FANFIC "UM AMOR INESQUECÍVEL" - CAPÍTULO 2

Boa noite Flores!!! Hoje vamos curtir o 2° capítulo de "Um Amor Inesquecível". Quer acompanhar a história desde o início? Clique aqui.


CAPITULO II

Enquanto preparava um frango para o jantar, Bella não parava de pensar na declaração de Edward. Que tipo de homem teria a coragem de vender seu próprio lar, sem necessidade, e ainda por cima pisar sobre o coração de seu velho avô?

Ela lhe diria umas boas verdades, era isso o que faria. Na primeira oportunidade. Mas quando ela se apresentaria?

Não tomou a ver Edward até a hora do jantar. Cedendo à insistência de Carlisle, montara uma mesa no quarto, para que pudessem comer juntos.

Tinha certeza de que não conseguiria engolir uma garfada. Só em pensar em partilhar da mesa com Edward perdera todo o apetite. Afinal não poderia desafiar sua insensibili­dade com o avô presente.

No momento em que Edward entrou no quarto, ela deixou cair o pegador de salada, e precisou voltar para a cozinha para lavá-lo. Apesar do brilho da civilização, Edward não havia perdido o charme e a mesma atração do passado in­sistia em dominá-la outra vez.

A comida tinha o sabor da palha em sua boca, embora ambos os homens jantassem com gosto, especialmente Carlisle, que parecia ter recuperado milagrosamente o apetite.

A razão de tanto bom humor era óbvia para Bella. A cada vez que ele olhava para o neto, seu rosto se enternecia. E Edward... Edward parecia estar se sentindo completamente à vontade.

Não estava. Ao menos não poderia estar, Bella decidiu. Se estivesse, seu modo de falar seria outro. Deveria estar re­lembrando as histórias de sua infância e adolescência. Mas não. Quem o visse, diria que nascera em um palácio. Edward Cullen não a enganava. E não enganaria o avô por muito tempo. Queria só ver o que aconteceria no momento em que expusesse o plano diabólico a Carlisle...

— Bella!

— Desculpe, o que foi que disse? — ela pestanejou.

— Disse que o médico garantiu que eu estaria bom em questão de dias. Não é verdade?

Concordar com Carlisle, diante de Edward, poderia revelar uma fraqueza de sua parte, mas Bella não se importou.

— Ele não garantiu exatamente. Disse que para um ho­mem de sua idade...

— Conversa! Eu continuo sendo o mesmo homem de sempre. Ou quase o mesmo. — Ele deu uma risada.

— O que foi que o médico disse? — Edward quis saber, assim que se viu a sós com Bella, na cozinha. Depois do jantar, ela se afastara com a louça suja e ele a seguira.

— Que ele vai se recuperar, mas que ossos velhos custam mais a soldar.

Naquele instante, Edward lhe pareceu vulnerável. Baixou a cabeça e demorou alguns minutos para lhe fazer uma outra pergunta.

— A fratura foi grave?

Pela primeira vez, Bella percebeu que ele estava muito preocupado com o avô. Por que tentara ocultar seus senti­mentos?

— Bastante — ela admitiu. — O médico afirmou que qualquer fratura nessa idade é séria, e ele caiu de um cavalo.

Edward suspirou.

— Preciso tirá-lo daqui antes que acabe se matando. —Ele  a encarou, como se estivesse preparado para desafiá-la.

Deveria ter decidido que o ataque seria a melhor defesa.

Você está enganado. O rancho é a vida de Carlisle. Sair daqui o mataria mais depressa.

Edward balançou a cabeça com deliberada lentidão.

— Está sendo melodramática. Você mesma declarou que Carlisle não é mais o mesmo.

— Todos nós sentimos o passar do tempo — Bella murmurou, passando a mãos pelos cabelos cacheados. — Mas isso não significa que nossa capacidade seja afetada.

— Sou obrigado a discordar. Ao menos nossa capacidade física se toma menor. Ossos velhos, não foram essas as palavras que usou?

