados nos lençóis. Eu avistei uma toalha perto da cama, parecia limpa e intocada, não hesitei em pega-la e molhá-la no banheiro anexo à sala.
“Ei, você está suando, vai ser bom para você.” Falei antes que Bella me perguntasse o que eu estava fazendo, coloquei a toalha molhada sobre a testa dela e, se eu não estivesse louco, vi um pequeno sorriso se desenhando nos lábios machucados dela.
“Isabella, estamos quase lá, sim? Quando vir a próxima, exerça toda força que consegui, certo?” O médico pediu com tom paciente, eu me movi até ter a visão que ele tinha. Tudo pareceu normal, a exceção se dava pela dilatação enorme e assustadora de Bella.
Levei minha mão para a coxa descoberta de Bella, o músculo contraia e relaxava, sem qualquer padrão. A visão não me assustava, eu seria homem o suficiente para ver meu filho nascendo. E, quando eu vi tudo acontecendo, perdi o fôlego.
Meu olhar alternava entre as mãos do médico e os olhos de Bella, eu sorria verdadeiramente para ela. Bella parecia absorta, completamente chapada e feliz. Os olhos brilhavam, era incandescente e fluorescente, tudo ao mesmo tempo.
Senti o tremor familiar em minhas pernas, minhas mãos também tremulavam mais que uma bandeira hasteada. Minhas faculdades mentais estavam defasadas, minha fala era impotente e estrangulada. “Bella, vamos!”
“Eu não consigo, eu não agüento mais.” Bella falou mais alto, sinalizando que já estava no limiar da dor e desconforto.
Eu a olhei, depositando tudo o que eu sentia por ela. “Você não pode desistir agora, Bella, não pode. Eu estou aqui, sim? Seja forte.”
Lembrando-me das palavras de minha mãe, coloquei-a de lado, tomando cuidado com os cateteres que estavam no braço e mão dela. “Estamos tão perto, Bella!”
Dr. Jeremy sorriu para mim, chancelando minha atitude. “Isabella, no três, ok?”
Fiz a contagem mentalmente, ouvi a voz do médico e grito de dor de Bella, vi também o coroamento* de meu filho. A cena era agradável aos meus olhos, nem mesmo as lágrimas me fizeram perder um segundo dela. “Nosso filho está vindo para nós, Bella.”
Minha fala despertou um sorriso angelical no rosto cansado dela, Bella sorriu e tirou forças de onde não tinha. E, lentamente, nosso bebezinho veio ao mundo, veio para nós. As mãos do médico o pegaram e não existiam palavras para descrever o quão bom era vê-lo. Pequenino e sujo, assustado e chorando.
O choro estridente e nervoso me manteve preso a terra, se não fosse ele, eu estaria no céu, tocando a lua, pois era o melhor som que eu já escutara. Perguntei-me onde estavam meus óculos, eu nunca admitiria perder qualquer detalhe de meu filho. Ele era a perfeição. Bochechudo e enfeitado com uma cabeleira loura. Eu cambaleei quando vi muito de mim nele.
“Eu quero vê-lo.” Bella pediu baixinho, ainda entorpecida.
Dr. Jeremy pegou meu filho com um cuidado de outro mundo, ele o colocou sobre a barriga de Bella e me deu uma pinça, eu sabia o que fazer com ela, só não sabia se Bella deixaria que eu o fizesse.
Eu não me importei com o fato de, provavelmente, dar um umbigo feio ao meu filho. Minhas mãos trêmulas pinçaram o cordão umbilical, as lágrimas não me deixaram ver o momento em que meu filho ser tornara um ser independente. As enfermeiras o enrolaram em uma pequena manta e eu tive o aval para levá-lo até Bella.
Coloquei-o sobre o peito dela, os olhos quase fechados abriram em um rompante. Bella me deu lágrimas espessas, ela não tirava os olhos de nosso bebezinho. Eu vi nos olhos marrons tudo o que estava acontecendo comigo. Era extasiante. A espera de nove meses valera a pena, era um momento único, o melhor de nossas vidas.
Bella pegou meu olhar, as bochechas coradas pareciam queimar de tão quentes. “Ele ainda é Anthony?”
A pergunta era pertinente, eu não me assustaria se Bella trocasse o nome de nosso filho, ela não queria nada de mim, então, ter meu nome em nosso filho estava fora de cogitação. E não que aquilo não doesse em mim, pois doía, e muito. Eu acostumara com o nome, meu filho já sabia que ele era nosso pequeno Anthony.
Bella me olhou confusa, ela demorou um par de segundos para me entender. Os olhos caíram consideravelmente. “Ele é.”
As mãos de Bella o acarinhavam na bochecha, eu segui o toque, mas ela me freou. “Não faça isso, não encoste.”
