Cosmopolis, adaptação inteligente de David Cronenberg do romance futurista de Don DeLillo, está prestes a anunciar a que o britânico de 26 anos de idade veio. LWLies reuniu-se com Pattinson recentemente para conversar sobre o processo de gravação de Cosmópolis e por que ele sempre estará pronto para um novo desafio.
LWLies: Nós estávamos em Cannes quando Cosmopolis foi exibido pela primeira vez. Como foi essa experiência toda para você?
Pattinson: Foi meio assustador, mas principalmente porque eu nunca tinha ido a uma estréia com uma platéia potencialmente hostil. É um filme que poderia ser bastante divisivo porque há muito diálogo e em Cannes, há toda a complexidade adicional com a barreira de linguagem. Lembro-me de estar lá olhando para todas as faces e todas elas estavam sem reações. Ninguém estava rindo. Eu realmente pensei que ia ser vaiado. Mas eu estava tão grato, por não ter sido vaiado.
A coisa toda das vaias em Cannes é uma espécie de carnaval, você não pode levá-la muito a sério.
Eu sei, eu sei. Mas, então, David [Cronenberg] estava me dizendo sobre isso quando 'Crash' foi exibido e as pessoas estavam gritando na platéia. Isso na verdade aconteceu durante a exibição do filme. E eu estava falando com Gaspar Noé no outro dia e ele estava dizendo que em 'Irreversible' todos gritavam 'Como você gosta disso?!' e todas essas bobagens. Ele estava sentado ao lado do cara que faz o papel do estuprador [Jo Prestia] que pensava, 'Foda-se, eu não vou morrer por causa disso'.
Será que você ficou mais vontade por estar na companhia do David?
Sim, totalmente. Ele estava realmente relaxado. A coisa é, normalmente quando você vai a uma premiere você não costuma ficar para o filme inteiro, mas em Cannes você fica e se pergunta se você vai ser aplaudido ou vaiado no final. É uma experiência muito assustadora e um ambiente estranho para se assistir um filme. Mas eu tinha visto o filme antes de Cannes e eu sabia que eu o amava, o que é uma coisa muito rara para mim, porque eu normalmente não gosto das coisas que eu faço.
Em Cosmopolis você foi atrás do filme ou o filme veio atrás de você?
Eu li o roteiro cerca de um ano antes de assinar. Alguém o enviou para mim me dizendo apenas que era um script muito bem escrito. Eu realmente gostei, mas não tomei nenhuma decisão imediatamente, porque inicialmente Colin Farrell estava escalado, mas ele desistiu e de repente eu estava em uma posição de entrar ou não nele.
Como foi trabalhar em um ambiente onde você está em um pequeno estúdio fechado, no banco de trás de uma limusine na maior parte do filme, onde você divide a tela apenas alguns minutos com os outros atores?
Eu trabalhei com todo mundo por cerca de dois ou três dias, mas, na verdade, todas as cenas que eu gravava com eles, eram muito curtas. Após duas semanas de gravações de um filme você normalmente apenas se acostuma com a rotina do trabalho, mas em Cosmopolis tivemos grandes nomes que vinham gravar suas cenas quase todos os dias, e você se acostuma com isso, e realmente fica bastante confortável, porque você acaba se familiarizando com toda a equipe.
Foi difícil ter David dirigindo você remotamente do lado de fora da limusine?
Foi um pouco estranho da primeira vez. Mas você sabe, eu fiz aquele filme de Harry Potter, onde filmamos várias cenas debaixo d'água, então eu já tive essa experiência de não ter o diretor de pé do meu lado o tempo todo. Era semelhante em alguns aspectos, porque você não pode ver nada além do que está dentro da limusine e uma câmera que ficava montada em um guindaste de controle remoto. David sempre tinha uma câmera posicionada incrivelmente perto de seu rosto, era uma lente realmente grande na frente dele. Então você tem uma relação totalmente diferente com a câmera, porque normalmente você tenta se comunicar com o cara por trás da câmera, e você ignora a câmera. Mas em Cosmoolis, você está fazendo tudo para a câmera, é como se ninguém tivesse assistindo, é como se não tivesse ninguém ali. É como se você fosse amigo íntimo daquela pequena máquina.
Você vê isso como um momento importante na sua carreira?
Não realmente, porque o filme é tão obscuro. Não é todo mundo que vai entendê-lo. Mas sim, é definitivamente um ótimo passo para a minha carreira e onde eu gostaria de terminá-la.
Você já fez alguns filmes menores antes de Cosmopolis, de certa forma, esses filmes se tornaram mais atraentes para você?
Hum, eu quero dizer... Às vezes. Mas não é como se eu saísse só procurando projetos de maior risco. Para ser honesto o que me atraiu em Cosmopolis foi trabalhar com David e a qualidade do roteiro, que era simplesmente insano em relação a alguns que eu estava lendo na época. Eu nunca tinha lido qualquer outra obra do Don DeLillo antes, então foi meio que um abridor de olhos. Mas eu não estou procurando por obscuridades o tempo todo. Os filmes com os quais eu assinei para fazer em breve, não são tão estranho quanto esse, mas eles são certamente artisticamente ambiciosos.
Alguns atores estão em um nível de exposição tão alto, como o que você está agora e acabam se sentindo pressionados para assumirem papéis grandes. Você se preocupa com isso?
Eu realmente não sei. Se eu pudesse ficar em um nível onde eu estaria constantemente trabalhando, eu ficaria feliz. Mas eu não posso prever o modo que com que a indústria caminha. As coisas mudam tão rapidamente, há muitas pessoas que eram grandiosas há alguns anos atrás e agora não estão trabalhando em filme nenhum. Agora as pessoas parecem se importar comigo, mas eu tenho certeza que isso não vai durar para sempre. Francamente, eu acho que é tudo um pouco absurdo. Eu só estou tentando fazer o máximo coisas interessantes que eu puder, enquanto eu puder.
O que você ama sobre os filmes?
Eu acho que é mais fácil transmitir as coisas para as pessoas. Lembro-me de assistir a filmes de Godard, quando eu era mais jovem e ser apresentado a Henry Miller e de lá descobrir Tom Waits e de repente eu aprendi muito. Filmes legais me ensinaram muito mais do que todos aqueles livros que eu lia na escola. Eu não tinha percebido que eu queria trabalhar em filmes quando eu assistia eles, quando eu era mais jovem. Agora eu não me imagino fazendo outra coisa.
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