Ela fechou a lava-louça com raiva.

— Pare de usar minhas próprias palavras contra mim. Está falando como um advogado!

— E como queria que eu falasse? — ele ergueu uma sobrancelha, surpreso. -— Tente raciocinar com calma e lógica. Não é seguro para meu avô continuar vivendo sozinho.

— Sozinho? E quem sou eu? A mulher invisível?

Quanto mais brava Bella ficava, mais tranquilo e controlado Edward parecia. Seu tom de voz deveria ser o mesmo quando tratava com um cliente histérico.

— Acalme-se. Estamos do mesmo lado, lembra-se? Eu agradeço a Deus por você estar aqui, mas...

— Mas, o quê? — Bella retrucou, desafiadora. — Eu sem­pre estarei aqui quando seu avô precisar de mim.

— Bella, Bella — Edward balançou a cabeça, condescendente. — Sabe que isso é impossível. Eventualmente conseguirá um emprego melhor, uma vida melhor, e se mu­dará do rancho.

Quando Edward a chamou pelo seu apelido, como fazia quando era criança, ela se sentiu tocada por alguns instantes, mas logo voltou a si.

— Recusei um ótimo emprego há pouco, para ficar aqui.

Ele refietiu por um minuto, mas a informação não fez com que mudasse de ideia.

— Surgirão outras oportunidades. Além. disso, um dia destes, um homem de sorte a conhecerá e a pedirá em ca­samento. Pensou nesses termos?

— Não se atreva a querer decidir sobre minha vida, Edward Cullen! Será que não entende o que este lugar significa para seu avô? Seus ancestrais lutaram e morreram por ele. E não estou me referindo apenas aos ancestrais dele, pois são os mesmos que os seus.

— Eu sei — Edward concordou com um sorriso, que mais pareceu um esgar. — Os Cullen lutaram no Álamo e contra os comanches.

— Pensei que o fato houvesse caído em esquecimento.— Ela fez uma pausa para que suas palavras surtissem o efeito desejado. — Você deveria orgulhar-se deles.

— Por que tem tanta certeza de que não sinto esse or­gulho? — ele a encarou com ar de superioridade.

— Oh, Edward! — Bella torceu as mãos. Sentia-se tão desapontada que sua vontade era chorar. A confrontação estava sendo pior do que imaginara. — Você não tem coração? Não, eu acho que não — ela mesma respondeu. — Se tivesse, saberia que a família é o que temos de mais importante no mundo.

O tom mais escuro que cobriu o rosto de Edward foi a única evidência de que a mensagem havia calado fundo em sua alma.

— Seja razoável, Bella. Meu avô está velho e apresenta sérias limitações. Não podemos confiar mais em seu estado. Se estou tão determinado a levá-lo embora é por que gosto dele e me preocupo. Sei o quanto é teimoso e obstinado. Não quero vê-lo exposto a outros acidentes como o que aconteceu, e que poderia matá-lo, da próxima vez.

— Ele também morreria se o ouvisse falar assim — Bella sussurrou. Sentia-se completamente indefesa e impotente.

De que maneira poderia lidar com aquele estranho, com aquele homem de gelo?

Por uma fração de segundo, acreditou ver uma expressão mais suave e gentil naquele rosto, mas deveria ter se en­ganado, pois Edward deu de ombros. 

— Está errada. Carlisle irá se recuperar e cometerá as mesmas imprudências. Não posso concordar. Ele está velho de­mais para querer domar cavalos selvagens. Quero afastá-lo do rancho para seu próprio bem. E para o meu, também. Quero que esteja perto de mim. Apesar de você duvidar, eu gosto do meu avô.

Ele deu dois passos em direção a porta. Antes de sair, voltou-se e encarou-a.

— A família significa muito para mim. Por que não a respeita, ficando fora do assunto?