E foi como sentir o mundo caindo sobre minhas costas, o peso me fez olhá-la, mas ela só tinha olhos para o nosso filho. Anthony, mesmo com os olhos entreabertos, também a olhou. O sorriso de Bella era lindo, um sorriso de mãe, de uma mãe que também acabara de nascer. A troca de olhares durou uma eternidade, eu olhava a cena, completamente entorpecido e me perguntando quando eu teria aquela oportunidade.
“Obrigado por ele, Bella.” Minha voz embargou em todas as palavras, não me envergonhei pelas lágrimas, também não me importei com a invasão, pois a beijei na bochecha, perto da boca. “Eu te amo, nada vai mudar isto. Estou orgulhoso por você.”
Ela retesou a cada palavra dita por mim, Bella não esperava aquele tipo de declaração, então, eu sorri para ela, transformando a declaração em pura verdade. “Eu te amo.”
“Nota oito** para o bebê de vocês.” Dr. Jeremy roubou nossa atenção e, sem permissão, ele tirou Anthony dos braços de Bella.
Bella me olhou assustada, o medo escorria pelos olhos dela. “O que ele quer dizer? Onde estão levando meu filho?”
“Anthony é um garoto saudável, não se preocupe. Ele precisa ser examinado, descanse, ele voltará logo para você.” Falei sussurrado para ela. “Você está exausta, descanse.”
Meu pedido foi acatado, Bella fechou os olhos e, minutos depois, já dormia pesadamente. Eu a olhava com admiração, querendo cada pensamento dela, saber o que ela estava sentindo.
“Edward, podemos conversar?” A voz do médico me assustou. “Parabéns, você foi excelente para Bella e para o bebê de vocês.”
“Obrigado?” Soltei em tom de pergunta.
O médico soltou um sorriso fraco. “Há alguma coisa errada entre Bella e você? Desculpe-me se isso soar como intromissão.”
“Está tudo errado.” Eu disse sem vontade, e isso foi o suficiente para ele perceber que eu não falaria nada sobre aquilo.
“Oh, certo. Você pode ir ver seu filho no berçário, depois, traga-o para Bella, ele deve estar com fome.” Ele disse meio sem graça e me deu passagem.
Eu caminhei para o desconhecido, o berçário estava cheio de bebês. O meu era o primeiro da segunda fileira. Meus olhos brilharam e arderam ao vê-lo, Anthony parecia dormir, mas existia ruginhas na testa dele.
Ele era lindo e perfeito, nem mesmo o inchaço no rosto, as bolinhas que pareciam espinhas, o fato de ele parecer não ter pescoço e as perninhas curtas o deixava menos encantador. A enfermeira entregou-o em meus braços, ela saiu logo depois, me dando o espaço e privacidade que eu tanto buscava.
Anthony também era quentinho e, absurdamente, frágil. Eu pegara pouquíssimos bebês em meus braços, mas a sensação de pegar uma parte de mim era de outro mundo; delicadamente, eu o posicionei em meus braços, apoiando o pescocinho dele na curva de meu cotovelo.
Eu inclinei-me para ele, dando um pouco de minha mandíbula e pescoço. “Eu sou seu papai, bebê.”
E, naquele breve instante, eu me lembrei de todas as conversas que tivemos. A vontade louca de ter qualquer resposta. E tê-lo ali, em meus braços, era melhor que qualquer palavra, os sorrisos eram contínuos e meus dedos não saiam da bochecha rosada dele.
“Filho, você é lindo! Nem em meus melhores sonhos imaginei tanta perfeição.” Falei baixinho, talvez não tão baixo, pois ele abriu os olhinhos e chorou um pouco desesperado.
Eu sorri para a cena, os olhos eram grandes curiosos, aproximei nossos rostos, sabendo que ele teria problemas para focalizar qualquer coisa. “Então você é um garotinho de olhos cinza?”
O choro não cessou, Anthony parecia irritado e com fome, eu o entendia. “Filhote, você deve está tão estressado, não é? Eu sei que é muita luz e barulho, mas eu não consigo parar de te olhar. Você é de tirar o fôlego.”
“Eu estou tão feliz por te conhecer, você está me deixando bobo de alegria. Seja bem vindo, sim? Eu te amo mais que tudo.” Dessa vez, eu disse atropelado, a enfermeira fez sinal para mim, eu a olhei, sem tirar os olhos de Anthony.
“A mãe já foi transferida para o quarto, você pode levá-lo para ela.” Ela disse, eu vi um sorriso doce no semblante dela.
Eu fui amparado pelas mãos profissionais, ela colocou Anthony no berçinho e eu não soltava os dedinhos dele. A pulseira colocada no pulso direito me causava um sorriso sem igual.
R N de Isabella Swan
48 centímetros
3,245 quilogramas
“Bebê, a mamãe é incrível, sabia? Você vai amá-la.” Sussurrei antes de entrar no quarto, o ambiente estava na penumbra e quentinho. Bella dormia calmamente, embora o rosto evidenciasse um cansaço sobrenatural.
