ROBERT FALA SOBRE "BEL AMI" EM NOVA ENTREVISTA PARA FLICKS E BITS NO BERLIM FILM FESTIVAL


O que aconteceu quando você leu o roteiro de Bel Ami? Foi fácil se identificar com Georges ou você pensou que jamais poderia fazê-lo?

Eu li o roteiro faz muito tempo, era muito jovem – acho que mudou um pouco desde então (risos). Mas quando li pela primeira vez gostei da ideia… Imediatamente formei uma relação com essa ideia e essa fúria de alguém que não atinge nenhum de seus objetivos. A única vez que Georges mostrou algum entusiasmo foi quando o demitiram. Apenas um insulto transbordou sua ira. Eu me vi há alguns anos (risos). Se alguém me insultava eu me reprimia por anos. Entendi o personagem sem nenhum problema. Eu fazia uma tempestade em um copo d’água quando estava metido em algum problema. Acho que cresci um pouco nesse aspecto, já não grito tanto (risos).


Posso imaginar que Georges é um personagem interessante para interpretar do ponto de vista de um ator.

Sim, é curioso, pela estrutura de Bel Ami e também o personagem de Georges é pouco comum, raramente aparece em um filme, porque é uma histporia sem remorso. Normalmente, um filme tem que ensinar uma lição de algum tema da moda, mas este filme é quase uma punhalada de uma espada para a indústria, então me sinto muito recompensado de ter participado de Bel Ami, foi muito divertido para mim interpretar Georges. Acho que nunca vou ter a oportunidade de interpretar um personagem assim de novo.

Há muitos paralelos na história de Bel Ami como o que está acontecendo no governo e os meios de comunicação agora. Como você vê Georges interpretando um jornalista?

É curioso, especialmente quando entra na seção de fofocas do jornal por algo que está escrito no ano de 1885, que é exatamente a situação que estamos agora, onde se tem um pedaço de papel e só é uma questão de substituir o nome, que não significa nada para ninguém, não importa a quem prejudique – me pareceu muito divertido (risos). Mas para mim, não é realmente um jornalista, porque ele é um tipo, basicamente, como uma estrela de TV agora. Quero dizer, é um dos trabalhos onde se pode encontrar um vazio na vida, onde pode conseguir o dinheiro e a reputação sem fazer muito esforço, você não pode esconder das pessoas. Foi divertido, foi interessante. Eu não tinha muita experiência com o trabalho de um jornalista, como Georges.

Georges parece reprimir qualquer manifestação de sensibilidade…

Acho que ele é muito sensível, mas muito egoísta. Ele não tem empatia. Não é compatível com o sucesso dos outros, mas ele trata de relacionar cada pequena coisa para si mesmo, e ele o faz. Ele pensa que todo mundo está constantemente tratando de ironizá-lo ou insultá-lo. Cada minuto do dia há algum tipo de rejeição a ele. Na rua, alguém usa roupa de luxo não fala com ele porque não tem nada a ver com ele, mas ele quer se relacionar com esse tipo de gente, está completamente obcecado.

Depois de ganhar um grande público, em especial com a saga Crepúsculo, o que você leva em conta na hora de escolher um novo projeto?

Acho que minha responsabilidade não é necessariamente ter uma troca, é mais fazer o melhor trabalho possível. Quando você consegue um público ao fazer um filme, o maior prejuízo que pode ter é continuar seguindo o pesmo, para tentar conseguir mais gente, fazer dinheiro ou qualquer outra coisa. MAs se as pessoas estão interessadas no que você está fazendo, você tem que começar a fazer filmes tão interessantes quanto for possível, sobre temas interessantes. Então acho que seria genial se o público de Crepúsculo ver Bel Ami. É um filme em que nunca pensei estar, assim acho que de algum modo é como aprender com alguém. Senti que aprendi ao interpretar esse personagem – de fato penso que se pode aprender só em ler o livro. Então acho que, especialmente os jovens, aprenderão muito com esta história.

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