Jamais alguém a colocara com maior firmeza em seu lugar. Ela não passava de uma intrusa naquela casa, e como tal sua opinião não era relevante.

Não lhe restou mais nada a dizer. Fechou os olhos e respirou fundo. Sua súplica não significara nada para Edward. Não podia acreditar. Não queria acreditar. No fundo do seu coração, sempre pensara que significava mais para os Cullen.

Edward hesitou antes de entrar no quarto do avô. Precisava desfazer a rigidez de seu rosto. Bella seria um problema. A forte antipatia que demonstrara o pegara de surpresa.

A garota sempre fora arrebatada em suas atitudes e causas, ele se lembrava. Era óbvio que gostava muito de Carlisle. Só que a responsabilidade por seu bem-estar não lhe per­tencia, mas a ele e a Emmett.

Um dia daqueles ela se casaria, teria filhos e seu amor e carinho encontrariam uma outra válvula de escape. Bella era jovem e linda. Seus cabelos castanhos e rebeldes e o modo com que sorria com os olhos amendoados logo encantariam algum pretendente.

Uma infinidade de sardas ainda salpicava a pele alva. Quando criança, Bella as odiava. Ele, ao contrário, Sempre se sentira atraído por elas.

Entendiam-se muito bem no passado. Que diabos haveria de errado com ela, agora? Acreditava seriamente que ele seria capaz de fazer alguma coisa que pudesse desgostar o avô? A tensão ameaçou dominá-lo outra vez. Ele se forçou um sorriso e abriu a porta.

Isabella Swan não tinha o mesmo sangue que eles. Era bom que ambos não se esquecessem dessa verdade.

Edward desceu para tomar o desjejum, na manhã seguinte, como se fosse um grã-fino. Bella, ainda dando os toques finais na bandeja de Carlisle, mal pôde disfarçar o desprezo pela roupa fina, embora esporte. Edward estava usando uma calça azul de algodão, camisa amarela de gola pólo e mocassins brancos.

Ele a cumprimentou com um movimento de cabeça e se serviu de uma xícara de café.

— Algumas coisas nunca mudam — observou.


— O quê, por exemplo? — Ela se distraiu e derramou um pouco do leite.

Ele indicou a bandeja.

— O desjejum de Carlisle. Primavera, verão, outono ou inverno. É sempre um prato de cereais com leite e ameixas cozidas.

Algo na voz masculina sugeriu uma crítica, mas ela pre­feriu engolir a raiva. Tinha de se mostrar conivente, fingir que estava do lado dele, se quisesse se impor de alguma forma. Permanecera acordada metade da noite, tentando re-fletir sobre como deveria ser sua linha de conduta a partir daquele dia. Levantara, portanto, com sua decisão tomada. A fim de amansá-lo, precisaria morder a língua, isto é, con­trolar seu temperamento imprevisível.

— Edward...

Um outro homem teria respondido ou, ao menos, lhe dirigido um olhar de incentivo. Aquele, contudo, se limitou a esperar que ela prosseguisse.

— Sobre o acidente de Carlisle... Não foi como você pensa.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— O que é que eu penso?

Provavelmente que ele, quero dizer, que Carlisle deve ter... — Bella estava tropeçando nas palavras e na sua própria — Sufocar os pensamentos jamais fora seu estilo.sinceridade. 

Era imprescindível que se acalmasse. — Tenho certeza de que você pensa que Carlisle caiu porque está velho demais para lidar com cavalos. Não poderia estar mais enganado.

— Não foi isso que pensei, mas vá em frente.

Ela hesitou por um momento e mordeu o lábio.

— O cavalo que o derrubou não pode ser chamado de dócil. Ao contrário. É um animal magnífico, mas foi muito maltratado no rancho de onde veio. Sua fama de ser im­possível de domar veio de lá.

— Você acha normal que um homem de mais de oitenta anos insista em domar um animal comprado com uma re­putação dessa?

— Ainda não terminei de expor minha teoria.