Eu tinha dúvidas sobre como Bella reagiria a mim, não existia a adrenalina do parto e, com certeza, ela estaria com os pensamentos no lugar. Não ousei acordá-la, coloquei o berço ao lado da cama dela.
Abaixei-me para conversar com Anthony, ele tinha um biquinho engraçado nos lábios, a mucosa era uma mistura de roxo e rosa, existia mais rosa, no entanto.
“Sua mamãe está tão cansada, Anthony! Eu sei que você está louco de fome, espere apenas uns minutos, sim?” Pedi a ele, mas não obtive nenhuma resposta ou qualquer movimento.
“Uh, eu não estou reclamando, mas pensei que você reconheceria minha voz, eu não quero ser um estranho para você, filho.” Admiti baixinho, meio chateado, não chateado com meu filho, talvez, comigo.
Fiquei feliz por perceber que ele não tirava os olhos de mim, não era um olhar fixo, às vezes, meio estrábico, mas ele me olhava. “Você vai amar o rosto de Bella, ele vai ser a coisa mais interessante de seu mundo.”
Outro choro manhoso preencheu o quarto, o que fez Bella abrir os olhos. Ela exalava confusão, os olhos chegaram aos meus. “O que você está fazendo aqui?”
Não era a pergunta que eu esperava, dei espaço para ela ver quem estava perto de nós. Anthony abriu mais uma sessão de choro, Bella sorriu ternamente, jogando para o lado a indiferença e as argüições secas.
“Oh, Deus!” A interjeição saiu ajuntada de um sorriso verdadeiro. “Ele é lindo!”
Eu sorri, contente pelas reações dela. Bella arrumou os próprios cabelos, meus dedos pediram pela pele dela, tirar os cabelos que ela não conseguira tirar da testa.
“Anthony está com fome e, bom, só você tem o que ele quer.” Falei com falsa displicência, soou como brincadeira.
O semblante de Bella iluminou-se, eu sabia o quão ansiosa ela estava para a parte de amamentar nosso filho, aquilo fazia parte de nossas conversas noturnas, eu passei nove meses esperando por aquela cena.
Bella me olhou de um jeito estranho, querendo dizer algo, mas ficamos no silêncio acusatório. Ela se sentou na cama, sem fazer qualquer cara de dor ou desconforto. Vi os braços sendo estendidos em minha direção, era um sinal claro para eu colocar Anthony no colo dela.
Esperei pacientemente, mas Bella apenas olhava fixamente para o nosso filho, existia muita devoção e amor. Uma pequena lágrima molhou a bochecha de Anthony, eu gelei ao encontrar a origem dela. Bella me encarava, de um jeito que me intimidou, um olhar nunca dado por ela, um olhar que nunca imaginei receber.
“Você já assistiu ao parto e já o trouxe, pode ir embora agora.” Bella disse, o tom era seco e firme. Eu não acreditei nas palavras e, esquecendo do estado de Bella, eu fiquei irado.
“Você não pode fazer isso comigo, Bella. Ele é o meu filho, eu não admito perder qualquer coisa sobre ele.” Minha voz era baixa, mas, por dentro, eu quis gritar e quebrar qualquer coisa sólida que estivesse ao meu alcance.
Ela não se abalou com minhas palavras, um sorriso triste se desenhou no rosto dela. “Deixe-me sozinha com meu filho, Edward.”
Internamente, eu me perguntei aonde ela tinha enfiado o último ano, o que ela tinha feito com nossas histórias, com nossos sorrisos, com cada gesto que eu fizera por ela. Não era perda de memória recente. Era o castigo.
Engoli o bolo em minha garganta, eu não daria as costas tão facilmente assim. Encurtei a distância que me separava dela e de Anthony. Ele estava aninhado sobre o peito de Bella, absorvendo cada sensação nova. Eu o beijei na testa, demorando mais que o necessário. “Amo você, filhote.”
A última coisa que eu vi foi a enfermeira ajudando Bella, colocando Anthony adequadamente no colo dela. Eu fechei a porta antes de vê-la alimentando nosso bebê, seria um momento só dela, entretanto, de puro egoísmo também.
Sem saber para onde ir, eu voltei para a recepção, afinal eu tinha uma boa notícia. Todos pareciam ainda mais cansados, o relógio sobre a mesa marcava o nascer do sol. Rose foi a primeira a notar minha presença, ela deu um pulo da poltrona, sorrindo de canto a canto.
“Infernos, você demorou tanto!” Ela disse efusivamente. “Como Bella está?”
“Ele é encantador!” Soltei de uma vez só, lembrando de cada detalhe, o corpo pequenino, os traços delicados, os cabelos brancos de tão loiros.
Ninguém ali teve uma reação diferente, exceto Carter, que dormia como um retardado. Eles sorriram, demonstrando felicidade e preocupação. Não esperei abraços, nem mesmo coisas bonitas; Alice não disfarçou o semblante emocionado, ela sorriu para Jasper, ele, por sua vez, sorriu também.
Emmett era nada além de contente, ele caminhou até mim. Eu me assustei com o abraço que recebi. “Parabéns, Edward!”
