THE HUFFINGTON POST- SERIA KRISTEN A ÚNICA CELEBRIDADE FAZENDO ARTE DE VERDADE?

Confira o artigo publicado por Michael Hogan no The Huffington Post sobre o filme Na Estrada e a premiere norte americana no Toronto International Film Festival.

Em seu próximo filme, Kristen Stewart vai para a cama com dois homens ao mesmo tempo, bate p*** nos dois simultâneamente no banco da frente de um carro e faz sexo oral com um deles enquanto ele dirige o mesmo carro. Ela também aparece nua duas vezes, uma ainda no começo do filme, e passa a maior parte do resto de seu tempo usando drogas e roubando pessoas.

Mas espere. Antes que você pule para os comentários para expressar seu nojo por Stewart e sua mais nova tentativa de levar a juventude para um poço de libertinagem e vulgaridade, tente imaginar qualquer uma das suas companheiras uber famosas dando uma performance tão corajosa, ou tão poderosa, como a que Stewart dá em “Na Estrada”.

Para Taylor Swift, ousado é escrever uma música sobre o fim de um relacionamento encorajando seus fãs a descobrir de quem ela está falando. Para Miley Cyrus, é deixar seus seios aparecerem. Para Kim Kardashian, é namorar Kanye West e deixar o mundo decidir se a coisa toda é armada.

Seria Kristen Stewart a única grande celebridade de sua geração que também consegue ser uma verdadeira artista?

É certamente eficaz que ela escolheu fazer sua grande volta pós-escândalo na premiere norte americana de “Na Estrada”, que aconteceu no Festival Internacional de Filmes de Toronto. Foi sua primeira aparição desde que fotos dela com o diretor Rupert Sanders partiram seu romance de conto de fadas com Robert Pattinson em pedacinhos. E enquanto é possível que Stewart seja obrigada por contrato a apoiar o filme, a decisão de passar uma hora com seus fãs e respondendo a perguntas da imprensa teve de vir dela. Muitas e muitas vezes ela disse aos repórteres que ela estaria tão feliz de estar lá mesmo se fosse para promover Crepúsculo, mas eu duvido. Eu suspeito que seja importante para ela lembrar ao mundo que ela é mais que só um estrela cintilante no céu das celebridades. Ela é um atriz de verdade.

Como seu conteporâneo Shia LaBeouf, Stewart recebe muitas críticas de pessoas que não suportam sua saga de zilhões de dólares. Eu não vou me chamar de fã de Crepúsculo, mas estou consistentemente impressionado pelo trabalho de Stewart nos que vocês podem chamar de filmes “sérios”, e “Na Estrada” não é exeção.

É definitivamente um “Na Estrada” para os nossos tempos, dirigido por um brasileiro bem sucedido para uma audiência mundial. O filme não se intimida com a destruição que o herói de Kerouac, Dean Moriaty (Garret Hedlund), causou naqueles em volta dele, e, como resultado, as mulheres tiveram um impacto muito maior do que têm no livro. Kirsten Dunst faz a segunda mulher de Dean, Camille, como uma princesa arrogante cujos sonhos acabam vítimas da sede de viagens de seu homem, mas é Stewart quem rouba uma porção enorme do filme. Não de maneira chamativa – é notável o tempo em que essa estrela global passa no banco de trás, literal e figurativamente. Mas aqui está uma performance ousada, corajosa, profunda. Quando a vimos pela primeira vez, ela está nua em uma cama, se recuperando de um pós-sexo para que possa preparar maconha para os amigos de Dean. “Você é a primeira garota que eu conheço que pode enrolar assim,” Sam Paradise (Sam Riley) diz, tão apaixonado como o público ficaria se os tablóides não estivessem tão preocupados em lembrá-los de que eles supostamente têm de ter raiva dela por quebrar o coração de Rpattz.

A nudez em si é uma escolha extremamente corajosa para alguém tão famosa quanto Stewart. Não há dúvidas de que screenshots das cenas vão se proliferar por toda a internet, em contextos que fariam até a Marylou se envergonhar. Mas Stewart provou que ela é o tipo de atriz que coloca seu compromisso com o filme acima de preocupações como essa. Para algumas pessoas, seu jeito sério é visto como pretencioso, mas eu vejo como a maneira dela de se proteger contra a loucura que a rodeia.

O lado sexualmente competitivo de Marylou faz dela o perfeito encaixe para Dean, mas ela não o entende do jeito que Camille entende, e Stewart atua o seu melhor durante a longa viagem do grupo de Nova Orleans para São Francisco. Enquanto eles partem, Dean, quem mais ou menos trocou o sono por Benzedrine, promete passar metade de seu tempo com Marylou, ainda que ele esteja voltando para Camille, que tem um filho com ele, mas Marylou sabe que isso não vai funcionar. Enquanto o carro segue em direção ao litoral, nós assistimos as nuvens levemente cobrirem o rosto de Stewart. Isso é atuação da mais alta ordem, e é mais impressionante ainda porque vem de uma das celebridades mais notáveis da América.

Você sabe que está lidando com uma estrela de filmes de verdade quando seus problemas fora da tela engrandecem sua performance ao invés de diminuí-la, e é isso que acontece aqui. A Marylou de Stewart é simples: ela rouba o que precisa e ela faz o que quer com quem ela quer, quando ela quer. E Stewart – quem, não esqueçamos, tem apenas 22 anos – é tão convincente no papel que eu não consigo não me sentir feliz de saber que ela sabe que tem a chance de parar de brincar de casinha com Robert Pattinson e explorar o mundo de verdade.

Até onde eu sei, Stewart não falou sobre o escândalo de sua vida pessoal no tapete vermelho noite passada. Ela manteve o foco no filme – e nas reais pessoas cujas histórias inspiraram Kerouac – e astutamente fez todas as entrevistas junto a Garret Hedlund. Isso a protejeu um pouco, tornando extremamente inapropriado mencionar Robsten (não que ela tivesse muito o que temer dos educados canadenses, que mantiveram a conversa nos limites), mas também representou um admirável nível de colegialidade. Hedlund, afinal, é o protagonista do filme, e foi generoso e certo da parte dela dividir as atenções com ele.

Julgando pelas centenas de fãs e dúzias de meios de comunicação que se abarrotaram em volta dela na noite passada, Stewart tem muito apoio para ajudá-la a superar esses que têm sido tempos difíceis. Ela não precisa de nenhuma ajuda minha. Mas eu vou continuar torcendo por ela mesmo assim, mesmo porque seria uma vergonha se cedêssemos nossa arena de celebridades para famosos descarados e reality shows em abundância. Eu ainda me lembro de quando as maiores celebridades eram pessoas como Liz Taylor e Mick Jagger e Jack Nicholson. Pessoas que faziam um ótimo trabalho e viviam vidas fascinantes.

Se nós queremos que pessoas interessantes dividam suas vidas conosco, não podemos despedaçá-las todas as vezes que elas cometem um erro – mesmo quando vem ligado a uma saga tola.

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