Edward cruzou os braços. Não parecia irritado, nem zan­gado. Talvez divertido.

— Carlisle passou semanas trabalhando com aquele garanhão negro. Todos nós acreditamos que ele estava realmente conseguindo progressos. Quando Carlisle lhe colocou a sela e o conduziu, pela mão, ao redor do cercado, os empregados aplaudiram. Bud Williams se ofereceu, e até insistiu, para ser o primeiro a montá-lo.

— O que foi que deu errado?

Bella sentiu os músculos das mandíbulas contraírem diante do tom arrogante.

— Carlisle aprontou o cavalo, mas Bud não apareceu na hora marcada. Como não lhe agradara a ideia de outro ho­mem ser o primeiro a montar em Faísca, ele próprio...

— Não é necessário dizer mais nada. Já consigo visualizar a cena.

A ordem estava invertida. Ela não queria dizer mais nada, mas precisava!.

— Isso é impossível. Só quem estava presente durante o tempo de treinamento poderia saber até que ponto Carlisle havia domesticado o cavalo.

— O que de nada adiantou, não é? Mais alguém o montou depois daquele dia?

Bella baixou os olhos.

— Não, mas...

— Alguém tentou?

— Sim, Bud e mais dois empregados do rancho.

— Desista, Bella. Tudo o que está conseguindo é reforçar minha ideia de que eu estava certo em minha prévia supo­sição.

— Mas você não está certo! Carlisle não merece ser afastado do que mais ama na vida por causa de um único erro, E Faísca não merece ser vendido para outro rancheiro, que poderá voltar a tratá-lo com chicotadas, só porque não há ninguém aqui que seja homem o bastante para cavalgá-lo!

Edward estreitou os olhos e seus lábios tremeram tal era o esforço que estava fazendo para não rir.

— Não é um alívio poder gritar depois de se cercar de gelo?

-- Eu não me cerquei de gelo. Apenas tentei, inutilmente, me dominar e fazê-lo raciocinar — ela se defendeu. Um largo sorriso enfim surgiu naquele rosto.

— Ao menos tentou. Onde se encontra o renegado no momento?

— No último curral, esperando que Bud vá buscá-lo.

— Para quê?

— Para levá-lo de volta a sua cocheira.

— Com que propósito?

— O de domesticá-lo, é claro. Após o acidente, várias pessoas, inclusive seu irmão, tentaram montá-lo, e todos foram derrubados. Bud julga que com mais alguns dias de trabalho, sem interferências, ele...

— Não.

Bella pestanejou.

— Por quê não?

— Bud não irá tocar nesse cavalo.— Mas alguém terá de fazê-lo. Faísca está ficando mais arisco a cada dia que passa.— Por que não o deixa sob a responsabilidade de Emmett? 

— Emmett está fora do país e não se sabe quando pretende voltar. Se o garanhão não for domado o mais rápido possível, a tarefa nunca mais poderá ser realizada.

A expressão de Edward se tomou ainda mais fria.

— Eu conheço Bud Williams. Ele é bruto com as mulheres e com os animais. Não permitiria que se aproximasse de nada nem de ninguém que eu estimasse.

— Então quem se incumbirá da missão? Você?

O desafio foi proferido antes que Bella pudesse raciocinar. Ao se dar conta do que fizera, levou ambas as mãos à boca. Com que direito acusara Edward? Afinal, no passado, ele não era um cavaleiro tão bom ou melhor que Emmett, que já chegara a vencer um campeonato mundial de rodeio?

Manchas avermelhadas subiram às faces de Edward. Aque­la era a primeira demonstração de que ela realmente ultra­passara as medidas.

— Isabella Swan, ocorreu-me que você e eu precisamos esclarecer alguns pontos imediatamente.

O telefone tocou e Bella se apressou a atendê-lo. Estava salva. Ao menos por alguns momentos.

— Rancho Rocking. Quem fala?

Do outro lado da linha soou uma voz surpresa de mulher.