Retribui o gesto com força, talvez machucando as costelas dele. “Obrigado por tudo, obrigado mesmo.”
“Anthony é tão bonito e saudável, Emm! O bebê mais bonito que já vi.” Falei emocionado, eu poderia passar o resto do dia enumerando as qualidades de Anthony.
“Por que você está aqui, deveria estar lá, com ele.” Emmett colocou rapidamente, realmente em dúvida.
“Bella não está muito bem com essa situação toda, ela está amamentando agora.” Usei um tom superficial, mas era sabido que Emm entendera meu ponto.
“Apenas dê tempo a ela, uma hora ela vai entender que isso não passa de infantilidade.” Ele falou, estranhei a inteligência da fala, aquilo não era inerente a Emmett.
Eu saí do abraço dele, sentindo certo incomodo em meus ombros. Rose me enlaçou do mesmo jeito, o cabelo loiro bateu contra meu rosto. “Estou feliz por você, parabéns.”
“Obrigado, Rosalie. Vocês poderão visitá-los em breve.” Avisei-a, minha fala trouxe um sorriso ansioso ao rosto de todos.
Alice permaneceu ao lado de Jasper, ela me olhava de lado, insegura aparentemente. “Posso conversar com você, Alice?”
Ela não mascarou a surpresa, mas me seguiu até um canto, perto do vaso ornamental, onde ninguém nos incomodaria. “Talvez você queira conversar com Bella antes dos outros.”
“Isso seria bom, Edward.” Alice me respondeu com poucas palavras. “Como eles estão?”
“Tudo correu bem, Anthony é a criatura mais fofa do universo.” Não poupei sorrisos na última parte.
“Uh, parabéns pela paternidade.” Ela disse, talvez sem vontade, fazendo por obrigação. Eu sorri e assenti, agradecendo pelo ato, não querendo saber se ele fora sincero ou não.
Era notório que aquela conversa não evoluiria, rumei para onde todos estavam, não existia nenhuma poltrona para mim, Jake viu a situação e saiu do assento que ocupava. “Sente-se!”
“Não precisa, Jacob. Estou bem.” Devolvi calmamente, quase pulando na cadeira confortável.
Jacob sorriu abertamente, me desafiando. “Você está morrendo de sono, Edward! Descanse, é serio.”
Decidi aceitar a poltrona, eu desmontei sobre ela, o sono era algo de outro mundo. Fiz contas fáceis e descobri que eu dormira menos oitos horas nos últimos dois dias. Minha vida era uma completa confusão, e o tumulto não parecia acabar tão cedo.
Meu celular bipou em meu bolso, eu não precisei ler o nome na tela para saber que era minha mãe. Eu atendi rapidamente, afoito para dar a boa notícia. “Oi, mãe!”
Esme não disse nada, ela esperava meu discurso, eu o fiz com agilidade. “Seu neto é lindo, mãe! Está tudo bem com os dois; Anthony é cheio de saúde, não há palavras para descrever minha felicidade.”
“Isto me deixa tão mais calma, Edward! Não consegui dormir nem por um segundo, eu preciso ver meu netinho, mande-me fotos, por favor? Eu sei que Bella não deixará que eu chegue perto de Anthony.” Esme soluçou na última afirmação, eu senti a umidade nublando minha visão.
“Não pense nisto agora, mãe! Ele é um garoto perfeito e encantador, você vai ficar sem ar quando vê-lo.” Falei baixinho, ignorando os olhares que recebia, também não sequei as lágrimas.
Minha mãe soltou uma respiração pesada. “Seu pai não pára de sorrir, estamos felizes por você, Edward. Não deixe de dar notícias, nós te amamos.”
“Também estou feliz, mãe; você não seria capaz de entender.” Estranhei a energia de minha voz, contudo, ela era bem vinda.
Ela sorriu verdadeiramente. “Lógico que sou capaz de entender, filho! É o amor mais puro do mundo.”
“Anthony brilha mais que o sol, tudo parece fazer sentido agora.” Confidencie a ela, tentando não encerrar aquele contato.
“Agora você tem por quem lutar, Edward. Tudo ficará bem, seja paciente com Bella, é tudo novo para ela também.” Esme estava convicta sobre as palavras recém ditas, era uma verdade universal, minha mãe tinha o melhor coração do mundo.
“Mãe, juro que estou tentando, mas está tão difícil.” Falei quase inaudível, pedindo para que ninguém naquela sala me ouvisse.
“Ninguém disse que seria fácil, Edward. Você escolheu prolongar tudo. Deixe que Bella perceba que você será um ótimo pai, ela não pode tirar isso de Anthony.” A voz de minha mãe era sincera, o golpe de realidade não foi tão dolorido.
A chegada do Dr. Jeremy interrompeu minha próxima fala. “Preciso desligar, depois conversamos, mãe.”
“Trouxe o boletim médico para você, Edward. Isabella e Anthony estão ótimos, pode levar as visitas, se quiser.” O médico usou um tom cordial, ele varreu os olhos pela recepção. “Vocês são muitos, então não demorem tanto.”
Troquei um breve olhar com Alice. “Acompanhe Alice até o quarto de Bella, por gentileza, doutor?”
Ele o fez sem dizer nada. Os minutos que se passaram foram silenciosos e longos. Carter acordou e parecia confuso sobre onde estava. Ele me encarou com os olhos cerrados. “Já nasceu?”
Naquelas horas eu me perguntava como Bella tinha um amigo tão infeliz e insuportável. Não tirei meus olhos dos olhos azuis dele, coloquei ali a raiva acumulada que sentia. “O que te faz pensar que você é bem vindo aqui?”
“Edward, você é o único que não deveria estar aqui.” Ele usou seu melhor tom prepotente, o semblante convencido dele fez meu sangue pulsar quase fora de meu corpo.
“Não ajam com dois moleques, por favor.” Jacob não advertiu, sendo másculo demais.
Alice voltou e findou qualquer tentativa minha de quebrar a cara de Carter, ela parecia extasiada e cheia de emoção. “Anthony é o bebê mais doce do mundo!”
Meus lábios subiram em um sorriso, eu tinha certeza que meu bebezinho encantaria meio mundo, era impossível não olhar e babar por ele. “Quer ir vê-lo, Emm?”
Emmett me deu um sorriso com covinhas. “Não faça perguntas idiotas, homem!”
Ele me acompanhou, antes de abrir a porta, eu o fiz esperar. “Emm, por favor, cuide deles para mim?”
“Uh?” Emmett soltou, realmente sem entender. Os olhos escuros e miúdos me encaram. “O que você está querendo dizer, Edward?”
Eu tentava não ter aqueles pensamentos, preferia acreditar que tudo daria certo no fim, mas eu não lutava contra a realidade. Bella não demonstrava vontade alguma de me ter na vida de nosso filho, eu precisava de alguém para fazer isto por mim.
“Eu confio em você, Emm; nem sei o porquê de você está sendo tão gentil comigo, cuide de Bella e Anthony por mim, sim?” Pedi, certo de cada palavra.
“Não diga besteiras, Edward. Você é o pai desse menino, é óbvio que você cuidará de cada passo dele.” Emmett usou sinceridade demais, mas a mesma não me convenceu.
“Eu mal posso pega-lo, Emm! Bella não me deixa vê-la amamentando, eu não estou tão certo sobre poder participar da vida de meu filho!” Tentei não aumentar o tom, mas fora impossível.
“Fique tranqüilo, Edward. Seu filho acabou de nascer, fique feliz, não desesperado.” As palavras de Emm me acalmaram por hora, eu abri a porta, tendo a imagem mais bonita e doce das últimas horas.
Anthony estava embrulhado em uma mantinha azul, cheia de pipas e cata-ventos bordados. Eu só conseguia ver a cabeleira amarela despontando entre os tecidos, ele dormia como um anjo, era estranho, mas ele estava diferente, as bochechas eram rubras e os lábios era puro vermelho e, para minha perdição, existia um biquinho fofo ali.
Bella fez barulho para ser notada, ela tirou os olhos de Anthony e os alternou entre mim e Emmett. Permiti-me fitá-la. Sentada sobre a cama, bebericando o que eu supus ser chá gelado. Os cabelos estavam presos no alto da cabeça, mas eu sabia que eles estavam embolados.
Desci meu olhar, sem medo de parecer intruso. A camisola era velada e de cor indefinida, talvez algo perto de um rosa muito claro. Existia alguma coisa errada com o corpo de Bella, mas eu não conseguia identificar. Foquei meu olhar e, quando percebi o que era, eu sorri. Não existia o barrigão! O volume fora embora e não que eu não estivesse triste, pois nosso filho estava conosco, mas eu não poderia mentir, eu amava a barriga de Bella. Eu quis perguntar se ela sentia algum tipo de vazio, pois ele estava em cada parte de mim.
O abdômen parecia ter as dimensões de antes da gravidez. Bella, talvez, estivesse um pouco mais inchada, mas não era tão drástico, ela engordara pouco durante a gestação e, então, seria fácil para ela voltar ao peso a as proporções de antes.
“Deus, vocês fizeram um moleque tão bonito!” Emmett disse efusivo. A mão absurda de tão grande tocou a bochecha de meu filho, Emm parecia impressionado. “Ele é tão parecido com você, Edward! Chega a assustar.”
A fala quente fez com que eu olhasse para Bella, ela brincava com os bordados da manta, alheia ao que Emm dizia. O olhar dela subiu, encontrando, assim, o meu. Era ilegível, nada pude identificar, no entanto, ela não parecia triste por ter um filho tão parecido com o homem que não suportava mais.
“Eu posso pega-lo, Bella?” Emmett pediu com receio, eu sorri ao perceber que ele não parava de sorrir também.