— Trata-se do rancho dos Cullen, em Showdown, Texas?

— Sim.

Uma risada jovial.

— Oh, então não me enganei de número. Gostaria de falar com Edward Cullen, por favor. Diga-lhe que é Bree.

Bella estendeu o fone com ar de desprezo.


— É para você, Edward. Bree.

Ela apanhou a bandeja e começou a se afastar, mas ainda teve tempo de ouvir o início da conversa.

Não sei por quanto tempo ficarei aqui. Tudo vai de­pender do que o médico disser...

Bud Williams chegou no rancho no meio da manhã. Acor­rentado ao jipe, ele trouxera um trailer para dois cavalos. Bella inspecionou nervosamente os arredores, em busca de Edward, antes de se aproximar do homem.

Não se lembrais de que os dois se conheciam, o que fora um lapso de sua parte. Com a mesma idade, de trinta e um anos, ambos haviam crescido em Showdown e fre­quentado a mesma escola.

Edward não guardava uma boa impressão de Bud, ao que lhe parecera, mas sabia entender a razão. Apesar de ser uma boa pessoa, Bud se vangloriava demais de si mesmo e não tinha muita sensibilidade. Casara-se muito jovem, logo depois de deixar a escola. Após cinco anos e três filhos, o casamento fora desfeito. Atualmente a ex-esposa vivia na Flórida com o segundo marido e com a tutela das crianças.

O jipe levantara uma nuvem de poeira ao chegar. Bella se aproximou e se inclinou sobre a janela do passageiro. Bud havia trazido reforços para a tarefa, na pessoa de sua irmã gémea.

— Olá, Sissy — Bella deu um beijinho no rosto da amiga.

— Oi. Bud achou que poderia precisar de ajuda com Faísca, e, aqui estou!

— Infelizmente vocês perderam a viagem — Bella infor­mou, desapontada. —- Edward está no rancho e...

— Deixe que eu mesmo falo, Bella.

A voz de Edward, tão inesperada, a fez estremecer.

Os dois homens se apertaram as mãos de modo educado mas que demonstrava pouca cordialidade.

Os olhos de Sissy, no entanto, brilharam.

Edward Cullen, quanto tempo! Venha e me dê um abraço. Sissy abriu os braços e Bella os olhos. Estava curiosa para ver a reação do frio senhor perante essa familiaridade. Para seu espanto, ele pareceu encantado em dar um abraço amigo à jovem. Talvez mais do que amigo. Com um movimento enérgico de cabeça, Bella indicou o curral a Bud. Ele pulou por sobre a porteira e examinou o animal. Como se houvesse pressentido o que iria lhe acon­tecer, o garanhão preto começou a bater as patas na chão e a inflar as narinas.

— Vá devagar — Edward aconselhou.

— Hoje ele vai aprender quem é que manda! — Bud começou a puxar a corda na qual o cavalo estava amarrado.

Edward se limitou a segurar a corda, sem nada dizer.

— Que diabos está acontecendo? — Bud reclamou, ver­melho de raiva.

— Uma simples mudança de planos — Edward explicou.

— Faísca continuará no rancho.

— Que droga, Edward. Esqueceu o que ele fez com Carlisle?

Alguém precisa mostrar a essa besta quem é o chefe.

Edward colocou as mãos nos bolsos e repetiu.

— Quero que o cavalo continue aqui.

— Para quê? — o outro retrucou. — Por acaso pretende montá-lo?

Bella enrijeceu. O Edward Cullen que ela conhecia, qual­quer Cullen que conhecia, aliás, faria qualquer um, que duvidasse de sua capacidade, engolir as palavras.

A qualquer minuto a briga teria início, ela pensou. Con­tudo, Edward apenas respirou fundo e se afastou.

— Vamos, Sissy? — Bud chamou, irritado.

A garota parecia estar em transe, acompanhando os passos de Edward.

— Dá para você esperar um pouco? Preciso ir ao ba­nheiro.