Bella moveu-se na cama, sorrindo para Emmett. O pequeno embrulho estava ao lado dela, ela o pegou com cuidado de mãe e entregou a Emm. “Eu sei não o que seria de nós sem você, a propósito, obrigada.”
Agradeci por Emmett saber pegar um recém nascido, eu via um pouco de medo no rosto. “Ele é tão levinho e mole!”
Minha risada se juntou com a de Bella, e aquilo me surpreendeu. Ela percebeu a coincidência e levou os olhos para longe de mim. “Você ainda é só um bebezinho, não é, Anthony?”
Eu pisquei para acreditar nas palavras, o nome de meu filho saiu como música pelos lábios dela e, fazendo meu coração trepidar, o tom era feliz e orgulhoso. Bella amava nosso filho, independente de tudo.
“Meu tempo deve estar acabando, pegue-o, Edward.” Emmett disse casualmente, mas, por trás, existia intenções que eu desconhecia. Peguei o embrulho quentinho, Anthony fez uma careta minúscula, sugando o próprio lábio.
“Depois volto para te ver, sim? Quer que eu te leve para casa?” As perguntas de Emm foram atropeladas. “Nada mais justo que te trazer e te levar.”
“Uh, pode ser! Minha alta está prevista para o fim da tarde de amanhã, espero você então. Mais uma vez, obrigada, Emm!” Bella disse com sinceridade, com certo brilho nos olhos.
Emmett deu um beijo na testa de Bella, o ato era puramente carinhoso e eu não era tão estúpido a ponto de ter ciúmes daquilo. “Fique bem, ainda em tempo, parabéns pelo garotinho, ele é encantador.”
Ela sorriu timidamente e se ajeitou na cama. “Ele é tudo.”
Antes que Emmett saísse pela porta, ele veio até mim, para se despedir de Anthony. “Até, bebezinho fofo.” Emmett deu um rápido olhar para Bella, mas ela encarava a janela, então ele se dirigiu a mim. “Esteja aqui amanhã, no fim da tarde, ok?”
Eu estava tendo ótimos motivos para amar Emmett, eu lhe pagaria caixas e mais caixas de cerveja. “Obrigado!”
Ganhei um tapa em meu ombro, se eu não estivesse com meu filho nos braços, o gesto seria mil vezes mais forte. “Você agradece demais, Edward.”
Ele não me deu tempo para uma réplica, vi-o atravessando a porta, sem olhar para trás, deixando nós três sozinhos. Bella, nosso filho e eu.
“Você pode me dá-lo agora.” Bella disse no meio do silêncio agradável. Eu a olhei sem parar, eu ficaria daquele jeito até a hora que ela entendesse que eu pegaria meu filho o quanto eu quisesse.
“Ele parece tranqüilo comigo.” Soltei com certa rispidez, caminhei pelo quarto, ninando o bebezinho sonolento.
Ouvi um bufar pesado e um tanto irritadiço. “Não me faça pedir novamente.”
Eu não iria gritar com ela, tampouco, discutir. Apenas inclinei meu rosto para o de meu bebê. “Anthony, faça-a entender que eu não posso ficar sem você.” Sussurrei, mas as palavras saíram mais baixas que uma lamúria.
Assustei-me com a porta abrindo, ela me revelou um Carter sorridente e com postura relaxada. Controlei-me para não bater a madeira na cara dele.
“Bells?” Ele perguntou retoricamente, sem notar minha presença.
“Ei, Carter!” A voz de Bella não era quente, mas também não era tão gelada. Tons gelados e secos só eram usados comigo.
Eu preferi não prestar atenção na conversa dos dois, eles trocavam sorrisos e aquilo me atingia de forma brutal. Era muito ciúme. Meus sentimentos e instintos de homem para com Bella eram mais fortes que tudo. Eu a amava e era completamente pirado por cada parte do corpo dela, eu conhecia cada centímetro. E, então, ver o desgraçado filho da puta tocando-a, fazia minha visão nublar de raiva.
Carter realmente sabia aproveitar a situação, eu os olhava de soslaio e o via mexendo nos cabelos castanhos de Bella, pedi para que ela tivesse um pouco de respeito por mim e por Anthony.
“Filhote, ninguém vai roubar meu lugar, sim? Eu vou ser o melhor pai para você e isso não tem nada a ver com o fato de sua mãe está comigo ou não.” Assegurei a Anthony, ele, em troca, me deu um biquinho.
“Jesus, você é tão fofo! Não me ache louco, mas eu quero te morder!” Falei entre sorrisos, achando graça de meu comportamento estranho.
“Carter, você não quer ver Anthony?” Bella perguntou com real interesse, pois seria estranho se ele não quisesse conhecer nosso filho, afinal era por aquele motivo que ele estava ali, certo?
“Por que não?” Ele respondeu nem com a metade do interesse, eu poderia supor que ele estava entediado.
Bella me olhou, pedindo que eu levasse Anthony a eles. Atravessei o quarto sem olhar para os dois sentados sobre a cama. Fiquei feliz por Carter não estender os braços, pois Anthony nunca seria pego por eles. Eu mantive uma distância segura.
Carter analisava o rostinho perfeito de meu filho, existia um vinco na testa dele. “Bebês realmente têm cara de joelho.”
Talvez Bella percebera minha ira, pois senti a mão dela segurando a minha, impedindo que eu socasse a cara de Carter. Encarei-o, sem saber como alguém poderia ser tão insensível, ele não estava falando sobre qualquer um, era sobre o serzinho mais precioso para mim e para Bella.
Ele percebeu que era a hora de ir embora quando o silêncio tornou-se pesado demais. Carter deixou um beijo na bochecha de Bella, nenhum cumprimento fora feito a Anthony.
Não sei bem o motivo, mas dei Anthony para Bella. Ela pegou o embrulho com rapidez, depois, ajeitou as roupinhas azuis dele. “Bebê, você é uma beleza, sim?”
Eu olhei para os dois, era aprazível admirá-los. Bella fazia tudo com cuidado e doçura. Claro que Anthony também tinha um pouco dela. O formato do rosto e as bochechas salientes, talvez, ela também estivesse nos lábios vermelhos e desenhados.
“Ele é tão calminho, nem parece que acabou de nascer.” Coloquei despretensiosamente, visando manter uma conversa sem farpas com Bella.
Meu otimismo caiu por terra antes do esperado; Bella deitou-se novamente e colocou Anthony ao seu lado, afagando os cabelos dele. Ela pareceu incerta sobre o que dizer, eu esperei por qualquer acusação.
“É melhor você sair, Anthony vai querer mamar daqui a pouco.” Ela disse sem me olhar, meio envergonhada.
Alguma coisa dentro de mim saiu do lugar, a dor era ruim e a sensação de exclusão era enorme. Levei minha mão para traçar o contorno da bochecha de Anthony, os olhinhos estavam fixos em mim, eu sorri para eles. “Volto logo, garotinho!”
Eu nunca saberia se, obedecendo aos pedidos de Bella, eu me tornava ainda mais covarde. A vontade era jogar na cara dela o quanto eu me esforçara para vê-los bem, que nada foi, nos últimos meses, mais importante que o bem estar dos dois.
O choro de Anthony roubou minha atenção, era manhoso e baixinho e, então, eu percebera que aquele era o choro de fome. Era um detalhe importante sobre ele, contudo, eu nunca poderia presenciar o momento. Apeguei-me a minha imaginação, a projeção era feliz. Bella segurando o embrulho azul, dando ao nosso filho o alimento que o sustentaria. Ninguém mais poderia fazer aquilo por ele, era coisa de mãe.
(...)
Na metade da manhã, perto das dez, eu me rendi ao sono e cochilei por longos vinte minutos. Eu acordei meio perdido, olhei ao redor e vi Bella falando algo muito baixo com Anthony, ela dava sorrisinhos tímidos e bobos.
Não fiz nenhum barulho, preferi derramar meu olhar orgulhoso sobre eles, mesmo tentando, era impossível ouvir o que eles conversavam. Eu fechei os olhos, tentando mais alguns segundos de sono.
“Filhinho, a mamãe está com sono!” A voz de Bella chegou calmamente aos meus ouvidos, existia muito amor na declaração.
“Você está alimentando e limpinho, o que me diz sobre cochilar um pouco? AtéEdward dormiu!” O nome fora dito sem emoção, eu realmente esperava que ela dissesse um papai no lugar.
Cerrei ainda mais meus olhos, ouvi o barulho dos lençóis, era Bella se acomodando entre eles. Um silêncio pacífico se fez logo depois. Demorei em abrir meus olhos, com medo de encontrá-la acordada.
Minhas pernas criaram vida e foram até onde os dois estavam. As carinhas de sono os deixavam mais bonitos, Bella dormia quietinha, como sempre fez. Anthony era como um anjo, respirava calmamente, sem pressa para nada.
Não fiz nada para deter minhas mãos, elas migraram para o rosto de Bella, aquela seria a única oportunidade de tocá-la sem qualquer intervenção. Meus dedos contornaram os lábios machucados e vermelhos, senti o característico formigar tomando conta de meu corpo, era como tocá-la pela primeira vez.
“O que está acontecendo com você, eim, linda?” Perguntei baixinho, quase sobre os lábios dela.
“Eu sei que você está triste e chateada, mas, por favor, tente me entender, sim? Eu queria tanto que ele nunca tivesse existido, que nos deixasse em paz.” A rouquidão de meu tom me assustou, mas eu estava longe de terminar aquele monólogo.
“Nós temos um filho e isso é incrível! Ele é tão perfeito, não posso estar mais feliz. Eu vou ser bom para ele, não precisa ter medo de mim.” Tirei meus olhos do rosto de Bella, fitando o bebezinho que dormia tranquilamente.