— Então vá depressa.

Edward estava apoiado no portão do curral, olhando aten­tamente para o cavalo. Bella não sabia o que fazer. A atitude dele a pegara totalmente de surpresa.

— Bella! — Sissy chamou.

— Sim, o que foi?

— Poderia me indicar o caminho?

— Você está cansada de saber...

— Bella!

— Oh, claro.

As duas seguiram para a casa, entre olhares significativos. Assim que pisou na cozinha, Sissy quis espiar pela janela.

— Conte-me tudo. Ele não se casou, não é? Formou-se advogado e vive entre Nova York e Londres, certo? Está noivo ou tem algum relacionamento sério? Oh, ele está ainda mais bonito do que na época em que representou o xerife Jack. Juro que estou louquinha por ele!

— É o que está parecendo! Que enlouqueceu! — Bella resmungou. — Afinal estamos falando de Edward Cullen, não de Kevin Costner. O banheiro fica...

— Sei muito bem onde ele fica. — Sissy umedeceu os lábios com a ponta da língua. — Por quanto tempo ele vai ficar? Fará algum papel na festa da cidade? Seria maravi­lhoso se voltasse a ser o xerife. Já pensou? Eu serei Rose...

Naquela noite, enquanto se despia para dormir, Bella foi obrigada a admitir que Edward tinha uma qualidade. Era alguém que sabia o que queria. Falar, por exemplo, era algo que só fazia se sentisse vontade. Ela passou a maior parte do dia tentando trocar algumas palavras, ou melhor, muitas palavras com ele. Tentou e não conseguiu. Ele se trancou por horas no escritório do avô e não largou o telefone.

Ela precisava tanto conversar. Precisava tanto saber sobre o garanhão e sobre os novos planos de Edward com relação a Carlisle e, acima de tudo, teria ele mudado ao ponto de nao se incomodar com a provocação dos outros?

Naquela parte do país, ninguém respeitava um homem que recuava diante de uma ofensa. E fora exatamente essa a reação de Edward. Bud pusera em dúvida a coragem dele e sobrevivera sem um arranhão à afronta.

Agitada, Bella se virou de um lado para o outro da cama tentando encontrar respostas. Não achou nenhuma. Ela simplesmente não conhecia mais Edward. Esse não era o garoto que amara. Aquele era alegre, galanteador e romântico, mes­mo que essas últimas atribuições fossem dirigidas a garotas mais velhas.

Quem levara seu adorável garoto embora e trouxera esse estranho frio e insensível em seu lugar?

Fechou os olhos e tentou dormir mais uma vez. De re­pente, ouviu uma movimentação nos currais. Algo estava assustando os animais. Sentou-se na cama e aguçou os ou­vidos. O mais provável era que houvesse um coiote ou um felino pelos arredores. Foi até a janela.

Os celeiros e currais estavam mergulhados em sombras. Não dava para se ver nada. Assim mesmo, os ouvidos con­tinuavam detectando algo. Os animais estavam muito ner­vosos.

Pensou em acordar Edward, mas desistiu da ideia no mes­mo instante. Não precisava dele. Daria uma olhada sozinha.

Não se lembrou sequer de calçar seus chinelos. Descalça, pé ante pé para não acordar ninguém, desceu as escadas e abriu a porta da sala. Estava destrancada como Carlisle cos­tumava deixá-la.

Correu silenciosamente pelo pátio e espiou o primeiro curral. Os cinco cavalos se voltaram em sua direção e re­lincharam. Nada de anormal. Com muita cautela, aproxi­mou-se do segundo curral. Lá, bem no centro, encontrava-se Faísca amarrado a uma coluna. Vindo do canto onde se guardavam as selas, estava Edward.

No meio da noite, sem dizer a ninguém, ele se dispusera a fazer mais uma tentativa de domar o arisco cavalo. 

1 comentários:

Juh Araujo disse...

Ta ficando interessante !

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