Sorri por reflexo. “Sabe o que é melhor dessa bagunça toda?” Não havia como eu esperar qualquer tipo de resposta. “Essa confusão me fez te conhecer, me deu um filho.”
“Você não sabe o quão leve eu estou, é muito melhor viver sem peso na consciência.” Admiti por fim, a verdade era que eu, apesar de tudo, me sentia limpo, sem dever nada a ninguém.
O rangido da porta quase me fez pular de susto, a enfermeira entrou empurrando um carrinho. Vi frutas e biscoitos.
“Ofereça a ela, daqui a pouco trarei o almoço para vocês.” A mulher era de poucas palavras, assenti de modo breve para ela.
Senti a água juntando em minha boca, eu quis comer as três maças de uma vez só, mas me contive, Bella também estaria com fome e aquele cardápio era apenas para ela.
Esperei que ela acordasse, não tirei meu rosto de cima do dela, o calor era reconfortante. Os minutos se passaram sem eu ver, Bella parecia sem sonhos e sem pesadelos, a última parte causou um frio estranho em mim, pedi para que o pesadelo nunca mais a atormentasse.
Aproveitei o resto do sono de Bella para picar as frutas, ela as preferia daquele jeito. Não tinha muito padrão, mas parecia apetitoso. Talvez o cheiro doce tenha despertado-a, Bella abriu os olhos preguiçosamente.
Ela me olhou, assustada e perdida. “O que você estava fazendo?”
Então, percebi que eu estava perto demais, nossas testas coladas e lábios quase roçando. “Desculpe?” Pedi envergonhado, mas não abri nenhum milímetro de distância.
“Você cheira tão mal, Edward! Seu hálito de café está me matando.” Bella disse rapidamente, eu senti meu rosto pegando fogo, ela não parecia arrependida das palavras.
Eu saí de perto dela em uma velocidade incrível, lembrei-me de todas as vezes que eu a beijara pela manhã, sendo intoxicado por um gosto estranho, eu não me lembrei de nenhuma reclamação, nenhuma rejeição. Nem por parte de Bella.
“Trouxeram lanche para você, aproveite-o.” Falei com certa intolerância, olhei para minhas roupas. O uniforme estava aparentemente limpo, mas o suor chegava rápido às minhas narinas, tentei, mas não consegui me lembrar quando eu escovara os dentes, talvez antes de ir para o trabalho, no dia anterior.
E não que aquilo fizesse mudar as concepções dela, mas decidi por um banho. Deixei que Bella comesse em paz. Anthony ainda dormia, mas o peguei em meus braços. Balançando-o de um lado para o outro.
“Eu cheiro mal para você, bebezinho?” Perguntei inaudível, meus dedos brincaram com os dedinhos minúsculos.
“O pai vai atrás de roupas limpas e de um banho, tá? Talvez dormir um pouco, mas eu volto logo para vocês.” Avisei ainda em tom baixíssimo.
Contra minha vontade, coloquei-o ao lado de Bella, o berço ao lado da cama parecia intocado. Meus lábios secos demoraram sobre a têmpora direita de Anthony. “Até mais tarde, filhote.”
Bella não disfarçou a confusão, ela me olhou rapidamente. “Está indo embora?” E, lá no fundo, eu vi um pouco de preocupação, muito pouco mesmo.
“Não era isso que você queria desde o início?” Eu não medi o teor das palavras, elas saíram sem minha autorização. Eu não poderia dizer que estava arrependido por cada sílaba.
Talvez Bella perdera as palavras, mas ela me deu um olhar longo, penetrante e cheio de emoções. O semblante era de quem tinha muito a dizer, eu não esperei nenhuma palavra. Eu a olhei antes de sair pela porta, meu corpo vacilou ao ver a corrente indissolúvel se formando entre nós.
Bella abriu a boca mais duas vezes, incapaz de formular uma fala. Ela assentiu fracamente e eu segui com meus passos, talvez esperando que Bella chamasse meu nome e pedisse para eu ficar. Não houve nenhuma palavra, nenhum pedido. Ela ficou e eu fui. Anthony continuou dormindo, alheio a dor.
__
*Coroamento: é o momento em que o bebê está quase nascendo e sua cabeça aparece na entrada da vagina.
**Nota de Apgar: não é muito utilizada, mas é uma escala construída em 1952, que permite medir a saúde do recém nascido. Vai de 0 a 10, e os parâmetros avaliados são: freqüência cardíaca, respiração, tônus muscular, reflexos, cor da pele. Cada parâmetro recebe uma nota de 0 a 2. A maioria dos recém nascidos recebem notas entre 6 e 8.
Continua...
3 comentários:
é tão triste ver os dois assim
Muito triste e emocionante, juntos a alegria do nascimento de um ser e a tristeza do desentendimento de um casal em crise, mto bem elaborado.Gosto muito dessa fanfic...Parabéns!
Nossa chorei todas..... autora parabens! voce é maravilhosa.
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